História The Capitain's Secret - Angels in the Snow

63° 15' N 143° 09' E Rússia

— Base Vingadores para Capitão... — Crepitou o ponto nos ouvidos de Rogers. Ele ignora e volta a brincar com o garotinho loiro a sua frente. — ... — Soa um barulho agudo no ponto. Ele desliga, mas o barulho volta. Era Tony, ele tinha certeza que era Tony. — Rogers suas férias no iglu acabaram, volta já para cá antes que eu mande alguém ir lhe buscar... ROGERS!

Tony não grita, mas seu tom de voz é alto o suficiente para fazer Steve fazer uma careta, e virar o rosto para o lado revirando seus olhos.

— Tony não amola minha paciência.

— Olha "ela"... Você praticamente mora nesse deserto de neve. Que foi? Ficar congelado por 70 anos não foi o suficiente? — Disse Tony em um tom brincalhão. — Se sentir saudades eu providencio uma caminha adorável acolchoada com os bifes do frízer.

— Estarei aí mais tarde, Tony. — Remove o ponto do ouvido e amassa o mesmo nos dedos.

— Quem era papai? — O menino pergunta, empurrando o carrinho de bombeiros de um lado para o outro.

— Um amigo, James.

James tinha 7 anos, era grande para um garoto de sua idade. Cabelos loiros como os de Steve e olhos verdes como os da mãe. Ele amava frio e neve, não só porque morava isolado em um local que nevava 365 dias por ano, mas porque ele podia fazer anjos na neve com Steve. O soldado vinha visita-lo todo terceiro sábado do mês, sem falta. Ele podia estar escalado em uma missão, que adiava para estar ao lado de James. Não queria que o garoto crescesse sem um pai enquanto não podia assumir aquela paternidade para o mundo.

— Steve, que surpresa... — Diz a mulher com deboche.

Levantando a cabeça, Rogers pode ver a mulher a sua frente. Sorriu e observou seus traços. Ela usava os cabelos loiros amarrados em um coque bagunçado; pouca maquiagem, apenas um lápis nos olhos que destacam seus orbes verdes e um batom vermelho claro para proteger os lábios do frio. Ela trajava roupas grossas de frio, mas sem nunca perder a elegância. Calça e bota preta, uma blusa de lã branca e um cachecol preto e branco xadrez. Por cima, um grande e peludo sobretudo preto. O par de luvas descansava no bolso lateral do sobretudo.

— Está bonita hoje, Yelena. — Se levanta e caminha até a loira, dá um beijo em sua bochecha como cumprimento e sai do quarto do filho. — Saiu e deixou ele sozinho de novo?

— Ele não estava sozinho, você estava aqui. Aliás, eu vi o quinjet. — Yelena seguiu Steve até a cozinha.

O soldado serviu para si uma xícara de café e se sentou.

Ele não mantinha mais nenhum relacionamento amoroso com Yelena, apenas amizade, até maior do que ele pensava que poderia ter. Diferente do que seus amigos pensavam, a espiã não era aquele monstro. Era como Natasha, com diferença de que as chances que Romanoff conseguiu, Yelena nunca teve.

Conheceu Belova em uma missão em Moscou, por não conhecer o local muito bem, Rogers se perdeu pela densa floresta e neve. Yelena o encontrou, e ao invés de mata-lo, poupou-lhe a vida e o ajudou fugir de pessoas que o perseguia. Ficaram dias juntos em uma cabana. Rogers aprendeu mais sobre a espiã. Ouviu dela sua versão sobre suas desavenças com Romanoff e chegou a conclusão que ambas eram apenas peões em um tabuleiro sendo manipuladas por alguém ruim. Durante esse tempo, Steve tentava contatar seus amigos e Yelena tentava fazer Steve deixá-la ajudá-lo a fazer isso.

Quando foi embora de lá, já mantinha certa amizade com a russa, por isso a visitava sempre que podia. Por uma única noite que ficaram juntos além da amizade, o maior presente de Steve foi gerado, James. Os dois namoraram por um tempo, mas notaram que não iria dar certo, pois na vida de Steve estava entrando outra mulher: Sharon Carter.

E claro, Sharon estava ciente sobre o pequeno Rogers, por isso encobria Steve.

— Você tem que ter mais cuidado em deixa-lo só. Não é só porque é um quinjet que sou eu. — Dá um gole e nota o quão forte o café estava. O soldado faz uma careta e afasta o copo da boca. — Qual o seu problema com açúcar?

— Já disse que eu tomo café forte. Se quer café com açúcar, chupa uma bala de café. — Revira os olhos, e começa a guardar as compras.

— Vou fazer outro, isso aqui mata qualquer um.

— Vai se ferrar, Steve.

Ambos dão risada e James aparece na cozinha arrastando o escudo do pai pelo chão.

— Papai... — Joga o escudo aos pés de Steve e aponta para a porta. — Tem alguém batendo na porta.

O garoto já sabia exatamente o que fazer quando alguém que o mesmo não conhecia aparecesse na porta. Chamar a mãe, ou caso Steve estivesse ali, chamar o pai.

O soldado pisou na borda do escudo com força fazendo ele rebater e fixar em seu braço. Yelena tirou de dentro da sacola de compras uma faca. Yelena caminhou até a sala, fez um sinal para que Steve ficasse com o garoto, pois se fosse apenas um vizinho iria estranhar a presença do Capitão América ali.

Ao abrir a porta com a faca atrás das costas, Belova foi surpreendida por uma loira que apenas jogou uma credencial em sua mão e entrou correndo pela casa.

Yelena ignorou a credencial, pois havia visto apenas o símbolo da SHIELD, não viu nome, nem foto, nem nada, então avançou contra a loira.

— Cacete me solta! Eu estou tentando ajudar aqui! — A mais baixa gira o corpo e se liberta dos braços de Yelena, mas a espiã a prende contra a parede — Meu nome é... 

— Sharon? — Steve olha para a esposa franzindo a testa. James estava atrás das pernas do pai, apenas observava tudo com um sorriso.

— Steve, me escuta. — empurra Yelena. — Desculpa. — Pede depois de empurrar a russa. — Me escutem, vocês precisam sair daqui agora. Tony enviou a Romanoff e Barnes para cá. Devo presumir que nenhum dos dois vai com sua cara, certo?

Olhou para Yelena que revirou os olhos impaciente e colocou a faca sobre a mesa.

— Sete anos! Por sete anos eu me vi livre da Romanoff... Eu só não vou sair nos tapas com ela porque tenho muito a perder agora. — Olhou para James e o chamou com a mão. — Vou arrumar as coisas dele. Me deixa um quinjet e vão embora. Mando nossa nova localização em 8 dias.

James abraçou Steve antes ir com a mãe.

— Oi moça. — Ele sorri para Sharon, que sorri de volta. O loirinho dá a mão para a mãe e vai para seu quarto.

— Vem Steve, temos que ir. Deixarei o meu quinjet, têm alimentos e remédios nele. Vai ajudá-los.

Rogers olha mais uma vez a casa, vê o porta retrato do filho deitado na neve depois de ter feito um anjo nela. Ele sorria alegre. Nesta época só tinha 5 anos, era seu aniversário e Steve havia comprado para ele um par de patins para esquiar no lago próximo da casa.

— Stev — Sharon se aproxima do soldado e coloca a mão em seu rosto. —, um dia vamos levá-los para a base e ele vai poder brincar e proteger a Maggie, brigar muito com o Oren quando ele por algum acaso dizer que uma armadura é melhor que um escudo, irritar o Aragon por dizer que é um deus, e até mesmo namorar a Torunn. Ham? — Sorri divertidamente e Steve sorri de volta. — Precisamos ir.

Os dois saem pelos fundos e correm até o quinjet. Steve mantém a nave planando até Yelena decolar com a dela. Assim que o quinjet foge do seu campo de visão, o capitão vira a nave em direção à nave de Romanoff e Barnes.

— O que irá fazer?

— Ganhar tempo para ela. Com a distância que ela pode estar, ainda é fácil da Natasha rastreá-la. Vou mantê-los ocupados. Vai para os fundos e se esconde. Eu sai sozinho, se virem você irão fazer sua caveira.

Em alguns minutos ele diminuiu a velocidade do quinjet e entra em contato com o amigo.

— Oi Bucky. — Sorriu para a imagem de Bucky se projetando.

— Que droga Steve! Volta já para a base!

— É o que estou fazendo.

— Tony quer uma explicação investigada do porquê estava aqui. — Desta vez foi a voz de Romanoff respondendo.

Em seu tom de voz soava uma ordem, mas eu seu rosto, havia um semblante compreensivo. Natasha havia se tornado alguém muito mais compreensiva ultimamente. Fazia de tudo para não se enfiar no caminho de seus colegas, mesmo que fosse necessário. E tanto ela quanto Steve, tinham segredos para guardar e tinham seus lugares de repouso. Mas às vezes era necessário intervir para não prejudicar o time todo. Sem contar que ela não queria ficar no meio de uma segunda guerra entre Steve e Tony.

— E ele terá. Vamos embora.

— Eu disse investigada, Steve. Significa investigar, achar onde estava.

— Olha só, Natasha Romanoff respondendo Tony Stark... Que classe. — Debocha. — Você sabe onde eu estava. O que importa para você é saber se eu estava com alguém. E já lhe adianto, estava sozinho.

A resposta rápida e um tanto hostil surpreendeu Bucky, que olha para Natasha, que mexe a boca em um silencioso: "não aprendeu comigo".

— Volta para base Steve e responde as perguntas do Tony. Não vou investigar se contar a verdade. — A espiã responde. — Mas espero que saiba que eu sei quando mente para mim.

— Tenta me alcançar, Nat. — Ele acelera o quinjet o máximo que pode.

Desliga a comunicação para que Sharon pudesse voltar para o seu lado.

— Como vai mentir para uma mentirosa?

— Eu aprendi umas coisinhas.

— Mas não vai ser o suficiente.

— Vai ter que dar por agora.