– Pega essa camisa – a menina ordenou.
– Pego – disse Rafael observando Isabella jogar todo o seu armário em sua cama.
– Rafael, é sério, a gente vai chegar atrasado. Quer dizer, você vai chegar atrasado porque eu não trabalho.
– Você é a folgada.
– E você, o demitido.
– Grossa. Me ajuda a tirar minha calça?
– Qual foi? O bebê não sabe tirar a calça?
– Não é isso, é que ficou presa.
– Bela desculpa, não, Rafa.
– Qual é? Não vou fazer nada. – “O problema não é você, seu imbecil, sou eu”, pensou Bella.
A garota ignorou e continuou jogando as roupas. Rafael não havia comprado mais de um terno, aliás, o terno que usara em seu primeiro dia havia dado pela sua mãe há dois anos para a sua colação de grau, mas o menino nunca usara. Na noite de formatura, se enrolou com uma menina e passou a noite com ela, mas no dia seguinte, ela nem ao menos lembrava quem ele era.
– Rafael, não tem nada aqui. N-a-d-a.
– Então vamos as compras?
– Não. Eu vou ficar aqui, daqui a pouco começa Grey’s Anatomy. E eu pretendo assistir.
– Eu e você, então.
Os dois caminharam para o quarto de Isabella, e Rafael sentou ao seu lado, colocando seus braços ao redor da garota. Os dedos do garoto pressionavam suas costas, e deixavam Isabella arrepiada. As pontas de seus dedos caminhavam em seu ombro até sua coluna, e voltavam. Era o melhor carinho que qualquer garoto já fizera.
– Você nem sabe que série é essa, maluco.
– Tem alguma gostosa?
– Não sei, não sou lésbica.
– Ah, não precisa ser lésbica. Tem alguém com peitos e bundas apalpáveis?
– Eu sei lá, Rafael – sentiu-se incomodada.
– Bellinha, você tá com ciúmes? – o menino perguntou.
– Eu? Com ciúmes? De você? Tá me estranhando?
– Relaxa, você é minha gata – Rafael abraçou a garota.
– Não sou gata de ninguém, eu hein.
– Cala boca que vai começar – Isabella bateu na coxa do menino.
Rafael, que estava ao lado de Isabella, deitou a cabeça em seu colo. Involuntariamente, a garota começou a acariciar a cabeça e o cabelo do menino, fazendo-lhe cafuné. Rafael encarava atento os olhos da menina, que estavam baixos, e não prestavam atenção na televisão, encaravam ele, mas muito mais que isso, conheciam ele.
Os olhos estavam inquietos, e fitavam os olhos castanhos que estavam à seu dispor, a mão caminhava em seu rosto e as bocas ansiavam um pelo outro.
– Bellinha... – o menino dissera, sem deixar de apoiar sua cabeça no colo de Isabella. A verdade é que queria muito que se beijassem, mas sabia que ela não queria. Ou que não podia.
– Oi, Rafael.
– A série começou. E você prometeu me mostrar as gostosas.
– Eu não prometi nada.
– Você tá muito irritada esses dias, sabia?
– Você me deixa assim.
– Tá a fim de tirar o atraso, tá?
– Me erra, Rafael! Eu não tô com atraso nenhum. Fica quieto, eu só quero ouvir a voz de Mark Sloan agora.
– Quem é essa ruiva?
– É a Addie.
– Ela é gostosa pra caralho. E essa loirinha?
– Meredith.
– Puta que pariu, e aquela morena ali?
– É a Lexie.
– Minha futura namorada, eu acho que tô apaixonado.
– Como se ela fosse dar bola pra você.
– Coé? Se você dá bola, por que ela não daria?
– Bola-cha é o que eu vou dar na sua cara!
– Fazendo joguinho de palavra, é? Quer virar poetisa, né?
– Não tô fazendo joguinho nenhum.
– Mas eu quero fazer.
Rafael levantou e desligou a televisão. Isabella, por mais que tivesse ficado irritada, ignorou. O menino caminhou até a cozinha e trouxe consigo um amplificador de celular, e conectou o seu, colocou no aleatório e começou a tocar “Foi Bom Demais”, do Projota.
– Ficou maluco? – ela começou a rir.
– Maluca é o que você vai ficar, gatinha.
Rafael se afastou da cama e começou, conforme a música tocava, retirando a camiseta. Fazia movimentos lentos, e ao chegar em sua cabeça, estava tão nervoso que prendeu a blusa nela, fazendo com que a loira risse muito da visão que estava tendo. A música fluía, e Rafael continuava com os movimentos.
Rafael rebolava, mostrando o poder que tinha. Quando, finalmente, tirou a camiseta, pegou ela na mão e começou a rodas, sem parar de movimentar a cintura.
– Gostoso! – gritou Isabella, rindo.
– Mamãe não passou açúcar em mim, ela me jogou num pote de açúcar. Tá sentindo? – ao dizer isso, o menino começou a passar as mãos pelo seu corpo, chegando ao cós de sua calça.
– Rafael, vem aqui – Isabella disse.
O menino se aproximou, e a garota agarrou-lhe pela nuca e grudou os lábios dos dois. O beijo que nunca fora calmo, começou a ter um fogo que não era conhecido. A mão do Rafael escorregou pelo corpo da loira enquanto sua língua trabalhava nos cantos inexplorados de sua boca. O garoto retirou a blusa da garota, e com as mãos, ia puxar sua calça para baixo, mas Isabella parou o beijo e disse sem ar:
– Deixa que eu tiro.
Desabotoou o zíper do garoto, e de uma vez só, puxou pra baixo a calça. Naquele momento, não passava pela cabeça de nenhum dos dois que ele havia acabado de perder o emprego, e haviam ficado preso em um supermercado, ou que eram uma das únicas coisas que o outro tinha.
A boca da garota passeou de seu pescoço para seu abdômen, voltando para sua boca. O menino começou a dar chupões em seu pescoço, e começou a beijar toda a extensão do colo de Isabella.
– Bellinha, você me deixa louco. Caralho, teu corpo.
– Não seja bobo – disse ela rindo e beijando múltiplas vezes a bochecha.
– Pô, não me pede coisa difícil – ela riu novamente.
Ele segurou em seus cabelos e beijou da melhor forma que aprendeu. Isabella, inicialmente, lutou para resistir, e agora lutava pra que sua língua ganhasse da do melhor amigo, mas não conseguiu. A intensidade com que Rafael beijava era o acumulo do que queria há tanto tempo.
– Rafael, eu acho que isso pode ser um erro, mas... – o telefone tocou.
A menina, pensara em ignorar, mas o barulho não terminava, e atrapalhava qualquer coisa que pensava em dizer. Ao atender o telefone, falava diversos “aham”, “tá bom”, “ok”, deixando o menino ao seu lado aflito.
Quando finalizou a conversa, a menina correu e jogou a calça e a camiseta de Rafael contra o seu corpo, e pegou sua camiseta nas mãos.
– Qual foi? Teu namorado secreto vai vir pra cá?
– Que namorado secreto, babaca? A gente precisa ir depor na polícia sobre o ocorrido.
– Ah, entendi. E a nossa pegação?
– Fica pra depois.
– A gente não pode se pegar na polícia?
– Você quer ser preso?
– Não.
– Então... Não.
– Ah.
A menina correu para a porta, puxando a mão do amigo, que ainda estava sem camiseta, consigo.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.