Pamela estava ainda parada dentro do vestiário. Quem era aquela pessoa que havia a ajudado? Esse era um mistério que deixaria para depois. Na verdade, não sabia o que fazer. Se continuasse ali dentro, era capaz de alguma funcionária encontrá-la depois que o sinal do começo da próxima aula tocasse. Se saísse dali, seria o motivo de piada no colégio inteiro. Mas, pior que isso, era saber que estava sozinha dentro daquele vestiário e alguém tinha pegado suas roupas de propósito. E esse alguém só podia ser Amanda. Se fosse mesmo ela, perguntaria o porquê de uma brincadeira tão cruel. Era totalmente ilógico da parte de Amanda fazer isto. Ela precisava de Pamela para manter-se atualizada sobre a vida de Zack. Suspirou. Tinha que pensar em um jeito de pegar sua mochila dentro do armário, já que a chave estava na saia que havia sumido junto com o resto do uniforme. Reuniu toda a coragem possível e colocou o rosto para fora da porta do vestiário. Viu a quadra vazia e suspirou aliviada.
- Pelo menos não tem ninguém por aqui. – Segurou a toalha o máximo que pôde e começou a andar para fora do vestiário. Levou um susto ao sentir uma mão apertar seu ombro. Virou-se, alarmada, e reconheceu o rosto imediatamente.
- Ei! Não queria assustar você! – Oscar levantou a mão para cima.
- Oscar! – Exclamou.
- É, sou eu. – Estendeu a outra mão em direção a ela e Pamela reconheceu as roupas na mão dele.
- Minhas roupas! – Pam tomou-as rapidamente.
- Isto é seu? - Apontou. Ele franziu as sobrancelhas ao vê-la balançar a cabeça positivamente, ela tinha um olhar desconfiado. – O que foi?
- O que fazia com minhas roupas? – Abraçou as roupas contra o peito em um gesto defensivo.
- Você acha que eu peguei suas roupas?! – Pareceu ofendido. – Por que eu faria isso?! – Disse.
- Não foi mesmo você? – Ela relaxou os ombros quando ele negou.
- Eu só achei as roupas dentro do vestiário masculino, eu estava saindo do banho quando encontrei. Resolvi levar para os achados e perdidos. Só isso. – Oscar disse, tranquilizando-a.
- Desculpa duvidar de você. – Suspirou cansada.
- Tudo bem. Agora vá colocar as roupas, temos três minutos antes que as funcionárias comecem a checar a quadra e os vestiários. Esperarei por você. – Ele disse, dando um sorriso de leve e ela assentiu com a cabeça. Entrou no vestiário novamente, vestiu a roupa com uma rapidez impressionante, pegou a chave dentro do bolso da saia e abriu o seu armário, colocando a pequena mochila nas costas logo em seguida. Quando saiu do banheiro, Oscar estava conversando com seu pai, o professor William.
- Vocês já deveriam estar no pavilhão de aulas. – O professor que era uma versão mais velha, mais alta e de cabelos grisalhos, de Oscar, falou e olhou para o relógio de pulso.
- Sim, senhor. Me desculpa, eu só estava procurando minha chave. – Ela inventou uma desculpa que felizmente tinha convencido o professor. Olhou para Oscar que fez um gesto de cabeça aprovando a desculpa.
- Tudo bem. – O professor disse.- Agora vão logo. – Oscar e Pamela balançaram as cabeças positivamente e saíram andando para fora da quadra a passos largos.
- Essa foi por pouco. – Pam deu um suspiro de alívio enquanto acompanhava Oscar até a entrada do pavilhão.
- Foi mesmo. – Ele colocou as mãos nos bolsos da calça.
- Obrigada por me ajudar. – Sorriu, timidamente.
- Não foi nada. Gosto de ajudar garotas bonitas. – Deu um sorriso largo. “Ele é realmente muito bonito”, ela pensou. – Quem poderia ter feito isso com você? – Oscar perguntou, quebrando o devaneio dela.
- Tenho várias pessoas em mente... Mas não consigo encaixar esse quebra-cabeças. – Suspirou. – A única coisa que eu sei é que quem quer que tenha feito isso, tinha tudo planejado e sabia que a quadra ficaria sem nenhum funcionário ou mesmo o professor para vigiar. – Ele olhou-a com os olhos verdes intensos. Não eram tão verdes quanto os de Zack, assemelhavam-se a um verde quase acinzentado. Diferentemente do de Zack que eram verde-esmeralda. Pamela recriminou-se mentalmente. Mesmo quando estava com um garoto bonito e que parecia ser legal com ela, mesmo que Josh não achasse isso dele, ela conseguia pensar em Zack. “Que droga”, a voz emburrada em sua cabeça ecoou.
- Pamela? – Oscar chamou-a.
- Hã? – Sacudiu a cabeça.
- Eu perguntei se você quer sair comigo na sexta à noite. – Os dois pararam no meio do corredor. Os outros alunos estavam com os olhos grudados neles, Oscar devia ter falado alto demais.
- O quê?! – Exclamou.
- Sair comigo. Topa? – Ela concordou com a cabeça, ainda atordoada. – Ok. – Oscar sorriu mais uma vez e o sinal da próxima aula tocou. – Até mais! – Beliscou sua bochecha e subiu as escadas para o segundo andar. Ela ainda ficou um pouco atordoada por ter um encontro e quase não conseguiu prestar atenção na aula seguinte. O mais estranho, foi ver Zack em pé em frente à escada, olhando para ela com o rosto sério e amedrontador. Depois de dar um olhar daqueles para ela, ele subiu as escadas. O arrepio na espinha de Pamela não passou despercebido.
- Eu hein... – Piscou algumas vezes.
- E aconteceu o quê?! – Samanta estava falando durante a mordida do seu sanduíche. Estavam na mesma mesa de sempre no intervalo do lanche e Pamela já havia contado quase tudo, menos o lance com Oscar, que estava guardando para o final.
- Uma pessoa encapuzada e toda de preto me ajudou. Foi bizarro. – Pam tomou um gole do suco de laranja.
- Ele é o seu cavaleiro de armadura reluzente! – Ana suspirou, apaixonada.
- Cale a boca, pelo amor de Deus, apenas cale a boca. – Samanta rolou os olhos à observação de Ana. Pamela riu. As duas eram como água e óleo, mas mesmo assim conseguiam se dar bem. – Isso foi super sinistro. Por quê algum menino arriscaria a pele e entraria no vestiário feminino só para te salvar? – Sam perguntou.
- Deve ser algum tipo de admirador secreto. – Ana disse.
- A nossa amiga maluca pode ter razão. – Sam concordou, ainda com um pedaço de sanduíche na boca.
- Isso é loucura... Eu não quero pensar muito nisso agora. – Suspirou. –Tenho uma coisa para contar: tenho um encontro com Oscar Reynolds na sexta! – Pam disse alegre. Mas, Samanta e Ana trocaram olhares esquisitos entre si. – O que foi? – Perguntou.
- Dizem que ele não é legal, Pam. – Ana disse.
- Chegou até os meus ouvidos que ele fez algo de muito ruim na escola passada por isso ele foi para um internato. Mas, ninguém sabe o que é, já que foi mantido como “segredo de Estado”. – Sam disse.
- Ah gente! Ele foi super legal comigo... Ele pode estar mudado... – Ela viu Sam e Ana concordarem com ela, mas sem muita certeza.
- Posso me sentar aqui? – Leo Fletcher era aquele tipo de garoto certinho e bonitinho demais. Aquele tipo de cara de comercial de margarina, onde sempre tem aquele cara perfeito sorridente com o resto de sua família. O tipo de garoto com quem sua mãe diria para se casar. Ele tinha ficado ainda mais bonito do que quando eram crianças. Pamela se lembra de que quando era criança, a cor dos cabelos dele era a sua cor favorita.
- Fazer o quê, né? Você é da família. – Samanta brincou. Leo sentou-se à mesa, sorrindo. Sam aproveitou para bagunçar os cabelos dele, o que ele odiava. Leo arrumou-os no lugar, enquanto se esforçava ao máximo para ser educado com Sam.
- Você continua sendo insuportável, Samanta.- Estreitou os olhos para ela e Sam deu língua. Ana e Pamela gargalharam. De repente, o olhar frio de Zack, que estava sentado do outro lado do refeitório, penetrou o olhar dela. Ela parou de gargalhar e Leo percebeu, olhando na mesma direção que ela. – Algum problema? – Sussurrou para ela. Sam e Ana conversavam sobre outra coisa, então elas não perceberam.
- Ele tem me olhado assim o dia inteiro. – Franziu as sobrancelhas.
- Quem? – Ele perguntou e ela virou-se para ele.
- Ninguém! – Sorriu, disfarçando o nervosismo. Aquele arrepio na espinha continuou durante todo o lanche.
Depois do término das aulas, a mãe de Pam foi busca-la no colégio. Aproveitaram para fazer compras no supermercado juntas. Layla contou sobre o seu dia e aproveitou para ouvir sobre o dia da filha. Mesmo que Pamela tenha omitido várias coisas nele, menos o seu encontro com Oscar. Layla ficou feliz pela filha, mas ao mesmo tempo preocupada. Coisas de mãe. Pamela garantiu que ele era legal e contou que ele era novo no colégio e que o pai dele era o professor de Educação Física. Depois de colocarem a conversa em dia, voltaram para casa e almoçaram apenas as duas, já que Peter estava trabalhando e teve que almoçar fora e Zack... Bem... Zack não apareceu. Depois de ter agido o dia inteiro de modo bizarro, Pam não achava estranho ele não ter aparecido. Após o almoço, aproveitou para tirar um cochilo, já que sentia suas pernas doloridas por causa da ginástica da aula de mais cedo. Quando estava quase adormecendo, ela ouviu o celular vibrar. Amaldiçoou mentalmente quem quer que fosse, mas a curiosidade de saber que era a consumiu. Pegou o celular e franziu as sobrancelhas ao ver a mensagem:
Bodyguard: Tenha cuidado da próxima vez.
Fitou a tela por alguns instantes sem entender nada. Ela discou o número que havia mandado a mensagem, mas ninguém atendeu. Resolveu mandar uma mensagem.
Pam: Isso é alguma pegadinha? Ou brincadeira de mau-gosto?
Recebeu outra logo depois.
B.: Não. Eu ajudei você, não se lembra?
Pamela lembrou do encapuzado de preto que havia salvado mais cedo.
Pam: Foi você quem me deu a toalha?
Outra mensagem.
B.: Sim.
Pam: Ahm... Obrigada.
B.: De nada.
Ela ficou encarando a tela por alguns instantes.
Pam: Quem é você?
B.: Sou alguém que sempre estará por perto.
Pamela sentiu algo estranho dentro de si e sorriu. Seria esse cara um admirador secreto?
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