História The 100 (Season 01) The awakening. - Capítulo 03

Madison: O chanceler… - eu tentava falar mas Shumway, o general da guarda ainda me puxava com um forte aperto em volta de meu braço. - você não escutou o tiro?

Shumway: O chanceler estava acompanhado de guardas, eles cuidaram dele, você por outro lado está atrasada. - ele nem olha para mim quando fala isso, mas eu sabia que o que ele havia me dito era mentira.

Não havia segurança no caminho do meu quarto até o portão de embarque, minhas instalações com os laboratórios e salas de treinamento haviam sido adaptadas para servir tal função, antes elas eram partes desativadas das antigas instalações da Arca, não era um lugar que muitos sabiam que estava funcionando, e mesmo aqueles que sabiam não tinham permissão para estar nos corredores, o nível de acesso era extremamente restrito até mesmo para os seguranças pessoais do chanceler, guardas não podiam estar escondidos nos corredores pois a maioria estava interditado e Jaha não me daria uma arma potencialmente ilegal na frente de pessoas que não confiasse, ele estava sozinho e se aquele homem realmente tinha a intenção de mata-lo não haveria ninguém para impedi-lo.

Madison: O chanceler está em perigo...

Shumway: Você não sabe disso. - ele me corta com uma voz forte. - Então pare de ser insolente e siga com sua missão, tenho certeza que o chanceler adorará saber de seu comportamento diante de sua missão. 

Com o passar dos anos eu comecei a não sentir muita coisa em relação às pessoas, independente de seu papel em minha vida, eu apenas deixava que elas entrassem e saíssem sem emoções fortes atreladas a suas lembranças, esse era o jeito mais seguro de me preservar, mas se existia alguém que eu poderia dizer que sentia ódio puro e radiante esse alguém seria Shumway, algumas vezes me perguntava se ele achava toda essa situação miserável e perturbadora divertida.

Shumway: Estamos aqui. - ele diz parando em frente a porta da nave que estava sendo preparada a alguns meses para esse missão, imagino que eles terminaram o serviço enquanto eu estava em confinamento. - Todos já estão aguardando. - ele aperta alguns botões e as portas começam a se abrir. - não importa o que custar, os mantenha vivos. 

Madison: Eu sei. - entendo o que ele quis dizer "mesmo que você morra, o mais importante é que eles vivam" eu já sabia disso, eu entendia que estava indo para Terra para protegê-los mesmo que custasse minha vida, eu não tinha problemas em morrer desse jeito.

Eu não digo nada a Shumway quando entro na nave, o caos era evidente, dezenas de adolescentes andavam de um lado para o outro gritando e falando uns sobre os outros, eles estavam confusos e assustados, não sabiam porque estavam aqui, talvez pensassem que essa era uma execução antecipada.

Na Arca nenhum crime era tolerado, a pena sempre era a mesma... morte. Seu corpo seria jogado no frio espaço para morrer sufocado, a não ser claro que você fosse menor de idade, então estaria trancado em uma cela até completar dezoito anos e ser julgado pelo conselho, em cem anos de arca ninguém foi julgado inocente, todos morrem quando completam dezoito.

- O lançamento ocorrerá em 60 segundos. - uma voz fala robótica é emitida pelos alto falantes - 59... 58... 57... 

Madison: Todos se sentem! - eu tento falar o mais alto que posso, enquanto agarro algumas pessoas. - quem estiver fora de seus lugares quando aquele cronômetro zerar pode se machucar, vamos se sentem! - pouco a pouco os que estavam no primeiro andar estavam sentados em seus lugares.

- 23... 22... 21... - o segundo e terceiro andar foram mais fáceis de organizar, a maioria havia seguido o exemplo dos andares abaixo - 3... 2... 1...

Madison: Merda. - antes que eu pudesse chegar ao meu lugar a nave é lançada e eu caio no chão batendo o lado do meu rosto no metal duro abaixo de mim, eu sabia que tudo apenas ficaria pior quando passassemos pela atmosfera então me levantei com cuidado, ainda tentando não ir de encontro ao chão de novo.

- Você esta bem? - uma menina que estava sentada ao meu lado pergunta, nós tínhamos a mesma altura, ela possui cabelos castanhos escuro e grandes olhos verdes que chamavam bastante atenção, seu rosto me era estranhamente familiar, mas não conseguia me lembrar exatamente seu nome.

Madison: Sim. - eu responde enquanto afive-lo meu sinto, a nave havia se estabilizado o que queria dizer que estávamos no meio do espaço, chegaríamos a Terra em alguns poucos minutos, quando olho para a menina ao meu lado vejo que ela estava nervosa, seus dedos estavam brancos agarrados ao lado da cadeira e eu me perguntava se ela estava segurando sua respiração. - você deve se acalmar, não estamos em perigo, essa deve ser a parte mais fácil de tudo que está acontecendo hoje.

- ser lançada no meio do espaço não estava nos meus planos de hoje. - ela diz ainda de olhos fechados.

Madison: Não, não estavam, imagino que estava nos seus planos daqui a  o que? seis meses? - eu falo me referindo ao possível julgamento.

- como você sabe? - ela fala agora olhando para mim. 

Madison: Pressentimento. - respondo dando de ombros.

- Meu nome é Octavia Blake. - Octavia Blake, 17 anos, filha de Aurora Blake, pai não identificado, presa ao ser descoberta como segunda filha, seu crime era basicamente ter nascido.

Madison: Madison Collins. - eu falo sem olhar-lá.

- Nunca a vi pela Arca. - ela responde me encarando.

Madison: Claro que não, você passou a maior parte da sua vida trancada, e depois os idiotas do conselho pegaram você. - ela me olha surpresa, mas não deveria todos na arca sabiam sobre sua história havia anos que não existiam famílias com mais de um filho na arca, Octavia e meus irmãos eram um anomalia, a única diferença entre ela e eles era que o governo os viam como válidos e ela não.

- Surpreendentemente eu gosto de você. - ela diz ao meu lado.

Madison: Eu não me importo muito com isso. - eu me viro quando escuto o som das fivelas dos cintos sendo soltas. - Não! Vocês voltem a se sentarem agora. - mas já era tarde demais eles estavam flutuando dentro da nave, a gravidade zero fazendo seu efeito, mas não ficaríamos assim por muito tempo, quando entrássemos na atmosfera...

As luzes começaram a piscar de maneira descontrolada e os delinquentes que estavam voando foram jogados nas paredes, o barulho foi tão brutal que eu não precisava olhá-los para saber que estavam mortos, ninguém podia sobreviver ao um impacto tão grande, eu podia ver o sangue escorrendo pelas paredes enquanto os televisores piscavam.

Chanceler Jaha: Prisioneiros da Arca, ouçam. - a imagem de Jaha aparece nos televisores e eu posso escutar as inúmeras vaias que o seguiam, vendo ele ali me fez pensar no que havia acontecido no corredor a apenas alguns minutos, será que esse vídeo seria a última vez que teria que escutar sua voz? - Vocês receberam uma segunda chance. E como seu chanceler, espero que vejam isso não só como uma chance para vocês, mas para todos nós. Na verdade, para a própria humanidade. Não fazemos ideia do que espera vocês lá. Se as chances de sobrevivência fossem melhores, outros teriam ido. Francamente, seus crimes tornaram vocês descartáveis.

Madison: Bem, aí está um discurso motivador. - eu falo para ninguém em especial.

Chanceler Jaha: No entanto, não os deixamos sozinhos, mandamos com vocês tudo o que precisarão para aumentar suas chances de sobrevivência e se sobreviverem seus crimes serão perdoados e suas fichas serão limpas. - não acho que o conselho era ingênuo o bastante para pensar que apenas uma pessoa sozinha, poderia ser o suficiente para ajudar cem adolescentes sobreviverem em um planeta inóspito, era uma missão praticamente suicida e eles sabiam disso. - O local de queda foi cuidadosamente escolhido, antes da guerra, Mount Weather era uma base militar nas montanhas, deve conter um estoque de comida suficiente para 300 pessoas, sua maior chance de sobrevivência está nessas montanhas, boa sorte.

Todas as luzes são desligadas de maneira abrupta, isso não pode ser planejado, o sistema deve ter caído, pode ser mal funcionamento na nave ou até mesmo a radiação terrestre tem capacidade para interferir com setores elétricos se for forte o suficiente.

Octavia: Merda, merda, merda. - ela estava se desesperando mais uma vez.

Madison: Se acalme. - eu falo virando para ela. - respire pelo nariz e solte pela boca, entrar em pânico não vai ajudar em nada agora. - a nave começa a tremer e vários fios explodem, as pessoas começam a gritar em desespero mais um vez, isso seria uma ironia ser treinada para morrer na Terra só para ser tostada antes de encostar no chão.

Octavia: Você está rindo? - ela pergunta com a voz em pânico.

Madison: Não. - eu falo tentando segurar o riso, o que eu daria para ver o rosto de Kane horrorizado com o fato de que nem pude pisar em solo terrestre. - Apenas continue respirando. - e então a nave para, tudo completamente no lugar.

- O que está acontecendo? - alguém pergunta próximo às paredes.

Madison: Nós chegamos. - eu falo tirando meu cinto do lugar antes de me virar para Octavia, alguns dos delinquentes já estavam descendo para o primeiro andar. - você está bem? - eu pergunto olhando para seus olhos assustados, ela apenas concorda. - Ótimo, então vamos. - ela começa a tirar seu cinto e eu vou em direção a escada puxando a multidão que estava tentando chegar no andar de baixo.

- Não podemos apenas abrir as portas! - é a primeira coisa que escuta ao chegar no andar de baixo.

- Se o ar for tóxico morreremos de qualquer jeito. - eu reconhecia a dona da primeira voz claramente, Clarke Griffin, ela era uma copia quase perfeita de seu pai com os cabelos loiros rosto bem definido e olhos azuis, ela estava encarando um menino que parecia velho demais para ser um dos delinquentes e que usava um uniforme da guarda, guardas não seriam enviados para essa missão, era impossível que um erro como esse pudesse ser cometido...

Octavia: Bellamy? - ela fala ao meu lado, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa Octavia corre para seus braços e eles se abraçam, eu estaria comovida se não fosse pelas circunstâncias tão desfavoráveis.

Clarke: Onde está sua pulseira? - é a primeira coisa que ela pergunta, e olho para os pulsos de Bellamy, ele era de longe a coisa mais estranha que tinha por aqui, ele não era um guarda isso eu tinha certeza, ele não tinha o treinamento de um ou se movia com a determinação arrogante que eles normalmente exalavam.

Octavia: Você se importa? Não vejo meu irmão há mais de um ano. - ela não parecia nada com a garota que estava a ponto de ter um ataque na cadeira a apenas alguns minutos atrás, tenho quase certeza que ela poderia pular em Clarke se ela dissesse mais alguma coisa.

Madison: Por mais que ache tudo isso comovente, temos que sair daqui. - eu falo abrindo espaço para chegar até a porta.

Clarke: O poder ser tóxico.

Madison: Se o ar for tóxico morreremos de fome ou de ataques de claustrofobia, não temos espaço nem comida aqui, prefiro as chances lá fora. - eu olho em volta. - alguém tem mais alguma coisa a dizer? - ninguém fala nada. - ótimo, vamos. - eu me viro para Bellamy. - abra a porta.

Bellamy; Você não dá ordens por aqui. - ele fala me encarando.

Octavia: Bell...

Madison: Então prefere ficar aqui. - ele não diz nada, claramente percebendo que seria perca de tempo ficar e brigar. - foi o que pensei. Abra a porta. - ele se vira e sem muito esforço puxa a alavanca.

A luz que invade o primeiro andar da nave é forte demais e tenho que fechar os olhos, mas o desconforto dura pouco, eu rapidamente me acostumo com a claridade e posso finalmente ver, era lindo... o verde das árvores e o céu tão azul quanto imaginei que seria, tudo naquele planeta gritava vida. 

Bellamy: Vá. - ele diz a Octavia. - seja a primeira humana que pisou na Terra em cem anos. - Octavia não precisa ser mandada duas vezes, ela começa a andar tão rápido quanto pode se esperar, quase dando pulos até chegar a borda da nave e então estava no chão, eu não fazia ideia de como ter a grama sobre os pés deveria sentir, mas só posso pensar em o quão macio e verde tudo parecia.

Octavia: Nós estamos de volta vadias!