“Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.”
-Alice No País das Maravilhas
-S/N: Eu preciso que você me faça um favorzão. Vou te amar mais ainda se o fizer.
-Matheus: Eu já achei que fosse amado incondicionalmente, mas okay né...
-S/N: Foi apenas um modo de dizer. -Revirei os olhos. -Olha, eu preciso que você cuide da Elisa, preciso que você se aproxime mais dela.
-Matheus: Mas por quê? Quero dizer, nunca fomos muito próximos.
-S/N: Porque ela precisa disso. A menina tá passando por um momento horrível e tá pensando em se matar. Eu queria poder estar com ela mas não tô tendo tempo pra isso. Então eu preciso que você faça isso por mim, eu imploro, faça ela se sentir bem. Pode fazer esse favor?
-Matheus: Se é tão sério assim eu prometo dar o meu melhor. Mas e as meninas do dormitório dela?
-S/N: Sinceramente, não sei... Mas eu acho que ela se sente melhor com nós brasileiros, e como dos meninos, vocês são os mais próximos, você pode me ajudar com isso.
-Matheus: Certo. E como tá? Bem, mal, mais ou menos, péssimo?
-S/N: Ah, bem. Tô me esforçando bastante nas aulas. Conviver com os meninos está sendo super normal, sabe, são como irmãos. Aah, e fiz teste pra atuação, só Deus sabe quando o resultado sai.
-Matheus: Ah, que legal! -Sorriu e logo depois tomou um gole de seu suco. -Bom, nem todos são como irmãos... né?!
-S/N: Se você se refere ao Yukhei, bom, ele é uma exceção, uma bela de uma exceção. -Sorri como uma boba apaixonada.
-Matheus: Como estão... vocês dois?
-S/N: A cada dia eu me impressiono mais com o quanto amo aquele ser humano, sabe, eu amo tudo nele. Nós brigamos, bastante na verdade, só que nos resolvemos rapidamente.
-Matheus: Você disse que os meninos não sabiam que vocês estavam... sei lá o que vocês estão tendo. Mas e agora? Eles sabem?
-S/N: Pode-se dizer que sim, porque, olha só, não assumimos nada, mas tá praticamente tatuado na nossa cara. Então qualquer interação nossa todo mundo já nem liga mais. Alguns sabem, porque nos pegaram no flagra ou eu acabei contando. Pelo Yukhei, todos já deveriam estar sabendo, e com o passar do tempo, eu tô até concordando com ele. Mas pensa, todos já sabem, então quando formos assumir, vai ser tipo "Tá bom. Gente, o que vamos comer hoje no jantar?" Já que isso não seria surpresa pra ninguém. Então eu acho que tá bom assim.
-Matheus: Entendi, você tem razão.
-S/N: E você. Tá com alguma novinha no pente? Ou novinho, não sei né... -Falei brincando, embora ele nunca tenha me dito sua sexualidade de fato.
-Matheus: Sai fora s/n, eu gosto só de vaginas okay?! E eu estava tendo um lance com Eunjae, sabe quem é?
-S/N: A Eunjae? A que é ótima no locking?
-Matheus: A própria. Mas aí eu parei.
-S/N: Ué, por quê? Uma menina daquela até eu pegaria.
-Matheus: Porque ela não faz meu tipo, não sei, faltava algo nela que me incomodava.
-S/N: Eu tenho esse algo? -Perguntei sem pensar. Ele quase se engasgou com seu suco de laranja.
-Matheus: Aish, s/n, olha o que você me pergunta! E respondendo: Tem.
-S/N: Certo... -Senti minhas bochechas darem uma leve corada. -Tô sentindo saudade da minha escola. Meu uniforme já tá criando galhos e raízes. -Mudei de assunto. Sabia que nossa conversa estava tomando um rumo desconfortável.
-Matheus: Verdade né! Você não vai mais pra escola?
-S/N: Pelo menos não até o fim desse ano.
-Matheus: Mas no caso, ano que vem não seria mais complicado ainda?
-S/N: Sim, mas não sou eu que tomo as decisões, né! E parece que a empresa cederia alguns dias pra mim no ano, pra eu conseguir ir pra escola e conseguir terminar. Como vão os meninos?
-Matheus: Vão bem. O Victor tá pegando a Dahyun.
-S/N: O QUÊ? Meu Deus, isso ele não me conta. Safado.
-Matheus: Mas quase ninguém ficou sabendo. Tipo, quase ninguém mesmo. Querem manter no sigilo. O que é bom, afinal, trainees não podem se relacionar mesmo.
-S/N: Como se essa regrinha impedisse alguém. É só pegar meu exemplo.
-Matheus: Fato.
-S/N: Agora eu tenho que ir pra aula. Tchau. Te amo. -Disse me levantando e o cumprimentando.
-Matheus: Tchau. Também te amo. -Lhe dei um abraço apertado.
Saí da cafeteria e fui correndo para a van que me levaria ao prédio dos idols.
Quebra de Tempo
-S/N: Nossa... Tô cansada. -Me joguei no sofá.
-YangYang: Ai, eu também. -Disse e logo se jogou em cima de mim.
-S/N: Sai menino! Você tá todo suado. Vai tomar um banho.
-YangYang: Você também tá toda suada. -Dizia entre risos. Estava tentando entender qual era o motivo de tanta graça.
-S/N: Sim, mas eu não tô esfregando meu suor em ninguém. Sai caralho, aish! -O empurrei fazendo-o cair no chão.
-YangYang: Que menina mais bruta. Como você aguenta ela, Yukhei?
-S/N: Eii! -Dei um chute fraco em seu braço.
-Yukhei: Aguento porque ela é o amor da minha vida e eu consigo superar essa chatice toda dela.
-S/N: Você tava indo bem, mas falhou miseravelmente no "chatice". Vou tomar banho e ir deitar. Tchau aí pra quem fica. -Disse me levantando do sofá e saí da sala.
-Todos: Boa noite!
-Tomei meu banho e me troquei. Me deitei na cama e esforçadamente li três páginas do livro Como Eu Era Antes De Você, mas logo o sono tomou conta de todo o meu ser. Desliguei a luz do abajur e me deitei. Seria maravilhoso dizer que eu consegui dormir (mesmo estando morta de sono), mas algo me incomodava e eu não conseguia pegar no sono. Então resolvi ouvir música nos fones de ouvido para relaxar, mas não encontrava eles em nenhum de lugar, então lembrei que o Donghyuk havia os furtado de mim depois de jogar o seu na água “acidentalmente". Fui procurar o ser humano que curiosamente havia sumido e eu não o encontrava em lugar nenhum.
-S/N: Gente, vocês viram o Donghyuk? -Apareci na sala em que os meninos ainda estavam.
-Renjun: Acho que foi pro dormitório do 127.
-S/N: Obrigada. -Logo saí rumo ao dormitório do 127. -Oi, pessoal. Viram o Donghyuk?
-Mark: Acho que tá no quarto dele.
-S/N: Certo. -Me dirigi ao seu quarto e abri a porta. -O Donghyuk, eu preciso dos meus fo... Meu Deus! -Fechei a porta rapidamente e saí do dormitório quase correndo.
-Mark: Ele tá lá?
-S/N: Não sei. Quando você o vir, fala que eu preciso dos meus fones! -O respondi praticamente gritando enquanto saia do lugar.
A cena do Yunoh pelado nunca mais sairía da minha cabeça. Chega a ser constrangedor descrever tudo, principalmente a parte em que ele olhou para mim ainda mais surpreso do que eu. Eu sabia que deveria estar preparada para quando algo desse tipo acontecesse, afinal, morar apenas com meninos acaba resultando nesses momentos, ainda mais porque não era a primeira vez que isso acontecia. Mas de qualquer forma, foi tão repentino, e vergonhoso. Quero dizer, não é todo dia que encontro algum menino nu, sem contar que a culpa fora minha, entrei no quarto sem sequer bater na porta, mas ele também havia errado em não trancar a porta, pelo menos agora que convive com uma menina, mas ele estava no dormitório dele, a intrusa fora eu. Estava tentando entender porque estava sendo tão constrangedor passar pela mesma situação de duas semanas atrás, talvez porque o corpo do Jaehyun poderia considerado muito mais do que atraente e porque ele me tratava como se fosse suafilhinha.
-S/N: Quem precisa de fones? Eu posso pegar emprestado o de alguém sem problemas. -Falei comigo mesma. Peguei o do Jungwoo emprestado e fiquei ouvindo música enquanto pensava em exatamente nada, apenas ficava deitada de olhos fechados.
Talvez porque eu não quisesse pensar em nada, porque sabia o que aconteceria se pensasse demais, e eu já estava cansada de acabar de tal forma toda vez que minha cabeça maquinava.
Felizmente meu sono não demorou a vir e eu dormi.
.....
-Jaehyun: Ei, posso entrar? -Sua cabeça surgiu no espaço entreaberto da porta que ele mesmo havia aberto.
Retirei meus fones e assenti. Ele então entrou no quarto e andou até a minha cama como se estivesse pisando em ovos, então se sentou na beira da mesma.
-S/N: Como foi a entrevista lá na rádio hoje?
-Jaehyun: Ah... foi legal até. Nada de especial. -E então um silêncio constrangedor tomou conta do lugar. -O que você fez durante o dia? Enquanto não estávamos.
-S/N: Ouvi música, depois fiquei com os meninos lá no dormitório do Dream fazendo nada de especial, depois voltei para cá e fiquei assistindo dorama.
-Jaehyun: Entendi... -Começou a olhar para suas coxas, era fácil notar que estava evitando o contato visual comigo.
-S/N: Já que a sua vergonha não te deixa tocar no assunto, eu mesma toco. -Aquele clima incômodo estava quase me enlouquecendo. A situação do dia anterior havia sido embaraçosa, mas não o suficiente para que ficássemos os dois evitando tocar no assunto. -Eu vi você completamente nu e tudo por uma imprudência minha. Me desculpe, okay? Eu sequer bati na porta antes de entrar e acabei vendo o que não devia. Me desculpe, eu realmente fiquei constrangida depois do que aconteceu e ainda mais porque a culpa foi totalmente minha.
-Jaehyun: Pare de se culpar tanto assim. Também foi um erro da minha parte não ter trancado a porta sabendo que não moro mais apenas com os meninos. E acredite, foi ainda mais constrangedor pra mim. Mas agora estamos numa boa, né?
-S/N: Claro que estamos. -Respondi sorridente. -Não sei por quê, mas tenho a impressão de que ainda acontecerá novamente. Não com você, mas o acontecimento, sabe?! É meio difícil não acontecer nada desse tipo passando 24 horas com meninos e ainda dividindo o quarto com um deles.
-Jaehyun: Ah, mas se acontecer de novo... acontece, né?! -Riu gentilmente. -Mesmo que agora todos nós tomemos mais cuidado para não sairmos nus pelo dormitório, ainda pode acontecer de você ver o que não deve. Faz parte de morar apenas com meninos. Quem sabe até você não se acostume depois de um tempo, afinal, somos todos irmãos não somos?! -Ironizou a última frase.
-S/N: Somos. -Sorri.
-Jaehyun: Mas fala aí, gostou do que viu? -Juro que demorei um tempinho até entender ao que ele estava se referindo, mas logo entendi sobre o que ele perguntava.
-S/N: Yunooh~ -Desferi um forte tapa em seu braço. Esse não é o tipo de pergunta que se faça, ainda que ambos soubéssemos que ele não procurava uma resposta, estava apenas brincando.
-Yukhei: Gostou de ver o quê? -Sua voz grave e completamente séria tomou conta do clima distraído do quarto. Logo depois eu comecei a reparar que ele tinha praticamente brotado do chão.
-S/N: Hmm~ Ele perguntou se eu gostei de ver o desenho que ele havia feito. -Que sem nexo, o Yunoh nem desenhava.
Não era necessário contar para o meu quase namorado que eu vi o hyung dele pelado, era?
-Jaehyun: S/n, acho melhor contar logo. Eu falei pra alguns meninos e se você não falar agora, ele irá ficar sabendo de qualquer maneira.
-Yukhei: Ficar sabendo do quê? -Não estava compreendendo o motivo de tanta seriedade.
-S/N: Okay. É que hoje de manhã, por acidente eu acabei vendo o Yunoh nu. É isso.
-Yukhei: Então você estava perguntando se ela havia gostado de ver o seu corpo? É isso? -O tom que ele usara com o Yunoh fora tão sério que me assustei.
-S/N: Mas ele perguntou brincando all right?! Então tenha paz no coração. -Me levantei e fui de encontro a ele, que estava encostado na porta.
-Jaehyun: Eu acho melhor eu sair. -Ele disse já se levantando da cama.
-S/N: Ué, por quê? Você não fez nada errado. Pode ficar.
-Yukhei: Preciso falar com você. -Ele rapidamente pegou no meu pulso e me levou até seu quarto.
-S/N: Me solta Yukhei, eu hein! O que deu em você?
-Yukhei: É que...
-S/N: Vai me dizer que ficou com ciúmes?
-Yukhei: Mas é claro que eu fiquei. Você gostaria de ficar sabendo que eu, mesmo que por acidente, vi uma amiga próxima sua pelada e depois você me encontrasse com ela me perguntando se eu havia gostado de ter visto o que vi?
-S/N: Vendo por esse ponto de vista... Não mesmo.
-Yukhei: Então pronto. Olha, bae, eu sei que foi tudo um acidente. Mas eu tenho tanto ciúmes de você, eu juro que estou tentando controlar. -Ele se aproximou de mim e colocou suas grandes mãos quentes em meu rosto.
-S/N: Tudo bem, tudo bem. Mas você tem que me prometer que não vai falar nada com o Yunoh, afinal, a culpa não foi dele.
-Yukhei: Prometo.
-S/N: Você pareceu tão sério lá no quarto que até me assustou. -Soltei um riso para dar uma distraída naquele clima um tanto melancólico que começara a pairar sobre o lugar.
-Yukhei: Não quis parecer tão sério assim, juro. -Riu de volta.
-S/N: É que você tem uma expressão séria natural. Mas você realmente pareceu bravo.
-Yukhei: Hm~ O que você ia responder ao Yunoh?
-S/N: Sobre o que eu achei? Não ia responder.
-Yukhei: Mas o que você achou?
-S/N: Ah, sei lá. E qual é o seu interesse nisso?
-Yukhei: Me interessa saber o que você pensa sobre o corpo de outros.
-S/N: Ah, com certeza! -Banhei as três palavras com meu tom mais sarcástico. -Isso lhe interessa tanto que no dia que eu elogiei o abdômen do Kun, você ficou chato e ignorante.
-Yukhei: Mas... -Ele me pegou no colo. Atitude deveras inesperada por mim, mas que devo confessar que amei. -Contanto que você não olhe mais para o deles do que para o meu, eu acho que não ligo.
-S/N: Só acha? -Franzi o cenho.
-Yukhei: Ligo só um pouquinho... talvez mais do que um pouquinho. -Ele disse sorrindo. -Okay, s/n, você me venceu. Pense que assim como você não gostaria que eu olhasse para o corpo de outras mulheres, eu não gosto que olhe para o de outros homens.
-Ele tinha total razão e em nenhum momento eu o contradisse então pode-se dizer que estávamos apenas esclarecendo uma questão mal resolvida.
-S/N: Pra que tanto ciúmes assim dos meninos? São seus hyungs e são como irmãos para mim. Mas pode relaxar, o único que me interessa é você, okay?
Logo partimos para um beijo delicioso. Me impressionava o quanto nosso beijo se encaixava, o quanto nossos sentidos e reações combinavam. Nosso beijo se completava. Era excitante e quente, mas repleto de doçura e amor. Um misto de adrenalina e calmante, era como se uma boca tivesse sido modelada para se encaixar na outra e eu amava aquilo tudo. Poderia beijá-lo por mais horas e horas e não me cansaria de sentir sua língua percorrendo toda a minha boca.
Ah, como eu o desejava, e quanto mais eu o tinha, mais eu queria. Quanto mais eu o amava, mais queria amá-lo. E quanto mais ele me tinha, mas eu estava disposta a doar-me.
Voltamos ao meu quarto, já que o Qian estava querendo dormir, e para a minha não surpresa, Yunoh já não estava mais lá.
-S/N: Yukhei? -Perguntei enquanto acariciava o cabelo do ser que se encontrava entre as minhas pernas e mexia no celular.
-Yukhei: Diga, bae.
-S/N: Você já se relacionou com alguém da empresa além de mim? -Perguntei por já não possuir mais paciência para esperar que as respostas viessem até mim.
-Yukhei: Well... Sim, mas já tem um tempo bem considerável.
-S/N: E você ainda fala com essa pessoa?
-Yukhei: Não. Por que o interesse nisso agora?
-S/N: Nada de mais, só quero esclarecer umas dúvidas.
-Yukhei: E que dúvidas seriam essas? -Se levantou e se sentou de pernas de índio, à minha frente.
-S/N: Nada que mereça sua atenção, Xuxi. Eu só queria saber se já houve um alguém antes de mim que faz parte dessa empresa.
-Yukhei: Como eu já disse, sim, teve, mas não precisa se preocupar porque eu já não tenho mais contato com essa pessoa.
-S/N: E por que terminaram?
-Yukhei: Muitas brigas, nada estava dando muito certo entre a gente e eu resolvi dar um tempo, até que você apareceu na minha vida e eu terminei definitivamente.
Minha reação foi simplesmente paralisar. Não era todo dia que recebia a notícia de mexer o bastante com uma pessoa para fazê-la terminar tudo com outra. Olhei nos seus olhos e pude ver sinceridade, Yukhei estava sendo sincero em suas palavras, mas eu ainda sentia que algo faltava. Sempre que chegávamos em perguntas íntimas sobre sua vida, ele sempre hesitava, mas também sempre me respondia, e sempre me dava a sensação de que comia as informações. Nunca soube porque ele fazia aquilo, escondia coisas de mim, havíamos combinado que a confiança era algo necessário em nossa relação, não havíamos?
-S/N: Sério? -Era uma enorme surpresa saber que fui o motivo para o término do namoro do Yukhei com a Eunhye, e isso explicava uma série de coisas.
-Yukhei: Seríssimo. Você mexe demais comigo, e isso ficou claro desde a primeira vez que nos vimos. -Sorriu, como se estivesse ficando tímido.
-S/N: Mas... você não tem mais qualquer tipo de contato com esse alguém, certo?
-Yukhei: Certo, dona s/n. -Me agarrou e me abraçou. -Eu sou total e inteiramente seu. -Distribuiu selinhos em meu rosto e pescoço.
-S/N: Bom mesmo, viu. -Me senti confiante com sua resposta, mas ainda me intrigava não a ter por completo.
Yukhei era um alguém que carregava mistério consigo, não só isso, possuía um olhar desvairado, perdido, por vezes preocupado. Yukhei era um alguém de muitas nuances. Sempre buscava dar o melhor de si e sempre trazia o melhor de mim, mas essa sua insistência em me esconder algo que nunca tive o prazer, ou talvez desprazer, de saber o que era provavelmente era o que mais me incomodava. Começando pelo curioso colar, que ele nunca se deu ao trabalho de me explicar porque me deu.
Jungwoo entrou no quarto secando os cabelos com uma toalha e já vestindo pijamas.
-Jungwoo: Desculpem, não sabia que estavam aqui. -Usou um tom simplista, de quem pede desculpas apenas por educação, mas no fundo não dá a mínima, e se sentou em sua cama ainda usando a toalha para secar seus cabelos, que estava parecendo um ninho de pássaros considerando também a cor loira de seus fios.
-Yukhei: Não, tudo bem. -Se dirigiu ao coreano. -Eu vou me deitar, mas qualquer coisa pode me chamar, por favor.
-S/N: Certo. -Ele já ia saindo, mas eu rapidamente segurei uma de suas mãos. -Dorme comigo. Por favor.
Então ele se virou para mim e veio ao meu encontro com um sorriso estampado no rosto, igual o que pais atenciosos dão quando seus filhos lhe mostram seu boletim repleto de notas altas.
-Yukhei: Achei que nunca fosse pedir. -E me deu um selinho duradouro, daqueles que podem durar minutos porque ambas as bocas não querem provar da separação de uma simples junção de lábios.
-Jungwoo: Eu realmente sinto muito, tanto por você quanto por mim, por não termos quartos separados. -Nos separamos rapidamente e olhei para o Jungwoo que nos olhava sentado na cama de cenho franzido. Nós havíamos simplesmente esquecido que havia mais alguém habitando aquele quarto.
Rimos e ruborizamos literalmente ao mesmo tempo. Com toda certeza, uma das melhores cenas que já pude presenciar na minha vida, foram os momentos em que vi o Yukhei com o rosto corado, era algo realmente bonito de se ver, mas eu não via, eu apreciava esses momentos, cada um deles.
Então ele foi para o outro lado da cama e se deitou atrás de mim, me abraçando. Ali eu senti que não haveria lugar melhor para eu estar que não fosse com ele. Qualquer que fosse a preocupação que eu tinha, sumiu no momento em que eu me vi entre seus braços.
Ele me trazia uma sensação de segurança imensa, gostava de estar em sua companhia, de ouví-lo falar, ou de nem precisar ouví-lo, apenas apreciá-lo já elevava minha vontade de viver a outro patamar. Yukhei poderia parecer brincalhão por muitas vezes, e na verdade ele realmente era, mas como outras pessoas, eles possuía uma outra personalidade, mais sábia, uma versão de si mesmo que sinceramente nunca o vi mostrar para ninguém. Yukhei era intenso em todos os sentidos da palavra, carregava junto com ele uma série de personalidades emaranhadas; ou você não gostava ele ou você o amava, e eu o amava tanto que deixei para lá essa de querer explicar o que sentia por ele, porque cheguei a simples conclusão de que era algo muito além de mim, além da compreensão humana.
Yukhei era o tipo de pessoa que muitos podem julgar como estranho, e ele era mesmo. Já eu sempre fiz parte do time de racionais reservados, dos que pensam antes de fazer, mesmo que vez ou outra gostem de sentir o prazer de chutar o pau da barraca -confesso que eu por muitas vezes. E era essa uma das diferenças entre nós que mais me atraía.
Quebra de Tempo
No dia seguinte, eu resolvi sair de casa por não estar aguentando mais ir deodormitório para a empresa e vice-versa todos os dias. Todos os meninos haviam saído para seus compromissos, então os dormitórios eram todos meus. Tomei banho, vesti uma calça jeans cropped com rasgos no joelho, uma blusa de lã listrada azul royal e branca e o casaco que o Yukhei havia me dado. Penteei o cabelo e deixei solto e coloquei o boné branco da Adidas do Yunoh. Ao sair coloquei meu tênis branco da Adidas com listras pretas laterais. Depois de me arrumar fui para a empresa ver se encontrava meu manager ou se ele havia saído junto com os meninos; por um milagre de uma divindade superior, ele não havia saído.
-S/N: Oi, bom dia!
-Manager: Bom dia. Por que está tão arrumada assim?
-S/N: Então, eu tenho um pedido pra fazer. -Ditei fazendo uma expressão fofa.
-Manager: Hm, diga o que há dessa vez? -Semicerrou seus olhos que já não eram muito grandes.
-S/N: Eu posso ir no Fansing dos meninos? Por favoor~
-Manager: Mas é claro que não.
-S/N: Por favoor~ eu me arrumei toda apenas pra isso. Não aguento mais ficar nessa empresa. Por favor, eu vou colocar minha máscara também!
-Manager: Ah, s/n... -Fiz expressão de choro. -Certo, mas eu quero o mínimo possível de interação com os meninos e não pode tirar essa máscara.
-S/N: Obrigada! Você é o melhor manager do mundo! -Me reverencei uma série de vezes.
-Manager: Eu preciso parar de ser tão bom com você. -Me deu uma leve repreendida. -Vamos logo porque eu estou atrasado, nem deveria estar aqui.
-S/N: Me espere aqui que eu já volto. Prometo que será bem rápido. -Me distanciei dele em direção às escadas rumo ao saguão.
-Manager: Ei! Aonde você vai?
-Fui correndo para uma papelaria e comprei uma tiara com dois ursinhos de pelúcia em cima, 21 chaveirinhos um mais fofo do que o outro, todos com bonequinhos de pelúcia com os dizeres “I love you”, uma agenda pequenininha e uma caneta. Se fosse para eu ir mesmo então queria poder dar uma lembrancinha para minha grande família. Por sorte a papelaria estava vazia. Paguei tudo e voltei correndo à empresa.
-Manager: Já estava pensando em te deixar para trás. -Entramos no carro. -Coloquei isso. -Me entregou uma máscara preta.
Pouco tempo depois chegamos ao local e meu Manager deu um jeito e me enfiou entre os primeiros lugares da fila. Permaneci mexendo no celular até que fomos autorizadas a entrar e nos sentar nas cadeiras.
Não muito tempo depois aquele monte de gente entrou e se sentou nas cadeiras. Todas começaram a gritar animadas e eu acabei fazendo o mesmo. Um a um, todos foram se apresentando e se curvando.
-Oi pessoal, eu me chamo Zhong Chen... -O chinês foi o primeiro a me reconhecer. Balancei os dedos discretamente. -Zhong Chenle. -Então cochichou algo no ombro do Xiao Jun, que estava ao seu lado, e logo em seguida os dois olharam para mim. Que pessoas mais terríveis em disfarce.
Pouco tempo depois já era perceptível que todos ali haviam notado minha existência. Entre brincadeiras e interações entre os meninos era fácil notar umas olhadas vindo até mim. E então a sessão de autógrafos deu início. Eram duas mesas longas, uma na frente da outra, por não caber todos em uma mesa só.
Até que chegou na minha vez e o primeiro da fileira de trás era o Taeyong.
-S/N: Oi oppa! Eu esperei tanto por esse momento. -Sorri, ainda de máscara.
-Taeyong: Ah, q-que bom. -Sorriu, embora estivesse querendo me dizer com os olhos “Que porra você está fazendo aqui?”
-S/N: Ficar em casa às vezes pode fazer mal, não acha que é sempre bom dar uma saída de vez em quando?
-Taeyong: Tem razão. Mas sabe que existem lugares que podem não ser legais.
-S/N: Felizmente não estou em um desses, não é? -Sorri, mesmo que não pudesse ver, os meus olhos comprimidos revelavam. -Trouxe essa lembrancinha pra você. -Lhe dei um chuveirinho de uma ovelhinha com a frase “I Love You" no verso. -É apenas uma lembrancinha, espero que goste.
-Taeyong: É tão fofo quanto você.
-S/N: Muito obrigada. Me dê seu autógrafo, por favor? -Estendi a agenda e a caneta.
-Taeyong: Claro! -E assinou. Então o tempo acabou e tive que passar para o lado, onde estava o Yunoh, que foi a pessoa mais gentil do mundo comigo e até pegou em minha mão e a beijou.
Depois de passar por vários dos meninos e até ter sido questionada pelo Jisung se havia fechado as janelas de casa, pois estava chovendo, cheguei no Yukhei.
-Yukhei: Oi, ba... como é seu nome mesmo? -Tentou segurar o riso.
-S/N: Me chamo s/n. Está muito bonito hoje.
-Yukhei: Também está linda. Tire essa máscara, não tem porque usá-la aqui dentro. -Disse enquanto abaixava a mesma.
-S/N: Fui recomendada a usar. -Corei.
-Yukhei: Tenho certeza que ser isso for um problema poderá ser resolvido. Mas eu quero ver seu rosto. -Passou o polegar pelo mesmo. Meu Deus, era ali onde morava todo o perigo.
Winwin sussurrou algo em seu ouvido e logo em seguida ele tirou a mão da minha face. Certamente era a advertência que eu não estava em posição de dar.
-S/N: Trouxe um presente pra você. -Coloquei a tiara e o chaveiro em cima da mesa. -Posso colocar a tiara em sua cabeça?
-Yukhei: Pode, sim. -Curvou sua cabeça para frente e então eu coloquei a tiara nele. Ficou a coisa mais fofa desse mundo, tive vontade de o beijar e abraçar ali naquele momento. Talvez ele tivesse notado, visto que começou a rir depois fitei seus lábios tão atraentes. -S/n, espere só mais um pouco. -Colocou a mão em cima da minha.
Nosso tempo acabou e tive que passar para a mesa do Ten, ao lado, mas ainda não havia pego o seu autógrafo e mesmo que eu pudesse ter quantos quiser, naquele momento eu já havia pegado o de todos, queria o dele também.
-S/N: Entregue ao Yukhei pra ele assinar e assine também, por favor?
-Ten: Certo. -Fez o que pedi. -You're pretty today. -(Você está linda hoje) Sorriu.
-S/N: And in the other days? -(E nos outros dias?)
-Ten: Também. -Olhei para Yukhei e o vi quase explodindo de ciúmes, mesmo que ainda estivesse fazendo um evidente esforço para parecer feliz em frente a fã naquele momento.
-S/N: Eu trouxe um chaveirinho pra você. -Lhe dei o objeto.
-Ten: Ai minha nossa, isso é tão fofo! -Apreciava o pequeno chaveirinho. Sempre amei o fato do Chittaphon ser encantado por coisas fofas.
Depois que passei por todos os meninos, me sentei novamente e esperei o evento acabar. Assim que acabou, eu esperei todas irem embora e então fui para o camarim dos meninos.
-Jaemin: definitivamente minha namorada é doida. -Veio e me abraçou.
-S/N: Eu estava com tédio. -Retribuí.
-Jeno: Esses chaveirinhos são tão bonitinhos. -Ficou balançando o que eu lhe dei.
-S/N: São mesmo, achei todos muito fofos.
-Yuta: E por que só o Yukhei ganhou uma tiara? -Questionou-me emburrado.
-S/N: Bom, porque... não tenho um porquê. -Menti realmente mal.
-Yuta: Então deveria ter me dado se não tinha um motivo. -Fez um bico engraçado.
-Yukhei: Sai, seu invejoso. -Pegou a tiara e a abraçou, cena fofa demais para mim processar.
-Jaemin: Deveria ter me dado, eu que sou seu namorado.
-S/N: Tem razão.
-Yukhei: Tem nada.
-Depois que os meninos se acalmaram e processaram o que havia acontecido, me sentei no sofá e minutos depois minha mente foi levada para um outro plano.
-Yukhei: S/n? S/n?? -Balançava sua mão na frente dos meus olhos. Era impossível não notar a mão de Yukhei.
-S/N: Ah, oi.
-Yukhei: Estava viajando. -Sorriu. -Vem comigo rapidinho. -Pegou em minha mão e saímos do camarim sem nem ao menos notarem que deixávamos o local, ou pelo menos notaram e não deram a mínima.
Fomos para os fundos do pequeno prédio. O lugar era totalmente isolado.
-S/N: Se referia a isso no seu: “Espere só mais um pouco"?
-Yukhei: Como adivinhou? -Fez uma expressão evidentemente falsa de surpresa.
E no segundo seguinte tive sua língua adentrando minha boca. Fazia um ótimo proveito dos meus lábios, os mordiscando e chupando. Eu retribuía dando algumas poucas mordidas em sua boca e chupando sua língua, já que não me sobrava espaço para fazer muita coisa, visto que ele estava me beijando afobadamente.
-S/N: Calma, estou bem aqui. -Brinquei. -Pode fazer o que quiser.
-Yukhei: Sei que não estará comigo pelo resto dia, então quero compensar a falta que vou sentir. -E voltou a me beijar.
Pegou meus dois braços e os segurou com uma mão acima de minha cabeça e com a outra agarrou minha cintura por debaixo do pano da minha blusa. Não poder tocá-lo fazia eu me sentir impotente, mas era excitante e eu estava gostando. Subiu suas mãos para os meus seios e os apertou por cima do sutiã, não muito forte, pois deveria saber que poderia ficar dolorido. Yukhei estava me beijando de um modo diferente, de um modo sexual, e eu estava amando todo aquele cenário.
Quebra de Tempo
Ao acordar, me levantei e me encontrei sozinha no dormitório, o que com certeza não era surpresa nenhuma para mim. Fui para a cozinha e tomei café com torradas com geleia de frutas vermelhas.
Me arrumei colocando uma roupa qualquer e fui para a empresa, tempo depois encontrei meu manager.
-Manager: Oi, s/n. Bom dia.
-S/N: Bom dia. -Me reverenciei.
-Manager: Saiu o resultado do seu teste para atuação.
-S/N: Sério?! E qual foi? -Perguntei empolgada.
-Manager: Ai, s/n... -Fez uma expressão decepcionada. -Você passou!
-S/N: O QUÊ?! SÉRIO MESMO?? -Elevei meu tom de voz e abri um sorriso de orelha a orelha.
-Manager: Sério. Parabéns s/n, você conseguiu!
-S/N: Meu Deus, que felicidade! -Eu realmente estava mergulhada em um mar de alegria.
-Manager: Ah, eu tenho um aviso pra você. Na verdade dois. O primeiro é que a senhora So Young quer que você vá lá na sala dela. E o segundo é que me mandaram lhe avisar que se você tiver redes sociais, precisa deletar suas contas. Afinal, a empresa não quer que seja descoberta antes do seu debut e nem que haja algo em alguma rede social sua que possa comprometer você ou a empresa.
-S/N: Certo. Na verdade eu ainda achei que demorou para mandarem eu deletar minhas contas. É pra eu ir agora?
-Manager: Sim.
-S/N: Okay.
Saí do lugar o subi para a sala da CEO. Bati na porta e ela me mandou entrar.
-S/N: Bom dia. Meu manager disse que queria falar comigo.
-SoYoung: Bom dia. Sim, pedi. Quer café?
-S/N: Quero. -Quem sou eu para negar uma xícara de café?
-SoYoung: Sente-se. -Depois de um tempo ela me trouxe um expresso. Logo reparei que ela tinha uma máquina de café Nespresso no canto de sua sala, o que explicava todas as vezes que ela surgia com um copo de café quentinho literalmente do nada.
-S/N: Obrigada.
-SoYoung: Creio que o seu manager já deve ter lhe contado o resultado do teste, certo?
-S/N: Ah, sim. Contou.
-SoYoung: Então meus parabéns! Foi merecido. Sua atuação foi impecável. Recebeu elogios, mas isso já não lhe é mais surpresa não é mesmo? -E eu aqui achando que o sarcasmo dela já havia cessado.
-S/N: Muito obrigada, mas preciso perguntar. Por que me chamou?
-SoYoung: Bom, suas aulas de dança e canto foram retomadas como já era o esperado, certo? Estamos em épocas de premiações mas nem por isso você ficará apenas tendo aulas. -Não estava entendendo aonde ela queria chegar, como quase sempre. -Pois bem. Na próxima premiação do NCT, que será na China, você irá junto. Isso porque nós também faremos uma sessão de fotos suas para seu debut, que possivelmente será anunciado na China.
-S/N: Mas meu chinês é horrível, como isso pode dar certo?
-SoYoung: Você não precisará ser fluente em mandarim. Iremos apenas anunciar o seu debut no NCT lá também. Obviamente que um pouco de mandarim você deverá saber, mas isso não será problema porque o básico a empresa ensina. Mas não precisa se preocupar, com isso a empresa se resolve. Apenas relaxe, você não virará uma idol solo que cantará em mandarim ou que debutará na unit Chinesa. Só estaremos também anunciando seu debut lá, assim como aqui na Coreia, para resultar em uma maior visibilidade. Entendeu?
-S/N: Ah, claro. -Respondi de modo meio perdido. -Que dia será a viagem?
-SoYoung: Todos os grupos indicados terão que estar lá pelo menos um dia antes do evento. Então, amanhã.
-S/N: Nossa, mas assim?! Rápido, não?
-SoYoung: Mas a rotina de idol é assim mesmo. -Ela disse com um sorriso debochado no rosto. -Vocês irão em um avião com todos os grupos indicados da nossa empresa, no caso o NCT, EXO, SHINee e Red Velvet. Chegando lá, vocês serão hospedados em um hotel próximo ao local do evento. Os quartos já foram alugados e são duas pessoas por quarto. Nesse caso vocês podem se resolver com quem irão dividir o quarto. Você não estará presente na premiação como uma membro do NCT obviamente. Mas poderá ir e ficar nos bastidores. No dia seguinte ao evento, será sua sessão de fotos, e na manhã do dia seguinte já estarão de volta.
-S/N: Os meninos já sabem da viagem?
-SoYoung: Sim, mas não que você vai. Esse aviso eu deixo pra você.
-S/N: Certo. Então já tenho que arrumar minhas coisas.
-SoYoung: Ah sim, com certeza. Mas a roupa para a sessão será fornecida pela empresa. E é necessário que esteja com todos seus documentos em mãos, principalmente seu passaporte.
-S/N: Certo. Que horas vamos embarcar?
-SoYoung: Amanhã às 6 da manhã.
-S/N: Nossa, que cedo.
-SoYoung: Sim, mas são vários preparativos para o evento que começará às 15:00. Alguma dúvida?
-S/N: Não, entendi tudo, obrigada. -Me reverenciei e saí de sua sala.
Fui para o meu dormitório e arrumei minha mala. Era a primeira vez que eu sairia do país a trabalho. Era nessas horas que eu pensava porque não estudei mais meu mandarim.
.....
Depois que os meninos chegaram, eu fiquei em meu quarto tocando violão. Fazia muito tempo que eu não tocava e depois de meses morando com os meninos, muito poucos já haviam me visto tocar.
Estava tocando Sing For You quando algum ser humano bateu na porta e logo em seguida a abriu.
-S/N: Quem ousa atrapalhar meu momento de paz? -Perguntei, olhando para o sujeito que surgiu na porta.
-Mark: Eu, e os meninos e eu estamos te chamando pra ficar lá na sala com a gente.
-S/N: Quero não, thanks.
-Mark: Vamoos~, s/n. Vai mesmo desperdiçar essa grande oportunidade de ficar comigo e com os meninos antes de irmos pra China? Olha que só irá nos ver daqui há dois dias.
-S/N: Okay, eu vou. -Cedi à sua insistência.
-Mark: Leva teu violão. Vamos.
Peguei meu violão e fomos pra sala. Chegando lá, eu peguei uma cadeira da cozinha e a coloquei do lado do sofá, em seguida me sentei.
Fiquei apenas observando os meninos conversando. Enquanto isso, eu pensava no ódio que sentia deles por me fazerem sair do meu quarto para ouvir eles conversando coisas que eu definitivamente não ligava.
-S/N: Se eu soubesse teria ficado do meu quarto. -Disse baixo, mas não dando a mínima se alguém ouvisse.
-Johnny: Que música estava tocando? -O Seo provavelmente havia ouvido meu resmungo e resolveu puxar um assunto.
-S/N: Sing For You.
-Johnny: Sério?! Toca aqui!
-S/N: Ah, eu não. Tenho vergonha. Nunca toquei na frente de todos vocês.
-Johnny: Essa é uma boa hora.
-S/N: Certo... -Peguei meu violão e o coloquei em posição. -Sing For You?
-Johnny: Pode ser.
-E lá vai eu começar a tocar a música. Teria sido melhor se todos ao redor continuassem conversando como estavam fazendo antes, mas não, todos se calaram e passaram a prestar atenção em mim.
-S/N: Ah, sério?! Pra conversar comigo ninguém se dispõe. Vamos lá né... -Falei comigo mesma.
Logo comecei a cantar a música e seria muito bom dizer que eu não estava nada nervosa, mas não foi bem assim. Uma coisa é cantar em um estúdio de gravação, outra é cantar em versão acústica com todo mundo te observando, sendo que boa parte dessas pessoas também sabem tocar violão e todas sabem cantar.
-S/N: E aí gente? -Não falaram nada. -Falem alguma coisa!!
-Yukhei: Estão vendo porque ela é o amor da minha vida?
-Ten: Você canta realmente muito bem.
-S/N: Obrigada. -Corei. Não pude ver, mas era certeza de que havia corado.
-Jaehyun: Quando aprendeu a tocar essa música?
-S/N: Nossa... Faz tempo, hein. É uma das que eu mais gosto de tocar, então eu nunca esqueço os acordes. Mas o tempo... realmente não consigo lembrar. Agora podem voltar a fazer o que vocês estavam fazendo. -Ditei a última frase já tendo consciência de que estava parecendo um tomate de tão vermelha.
Felizmente me ouviram.
-S/N: Youngho. Sabe cantar I Don't Like It?
-Johnny: Óbvio que sei. -Me olhou com uma expressão cansada. Não tinha culpa se não me recordava do quão potente era memória.
-S/N: Eu sei tocar. Olha que bom! Vamos cantar?
-Johnny: Logo essa música? Pode ser outra não?
-S/N: Depende se eu vou saber tocar. Vamooos! É só não focar na letra, canta no automático. Assim você não vai nem perceber que vai estar cantando um pornô auditivo.
-Johnny: Você é uma pirralha que de tão irritante chega a ser engraçada.
-S/N: Não consegui encontrar a parte boa dessa frase.
-Johnny: Mas não tem.
-S/N: Você é muito chato, man. Deve ser a idade.
-Johnny: Tá me chamando de velho?
-S/N: Hum... não disse nada ok, foi você que presumiu. Agora vamos! Podemos ir alternando entre as linhas. Assim fica mais nivelado. All right?
-Johnny: Certo.
-Comecei a tocar. Então ele passou a cantar, depois eu, depois ele, depois eu, depois ele... enfim.
Terminamos a música.
-S/N: Difícil? -E lá vai eu falar em português.
O NCT possuía uma variedade grande de línguas. Imagina só a loucura que seria se todos falassem apenas em suas línguas nativas? Seria uma mistura muito louca de inglês, português, coreano, mandarim, cantonês, alemão, tailandês e japonês. Nessa brincadeirinha, quem se sairia melhor seríamos eu e o YangYang por falarmos as línguas menos conhecidas, o que era bom considerando que queiramos xingar todos. De vez em quando fazíamos isso por zoeira, era algo engraçado demais.
-Johnny: Não. -Logo passei a olhá-lo com uma expressão de "Você entendeu o que eu disse?"
-S/N: Como você me entendeu?
-Johnny: Não entendi exatamenfe. É que eu relacionei o que você falou com difficult, e parece que eu estava certo, né?
-S/N: Sim. Sempre que nos juntamos, fazemos essa mistura louca de coreano com inglês e eu de vez em quando falo umas palavrinhas em português. Crazy, not?
-Johnny: Com certeza. Essa mistura de idiomas que fazemos direto é bem engraçada.
-S/N: Concordo.
-Mark: Essa música combina com vocês. -Imediatamente eu e o Youngho passamos a olhar para o Minhyung o perguntando com os olhos algo como: "O que você quis dizer com 'combina com a gente?'"
-S/N: Com o Youngho eu até concordo, mas eu tenho uma cara de anjinho que caiu do céu, então comigo não.
-Yukhei: Só a cara mesmo. -O reprovei com o olhar.
-Então o Mark se levantou e bateu a sua mão na dele.
-Mark: Isso! Concordo com você.
-S/N: Vá se ferrar, Mark. O Yukhei disse em outro sentido, se você concorda, então é como se esse sentido fosse atribuído a você.
-Mark: Mas eu quero mesmo que seja atribuído.
-Yukhei: Eu acho que não ouvi direito. -Ele usou o mesmo tom que usara com o Yunoh tempos antes.
-S/N: Você também não é muito diferente. É ainda pior.
-Mark: Antes você estivesse certa...
-S/N: Não estou? -Perguntei debochadamente.
-Mark: Não, porque eu a menos não finjo ser alguém que não sou em frente às pessoas.
-S/N: O que você disse não faz o menor sentido. Tratar pessoas de modos diferentes particularmente não significa que eu não seja quem aparento ser.
-Mark: Você não é.
-S/N: Ai, garoto cala boca!
-Mark: Por que você tá brava?
-S/N: Porque você me irrita dizendo esse monte de asneiras.
-Mark: All right. Pense o que quiser. -Se sentou e passou a mexer no celular. Eu queria poder pular em cima daquele pescocinho.
-S/N: Espero que não tenha que dividir o quarto com você. -Pensei alto.
-Johnny: Dividir o quarto?
-S/N: Ah, eu ainda não contei. É que eu vou pra viagem junto com vocês. Não como uma membro do NCT, mas vou pra fazer uma sessão de fotos lá.
-Taeyong: Que legal, s/n!
-S/N: Como vão fazer a divisão de quartos?
-Taeyong: Sempre fazemos em sorteio. Falando nisso, vamos fazer agora. Alguém chame os outros meninos.
-Ten: Eu chamo. -Se levantou e saiu do dormitório.
-Não demorou muito para que todos estivessem no mesmo local.
-Taeyong: O sorteio vai ser clássico. Vamos tirar nos papeizinhos com os nomes. -Papeizinhos esses que ele já tinha. -Só teremos que colocar o da s/n agora.
-S/N: Certo. Esperem aí. -Fui no meu dormitório, escrevi meu nome em uma folha da minha agenda, depois recortei e voltei pra sala. -Pronto. -Entreguei a papel já dobrado.
-Taeyong: Pronto. Pra não dar bagunça, duas pessoas tirarão os papeizinhos e os dois nomes serão das pessoas que dividirão o quarto.
-O Xiao tirava um papelzinho e o Winwin tirava outro.
E assim cada um deles começa a tirar os papeis e entregar ao Taeyong, que falava quem dividiria o quarto com quem.
-Taeyong: Kun e Jeno.
Chenle e Chittaphon.
Youngho e Jungwoo.
-S/N: Meu melhor colega de quarto vai se separar de mim.
-Jungwoo: Vou sentir sua falta. -Ele disse passando seu braço pelos meus ombros.
-Taeyong: Eu e Jisung.
Taeil e Yuta.
Yunoh e In-Joon.
Donhyuk e Jaemin.
Yukhei e Winwin.
Doyoung e YangYang.
Xiao e Kun-Hang.
-S/N: Só podem estar de brincadeira.
-Taeyong: E por último, s/n e Minhyug.
-S/N: Gente, só podem estar me zoando, né?! Pode sortear de novo não?
-Taeyong: Não. Na verdade pode, mas eu não quero.
-Renjun: O que tá rolando? -O ouvi comentar baixinho logo atrás de mim.
-Jaehyun: Ela e o Minhyung tiveram uma briguinha quase agora.
-Mark: Se alguém quiser trocar comigo eu não vou reclamar não, okay?
-Taeyong: Se pudéssemos escolher, pra que sorteio?! Ninguém vai trocar nada. Agora vou dormir. Boa noite. -Saiu rapidamente da sala e foi pro seu quarto.
-S/N: Que inferno! -Fui para o meu quarto e me deitei na cama com o intuito de dormir.
90% daquilo era tudo drama e os outros 10% era raiva. Quero dizer, não havia um motivo concreto de eu estar com raiva dele, ainda mais porque sempre nos dávamos bem, mas ainda assim ele me irritou e eu iria logo dividir o quarto com a única pessoa que eu não queria.
Quem diria que um dia eu estaria com raiva por dividir o quarto com o Mark? Nem eu mesma acreditaria se me dissessem.
"O incentivo de viver é arriscar, deixe o medo para os fracos."
-Charles Chaplin
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