História The Boss - I really like you

 “Eu realmente quero parar, 

mas acho que acabei gostando disso.”

I really like you – Carly Rae Jenpsen

Capitulo 5 – I really like you.

POV Nico.

Quando o despertador tocou, parecia que eu havia acabado de dormir.

Levantei me arrastando e segui direto para o banheiro, na esperança de que um banho me despertasse.

A água quente fez o efeito desejado, e 20 minutos depois eu já estava bem mais acordado.

Os meus planos para aquela manhã incluíam um café da manhã, porem quando olhei no relógio cheguei à conclusão de que café seria apenas o do aeroporto.

 Juntei tudo que precisaria pelo apartamento e minha mala e sai de casa 15 minutos depois do que pretendia.

Para o meu azar o transito de Nova York estava insuportável e cheguei ao aeroporto na última oportunidade para o check in do meu voo.

No portão de embarque, com cara de poucos amigos, estava Kim.

—Até que enfim! – ela disse quando me aproximei. – Todo mundo já embarcou!

Murmurei um “desculpa” sem jeito e entreguei meu cartão de embarque para a moça.

Depois que ela me liberou, segui pelo corredor até a aeronave, com a baixinha ruiva em meu encalço.

O caminho era maior do que eu pensava, o que deu a Kim a oportunidade de puxar assunto.

—Ainda bem que você apareceu. Não queria que a Srta. Grace passasse mal de novo.

—Como assim? – perguntei preocupado.

—A Srta. Grace parou para vomitar pelo menos duas vezes antes de embarcar. E mais uma vez quando todos embarcaram menos você.

Senti uma pontada esquisita no estomago.

Thalia havia me dito na noite anterior que passava mal por causa da ansiedade. Se já havia vomitado três vezes ela devia estar basicamente em pânico agora.

 Finalmente chegamos ao avião e uma aeromoça simpática nos avisou que devíamos nos sentar logo, pois já decolaríamos.

Cruzamos as cortinas que davam acesso aos acentos e vi minha chefe sentada sozinha, encostada na janela do avião.

Sua aparência estava diferente.

Não que sua postura não estivesse perfeita como sempre, porém, para minha surpresa, ela usava roupas casuais.

Thalia vestia calça jeans preta (acho que nunca a vi com uma), uma blusa simples também preta e uma jaqueta jeans.

Para completar o visual atípico, ela usava os cabelos presos em um rabo de cavalo, óculos de sol e fones de ouvido.

Eu estava realmente chocado.

—Qual seu assento Nico? – Kimberly me tirou de meus devaneios acerca da aparência da minha chefe.

—13B. – respondi.

—Uh. – ela franziu o nariz. – é entre a Srta. Grace e eu.

Ótimo. Seriam longas 7 horas de viagem.

Me aproximei das poltronas e guardei minha mochila no bagageiro.

Tomei meu assento ao lado da garota morena e o ato chamou sua atenção.

Ela soltou um suspiro e tirou os fones de ouvido.

—Está atrasado. Como sempre. – resmungou.

—Bom dia Srta Grace. – fui debochado.

Kim assistia a cena de olhos arregalados, certamente pensando que eu havia enlouquecido por falar assim com a nossa chefe.

Thalia por sua vez, bufou e recolocou os fones sem dizer mais nada.

O avião decolou e em seguida Kim pegou no sono.

Apesar de ter dormido pouco, não conseguia pegar no sono.

Sabia que a garota morena ao meu lado não tinha dormido, por que volta e meia ela gemia baixinho e segurava o estomago.

Devia estar com bastante dor.

Ela levantou a mão e apertou o botão da comissária de bordo.

Em seguida tirou os óculos revelando profundas olheiras e uma face pálida, quase verde.

Quando viu que eu estava observando, ela se aproximou e pediu baixinho:

—Pode pedir uma água pra mim? Acho que vou vomitar de novo.

Acenei com a cabeça e ela com a mão na boca, saiu em direção ao banheiro.

A comissária chegou aos nossos lugares.

—Posso ajudar? – ela disse sorridente.

—Sim. Traga uma água, por favor. – nesse instante lembrei das dicas da minha avó. – e um chá de hortelã.

—Claro. Só um instante.

A moça sumiu pelo corredor. No mesmo instante Thalia voltou e se jogou na poltrona.

Sua boca estava ainda mais pálida e suas mãos tremiam levemente.

—Pedi sua água. – disse preocupado. – e também um chá de hortelã.

Ela me olhou confusa.

—Minha avó dizia que era bom pra enjoo. Parecia funcionar pra minha mãe.

Ela concordou com a cabeça.

—Obrigada.

Ouvi mais um gemido baixinho e ela abraçou o estomago.

—Droga... Não aguento mais sentir dor.

Acho que fiz uma careta, por que ela arqueou uma sobrancelha pra mim.

—Você toma alguma coisa pras dores? – perguntei pra disfarçar.

—Vivo basicamente a base de antiácidos.

—E para a ansiedade?

—Calmantes.

Assoviei.

Ela respirou fundo, soltando o ar pela boca.

—Maldito enjoo. – ela disse engasgada.

Seu queixo começou a tremer.

—E maldito ar condicionado!

Thalia esticou a mão para fechar a saída de ar, mas já estava fechada.

Ela abraçou os ombros.

A comissária trouxe o nosso pedido e quando fui passar o copo em suas mãos, meus dedos tocaram os dela, que mais pareciam pedras de gelo.

Fiz careta novamente e não sei por que fiz o seguinte, mas quando vi já tinha feito.

—Quer meu moletom emprestado?

Thalia arqueou uma sobrancelha pra mim, mas antes que ela pudesse dizer algo mais um tremor correu seu corpo.

—Quero. – ela disse desviando o olhar.

Tirei o agasalho e entreguei a ela.

Thalia suspirou pegando o copo de isopor com chá das minhas mãos.

—Bem melhor.  – ela disse fechando as duas mãos sob o copo quente.

Ela tomou o chá em silêncio e quando terminou, parecia bem melhor.

—Tinha razão.

A olhei confuso.

—O chá de hortelã. Passou meu enjoo.

Sorrio, involuntariamente.

—E a dor de estomago?

—Esta bem mais fraca. Acho até que posso até tentar dormir um pouco. –ela boceja.

—Boa noite, chefinha. – debocho.

Thalia revira os olhos e se aconchega mais na poltrona.

[...]

Algumas horas mais tarde, as luzes do avião foram apagadas e todos do voo parecem dormir.

Kim roncava baixinho há horas e Thalia dormia encolhida com as pernas em cima da poltrona.

Como estava toda encolhida, o meu moletom cobria até mesmo suas pernas.

Sabia que ela era baixinha, mas não parecia tão pequena no dia a dia.

Dormindo serenamente, nem parecia o furacão de irritação que geralmente era.

Observei-a por mais alguns minutos, sem deixar de pensar que ela ficava muito mais bonita assim.

[...]

POV Thalia.

Acordei com alguém cutucando meu ombro.

—Thalia? Acorda. Chegamos a Paris.

Olhei ao redor, ainda tonta de sono. Nico me encarava com seus olhos escuros.

—Precisamos descer do avião.- ele disse rindo.

—Certo.  – disse me levantando.

Nico riu mais uma vez.

—Para de rir de mim. – disse fazendo bico. – Não dormi a noite.

Bocejei.

—Deu pra notar. Você estava roncando.

Senti as bochechas esquentarem.

Ele riu mais alto.

Semicerrei os olhos pra ele, assumindo uma carranca.

—Senhores, precisamos que vocês desembarquem. – a aeromoça nos deu um sorriso forçado.

—Estamos indo. – resmunguei me levantando e pegando minha bolsa.

O moletom de Nico que eu vestia desceu mais nas minhas pernas, quase alcançando meus joelhos e tive de dobrar as mangas.

O homem alto ao meu lado ria baixinho.

Bufei e passei na sua frente. Onde estava Kim?

[...]

POV Nico.

Não conseguia parar de rir da cara de sono de Thalia.

Saímos pelo corredor comprido, para uma Paris iluminada.

Quando chegamos ao portão de desembarque  Kim está organizando todo o pessoal.

—Ai estão vocês. – ela disse.

Thalia tirou o celular da bolsa e checou alguma coisa nele que a fez aumentar a carranca.

Ela se afastou de mim indo ao encontro de Kim e de uma garoa loira que já havia visto outras vezes pela redação com ela.

Mark se aproximou de mim.

—Seu puxa saco. – ele disse.

—O que? – perguntei confuso.

—Emprestando casaco pra chefinha. – ele debochou. – Está tentando ser promovido?

—Claro que não! Ela sendo nossa chefe ou não, ainda é um ser humano e estava congelando. Não me custou nada emprestar.

Mark soltou uma risadinha.

—Sei.

Ele seguiu junto com o restante do grupo, me deixando pra trás.

Na hora em que ofereci o casaco, não pensei muito no que as pessoas poderiam pensar.

A partir de agora teria de ficar mais alerta ou alguém poderia acabar descobrindo.