1. Spirit Fanfics >
  2. The Blue Eyes >
  3. O passado está no pretérito

História The Blue Eyes - O passado está no pretérito


Escrita por: _whrismyghost

Capítulo 12 - O passado está no pretérito


@lottienewsome: ainda acho que você é um velho stalker-estuprador.

@bluhng3 foi bloqueado.

(Lottie)

-Cheguei!- disse para o nada. Afinal, esqueci que Drake não estaria em casa hoje à tarde. Droga.

Joguei minha mochila no meio do sofá e fui até a cozinha. Eu não estava com sede e muito menos fome, então abri a porta e saí para o quintal atrás de casa.

Sentei-me na grama verdinha e olhei para todos os lados. À esquerda, estava a casa dos Dallas, e podia ouvir alguma música de um estilo parecido com rap vindo de dentro do quarto de Cameron. Sim, é estranho eu saber qual janela é a dele, mas só sei porque já o vi encarar minha casa com seu olhar julgador.

Ele pensa que não consigo ver o jeito que ele me olha, sempre pensou. Quando Maddie e Polly ainda estavam aqui, Cameron e Maddie se aproximaram muito por algum tempo por motivos que eu e Polly nunca soubemos, afinal, Maddie era uma de nós, não uma dos populares. Mas, mesmo assim, eles ficaram amigos e ele passou a ser uma presença constante no nosso grupo. Até não ser mais.

Final de 2015.

-Ele é um bom garoto!- Maddie disse sorrindo.

-Não dou duas semanas para ela se apaixonar.- disse à Polly, que riu e fez um 'hi-5' comigo.

-Para, Charlie!- disse dando um tapa estalado no meu braço.

-É a verdade, Mad!- disse esfregando o lugar que ela bateu.

-A Char está certa, Mad! Você se apaixona muito rápido.- Polly concordou.

-Fiquem quietas, as duas!- Mad disse jogando um travesseiro em nós duas. -Ele é só meu amigo e, além do mais, ele é do time de futebol.- disse com uma careta, fazendo Polly e eu fazer o mesmo.

-Ainda bem que você é uma garota consciente, Maddie!- Polly disse piscando.

Maddie, Polly e eu costumávamos ter uma frase icônica: qualquer um que não seja um (babaca) jogador de futebol. Pode reclamar o quanto quiser, mas eles são sempre iguais; popularezinhos de merda que só pensam em líderes de torcida loiras e magérrimas.

-Mas escutem o que estou dizendo: Cameron é legal.- ela insistiu, fazendo Polly e eu rolarmos os olhos.

-Nenhum deles é legal, Mad.- Polly disse, fazendo-a bufar.

-Vamos dar uma chance para ele.- cedi, vendo Maddie abrir um sorriso enorme.

-Você é demais.- ela disse sorrindo e Polly rolou os olhos novamente.

(...) -Eu sei.- Cameron disse devolvendo o sorriso a garota.

Continuamos conversando sobre a festa de fim de ano do veterano mais popular da escola, Sammy Wilk, que a escola quase inteira iria comparecer e pude notar o olhar de Cameron em mim algumas vezes.

Que droga é essa?

Não eram olhares amigáveis ou muito menos de flerte, mas sim de nojo e desprezo.

Por que ele estava me olhando desse jeito?

Não era a primeira vez e também não foi a última que vi Cameron me olhar desse jeito. Isso morava no olhar de Cameron Dallas. Ele sempre me olhava desse jeito e, por muito tempo, eu acreditei que fosse pelo meu cabelo que parecia mais um ninho, ou talvez minhas sobrancelhas totalmente sem definição. Mas, depois de muito analisar, percebi que o que o incomodava, era meu corpo.

Meus braços, pernas, tronco, rosto e mãos magras o incomodavam. Minhas mangas sem fim o incomodavam. Ele sentia nojo de mim.

Nojo da minha doença.

Os olhares de Cameron só ficaram piores depois disso, mas não que eu realmente ficasse chateada com isso hoje em dia, porque eu não fico.

À direita, tem a casa de uma mulher que sempre reclama que Drake estaciona na garagem dela quando chega de madrugada. Às vezes ele chega tão doido que nem consegue diferenciar as garagens, quando mais ligar para a mulher reclamando.

E no final do quintal, logo atrás de um toco que antes foi um roseiro, tem um quadrado de terra pelada que transformou minhas noites em pesadelos reais.

2016.

A madrugada estava gelada e úmida pela recém chuva, e for a falta de cobertor e o barulho estrondoso vindo de fora que quase me fizeram gritar no meio da noite.

-Drake?- chamei-o saindo do meu quarto, mas ele não respondeu. -Drae?

Fui até seu quarto mas o mesmo não estava lá, apenas rastros seus em sua cama e guarda-roupa com as portas abertas.

Onde ele se meteu?

Os barulhos continuaram e ficavam mais fortes a medida que eu descia as escadas, e, mesmo com muito medo, os segui até chegar no quintal.

Vi Drake nos fundos de costas sem camiseta e segurando uma marreta. Fiquei observando-o confusa até quase gritar de susto ao vê-lo acertar a marreta no pequeno quartinho do fundo do quintal, consequentemente rachando uma parede.

-Charlie?- perguntou franzindo as sobrancelhas, fazendo um arrepio descer pela minha coluna. -Lottie.- corrigiu.

-O que você está fazendo?- perguntei ignorando o apelido. -Você ficou doido de fazer um barulhão desse uma hora dessas?- perguntei apertando meu cardigã verde musgo em volta do corpo.

-Eu não conseguia dormir.- disse como se isso explicasse tudo. -Não conseguia dormir por causa disso.

Me arrepiei mais uma vez com a brisa gélida de sei lá que horas da madrugada e me aproximei dele, logo o rodeando com meus braços finos porém longos.

Ele devolveu o abraço me apertando ainda mais e não sei como ele conseguia abraçar uma garota que parecia mais com um esqueleto do que consigo própria.

-Eu não vou deixar ela nem ninguém jamais te machucarem de novo, ok Lottie?- disse e eu assenti com a cabeça, me afastando dele e indo em direção da marreta.

Drake percebeu o que eu iria fazer e colocou os óculos de proteção que usava em mim. E assim, nada me impediu de socar a ferramenta com toda força contra a parede, que se quebrou.

Sem mais pesadelos. Sem mais medo. Sem mais horror. Sem mais escuro.

Nunca senti uma liberdade tão grande.

(...)

-Então, você está melhor?- Taylor perguntou após nos sentarmos nas nossas carteiras de sempre.

-Estou.- disse apoiando meus cotovelos na carteira e meu rosto nas mãos.

-Ainda bem que a dor passou rápido.- disse ele. -Tenho que te contar algo que vai melhorar seu dia 99,9%.

-Medo, mas me conta.- pedi.

-Becky e Pink faltaram.- disse demorou alguns segundos para minha ficha e eu abrir um sorriso maior que minha cara.

-Espera.- disse tirando o sorriso do rosto. -Você está me zoando.- disse cruzando os braços.

-Para de ser besta.- ele disse rindo.

-Ai meu Deus!- comemorei sorrindo ainda mais e fazendo uma mini dança. -Isso é música para os meus ouvidos!

-Sabia que você ia gostar!- disse convencido. -Mas, então...- começou e fechei os olhos sentindo uma bomba vindo parar no meu colo antes mesmo dele abrir a boca. -Eu vou dar uma festa de Halloween!

Abri os olhos e Taylor fez uma dancinha animada enquanto eu ria.

-Era só isso?- perguntei. Ele sabe que eu não vou e não adianta insistir.

Ah não.

-Não!- exclamei e ele fez uma careta.

-Por que não?

-Por que eu não vou em festas.

-Mas é a festa do seu melhor amigo.

-E daí?- disse arqueando uma sobrancelha.

-E daí que você tem que ir!- disse cruzando os braços e de repente arregalou os olhos. -Ai meu Deus! Você não me corrigiu quando eu disse que sou seu melhor amigo!

-Você é tipo meu único amigo, então...- disse prendendo um sorriso ao saber que ele nos considerava melhores amigos.

-Sim, Lottie, você também é minha melhor amiga.- disse com a mão no coração e eu o empurrei de leve rindo.

-Mesmo você possivelmente sendo meu melhor amigo, não significa que eu vou na sua festa.

-Grrr!- grunhiu e fomos 'interrompidos' pelo professor entrando na sala.

Depois de alguns "bom dias" e o professor avisar que iria fazer a chamada, Taylor e eu voltamos a conversar.

-Você tem que ir na minha festa!- exclamou, fazendo-me rolar os olhos.

-Por mais estranho e inacreditável que seja, eu, Charlotte, uma adolescente normal, não vai em festas.- disse fazendo várias pausas dramáticas. -E não quero.

-Mas vai ser tão divertido! Podemos até fazer uma festa do pijama, sabia?

-Taylor, cala a boca.- disse segurando uma gargalhada.

-Estou falando sério! Lembra das meias com creme e o óleo de coco que eu te falei?- disse apontando para a sua jaqueta.

-Isso aí deve estar até estragado.- zombei cruzando os braços.

-Chata.- bufou encostando na cadeira. -Vai ser divertido, o que eu tenho que fazer para você ir?

-Bem...você pode começar comprando uma bolsa da Chanel.- disse com cara de madame e ele arqueou uma das sobrancelhas.

-Continue.- disse pegando seu caderno e uma caneta.

-Você tá doido?- disse rindo. -Taylor, não se pode comprar os outros com bolsas da Chanel.- o repreendi rindo ainda mais ao perceber que ele levou isso a sério.

-No meu mundo, nós podemos sim.- disse largando o papel e a caneta. -O que você quer, Lottie?

-Taylor, eu não estou falando sério.- disse agora séria. Esses ricos. -Não seja ridículo, eu não vou ser comprada por uma bolsa da Chanel.

-Que tal duas?- perguntou e eu tive vontade de bater na minha própria testa.

Ricos.

-Fica quietinho, Tay.- disse dando tapinhas no seu ombro e logo o professor chamou nossa atenção.

As aulas correram normalmente e no intervalo, Taylor inventou de não sentarmos na minha mesa de sempre, mas sim na mesa dele.

-Para de encher, Taylor!- disse fugindo dele indo até minha mesa. -Já não basta essa festa que você quer dar e vai me enfiar no meio a qualquer custo.

-Own! Você me conhece!- ele disse fingindo choro, fazendo-me revirar os olhos. -Aproveita que a Becky e a Pink faltaram e vai ter paz! Prometo que vai ser só hoje, Lolo!

-Não, Taylor!- disse dando-lhe as costas. -Espera.- lembrei me virando para ele. -Você me chamou de 'Lolo'?

-De 'Lottie', duh!

-Eu vou com você se prometer nunca mais me chamar assim.

-Prometido!- disse sem nem pensar e começou a me puxar pela mão até a mesa de seus amigos.

Ele me arrastava pela mão e, quando chegamos perto da mesa meio cheia, me toquei que iria sentar com eles.

-Não, não, não!- disse puxando-o para voltar.

-Para de dar caô, Charlotte!- disse puxando-me de volta e eu neguei com a cabeça.

-Taylor, não! Eu faço qualquer coisa no meu alcance.- disse e ele parou, me olhou e arqueou uma sobrancelha.

-Qualquer coisa?

-No meu alcance que não seja estranho.

-Me beijaria para não ir?- perguntou fazendo um biquinho. Ambos gargalhamos. -Foi o que eu pensei!- disse me puxando e eu praguejei.

Finalmente chegamos na mesa e Taylor e eu na frente do garoto asiático e de um loiro.

Merda. Eu os chamei de drogados outro dia!

-Oi gente!- Taylor disse e eu apenas acenei.

-E aí.- responderam juntos.

-Charlotte, certo?- o asiático perguntou levando seu refrigerante até a boca. Assenti. -Acho que não fomos devidamente apresentados. Sou Carter e esse é o Johnson.- disse apontando para o loiro e estendendo a mão para mim, cuja eu apertei.

-Charlotte, que presença ilustre, você não imagina o quanto Taylor fala de você.- ele disse estendendo a mão para mim.

-É mesmo, Taylor?- disse prendendo o riso enquanto apertava a mão dele.

-Você é novidade, Lottie.- disse como se fosse óbvio e eu ri.

-E aí seus gaaaaays!- um outro loiro gritou se sentando ao meu lado. -Ei, Charlotte, né?

-Oi.- disse ainda estranhando todos me conhecerem. -Matthew.

-Isso, uvinha.- disse piscando e eu fiz uma careta. -Foi mal.- pediu rindo.

-Já chegou causando, Matt.- ouvi a voz inconfundível de Cameron Dallas, cujo se sentou ao lado do Carter. -Oi Charlotte.

Apenas acenei, tendo minha atenção voltada ao garoto de olhos azuis, Nash, que havia se sentado ao lado de Cameron.

-E aí.- disse como uma saudação geral e eu dei um sorrisinho.

-Ok Taylor, acho que já temos que ir devolver aquele livro na biblioteca.- disse cutucando-o assim que avistei Jack Gilinsky, Shawn Mendes e Aaron Carpenter saindo da fila da cantina.

-Que livr...

-Esse mesmo!- disse me levantando e puxando-o junto. -Muito legal conhecer vocês, meninos. Até mais!- dei um breve aceno com um sorrisinho antes de sair com Taylor.

-Nem foi tão ruim assim, Lottesca!- disse cruzando os braços assim que saímos do refeitório. -Apesar deles acharem que eu estou te pegando.

-O quê?- arregalei os olhos parando no meio do corredor. -Você fale a verdade para eles, seu tapado!- disse bufando e voltando a andar, fazendo-o rir.

-Ai sua besta! Eles sabem que eu não estou te pegando, só esgava tentando descontrair. Eu hein!

-Cala a boquinha que é melhor.

Fomos em silêncio (tirando a tentativa falha de Taylor de cantar Ariana Grande) até chegarmos no meu armário.

-Por que sempre perdemos muito tempo livre vindo até seu armário e nunca vamos ao meu?- Taylor perguntou assim que eu abri o mesmo.

-Porque eu sou mais importante.- disse como se fosse óbvio e ele fez uma careta, fazendo-me rir. -Mentira, é porque você tem tudo que precisa na sua jaqueta.

-Engraçadinha.- disse fingindo um sorriso e eu ri. -Isso é bullying com o meu armário.

-Taylor, tem um momento do dia que eu percebo que nem você mesmo sabe o que você está falando.- disse o encarando. -Esse momento é agora.

-Você é má!- disse cruzando os braços e eu ri.

Ele continuou falando coisas sem sentido mas não dei ouvidos e virei para fechar meu armário quando um garoto, que parecia ser mais novo, me cutucou e me entregou um envelope com uma pluméria.

Ah não.

-Charlotte? Alô? Você está me ouvindo?- perguntou saindo de trás da porta do meu armário e arregalou os olhos ao ver o envelope e a flor nas minhas mãos. -Ai meu Deus! Você tem um admirador secreto!

Arregalei os olhos. Taylor não podia ler isso.

-Não tenho nada.- disse jogando a flor e a carta no meu armário, logo fechando a porta.

-Safadinha! Não quer que eu leia! Tudo bem, não vou perguntar sobre.- disse e eu estranhei, mas aceitei antes que ele mudasse de ideia.

-O que você estava falando mesmo?- mudei de assunto.

-De eu vir vestido de você amanhã e você vir vestida de mim.

-Sem chance.- disse gargalhando. Até parece que eu usaria uma bandana e camiseta com mais cores que uma caixa da faber castel.

-Lottie, pensa, eu ia vir de você!- disse animado.

-Taylor, você pode me convencer de ir a sua festa e sentar na mesa dos seus amigos, mas eu não vou me vestir com dezenas de cores para ficar parecendo uma doida.- disse e ele me olhou feio. -Sem ofensas.

-Isso não faz o menor sentido, você sabe né?- disse e eu assenti, segurando o riso da besteira que eu falei. -E você vai sim, sabe por quê?- perguntou e eu arqueei uma sobrancelha, indicando para que ele falasse. -Porque se você fizer isso, eu descubro quem enviou essa carta.

Observei bem sua expressão e ele não estava brincando.

-Como?- questionei, desconfiada e curiosa.

-Eu tenho meus contatos e dinheiro, querida.- respondeu fazendo cara de madame.

-Então está feito.


Notas Finais


oi hi ¡hola!
tchau bye ¡chau!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...