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História The boy and the demon - Carta


Escrita por: Kliyar_LE

Notas do Autor


O cap de hoje é um que estive muito ansiosa para publicar...
Boa leitura, meus amores. E não me matem 😅

Capítulo 44 - Carta


Os dias no castelo Reiss fluíam tranquilamente e, ao contrário do que imaginava inicialmente, Eren estava se divertindo muito com o Lorde.

Rod, como o próprio pedira para ser chamado quando estivessem apenas entre eles, era um homem bastante simpático, gentil e prestativo; falava dez idiomas e era um entusiasta da livre disponibilidade de educação e cultura para a plebe, promovendo diversos eventos gratuitos do gênero em sua propriedade. O moreno de olhos verdes estava radiante com tudo o que aprendia com ele. Medicina, linguística, música e o que mais quisesse estudar; bastava pedir e o nobre lhe entregava quantos livros sobre o tema pudesse carregar. Ele também oferecera recursos para auxiliar o ensino de inglês para a pequena Gabi que, traquinas como era, divertia-se a maior parte do tempo correndo pelos jardins e explorando o castelo.

Até mesmo Levi estava positivamente surpreso com o carinhosamente apelidado "gorduchinho pomposo" que, a pesar do mal pressentimento inicial, mostrava-se alguém empático quanto a sua situação reduzindo o número de guardas e criados para que ele pudesse andar pelo lugar mais livremente.

Nem em seus melhores sonhos o de olhos cinzentos esperava algo do tipo, na verdade esperava ficar escondido ou restrito a algum cômodo sendo servido pelos poucos cervos que já o tinham visto que tremeriam de medo sempre que inevitavelmente tivessem de ir até ele. Não que essa não fosse a reação deles sempre que cruzava com algum pelos corredores, mas aos poucos os homens e mulheres acostumavam-se com sua presença, alguns até mesmo ousando aproximar-se e fazer perguntas sobre sua natureza mística, mesmo que timidamente e cheios de receios:

- Parece feliz, Levi - Erwin pronunciou sorrindo ao sentar-se ao lado do hibrido que se encontrava em um gazebo do jardim observando a interação entre Eren e Gabi.

- Sinto que tudo está finalmente dando certo. É uma paz imensa essa que sinto aqui... -colocou a mão no peito encarando o amigo- Embora ainda haja algo que me inquieta, mas penso que essa sensação irá desaparecer quando finalmente tiver em mãos a dose a qual tenho direito do elixir. Estamos tão perto e Eren parece tão bem que tenho medo de despertar e descobrir que tudo não passou de um sonho.

- Acho que todos temos esse medo - o loiro riu.

- E como está indo com o Rod? Ele concordou em compartilhar seus estudos sobre a pedra filosofal contigo? - questionou referindo-se a um diálogo anterior que tiveram onde o alquimista revelara seu interesse em tais estudos, embora tivesse mencionado também o quão relutante o lorde era em compartilhar suas pesquisas de tal forma que o acesso ao laboratório era restrito e expressamente proibido para qualquer um a menos que estivesse na presença do nobre.

- Assim como o imaginado ele negou veementemente... -suspirou pesado- Mas eu sei que posso descobrir como fazer assim que tiver uma pedra filosofal em mãos. Basta estuda-la.

- Não entendo como um homem tão generoso pode se negar a compartilhar uma pesquisa que pode salvar tantas vidas... Quer dizer, essa pedra é capaz de fazer coisas semelhantes a milagres, não é? - o de olhos cinzentos soprou bebericando uma xicara de chá.

- Talvez não seja tão generoso assim. -sorriu de lado antes de levantar- Conheço o Lorde Reiss à muito tempo e por algum motivo sempre me senti desconfiado quanto a ele, não que seja uma pessoa ruim... É mais como... Como se estivesse escondendo algo.

- Está indo se encontrar com ele? -questionou quando o loiro fez menção a sair dali.

- Sim, vamos fazer alguns testes com o sangue purificado.

- Cuidado para não acabar com todos os ingredientes do elixir fazendo esses testes - advertiu arqueado uma sobrancelha. Não queria ter de fornecer mais de seu sangue tendo em vista que os resíduos da purificação eram tão tóxicos; temia que acabassem em mãos erradas e que fizessem mal a alguém.

- Não se preocupe com isso... - o alquimista tranquilizou deixando o jardim em seguida. Estava caminhando calmamente para dentro do castelo quando um mensageiro ofegante veio ao seu encontro com um falcão sobre o ombro e uma carta em mãos.

- Monsieur Smith! Cet oiseau a apporté une lettre qui t'était adressée... -ele pronunciou em tom formal estendendo o envelope- Semble provenir de votre apprenti.

- Merci... Laisse-moi m'occuper du faucon, il est un peu mal à l'aise avec les gens qu'il ne connaît pas. -pediu pegando o objeto e estendendo o braço para que a ave viesse até ele o que não demorou a acontecer- Olá Marco. Senti tua falta também... - sorriu ao animal que aninhou-se em seu pescoço assim que alcançou seu ombro.

Seguiu seu caminho cumprimentando os guardas e servos que encontrava pedindo a um deles que trouxesse um pouco de carne crua antes de finalmente entrar em seu quarto. Pretendia deixar Marco comendo ali antes de seguir com os testes que tinha planejado, mas não resistiu à tentação de dar uma rápida lida na carta. Estava ansioso pelas notícias de Jean sobre a gosma que deixara para ele analisar, além disso Rod podia esperar um pouco mais:

- Vamos ver o que o teu dono escreveu para mim... -acariciou as penas da ave que pousou sobre a mesa pegando um pouco de carne com o bico- "Querido senhor Smith..." Que formal... - riu baixinho prosseguindo com a leitura.

 

Querido senhor Smith, a situação com os Braun parece controlada. Eles pretendem mudar-se em breve e ninguém, exceto pelo filho mais velho, Udo, demonstrou alguma desconfiança sobre o nosso envolvimento com o incidente que estão chamando de sequestro demoníaco. Mesmo assim ele parece não ter intenção de denunciar-nos e quando esteve aqui apenas pediu-me para dizer a irmã dele que fosse livre e feliz como merecia, então, por favor, transmita essa mensagem a ela.

No que diz respeito a gosma criada pela mistura do sangue de essência demoníaca com a poção Diné, estive dando continuidade nos experimentos e achei de bom tom o informar de minhas últimas descobertas relevantes.

Um dia após a vossa partida a gosma retornou ao estado liquido e a cobaia a quem servimos uma amostra passou a ter dificuldades em se locomover, mas melhorou muito quando lhe servi algumas gotas da poção. Dois dias depois a gosma, agora liquida, retomou a cor original de sangue. A cobaia piorou novamente e servi-lhe mais da poção. Ela melhorou mais uma vez.

Eu servi uma amostra da gosma liquefeita e uma amostra do sangue já de volta ao seu estado original para duas cobaias diferentes as quais não tratei com a poção. Ambas morreram. Eu deixei de servir a poção para a primeira cobaia e ela também morreu logo no dia seguinte.

A cobaia que ingeriu a gosma liquefeita morreu após a amostra da gosma tornar-se vermelha e a que ingeriu a amostra vermelha morreu em questão de horas após a ingestão o que leva a crer que a poção pode neutralizar a essência demoníaca apenas temporariamente e, quando o efeito passa, a maldição atinge a cobaia a matando rapidamente.

Separei duas amostras idênticas do sangue servindo uma a uma cobaia e mantendo a outra para observação. Servi a poção para a cobaia e derramei a mesma medida sobre a amostra de observação reaplicando esporadicamente em ambos. A saúde da cobaia regredia paralelamente ao liquefazer da amostra de observação o que me leva a crer numa intoxicação gradual conforme o efeito da poção se esvai até a morte quando o mesmo acaba por completo.

Os sintomas perceptíveis do adoecer da cobaia são: descoordenação, dificuldade de locomoção e de distinguir a distância entre objetos, falta de sensibilidade nas extremidades e perca de equilíbrio.

Senhor Smith, sei que isso pode soar estranho, mas os sintomas da cobaia são semelhantes aos da doença sem nome que aflige o Eren...

 

Os olhos de Erwin se arregalaram ao ler essas últimas linhas pasmo com a linha de raciocínio que o aprendiz seguia.

Olhou para o falcão completamente alheio a si com ainda mais carne no bico e respirou fundo antes de voltar seus olhos ao papel virando-o. Haviam mais coisas escritas no verso.

 

Eu imagino o que deve estar pensando. Eu também não quero acreditar nessa possibilidade, mas parece ser a resposta mais provável, pois fora os sintomas semelhantes ainda existe algo que me intriga e fortalece essa linha de raciocínio.

Senhor Smith, enquanto estava nos explicando sobre os riscos de tocar diretamente o sangue de essência demoníaca o senhor mencionou que os povos que já tiveram contato com a maldição dessa mesma essência a chamam de beijo da morte, na altura eu senti que isso me soava familiar de alguma forma, mas não me lembrava do motivo, porém recentemente e com a ajuda de Armin eu me recordei que sim, já havia ouvido tal expressão antes e justamente no lugar que menos se imaginaria.

Em Dinétah, quando estávamos de partida, o jovem xamã albino disse algumas palavras para Eren as quais Levi traduziu e eu ouvi parte delas. Antes de entregar essa poção o xamã disse que não entendia de muitas coisas, mas que entendia de maldições; ele, com todas as letras, chamou a doença de Eren de beijo da morte.

Senhor Smith, eu não quero acreditar que Levi possa ter algo a ver com isso, mas todos os indícios apontam que sim. Não falei com mais ninguém sobre isso, nem mesmo a senhorita Zoe que esteve me auxiliando no laboratório. Aguardo ansiosamente a tua resposta e considerações sobre o que lhe relatei até aqui.

Atenciosamente, Jean Kirstein

 

O alquimista leu e releu a carta algumas vezes mordendo o lábio pensativo.

Não era verdade. Não podia ser.

Levi e Eren eram um casal perfeito dentro do possível naquela relação sodomita que tinham. Eles amavam-se, viviam um pelo outro... Custava-lhe acreditar que o hibrido poderia ter envenenado o marido e entretanto tudo apontava que sim:

- Não... Não deve ter sido ele, certo, Marco? -voltou a encarar a ave que o encarou com a cabeça tombada para o lado antes de piar como se tivesse o entendido- Ele não faria isso... Levi não é esse tipo de pessoa... -o pássaro pegou mais um pedaço de carne derrubando-o sobre alguns papéis antes de voltar a tentar pega-lo sob o olhar atento do loiro que passava as mãos no rosto pensativo com o que tinha acabado de ler- O que foi? Derrubou, é? -riu com o contorcionismo do animal para reaver a carne e então agarrou-a entregando a ele- Aqui. Tome mais cuidado da próxima vez...

Olhou para o sangue em seus dedos por alguns momentos e então foi como se sua mente desse um estalo. Memórias vieram conectando-se como um imenso quebra-cabeças.

O sangue de essência demoníaca derramado... As vezes em que Eren ou Levi estragaram algo em seu laboratório sem querer...

Um acidente...

A imagem de Eren descuidadamente fazendo um curativo no marido que havia se cortado acidentalmente... Ele não se importava em se sujar de sangue, na verdade ria quando acontecia, brincando com o quão atrapalhado era e fazendo piada de si mesmo.

"Quais as chances de isso ter acontecido mais vezes? Quais as chances dele ter se contaminado dessa forma? E se for esse o caso..."

- Não. Os sintomas do Eren agravam-se lentamente e o sangue demoníaco mata  um animal pequeno em questão de horas. Não poderia ser, amenos que... Amenos que o sangue divino retarde o efeito do demoníaco... -lamentou decaindo de ombros. Aquilo fazia total sentido, embora precisasse fazer testes para confirmar aquela teoria- Ser o possível responsável pela doença da pessoa que ama é... É terrível... -murmurou consigo mesmo pegando uma folha em branco, um tinteiro e uma pena para começar a escrever.

 

Caro Jean, estive pensando sobre tuas constatações e não creio que Levi tenha intencionalmente, sequer conscientemente, contaminado Eren. Faça um novo teste, dessa vez aplicando o sangue sob a pele da cobaia. Quero saber o quão tóxica a essência demoníaca pode ser nesse caso.

Mesmo assim ainda há algo que me inquieta. A exposição constante ao sangue mestiço de Levi pode ter contaminado Eren de forma indireta, mas o que teria causado a doença de Carla? Ela apresentou os mesmos sintomas antes de morrer e não teve contato algum com o hibrido, na verdade sequer o conheceu.

Deve haver uma outra explicação, menos provável, mas não impossível. De qualquer forma peço que mantenha segredo sobre as recentes descobertas. Me preocupa o estado mental de Levi caso descubra que pode ser responsável pelo estado do marido.

Atenciosamente, Erwin Smith.

 

Escreveu a última frase relendo toda a carta uma ultima vez enquanto depositava a pena de volta no tinteiro. Estava um pouco curta, mas não havia muito a se dizer.

Dobrou o papel guardando-o num envelope ao qual selou com a cera de uma vela deixando sobre a mesa. Mandaria Marco de volta com ela depois de algum descanso, afinal a ave havia voado por alguns dias no mínimo e merecia um tempo para recuperar-se antes de voltar todo aquele caminho:

- Aqui tem água... -colocou uma jarra com o líquido na frente do pássaro que não hesitou em beber- Ainda bem que os criados deixam jarros nos quartos, não é? - comentou rindo de si mesmo por falar com o animal que piou de volta como se o entendesse.

Acariciou as penas amarronzadas antes de deixar o cômodo, afinal, querendo ou não ainda teria de encontrar o Lorde Reiss no laboratório.

 


Notas Finais


Então, o que acharam? bom? ruim? péssimo?
Se tiverem alguma dúvida sobre algo ou se tiverem visto algum erro de digitação que me passou despercebido por favor escrevam nos comentários.
Me acompanhem também no Wattpad, as historias lançam primeiro por lá: https://www.wattpad.com/user/Kliyar_LE

Não quer esperar até semana que vem pelo próximo capitulo? Ele já está disponível em: https://www.wattpad.com/story/258953577?utm_source=android&utm_medium=link&utm_content=share_reading&wp_page=reading&wp_uname=Kliyar_LE&wp_originator=if2TlE27ZRffBJSWjXrSc2DtKzJm3ATgW%2BjIeDn1QehkUDD80zs9e47pu18mDyJ8ezhcZfwBVf6IUGHHawAyXwpq86HD0Am%2FEhl31%2B2IvVUWBkWlwn7JyQXXaDjGo8PB


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