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História The boy and the demon - A jornada (parte 1)


Escrita por: Kliyar_LE

Notas do Autor


Eu pensei muito sobre isso e decidi mandar a minha regra pessoal de "um capitulo por semana" se lascar e lhes dar um presente no feriado. Feliz 7 de setembro, meus amores 🔰

Capítulo 9 - A jornada (parte 1)


Já fazia algum tempo que o grupo pesquisava sobre o elixir da longa vida sem muito sucesso. Não haviam muitas informações nas cartas e muito menos nas vilas das redondezas as quais Mikasa e Armin visitavam algumas vezes atrás de qualquer informação útil.

Para as pessoas no geral a historia que se contava era de que Eren e os amigos estavam estudando combinações de medicamentos para tratar as novas doenças que surgiam já que, mais do que criar perfumes e cremes, o jovem boticário não escondia o prazer que sentia em usar suas habilidades e conhecimentos para curar doenças.

Por outro lado alguns estranharam o fato do rapaz de olhos verdes deixar cada vez menos a clareira em que vivia, muitas vezes incumbindo a tarefa de entregar suas encomendas ao loiro e sua futura noiva que, claro, nunca negavam-se a ajudar no que fosse preciso:

- Mikasa, minha filha. O que está fazendo? - a mulher de longos cabelos negros questionou a menina que, após entregar algumas doses extras de medicamentos para os doentes da vila, terminava de fechar uma trouxa com carne seca e alguns pães.

- Estou preparando comida para meu prometido levar em sua viagem, querida mãe - a garota respondeu com um suave sorriso que vacilou por alguns momentos. A verdade era que Eren, a pesar dos quinze anos completos, não demonstrava nada além de um imenso carinho por si.

Tentava convencer-se e queria acreditar que a ausência de um cortejo ou de qualquer avanço em tom romântico por parte do moreno se devia ao medo de uma morte iminente e ao desejo de protege-la da dor de perder não só um amigo, mas um amante também, porem parte de si sentia um amargo na boca ao vê-lo repetir incessantemente o quanto queria aproveitar cada momento, não consigo, mas com Levi:

- Então não é apenas um rumor? Ouvi dizer que ele e o garoto Arlert partiriam em uma jornada para terras longínquas e por isso estavam distribuindo mais medicamentos do que se pedia... - a voz da mãe a tirou de seus pensamentos deprimentes.

- Sim, é verdade. Até compraram um cavalo e tiraram o pó da velha carroça para isso. Eren pretende encontrar alguém de quem o pai lhe falou em cartas ante de desaparecer e não queria que os aldeãos ficassem desamparados durante esse período. -optou por dar o mínimo de informações possível- Queria poder ir com eles, mas ainda não tornei-me sua mulher e portanto, como papai disse, não posso viajar ao lado de um homem que não é meu marido. Além disso ele pediu-me que cuidasse da produção de medicamentos caso demore mais do que o previsto para retornar.

- E eles pretendem partir quando?

- Ainda hoje, se for possível. Já tem algumas semanas que estão planejando isso e senhor Arlert se prontificou a ajudar-me a cuidar da cabana dele enquanto não regressar.

- E eles tem um mapa para consultar em seu caminho? Se precisar, seu pai tem alguns da época em que viajava pelos continentes com seu avô...

- Achas que ele emprestaria? - a questão tinha um tom esperançoso, a verdade é que o moreno pretendia utilizar-se das asas e memória de Levi para orientar-se pelo caminho já que mapas eram objetos difíceis de se conseguir.

- Não custa perguntar.

Com essas palavras da mãe, a garota correu saltitante até o estábulo onde o pai se preparava para uma curta viagem para fazer a pergunta que pretendia, Rodopiando com a resposta positiva.

Voltou para casa correndo, agarrando um dos muitos mapas do continente antes de Seguir ao encontro do jovem boticário, na parte traseira da cabana dos Arlert, que terminava de colocar alguns itens em sua carroça acomodando Levi discretamente entre a carga e cobrindo com um grande pedaço de tecido:

- Isso deve te manter escondido durante o dia para não causar pânico caso nos cruzemos com alguém - sorriu acariciando a cabeça do amigo que espreitava por debaixo da manta castanha enquanto Armin subia na dianteira assumindo as rédeas.

- Lamento imenso, Eren. Se eu não tivesse essa aparência abominável não precisarias passar por isso.

- Não lamente e tu não és abominável. -repreendeu acomodando-se ao lado do loiro- És diferente e se as pessoas não julgassem tanto pela aparência nós também não precisaríamos passar por isso. -apontou para a manta com desgosto- Esse não é um defeito teu, é um defeito delas. Queria poder viajar livremente contigo ao meu lado, mas o medo dos outros nos impede.

- Se te sentires muito cansado ou com o corpo fraco podes deitar-te com ele, Eren. Não me importo de guiar sozinho - o de olhos azuis informou sorrindo, logo avistando uma Mikasa agitada que corria até eles com algo em mãos.

- Meninos! - chamou ansiosa e de coração palpitante ao receber um olhar direto de seu amor.

- Mikasa, o que faz aqui? Já nos despedimos mais cedo.

- Vim trazer-lhes uma contribuição. -mostrou a trouxa, estendendo-a ao moreno- Não é muito, mas espero que os sacie durante o caminho. Mais do que isso, tenho algo que meu pai permitiu que lhes entregasse -puxou o mapa de dentro do vestido- É um mapa continental para que se guiem em seu caminho. É de tecido para que não se rasgue ou desmanche na viagem. Leve-o contigo também como uma lembrança minha.

- Obrigado, Mikasa - agradeceu sincero, sem notar o leve rubor na face da jovem que tentava reunir coragem para um último ato de despedida.

- Em lugar de um agradecimento apenas desejo que se cure e volte logo para mim, Eren. -disse timidamente, se aproximando e puxando-o pela gola para roubar-lhe um selinho. Se teria de ficar para trás e o ver partir, ao menos um beijo queria tomar para si- Até breve... - despediu-se com o rosto completamente vermelho, correndo para longe dali, deixando o moreno paralisado e envergonhado para trás junto de um Armin de sorriso divertido.

Os dedos de Eren dirigiram-se para os lábios, ainda sentindo aquele toque breve a cálido formigando ali. Era seu primeiro beijo, ou ao menos acreditava ser, e havia acontecido com alguém por que não nutria nada além de um imenso carinho.

Seus olhos lacrimejaram em um misto de tristeza e desilusão, mas conteve-se para não chorar por isso. Dar seu primeiro beijo com alguém que amasse verdadeiramente era um desejo que nutria desde que ouvira a historia de como seus pais se conheceram e agora, além de sua vida curta a qual lamentava diariamente, também tinha tido esse pequeno sonho romântico tirado de si.

Enquanto isso, Levi se envolvia sob a manta que o cobria tentando conter o aperto no peito com aquela espécie de confissão de sentimentos que presenciara da parte da menina. Não que já não soubesse que eles existiam, mas vê-la externalizá-los livremente fazia-o lembrar-se que ele não o podia fazer e isso doía.

Doía saber que, para o bem do próprio moreno, nunca poderiam ser mais que amigos. Se o amor entre dois homens por si só já era proibido, quão ruim seria o amor entre um rapaz humano e um homem hibrido?

Se alguém descobrisse a fogueira santa seria o mais ameno dos destinos que o garoto teria e por isso esforçava-se para enterrar no mais profundo de seu ser aquele amor imoral que sentia.

A carroça começou a andar e aos poucos os sons do povoado foram se distanciando até que a voz de Eren soou informando que estavam em uma área deserta permitindo-lhe sentar-se mesmo que um pouco tenso.

A partir daí a viagem seguiu tranquila entre risos, conversas e cantorias vez ou outra entrecortados por uma agitação para esconder o hibrido de algum viajante que surgia e que, muitas vezes tocado pela imagem de dois garotos tão jovens viajando "sozinhos", oferecia-lhes algo de comer, beber ou até mesmo alguma moeda para pagarem hospedagem em alguma vila.

- Tem vários povoados marcados no mapa mais adiante... - o comentário despretensioso do de olhos verdes chamou a atenção de Levi.

- Quanto mais perto do litoral estivermos, mais povoados haverá e maiores serão -informou recebendo a atenção dos dois garotos- Se seguirem o caminho que evita a maioria das vilas devem chegar ao porto dentro de sete dias, isso se as pausas forem mínimas. Eu poderia guiar a carroça durante a noite para que durmam já que o sono é dispensável para mim, mas o cavalo não aguentaria; por outro lado acampar longe dos povoados nos tornaria alvos de ladrões...

- Podemos trocar o cavalo quando este estiver se cansando muito, assim evitamos de fazer muitas paragens - Armin sugeriu.

- Ainda assim, seria um problema entrar com o Levi nas vilas para a troca - Eren pontuou desgostoso.

- Eu posso ir sozinho e vocês esperam nos arredores... -respondeu o loiro pensativo- Ainda temos uma boa quantidade de moedas, posso ir até as vilas entregar o cavalo exausto e algum dinheiro em troca de um cavalo descansado e seguimos a viagem sempre que for preciso.

- Parece um plano bom para mim -o hibrido sorriu espreitando o mapa por cima dos ombros do moreno antes de apontar para determinado ponto do tecido- Se minha memória estiver correta essa região é uma floresta, podemos caçar e acampar nela. Fica a quatro dias daqui.

- Então está decidido. Pegaremos a trilha da floresta - os olhos azuis fixaram no horizonte antes de desviar a carroça para o novo caminho.

Algumas pausas eram feitas para que o cavalo pastasse e bebesse agua, tempo que os jovens aproveitavam para fazer o mesmo e insistir para que Levi comesse algo, mesmo que ele não  precisasse disso. Em um desses momentos, a beira de um riacho cristalino, Eren acabou por derrubar o de olhos cinza na agua gerando uma onda de risos assim como uma pequena guerra onde o objetivo era encharcar o máximo possível seu inimigo:

- Acho que nunca me diverti tanto assim em toda a minha vida - o de olhos verdes comentou entre risos.

- Eu também... -Levi murmurou se deitando sobre uma pedra puxando o amigo para que o acompanhasse ali, usando uma das asas para envolve-lo e a outra para tapar os raios solares que o cegavam- Devo confessar... Acho que nunca me senti tão feliz antes de conhecer-te. - o rubor tomou o rosto do moreno que ergueu-se apenas o suficiente para encarar os olhos do hibrido que lhe sorria mínimo com as bochechas levemente rosadas.

Oh, como o rapaz queria beija-lo ali mesmo, sem se importar se seriam ou não vistos:

- Eca, parecem dois sodomitas - Armin riu recebendo um jato de agua no rosto em seguida.

- Por que não vai pentear um cavalo e deixa de fazer comentários estrupidos, Armin? - Eren ralhou completamente corado jogando ainda mais agua no amigo que apenas gargalhava mais alto.

- Ah... Acho que precisamos trocar essas roupas antes de seguir o caminho... -Levi apressou-se em mudar de assunto, tanto para desfazer aquele clima, quanto para disfarçar que também havia ruborizado com aquelas palavras que não sabia de onde tinha tirado coragem para dizer- eu não adoeço, mas vocês os dois podem resfriar-se se seguirem viagem encharcados assim.

- Tem razão - o moreno concordou começando a separar algumas roupas enquanto o hibrido despia-se sem muita cerimonia.

- Por deus, Levi! -o loiro gritou virando o rosto e lhe batendo com a capa verde, o primeiro tecido que conseguiu agarrar- Deixastes o pudor em casa? Céus!

- O que? Não é como se tivesse um lugar apropriado para se trocar aqui perto. Apenas olhem para o lado e pronto, embora não haja nada de novo em meu corpo que o teu não tenha. -parou para pensar por um momento, sorrindo sacana logo em seguida- Na verdade, minto. Eu tenho duas coisas que tu não tens, mas nenhuma delas é responsável por tuas bochechas coradas como as de uma donzela virgem - riu agarrando uma troca de roupas secas que Eren estendeu-lhe, divertindo-se com o quão atrapalhados os meninos ficaram ao vestir-se diante de si.

Seguiram caminho ao mesmo ritmo de antes, com Levi conduzindo durante a noite para que os meninos dormissem e trocando de cavalo algumas vezes antes de finalmente chegar a floresta onde puderam montar acampamento numa pequena clareira. Os suprimentos haviam acabado e mesmo que tivessem comprado algumas coisas nas vilas onde trocaram de cavalo, combinaram de passar três dias ali, o suficiente para conseguir caçar e secar algumas carnes:

- Acham que apenas esse javali será suficiente? - o hibrido questionou terminando de esfolar o animal. Sentia um pouco de pena, mas sabia que era necessário para que os amigos tivessem o que comer.

"Um ser morre para que outros possam viver, é cruel, mas é esse o ciclo da vida..." pensava cortando a carne em fatias finas para que secassem mais rápido:

- Acredito que sim. Haverão muito mais vilas pelo caminho daqui em diante então se nos faltar comida ainda assim poderemos comprar - Eren murmurou concentrado em montar o abrigo em que dormiriam.

Armin chegou pouco depois com alguns gravetos para a fogueira e assim que a ascenderam notaram como o horizonte já começava a tingir-se de vermelho. A carne que consumiriam naquele dia foi colocada no fogo e após saciados os dois mais jovens recolheram-se para dormir enquanto Levi anunciava que voaria pelas redondezas para garantir a segurança deles, tanto contra animais, quanto contra ladrões que pudessem resolver tentar a sorte e tirar vantagem de duas "crianças indefesas".

O moreno ainda permaneceu sentado observando-o partir e, mesmo quando já não o tinha à vista, manteve-se imóvel encarando as estrelas e pensando sobre seus sentimentos conflituosos até dar-se conta de que perdera um bom tempo ali.

"Preciso dormir... Amanhã será um longo dia em busca de mais suprimentos na mata..." aconchegou-se sob as cobertas com cuidado para não incomodar o amigo ao seu lado que deduzira erroneamente que já tivesse adormecido:

- Ei, Eren. Ainda acordado? - a voz doce e sonolenta causou-lhe um sobressalto, mas apressou-se em acalmar os próprios batimentos.

- Estava sem sono... - Mentiu.

- Sem sono... Estava mesmo era pensando no Levi. Achas que sou estupido? - o sorriso de lado que exibiu com essas palavras trouxe um rubor adorável ao rosto bronzeado do amigo.

- N-não diga bobagens! Por que motivo estaria eu a pensar nele?

- Sabe... Não precisa negar isso para mim, eu não me importo - as palavras vieram despretenciosas enquanto o garoto sentava-se tomando a mão do amigo.

- Com o que? - o mais velho fez-se de desentendido, evitando encarar os olhos azuis analíticos.

- Com sodomia. Eu realmente não me importo.

- Armin, o que...? Eu não... - embaralhou-se com as palavras. Não imaginava que fosse alguém tão fácil de se ler assim.

- Não adianta tentar mentir para mim, eu vejo... No começo eu não entendi muito bem, mas agora entendo. A forma como você olha para o Levi é especial, tem um sentimento especial e eu acho que ele sente o mesmo por ti - apontou com um sorriso simples.

- Não... -negou com lagrimas nos olhos- Não pode... Nós não podemos. Eu não deveria me sentir assim, ele não deveria...

- "Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que tens no teu?" -citou olhando para as estrelas e como não obteve resposta além do silencio entrecortado por poucos soluços, prosseguiu com as palavras que tinha para dizer- Sabe, a bíblia cita inúmeros pecados. Avareza, inveja, maldizer... E mesmo que todos tentemos guiar nossa moral pela palavra de deus, colecionamos uma boa quantia deles... As pessoas julgam tanto umas as outras... Até mesmo eu. Quando vi o Levi pela primeira vez, insultei-o e joguei pedras nele sem sequer o conhecer... Mesmo assim, quando eu precisei de ajuda ele me estendeu a mão e salvou a única família que me resta... Sinceramente, até mesmo eu me apaixonaria por alguém assim, independente de ser homem ou mulher - brincou cutucando o amigo com o cotovelo, este que continuava a soluçar num choro sofrido.

- Não deverias estar a dizer-me essas coisas, deverias estar a repreender-me e ordenar que enterre esses sentimentos o mais fundo possível do meu ser - chorou ainda mais alto, recebendo um abraço do mais novo que, logo em seguida, depositou um beijo em sua testa.

- Quem sou eu para julgar-te, Eren? Quem sou eu para apontar o argueiro no teu olho? -acariciou o rosto do amigo que fungava bastante tremulo- Ele é uma boa pessoa e se achas que será feliz com ele eu apoiarei vocês, não importa o que os outros pensem.

- Meu amor é proibido, Armin. Aquilo que deveria trazer-me alegria tornou-se a causa de meu maior sofrimento. Que mal eu fiz a deus para que permitisse o desabrochar de um sentimento desses no meu peito?

- O amor é um sentimento errante. Pode ser a salvação ou a perdição de um homem... -murmurou puxando-o para que se aconchegasse em seu ombro olhando para as estrelas numa tentativa de encontrar as palavras certas- Tu me disseste que queria aproveitar cada segundo que te resta. Se essa viagem não der os frutos que desejamos, quer mesmo morrer sem ter se entregado de corpo e alma a esse sentimento que todos podem ver claramente que é reciproco da parte dele?

O rapaz mordeu o lábio pensativo, parecia querer dizer algo, mas permaneceu em silencio até cair no sono fazendo com que o hibrido se sentisse dividido em um misto de ternura e ciúmes ao voltar para o acampamento e encontra-lo agarrado ao loiro, dormindo profundamente com os olhos vermelhos e inchados de quem chorara recentemente.

 


Notas Finais




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