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História That's Life - Vitória Sucumbida


Escrita por: JoaninhaMalefica

Notas do Autor


Olááááá kkkkkkkk
Acho que esse foi um dos maiores períodos que já me ausentei, mas galera do céu, minha vida ficou uma poha loka tão grande cara! Fui contratado do nada, aí fui demitido do nada tbm, passei no curso, cancelei matrícula, chorei pq não consegui bolsa na porcaria de um outro curso... Acho que essa foi a época mais estressante da minha vida MDS
Pra vcs terem uma noção de como eu nunca mais consegui fazer nada I can see Stars que é tipo o MELHOR lawlight que existe independente da plataforma atualizou umas 4 vezes cara E EU NAO LI AAAAAAAAAAAAA vo morre
KKKKKKKKK mas agora é sério, to mais sossegado e se eu começar a me tratar não vai dar ruim, então acho que vai tudo voltar ao normal.
A má notícia é que esse capítulo tá uma merda. Mas a boa é que já escrevi + 2 então ao menos esse mês tá garantido KKLLLLLKLKK to cansadao

Capítulo 17 - Vitória Sucumbida


Fanfic / Fanfiction That's Life - Vitória Sucumbida

Não gostava muito das aulas de educação física. Gostava de tênis, de ginástica, mas definitivamente não apreciava futebol americano, enquanto basquete e queimado podiam se considerar neutros. Todavia, naquele dia, ficara completamente ansioso. Nunca vira L em qualquer aula prática, no entanto, lá estava ele, adentrando o vestiário masculino. Seus pensamentos estavam confusos, incertos e eram... Bom, o deixavam extremamente constrangido pois o primeiro impulso que tivera quando o vira fora que queria vê-lo se despir. Não o entendam mal, não tinha segundas intenções, apenas queria atestar sua teoria de que Lawliet sofria ou já havia sofrido algum tipo de abuso físico tão veemente que lhe tivesse deixado marcas ou cicatrizes. Ainda assim, fora vergonhoso para si compreender que, independentemente dos objetivos, estava almejando ver outro garoto desnudo.

De todo modo, estranho ou não (era sim) de sua parte, não tivera tal oportunidade. O menor acabara por optar se trocar em uma das cabines, o que de certa forma asseverava sua teoria, pois se ele tivesse vincos na pele não os mostraria em público, enquanto seu irmão mais velho o fizera do lado de fora, entretanto, Light não tivera o mesmo interesse em observa-lo.

Quando chegara na quadra, Roby e Gordon já estavam se agrupando para formar os times. Normalmente, se juntaria à eles para se certificar de que ficaria no grupo vencedor, contudo já deveria ser óbvio que não estava em seu estado habitual. Instintivamente, o procurou com os olhos, buscando-o em áreas afastadas já que provavelmente era onde ele costumava se esconder, conquanto inusitadamente o achara em meio a várias garotas, no centro das arquibancadas. Elas eram tão visíveis que acabavam o ocultando. E, tão inesperado quanto, todas pareciam muito animadas e convictas a lhe chamar a atenção. Não sabia exatamente se estava confuso ou irritado, talvez um misto dos dois, mas definitivamente estava desconcertado. Light era muito popular entre as mulheres, principalmente às estudantes de intercâmbio, as quais normalmente (propositalmente) ficava responsável por auxiliar durante o período de visita no colégio. Era bonito, gentil, inteligente, simplesmente perfeito e, logicamente era muito cobiçado. Todavia, porque Lawliet - seu completo oposto - estava recebendo tanta atenção feminina? Ele não era atraente em nenhum aspecto ou conceito, era inadmissível que alguém o achasse bem-apessoado, fascinante ou encantador, e iria mostrar isto a elas. Malicioso e ardiloso, pretendia se esgueirar para dentro daquela pequena e aparentemente muito animada roda de conversa (cujo panda não parecia estar participando de forma ativa) e usurparia de toda atenção, humilhando ou não L no processo. Era difícil para si admitir, mas Lawliet lhe tirava do enfadonho e costumeiro sossego e, na verdade, estava apreciando estas imprevisibilidades em sua tão pacata vida. Misa era entediante, já havia se cansado de Ryuk e Mikami e Takada nunca foram interessantes. Aquele sapo era a única coisa que lhe despertava algo além de indiferença. Todavia, antes que pudesse por seu perverso plano em prática, o treinador afastou as garotas e soou o apito, indicando que a partida iria se iniciar.

Mas, agora que pensara em tal possibilidade, queria muito aborrece-lo. A última vez que tivera algum tipo de satisfação verdadeira fora na biblioteca, quando o fizera recuar em seu posicionamento sobre aquela maldita dissertação. Já estava mais que na hora de voltar a constrange-lo, afinal, era isto que apreciava em sua companhia. Amane era tão fraca, tão manipulável, tão ridiculamente submissa que não havia graça em domina-la, em dobra-la ou controla-la, mas Lawliet... Bom, por hora aquilo bastaria.

Como o de costume, ficara no time de Roby junto a Ryuk que, sendo um dos melhores jogadores de basquete da escola (para não dizer o melhor) era muito disputado em todo e qualquer esporte. O que lhe surpreendeu, foi que Beyond, que nunca havia sido escolhido nas aulas anteriores, fora um dos primeiros a ser selecionado, mesmo que fosse no grupo de Gordon, os fracassados sem camisa. E, por falar em fracasso, Lawliet também ficara em seu time, ou seja, ele também ficaria desnudo da cintura para cima.

Realmente se achava uma pessoa boa e não compreendia que seu raciocínio muitas vezes poderia ser considerado maldoso, manipulador e até mesmo narcisista, ao mesmo passo que, em contrapartida, mantinha seus verdadeiros pensamentos acerca de diversas situações velados para que não acabasse sendo assim considerado. Na verdade, a maioria das pessoas lhe pareciam muito emotivas, cínicas e patéticas e, desta forma, sua superioridade em relação a elas acabava se evidenciando. Com Lawliet, não era muito diferente. Queria ir até ele e oferecer para que trocassem de time, afinal partindo do pressuposto de que seu corpo estava repleto de marcas horrendas o suficiente para atrair a atenção de Tad, o anômalo sapo não gostaria de sair por aí as mostrando. Isto era sustentado pelo fato de suas roupas serem tão grandes. Entretanto, não assim pretendia por se importar com seus sentimentos ou seu estado emocional e psicológico, aliás, era mais vantajoso para si permanecer no grupo de Roby. Somente almejava humilha-lo, constrange-lo e ser agradecido por isto no final. Gostava de ter seu ego massageado, ainda mais por alguém como Lawliet que estava constantemente o enfadando e o desafiando.

Se aproximara do pequeno panda que se encontrava afastado dos demais tentando conter o sorriso desdenhoso e cruel que implorava para se formar em seu rosto, chamando-o gentilmente ao se colocar ao seu lado. Como habitual, L não o respondeu de primeira, parecendo ainda mais distraído do que o de costume, deixando a Yagami a indecisão de chamá-lo outra vez ou apenas esperar que ele o percebesse. Optando pela segunda opção, recaiu seus olhos de maneira automática pelo seu rosto, observando a pele pálida e agora livre de todo e qualquer hematoma, rapidamente migrando até seu pescoço ao recordar dos dedos de Tad que outrora lhe marcavam a nuca, encontrando algo ainda pior. Uma horrenda e até que muito visível cicatriz em virtude de sua esbranquiçada pele na lateral de sua garganta que rasgava sua clavícula e terminava em algum ponto desconhecido encoberto por sua blusa, também alguns números acima do ideal para seu tamanho.

Seus dentes se ceraram forçando sua mandíbula tensa ao sentir seu coração falhar uma batida bem como sua curiosidade aflorar e se intensificar consideravelmente. L era tão interessante, tão misterioso, quase cativante que o surpreendia, tanto com suas descobertas acerca dele como das sensações e correspondências de seu próprio corpo e mente ao se deparar com elas. Sabia que não se importava verdadeiramente com ele, mas Lawliet era humano e, consequentemente, a ideia de vê-lo ferido lhe parecia agoniante. Aquela marca poderia ter sido ocasionada de diversas maneiras não violentas, poderia ser fruto de um acidente, sequela de uma cirurgia, no entanto Light tinha certeza de que não fora autoinfligida ou consentida. Fosse o que fosse, alguém havia o agredido e, da mesma forma que assim suspeitava, desconfiava de que havia sido seu irmão. Com que objeto aquilo havia sido feito? Aparentemente era muito profundo e muito bem cicatrizado, ou seja, independentemente de quem e como, tinha sido a muito tempo. Deveria ter doído muito, pensou tristemente, sentindo-se desconfortável e culpado, como se fosse responsável de alguma forma. Imaginar sua pele se rasgando, o sangue jorrando, em como deveria ter sido aterrador e apavorante, o quanto a mordaz algia deveria ter sido insuportável e estancar a hemorragia deveria ter sido desesperador. Como alguém seria capaz de machuca-lo? L era inofensivo, na maioria das vezes educado e seu jeito um tanto infantil de se portar acabava fazendo-o​ enxerga-lo como uma figura inocente e gentil. Que tipo de monstro o violentaria?

Desistindo de esperar ser percebido, um tanto emotivo em decorrência de seus próprios pensamentos e da imaginação que os acompanhara projetando diversas e horrendas cenas, Yagami voltou a requisitar sua atenção, desta vez com uma pergunta:— Você quer trocar? – Notoriamente, referiu-se ao time a qual pertencia, porém em resposta muda e ainda assim clara, sua cabeça se inclinou para o lado revelando ao japonês sua dúvida. Talvez aquilo fosse o que mais lhe entretia e ao mesmo tempo o aborrecia, mas conversar com L era muito mais difícil do que com qualquer outro. As vezes se perguntava se, como aquele, haviam outros sinais característicos de uma determinada reação que não conseguia enxergar. Na teoria, podia se considerar simples entende-lo, afinal movimentos ou atos repetitivos deveriam ser facilmente identificados e ainda mais descomplicadamente relacionados a um proceder específico. Entretanto na prática, bem sabia que as coisas não funcionavam exatamente à esta maneira. Para começar, Lawliet via o mundo de uma maneira completamente discrepante da sua, não apenas por ser um indivíduo diferente de si, como principalmente por possuir um transtorno e, desta forma, reagia a variadas situações de maneira divergente. – Trocar. – Repetiu, não sabendo ao certo o que exatamente ele não havia compreendido, por fim decidindo dizer novamente desta vez de forma mais lenta e específica ao observar o mesmo ângulo de inclinação de seu pescoço. – Você quer trocar de time?

Sabia que L era inteligente, na verdade, talvez fosse a pessoa mais esperta que conhecera e, portanto, sabia que ele entendera o porquê da pergunta. Seu raciocínio “pulava etapas” e, na verdade, era este uma das discordâncias na interação de ambos. Light não estava acostumado a conversar com alguém tão intelectualmente compatível e, admitisse ou não, acabava subestimando suas capacidades baseado em sua aparência e, agora especialmente, em sua provável deficiência, enquanto o menor, em contrapartida, jamais esquecia-se do quão habilidoso ele era e se considerava. Não sabia ao certo como ele interagia com as demais pessoas, contudo com sigo, ao menos, Lawliet omitia algumas informações, conclusões, constatações e até mesmo certos posicionamentos, tudo pois sempre presumia que Yagami as pressupunha. Claro que ele podia facilitar, mas não apenas tinha certeza de que aquilo fazia parte de sua excêntrica personalidade, como talvez e somente um grande talvez, apreciasse tal irritante mania. Lawliet permaneceu em silêncio, o encarando com aquelas tão inexpressivas orbes sempre negras e opacas, deixando-o levemente confuso e até mesmo nervoso, todavia igualmente motivado. Queria entende-lo, queria saber ler as minúsculas alterações de suas quase imutáveis expressões faciais, aprender o que cada ação e reação significava, queria se sentir tão superior quanto ele deveria ao prever suas conclusões e suposições. Reorganizando seus pensamentos, voltou a raciocinar, primeiramente listando aquilo que já tinha ciência. Birthday “pulava etapas”, então provavelmente não era exatamente sobre a troca em si de times que estava o... Bom, na verdade sequer compreendia o que aquilo estava causando à ele. Droga! Porque L era tão difícil!? – Tudo bem. – Disse gentil e afável, tentando parecer convincente. – Eu não me importo. – Completou desta vez sincero. Realmente não dava a mínima para aquilo, somente queria aborrece-lo, mas, já não sabia mais se fora uma boa ideia. Quem estava se desgastando era ele...

— Não sei se é permitido. – Então era aquilo? Lawliet se preocupava em quebrar as regras? Claro que não deixava de ser coerente, afinal ele era um bolsista, no entanto tudo o que ele e seus irmãos haviam feito desde que chegaram no colégio fora se meter em confusão. Ele mesmo era um imã para desastres...

— O treinador nem vai notar. – Deu de ombros. Aquele acomodado velho passava o dia inteiro humilhando os alunos ou entretido em sites de relacionamento. Se estivesse com a prancheta, provavelmente estava encenando fazer anotações enquanto, na realidade, estava combinando encontros que jamais iriam acontecer. – Confie em mim. – Até porque eram amigos agora... L devia tal crença à ele.

— Tudo bem. – Concordou o menor, por segundos o decepcionando.

Ele não diria sequer um obrigado? Como ousava depois de tudo não o agradecer? Tudo o que queria era se sentir bem como da última vez, realizado, satisfeito, completo, superior, qualquer coisa que se divergisse da apatia constante. Todavia, naquele momento ao menos, não tivera a oportunidade de experenciar qualquer uma daquelas emoções. Não sabia ao certo como nomeá-lo, como descreve-lo, talvez a definição mais próxima daquilo fosse uma inquietude muito grande, um desconcerto e um nervosismo ritmado pelo som das batidas agora aceleradas de seu coração que, estranhamente, era definitivamente aprazível e confusamente desconexo e anárquico. Talvez estivesse feliz, pensou, tendo ciência de que todo o alvoroço permanecia somente dentro si, talvez alegre fosse melhor. Um agradável e confortante dessossego. Era isto que sentira naquele dia na biblioteca ao ouvi-lo rir, no ônibus muito mais intensamente ao se despedir, e naquele instante ao vê-lo sorrir.

Tentando com extremo ímpeto ignorar tais constatações,  Yagami se recordou com certo esforço sobre o porquê de primeiramente estar ali, levando ambas as mãos até o cós de sua blusa para retira-la, colocando-a no ombro esquerdo enquanto ajeitava os cabelos agora um tanto desorganizados. Aquele seria um momento propício para se aproveitar de seu bom humor e dizer a L o que ele e Mikami haviam decido concernente ao trabalho interdisciplinar. Entretanto, quando voltara-se ao menor, já com um de seus típicos sorrisos e seu costumeiro semblante, notara não apenas que Lawliet havia se afastado de si, como que sua atenção agora era fielmente direcionada ao chão, por pouco não deixando-o culpado com tal postura, fazendo-o se questionar, ainda que muito rapidamente, se havia feito algo errado. Felizmente, e desta vez muito intensamente, deve-se de salientar, compreendera graças ao muito nítido rubor em sua face que havia, de certa forma, cumprido seu objetivo inicial. Tinha lhe deixado constrangido.

Um sorriso ainda pior do que aquele que implorava para se formar quando se aproximara dele passara a formigar em seu rosto, deleitando-se em demasiado com o momento em questão que sequer se importara com a origem de tal acanhamento, somente desfrutando de toda a superioridade e satisfação que foram proporcionados ao seu lado naquele instante. Obviamente não deixaria tal oportunidade passar em branco, tinha de provoca-lo:— O que foi, Lawliet? – Haviam duas certezas em sua cruel percepção: a primeira era que adoraria vê-lo tentar pensar em uma réplica dentro daquele contexto. Claro que Lawliet era criativo, todavia isto deveria ser impossível até mesmo para ele. E a segunda e definitivamente menos importante era que L ficava muito melhor daquela forma, de cabeça baixa, resignado, além do fato de que a vermelhidão em seu rosto não apenas era cômica como de certa forma... O contraste de sua pele alva e o rubor em suas bochechas podia de certa forma ser considerado bonito, como se o deixasse... QUASE adorável. Quase.

Entretanto, Light também iria ignorar tal desnecessária ponderação.

.

Ao final da aula, depois do show de horrores e do exibicionismo, Light retornou ao vestiário para se banhar e se trocar, ainda pensando não exatamente em Lawliet, mas sim no quê diria à ele. Ainda tinha de lhe explicar como funcionaria o trabalho interdisciplinar e o que exatamente deveria fazer sem que parecesse que o deixara com os restos e as partes mais simples (ou seja, a verdade).

Saíra​ do pequeno compartimento de banho com diversos roteiros e respostas prontas em mente, bem como algumas explicações que ainda tentava aperfeiçoar. Não queria ter tal conversa, porém tinha ciência de que Mikami seria extremamente indelicado e talvez até o ofendesse. Não obtinha escolha quanto a isto e já havia se comprometido.

Recolhera sua toalha do suporte de metal preso aos azulejos brancos da parede, enxugando-se brevemente cingiu o grosso tecido em sua cintura para que pudesse caminhar rumo ao seu armário e pegar seus pertences para se vestir adequadamente. Durante o curto percurso, pôde notar que haviam poucos garotos no ambiente e que provavelmente se estendera muito em seu banho. Na verdade, ele parecia ser o único que ainda não se trocara e se não se apressasse chegaria atrasado para sua respectiva aula. Poderia conversar com L em outro momento, pensou ao adentrar os corretores azulados de placas metálicas, e consequentemente trabalhar e ponderar mais a respeito do que diria. No entanto, surpreendera-se levemente ao percebe-lo sentado nos compridos bancos do vestiário daquela forma tão característica e até mesmo, ainda que por um muito breve instante, imaginara ser ele o motivo de seu aguardo. Quer dizer, era óbvio que se Lawliet ainda estava com as roupas de ginástica ele estava esperando por algo ou alguém para se trocar, contudo, certamente esta pessoa não era Light. Muito provavelmente, ele estava aguardando o momento em que o ambiente ficasse totalmente vazio para se banhar sem ser visto. Sequer podia imaginar o quão incômodo e desgastante deveria ser viver daquela forma.

— Lawliet! – Curiosamente, chamara-o animadamente demais, repreendendo-se em seguida. Não compreendera exatamente o porquê e, na verdade, ficara um tanto envergonhado com o tom que sua voz acidentalmente soara, mais carinhosa e muito mais alta do que deveria. Estava nervoso? Bom, talvez estivesse inquieto pelo fato de estar sozinho com ele e... Desnudo. Não havia notado o quão incômodo aquela situação poderia ser até que pensara sobre ela. – Podemos conversar? – Aquela irrefutavelmente não era a melhor hora, todavia, embora não tivesse um motivo específico ou justificável, queria falar com ele. Suspeitava estar sendo influenciado pela felicidade que obtivera em seu último diálogo e, mais uma vez, tentou ignorar tais constatações.

Aproximou-se de seu armário que por contingência estava próximo de onde ele se assentara habitualmente em cima dos pés, encarando o vazio como se fosse a coisa mais relevante do mundo. Nunca conseguia distinguir quando ele estava o desconsiderando propositalmente e quando não o escutava, ou quando estava pensando acerca do que dissera ou esperando que chegasse logo ao ponto. Seu rosto era sempre muito apático, com raras exceções, como aquela. Antes que pudesse prosseguir, as opacas e enormes orbes negras vieram de encontro as suas e... Bom, na realidade, devido a diferença de altura, afinal L encontrava-se assentado ainda que de maneira peculiar e Yagami estava em pé, seus olhos primeiramente encararam, muito rapidamente, seu abdome e virilha, para posterior e muito rapidamente mudarem de direção, diretamente para o chão escuro e um tanto molhado. Estava envergonhado, pensou, observando sua face corar muito violentamente e seus braços contornarem as pernas de maneira dessossegada.

Esta fora exatamente a mesma reação que ele tivera quando retirara a camisa em sua frente, poucas horas antes. Era completamente improvável que fossem somente coincidências fatídicas. Claro que não estava totalmente a vontade com as circunstâncias, porém aquilo lhe parecia levemente exagerado, mesmo que para um autista. Era ele quem estava exposto, não havia razão para L se sentir desconfortável aquele ponto. Deveria ter alguma outra razão, supôs, muito mais curioso do que desconfiado. — É sobre o trabalho interdisciplinar. – Explanou, dando mais atenção a dúvida em sua cabeça do que a situação em si. – Ahmm... Eu e Mikami conversamos e fizemos uma divisão, de quem deve fazer o quê.

Espere um momento. E se...

E se L gostasse de garotos?

— Nós... – Iniciou incerto, explicitamente desconcertado, permanecendo com a cabeça baixa e consequentemente com o campo de visão o mais longe possível de si. – Já fizemos isto.

Porra, tudo fazia sentido! Quando beijara Misa, quando se despira da cintura para cima na aula de educação física, e naquele momento em que estava totalmente nu, somente com uma toalha lhe encobrindo as intimidades. Todas as vezes, L ficara incomodado, desorientado e com o rosto avermelhado em constrangimento. Quer dizer, não​ que nenhuma outra explicação fosse plausível, conquanto para Light, aquela era a óbvia e única resposta. Por isto Lawliet não se sentia a vontade ao conversar com garotas e ficava acanhado ao vê-lo daquela forma. Não que pudesse culpa-lo, afinal Yagami era indubitavelmente o homem mais perfeito do colégio, além de ser um dos mais bonitos, possuía um corpo atlético, alto e esguio, uma ótima higiene pessoal (o que já o diferenciava de boa parte dos garotos da escola), inteligência acima da média e um caráter (duvidoso) bondoso e generoso. Se apaixonar-se por sua pessoa era fácil, sentir-se atraído fisicamente por ele era inevitável.

Um tanto lisonjeado e com o ego tão inflado quanto um grande balão de gás hélio, o japonês pôs-se a sorrir extremamente convencido e arrogante, aproveitando-se do fato de que Birthday procurava evita-lo a todo custo para dispensar o cinismo e, também, para que pudesse se trocar. Por mais que tivesse gostado da nova teoria que criara sobre ele, não estava suficientemente a vontade para despir-se na frente de outro de homem. Não obtinha qualquer tipo de preconceito com o homossexualismo, inclusive, Ryuk era seu amigo e, embora não orgulhasse-se disto, também fora seu primeiro beijo. Entretanto, era hétero e definitivamente seria incômodo para si saber que UM garotO teria qualquer tipo de satisfação lhe observando se despir.

— Na verdade, – Inseriu rapidamente sua pequena senha no cadeado para destrava-lo, abrindo a porta metálica de seu armário e retirando sua muda de roupa, primeiramente a box e posteriormente suas calças. – achamos que seria melhor eu visitar seus lugares e... – Cessou a fala brevemente, um tanto envergonhado ao retirar a toalha que lhe cingia a cintura, pendurando-a em seu ombro para que pudesse se vestir. Era realmente incômodo ficar nu ao lado de um homossexual, sentia-se minuciosamente observado por um pervertido, embora soubesse que Lawliet não estava lhe olhando. – Então você pode fazer a dissertação.

— Mas... – Não podia vê-lo e, como tratava-se do sapo, tornara-se difícil supor o que estava sentindo baseado em seu tom de voz, todavia pressentia que ainda que aquela fosse uma pergunta, não havia exatamente dúvida em sua fala. – Como irei dissertar sem ter os visitado? – Não imaginava ser ironia, contudo parecia ser algo próximo, como quando uma criança diz algo absurdo e você quer entender o raciocínio dela ao mesmo tempo em que a considera idiota e está sem paciência.

— Eu posso descreve-los pra você, além disso terão as fotos... – Lembrou-se de ser o mais gentil e afável possível, pousando sua toalha em cima da porta aberta de seu pequeno compartimento para que pudesse colocar sua blusa e, subsequentemente, seu agasalho.

— Não ​acha que está dificultando? – Por um momento, pode jurar que L estava zangado. Sua voz soara com certa rispidez no início e gradativamente passara para um tom mais educado no final. Ou talvez estivesse tão focado em ler as quase imperceptíveis nuances de seu timbre que estava ouvindo e interpretando as coisas de maneira muito sensível.

— Bom, não necessariamente. – Ele parecia querer dificultar as coisas, como se estivesse se fazendo de desentendido. Era óbvio o real motivo da reorganização da distribuição de tarefas repentina. L já deveria tê-la a compreendido e a acatado de uma vez. – Você também irá formatar então iríamos enviar tudo a você no final mesmo. – Birthday queria irrita-lo, era a única conclusão plausível. Aquele maldito sapo sempre teimava em discordar de si para enfada-lo... Era o jogo dele e, admitindo ou não, Light o apreciava em alguns quesitos. Certo, na maioria das vezes era frustrante pois para jogar e principalmente vencer, tinha-se de entender seu adversário e, perceptivelmente, Yagami era incapaz de compreender tudo concernente a L.

Novamente, aproximou-se dele, almejando ver sua face. – Ou, você acha que são coisas demais? – Indubitavelmente aquela era a única coisa que obtinham em comum, mas Lawliet, assim como o japonês, não gostava de perder. Embora seu ego fosse consideravelmente menor do que o de Light, L também não suportava ser subestimado. Era precisamente por isto que não se davam bem. Ele ficava irritado quando Yagami se recusava a fingir que estavam no mesmo patamar. –  Tudo bem se não conseguir formatar, eu posso-

— Light. – Interrompeu com nervosismo, incontestavelmente aborrecido, provocando uma agradável e aprazível formigamento em seu rosto que ansiava para estampar um perverso e maligno sorriso, sobrecarregando seu autocontrole. Era a primeira vez que o via assim, “alterado”. Seu timbre havia subido um ou dois tons acima do normal, bem como a rispidez e a rudeza com qual proferira aquela única palavra, quase que em forma de repreensão. Desta vez, se sentira realizado e extremamente superior. Realmente havia conseguido arranca-lo da apatia e indiferença costumeira. – Eu acho que... – No entanto, tão ligeiramente quanto sua satisfação se esvaiu, sua pequena e muito sutil irritação esvaeceu, dando lugar a uma letargia quase melancólica​, bem como o languido suspiro que soltara de maneira mórbida e resignada, por fim concordando com sigo. – Tudo bem.

Havia entendido como Lawliet se sentira quando “abaixara seu rei” naquele dia na biblioteca. Realmente era muito decepcionante.

Não havia ganhado, embora L tivesse perdido.


Notas Finais


Uepaaaaaaaa


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