História The Beat Of My Heart - Twenty Four

Alicia

Fiquei encarando Paulo, e ele ficou intercalando seu olhar entre mim e o redor do corredor em que estávamos. Sei que ele estava escutando, por mais que estivéssemos fechadas no quarto, estávamos sentadas no chão e coincidentemente, eu estava com uma visão da porta e vi que tinha alguém parado lá fora, por causa da luz e da sombra que vinha da fresta entre o chão e a porta.

- E então?

- Então... nada. - Ele se vira e volta a andar pelo corredor em direção às escadas.

- Paulo, vai eu não tô brava e não vou ficar, prometo. - Vou atrás dele.

- Porque você quer saber? - Continuamos andando.

- Me conta e eu te digo o porque.

- Assim não vale. - Descemos as escadas.

- Vale sim, - dou risada - quem tava escutando atrás da porta era você, eu tô sendo muito legal. Vai me fala!

- Ai tá bem, eu escutei desde a parte que as meninas começaram a falar que a gente tinha algo. Sabe queria ter visto você vermelhinha.

- Deixa de ser besta Paulo. - Dou um leve tava no braço dele.

- Tá mas porque queria saber?

- Pra dizer que foi muito difícil fingir que não sou apaixonada em você e que não estamos juntos. - Ele sorri.

- É apaixonada em mim? - Eu dou um sorriso e abro a porta da casa.

- Só um pouquinho assim. - Digo fazendo um sinal com os dedos. Ele fecha a porta atrás dele.

- Ah que pena.

- Por que pena?

- Porque eu sou apaixonado um tantão em você. Mas você não gosta de mim tanto assim. - Paramos em frente ao carro.

Ficamos de frente um pro outro e então passo meus braços pelo seu pescoço.

- As meninas podem nos ver pela janela da Marce. - Ele avisa ao por as mãos no meu quadril.

- Você é muito bobo sabia?

- Quando eu tô com você eu sou mesmo.

- Besta. - Sorrio e beijo ele.

Tiro os braços do pescoço dele e entro no carro. Ao chegar no shopping, vamos para a praça de alimentação e pegamos lanches para comer.

*    *    *

As meninas ainda estão na casa da Marce, acho que vão morar lá, porque não saíram o dia inteiro desde ontem, e pra melhorar me chamaram para ir de novo. Então assim que terminei de almoçar e andar um pouco no shopping com Paulo, pedi pra ele me levar de volta com o motorista na casa dele... obviamente reclamou, assim como eu, porém eu prometi que quando eu voltasse não ia desgrudar dele. Mas se eu for dormir aqui de novo, vou falar para o Mário ir lá pra casa, pro coitado não ficar sozinho.

Subi as escadas rapidamente e abro a porta do quarto.

- Até que enfim chegou! - Diz Valéria.

- Vão dormir aqui de novo? - Pergunto me deitando na cama de Marce.

- Sim, e você também vai. - Majo fala.

- E como você sabe que eu posso?

- Ally todos os pais sabem que estamos juntas, sabem que você sempre está aqui, então manda uma mensagenzinha e fala. É rapidinho. Por favorzinho. - Diz Valéria.

- Ai tá bem. - Digo com tédio.

Pego o celular e mando uma mensagem para Paulo dizendo que vou dormir aqui, ele diz "ok" e manda uma carinha triste; e logo em seguida mando uma para o Mário pedindo que passe a noite com o Paulo pra ele não ficar sozinho, já que não é justo eu deixar ele de novo naquela casa. Mário responde rápido dizendo que vai sim e eu o agradeço.

- Pronto.

- Eai? - Pergunta Marce.

- Tudo certo.

- Ai que ótimo! Agora sim, vamos ao que interessa. - Fala Valéria.

- E o que seria?

- Um certo beijo entre duas pessoas... na frente da casa da Marce hoje... - Majo diz. - Sabe quem são?

Acredito que virei uma paleta de cores vermelhas, meu rosto esquentou e sinto que passei do mais claro ao mais escuro dos tons.

- Ally? - Marce me chama. - Tá bem?

- Ah, é eu to... tô bem sim...

- Então... - Val.

- Então...

- O beijo!

- Não foi nada de mais.

- COMO ASSIM NADA DEMAIS? O CASAL QUE EU SHIPPO A ANOS, ANOS! FINALMENTE SE PEGARAM E VOCÊ DIZ QUE NÃO É NADA!!! AAAAH EU TO SURTANDO. DESDE QUANDO VOCÊS ESTÃO JUNTOS? - Grita Valéria.

- Valéria calma, já tá de noite. - Diz Majo.

- A gente só tá se beijando, nada demais.

- Ai Ally, que sem graça, conta mais...

*    *    *

Paulo

Ally me mandou mensagem dizendo que de novo ia dormir com as meninas, e mais uma vez ia me deixar dormir sozinho. Acho que nunca me imaginaria nesta situação: casado, mesmo que por obrigação; amando minha esposa, por mais que seja "cedo" pra dizer isso; acostumado a dormir com ela e com saudade dela.

Mas já que estou aqui, aproveito para jogar vídeo game, os que não consigo jogar com a Alicia, já que ela sempre me vence. E estava tudo muito legal até que um infeliz toca minha campainha oito horas da noite! Isso é hora de ir na casa dos outros? Pelo amor.

Eu decido ignorar e continuar meu jogo, mas ela toca novamente, e depois de um tempo, de novo. Resolveram mesmo tirar a noite pra me incomodar não é possível. Levanto do sofá com muita raiva e caminho em direção à porta.

Quando estou próximo a maçaneta, o maldito aperta de novo. Abro a porta e com a maior cara de bravo que tenho encaro o meu importunador.

- E aí Guerra? - Cumprimenta. - Que foi? - Pergunta depois que eu apenas o encaro.

- O que foi? É sério isso Mário? Que você tá fazendo aqui essa hora?

- Me deixa entrar que a bolsa tá pesada e eu te explico tudo.

- Tá. - Digo e dou passagem pra ele e fecho a porta assim que passa pela mesma.

Ele se senta no sofá e põe a bolsa num canto no chão.

- E então?

- A Ally disse que ia dormir na sua casa e não queria que você ficasse sozinho, porque ela tinha te feito uma promessa ou sei lá o que, mas que ia cumprir depois e de verdade não quero nem saber o que é, porém me mandou aqui pra te fazer companhia.

- E que companhia né.

- Que isso cara! Depois que casou ficou besta.

- Besta é você Mário. Mas valeu por vir.

- Sabe que eu não ia deixar meu melhor amigo e cunhado sozinho nessa noite perigosa.

- Vai ficar me zoando agora é?

- Claro! - Ele dá risada.

- Vamos jogar vídeo game? Além disso a gente só dorme, não tem mais nada pra fazer aqui.

- Pode ser. - Ele pega o outro controle na estante e começamos a jogar.

*     *    *

Marcelina

Já passa das onze da noite, resolvemos ir dormir cedo pois estávamos cansadas, porém aqui no quarto já deitada e com meus pensamentos, percebo que tenho que dizer uma coisa pra elas.

- Gente? - Chamo na esperança de estarem acordadas.

- Hm? - Escuros alguns resmungos.

- Preciso dizer algo.

- Agora? - Pergunta Ally.

- Aham.

- Então fala. - Valéria diz.

- É que... a vida muda tanto, daqui a pouco a gente se forma, vai pra faculdade, vai trabalhar, umas vão casar e ter filhos... pode ser que nem nos encontremos mais e eu amo muito vocês. Nossos momentos, todos eles são tão bons, até as brigas porque rimos depois. Não quero perder isso. E aí fiquei pensando nisso agora. - Todo mundo fica um tempinho quieta.

- Ai Marce, olha, a gente te ama também, não fica assim não. - Fala Majo.

- Sempre vamos estar aqui uma pra outra. - Diz Valéria.

- Marcelina, não vamos nos separar, e mesmo que aconteça uma hora vamos lembrar dessa noite e vamos procurar a outra, mas eu te amo e não vou te deixar tá bem?

- Tá bem meninas. -Eu concordo.

- Soltou tudo?

- Sim.

- Então vira de lado e volta a dormir. - Diz Ally.

- Grossa!

- Grossa mas com muito amor pra dar! - Fala e todas riem.