1. Spirit Fanfics >
  2. The Change- Fillie >
  3. Capítulo 11

História The Change- Fillie - Capítulo 11


Escrita por: MabelSousa

Notas do Autor


Obg por todos os comentários e os favoritos. Eu tô tão feliz que nem sei.

Eu vou soltar mais um depois só de tanta felicidade ♥️♥️

Boa leitura ♥️

Capítulo 12 - Capítulo 11


Finn


Rose fechou a porta com um empurrão forte e barulhento.

Talvez se eu não estivesse tão chocado com tudo teria estranhado seu completo estado de nervosismo com os repórteres, porém minha cabeça estava longe demais para me preocupar com isso. 

Fui acordado com barulhos na parte debaixo da casa, Millie não estava mais ao meu lado e fui consumido pelo desespero imediatamente quando vi a confusão que se desenrolava do lado de fora. A princípio pensei que ela estivesse sendo assediada por aquelas pessoas e corri para tentar tira-la de lá. Porém, me dei conta depois que David estava com ela e ainda haviam seguranças a sua volta.

A constatação me atingiu como um míssel, explodindo minha cabeça e deixando apenas escombros do que considerei ser a única parte boa da minha vida. Claro que estavam lá para levá-la embora. O mar desembestado que formava as pessoas da imprensa me incurralaram, tiraram uma porção de fotos me impedindo de chegar ao menos perto dela.

Rose me puxou para dentro da casa, gritando coisas que eu não entendia por que a única coisa que eu conseguia me concentrar era no carro saindo através da estrada.

Ela nem se quer se despediu de mim.

Depois de um longo tempo tentando associar o que tinha acontecido o sentimento de choque passou, dando lugar á raiva, e raiva não era nunca um sentimento fácil de conter, especialmente quando eu não sabia para quem direcioná-la.

-Finn, você está bem? -Rose perguntou se aproximando de mim depois que me sentei no sofá da sala.

Seu rosto carregava uma expressão triste e assustada, que eu não soube identificar se era verdadeira ou não já que todas as certezas que eu tinha se resumiam a nada.

-Foi você.. não foi? -Falei a fitando seriamente.

Rose nunca gostou da Millie e era no mínimo estranho que as duas do dia para a noite tivessem se tornado amigas. Ela poderia ter ligado para a rede de tv sem que ninguém tivesse visto. Talvez por saber que Millie e eu tinhamos dormido juntos

Rose me olhou como se eu tivesse lhe desferido um soco no rosto e regrediu para trás o que havia se aproximando de mim. Passou as mãos no rosto e depois  as colocou   na cintura.

-Não. Não tive nada a ver com isso, pode ter certeza, fiquei tão chocada quanto todo mundo. -Ela soltou uma lufada de ar. -Eu entendo sua desconfiança, e sei que nunca me acusaria de algo assim se realmente não estivesse chateado, mas acredite em mim.

Ela me olhou suavizando a expressão e então pegou um lugar na minha frente.

Eu demorei um tempo ponderando sobre suas palavras e me dei conta de que realmente ela não faria isso. Eu estava acusando-a sem provas e me senti péssimo por isso. Ao mesmo tempo minha mente me levou a pensar em outra coisa, algo que me fez enxergar finalmente o que aconteceu.

-Nós dois saímos ontem a noite... David falou que não poderíamos cruzar os limites do rio e eu... -Me interrompi quando os fatos se juntaram em minha mente.

Alguém nos viu. Claro que tinha sido isso. Eu havia pensado que estava fazendo algo bom em levá-la para o outro lado do rio e estava tão envolvido pelo momento que aquilo nunca passou por minha cabeça.

-A culpa é minha, Rose. -Eu assumi a encarando. -Eu a levei para longe e agora... Acabou.

Rose levantou do sofá sacudindo a cabeça.

-Não Finn, você não tinha como saber. -Ela disse. -Alem disso era inevitável, A Millie já iria embora amanhã.

Sim, amanhã. Não hoje.

Merda. Eu não deveria estar me sentindo tão mal daquela forma, aliás Rose tinha razão. Millie já ia embora, estávamos predestinado a acabar. Mas por que de repente eu me sentia tão vazio? Tão sem sentido?

Dobrei o pescoço duas vezes para o lado querendo desfazer a tensão do local, porém não foi o bastante. A sensação que eu tinha era que nunca mais me livraria aquilo. Levantei do sofá me resignando aquele fato e fui direto para o quarto, deixando Rose sem dizer mais nada.

Eu tinha que ir embora. 

Quando estava com a mala pronta para partir recebi uma ligação de David, a qual eu ignorei completamente. Não estava com cabeça para pensar em mais nada.

Desci de novo e Rose ainda estava na sala, deitada sobre o sofá carregando a mesma expressão de cachorro que caiu da mudança. Ela levantou quando me viu e cruzou os braços.

-Você já vai também? -Perguntou olhando a mala que eu carregava atrás de mim.

-Sim, eu acho que já acabei o que vim fazer aqui. -Ajustei os óculos no rosto, desconfortável com a forma com que Rose me olhava. -Olha, está tudo bem. Isso iria acontecer de qualquer forma, como você mesma disse.

Ela juntou as sobrancelhas e tirou de algum lugar um pedaço de papel estendendo para mim em seguida

-Toma. A Millie deixou isso para você.

Eu peguei o papel e o abri. Lá estava escrito com letras cursivas e bonitas um número de celular seguido por um endereço.

-O que é isso? -Eu perguntei embora dentro de mim já soubesse

-É o número dela e o endereço. -Rose pigarreou -A Millie disse que vai esperar, por qualquer coisa

Eu enrolei o pedaço de papel e o coloquei dentro do bolso sem entender o que Millie queria com aquilo. Que eu ligasse e de repente a chamasse para sair? Ou quem sabe aparecesse em sua casa.. não, era impensável.

Rose percebeu minha nítida indiferença e disse:

-A culpa não foi dela Finn, a Millie não queria isso tanto quanto você. Ela te deixou isso para mostrar que para ela ainda não acabou.

Eu engoli em seco. Rose parecia tão determinada que eu entendesse a situação que mais uma vez me perguntei o que havia mudado entre elas duas, como de repente se resolveram a ponto de Rose tomar todas as suas dores.

Ergui uma sobrancelha.

-Por que você gosta dela, agora? Quer dizer, eu sei que vocês conversaram melhor mas francamente, vocês duas não se suportavam.

Eu tinha que fazer aquela pergunta antes de ir embora. Rose balançou as mãos como se tivesse tocado em algo quente e mordeu o lábio.

-Não posso explicar tudo exatamente, mas basta que você saiba que a culpa foi minha desde o início. Tratei a Millie mal por que eu não me sentia bem comigo mesma e depois pedi desculpas. -Ela fez uma pausa para respirar. -Agora eu reconheço o quanto ela é uma pessoa Maravilhosa e inclusive vou me mudar daqui em breve. Millie me ofereceu um emprego como sua assistente.

-Ela o que?

Rose afirmou com a cabeça esmiuçando um sorriso.

-Isso mesmo. Vou morar na casa dela durante um tempo, depois poderei alugar um lugar só meu. Ela foi tão generosa q...

-Você vai se mudar para a casa dela?

Eu parecia um papagaio incrédulo apenas refazendo perguntas daquele jeito, mas era por que na minha cabeça não fazia o menor sentido o que Rose estava me dizendo. Também havia raiva em mim, aquela mais puxada para o lado da inveja. 

Oh Deus agora eu estava com inveja por que Rose iria ficar perto de Millie, e eu não.

-Finn?? Está bem? -Ela me tirou dos meus pensamentos quando passei um tempo longo demais calado sem ter ouvido nada que Rose havia falado depois. 

-Sim. Estou bem. -Eu pestanejei. -Melhor eu ir embora.

Rose me acompanhou até a parte de fora da casa abrindo a cerca de madeira para que passasse com minha mala e a colocasse na caminhonete. Antes de entrar a abracei embora a única coisa que eu quisesse era chegar logo em casa.

Quando me largou, Rose sorriu tristonha e disse passando o polegar sobre minha bochecha.

-Eu sinto muito, Finn.

Eu me afastei dela tentando conter um sentimento horrível de desespero que me bateu ao ouvir aquelas palavras.

-Eu também.

Murmurei entredentes e peguei a estrada sem dar um último olhar para aquela casa onde eu tinha passado os dias mais confusos e os melhores da minha vida.

--

Horas depois eu finalmente tinha chegado no meu bairro.

O vento gelado batia contra meu rosto, tão diferente do calor que fazia em Tobermory que praticamente havia me esquecido da sensação. Minha rua como sempre estava parada, sem movimento algum e som do motor da caminhonete era o único barulho que perturbava o silêncio impenetrável do lugar. Pela primeira vez em cinco anos eu evitei de propósito olhar em direção a antiga casa de Susan que ficava a uma distância de algumas casas da minha. Agora ela era ocupada somente por um casal de velhos, os quais minha mãe também era amiga.

Falando nela, assim que entrei em casa arrastando a mala, minha mãe me encontrou na sala de estar. Ela estava usando suas típicas roupas sem cor, desde sapatos baixos brancos até a camisa bege. Eu sempre achei engraçado a forma como ela se vestia, como as vezes queria parecer mais velha apesar de ter um rosto jovem contornado apenas por algumas rugas. Eu estava com saudade dela, porém quando a encarei pude perceber que ela estava aflita segurando um celular e praticamente correu até mim depois que cruzei a porta.

-Meu Deus, Finn. Você não atende o telefone! -Chiou ela brava.

Eu franzi o cenho sem entender. Minha mãe era preocupada, mas não era tão neurótica quanto estava parecendo naquele momento.

-O que foi? Não tinha sinal na estrada. -Eu fiz uma pausa. -Espera, você sabia que eu estava voltando para casa?

A expressão dela se intensificou ainda mais. Minha mãe segurou minha mão e me arrastou até a sala de estar onde me fez sentar no sofá. Eu estava começando a estranhar aquele comportamento, mas antes de dizer alguma coisa ela colocou o celular em meu colo, depois afastou os cabelos negros para trás das orelhas.

-Você não sabe ainda, pelo visto. -Sibilou apontando para o celular. -Está em todos os sites, já fazem algumas horas.

Eu peguei o celular em meu colo e deslizei a tela ate o final. Era uma página de um site qualquer... e porra, eu estava lá em uma dezenas de fotos. Sem camisa e empurrando os fotógrafos.

Mesmo tendo ciência de que haviam tirado fotos minhas, não me passava pela cabeça que eu, logo eu, poderia estar ali junto com uma machete sensacionalista onde dizia que Millie Bobby Brown estava escondendo um namorado misterioso.

O constrangimento pelas fotos ridículas não era tão grande quanto a minha falta de credibilidade naquilo. Eu empurrei o celular para o lado, tentando digerir as informações.

-Como isso aconteceu, filho? Achei que você só viria embora amanhã e agora vejo isso na internet.

Minha mãe parecia preocupada e desligou a tela do celular como se não quisesse mais ver aquilo. Eu respirei fundo.

-Não sei. Eles apareceram hoje de manhã, ninguém sabe como aconteceu. Acabei me envolvendo sem querer.

-E está tudo bem? Quer dizer, estão dizendo que vocês dois...

-É invenção mãe, pelo amor de Deus. -Forcei um tom ofendido e desnecessário quando presumi que ela fosse acreditar que estávamos juntos.

Não estávamos juntos. Esse era o problema.

Ela assentiu, mas não estava relaxada.

-De qualquer forma seu tio tem que dar um jeito de tirar você dessa confusão. Esse tipo de notícia pode ter uma repercussão negativa ainda mais agora que você vai começar o programa de estágio na faculdade.

-Sim, ele vai dar um jeito. -Dei de ombros de forma desdenhosa. -Ele dá um jeito para tudo.

Senti um enjôo de repente ao pensar realmente na repercussão que aquilo teria. Eu era praticamente invisível na faculdade e agora todo mundo estava me vendo, falando de mim. Me notando. O enjôo foi ficando cada vez maior.

-Bem, vou preparar algo para você comer. A viagem deve ter sido cansativa.

Minha mãe sorriu para aliviar a tensão e colocou uma mecha do meu cabelo rebelde para trás. Eu assenti levantei do sofá e fui direto para meu quarto por que queria ficar sozinho e agora essa era uma necessidade muito maior do que já senti na vida.

O pior de tudo era saber que, por mais que eu quisesse aquilo, não seria uma opção por muito tempo, por que estava feito, minha vida agora era de conhecimento geral da metade do mundo e eu nunca poderia imaginar uma sensação pior do que aquela.

No final da noite, depois de ter evitado meus pais de propósito durante o jantar, voltei a ficar no meu refúgio. Já tinha recebido inúmeras mensagens, entre elas de pessoas da faculdade que eu nem mesmo conhecia e que não fazia ideia de como conseguiram meu número e o jeito foi deixar o telefone desligado ao longo do dia.

Mas resolvi liga-lo de volta naquele momento, já estava na hora de falar com David e saber o que ele pretendia fazer. Intimamente eu queria mesmo era pegar o telefone de Millie que estava anotado e ligar para ela, porém o que eu diria? Além disso ela deveria estar ocupada.

Liguei para David e me deitei na cama esperando que ele atendesse. Não demorou muito para que isso acontecesse.

-Finn! Caramba! -Ele ralhou do outro lado, parecendo cansado na mesma medida que estava irritado. -Eu tentei ligar o dia todo.

-Eu estava ocupado. -Falei dando de ombros mesmo que ele não pudesse me ver.

-Olha, isso tudo... -Ele fez uma pausa. -Não passa de fofocas, daqui a pouco as pessoas esquecem e Millie vai ter uma entrevista daqui a dois dias, irá desmentir e irão parar de perturbar você.

Havia confiança em seu tom de voz e eu odiava o jeito com que David parecia sempre ter um jeito para tudo. Apesar de ser o que eu queria no momento era inevitável me lembrar que ele já tinha tentado consertar minha vida antes e fazendo isso, obrigou Susan a ir embora, agora era responsável por fazer Millie ir também.

Soltei o ar com força pelo nariz.

-So quero que parem de falar sobre mim. Eu estou prestes a começar um estágio na faculdade e preciso que essas fofocas acabem senão... Não sei.

-Eu compreendo, e como disse já vai ser resolvido. -Ele falou aprumando mais a voz. -Querida agradecer pelo que você fez e agora mais do que nunca também pedir desculpas. Não era minha intensão que as coisas chegassem a esse ponto, você sabe.

Eu rolei os olhos. Ele não precisava me agradecer por ter me feito ficar com Millie e soou ridículo ter que responder aquilo, por isso fiquei calado.

David voltou a falar.

-Sobre isso também, eu tenho algumas perguntas.

-Sobre o que? -Eu quis saber.

-Olha, a Millie está estranha. Teve uma discussão com a mãe assim que chegamos e liguei para ela ao longo do dia, porém ela não atendeu nenhuma vez e creio que isso seja de propósito. -Ele disse, revelando enfim por que parecia tão exausto.

Eu engoli em seco com o pensamento de que Millie pudesse estar triste. Eu não sabia muito sobre Kelly, mas pelas inúmeras vezes que a escutei discutindo com a mãe por telefone já sabia que não era uma mulher fácil.

-E o que você acha que eu posso fazer a respeito?

-Ora, vocês passaram muitos dias na mesma casa. Millie não queria ir embora e você praticamente surtou quando a viu sendo levada, já está na hora de alguém me explicar o que está acontecendo, por que eu sei que está acontecendo alguma coisa. -Ele foi firme, objetivo.

Eu não queria dizer nada, até por que ele nunca aprovaria que ficassemos juntos então falei o que veio a cabeça.

-Nós dois somos amigos. Você disse que não precisávamos ser, mas foi o que aconteceu. Me assustei quando vi aquela confusão e por isso fiz aquilo.

David fez um barulhinho baixo de impaciencia.

-Finn, você acha mesmo que eu não conheço vocês dois como as palmas das minhas mãos? -Ele soou ainda mais incrédulo. -Esta na cara que vocês se envolveram, bem mais como amigos.

Droga ele não deixava passar nada.

-Então por que está me perguntando? Se tem tanta certeza?

Eu também estava começando a ficar irritado.

-Por que isso não devia acontecer, Caramba! -Ele exclamou. -Vocês dois não podem se envolver. Na verdade acho que você não pode se envolver com ninguém, usar a Millie enquanto lhe convém é errado.

Eu levantei da cama começando a sentir meu rosto esquentar como se tivesse jogado ácido na minha cara.

-Como é? -Eu gritei. -Acha que eu estou usando ela?

Mal conseguia repetir aquelas palavras.

David suspirou.

-Você é complicado Finn. Já contou para ela sobre Susan? Por que tenho certeza de que não, nem nunca vai contar.

-O que a Susan tem a ver com isso? -Eu diminui o tom de voz, embora minha vontade fosse gritar. Não poderia correr o risco de minha mãe escutar aquela briga.

-Tem a ver por que você ainda é apaixonado por aquela mulher. Nunca a esqueceu e por isso nunca se aproximou de outra pessoa. Está tentando encobrir esse sentimento colocando a Millie em uma situação terrível e quando ela descobrir...

-Ela não vai. Nunca. -O interrompi começando a sentir um gosto amargo na boca.

-Então fique longe, mais do que está agora. Deixe ela esquecer enquanto isso não se torna algo maior e pior.

Eu engoli tudo o que estava se formando em minha garganta como resposta. Eu queria que Millie nunca descobrisse e sabia muito bem o que pensaria de mim se soubesse. Um nojento, pervertido, doente. A ideia só fez meu enjôo crescer.

-Esta bem. -Eu concordei. -Me prometa que nunca vai dizer nada a ela, por que acho que ela vai perguntar, uma hora ou outra.

David não hesitou.

-Prometo. É melhor assim. -Ele disse com convicção. -Alguma vez já quebrei uma promessa?

Ele gostava de jogar as coisas em minha cara. Usando a promessa de nunca contar para minha mãe sobre Susan como prova de confiança. Eu não queria admitir, mas parte de mim era grata a ele, e confiava nele apesar da raiva guardada.

-Não. -Respondi. -Não vou atrás dela, pode ter certeza disso também.

Falar aquilo me doía, mas era o certo. Cortar o mal pela raiz tinha que partir de mim, ou eu corria o risco de manchar o que tivemos com uma história horrível que ela nunca compreenderia.

Depois de desligar o telefone fiquei rondando pelo quarto de um lado para o outro pensando em como eu faria meus sentimentos relaxarem, como recuperaria minha vida de volta. Eu tinha muito trabalho a fazer, um estágio para conseguir mas minha cabeça não se concentrava em nada, somente na garota que na noite anterior tinha se entregado para mim, enquanto eu lhe fiz promessas silenciosas de nunca abandona-la. As lembranças me perseguiam, me cobriam como um manto quente que em outro momento seria confortável mas agora estava me sufocando. Eu não teria nunca mais nada daquilo e eu menti para ela.

Decidi sair de casa e dar uma volta no quarteirão de carro apenas para ter alguma coisa para fazer por que nem mesmo o Xbox me dava ânimo. Assim que desci as escadas vi que a luz da tevê estava ligada e minha mãe dormia sobre o sofá enrolada com um cobertor, mas estava sozinha. Vozes vieram da parte de fora da casa e eu reconheci a do meu pai instantanemente.

-Eu já falei, você tem que ir embora. Meu filho não está em casa e mesmo se estivesse não haveria nada para falar sobre isso.

Eu cheguei perto da porta de tela e através da tela fina vi meu pai de braços cruzados na calçada falando com um cara alto vestido com um colete familiar e carregando uma câmera. Era a mesma roupa dos paparazzis que estavam na casa de David mais cedo e ele estava tentando convencer meu pai a falar comigo.

-Eu entendo senhor, e se eu puder falar com ele tenho certeza de que esclareceremos isso rapidamente. Três palavras e tudo estará acabado. -O cara insistiu.

Eu nunca entendi muito bem por que pessoas se envolviam com esse tipo de trabalho. Poderia ser divertido perseguir famosos, mas também era perigoso e pela sua expressão eu sabia que ele estava insistindo por que fora obrigado a isso. Odiei a mídia mais do que nunca naquele momento.

Meu pai descruzou os braços e deu um passo na direção do sujeito. Fiquei com vontade de intervir, com medo de que ele perdesse a cabeça, porém não podia sair de casa ou pioraria a situação. Meu pai era um homem tranquilo, raramente saia de si, mas ele estava começando a se irritar.

-Amigo, eu já disse que meu filho não tem nada para dizer e nem está em casa, acho melhor você sair daqui antes que eu chame a polícia. -Seu tom era propositalmente baixo e ameaçador.

O fotógrafo largou a câmera enganchada no pescoço e abriu as mãos em sinal de rendição.

-Esta bem senhor, não precisa de tanto. Estou indo. -Ele deu as costas ainda com um olhar temeroso e atravessou a rua indo para o outro lado  pegando o carro e saindo em seguida.

Me afastei da porta quando meu pai voltou para dentro de casa. Seu olhar bravo encontrou o meu e ele suavizou a expressão.

-Oi, filho. -Ele falou testando se eu havia ouvido a discussão. Limpou a testa suada e sorriu. -Você ia sair? -Apontou para as chaves da picape que eu carregava.

Eu soltei o ar.

-Eu ia. -Disse abaixando os ombros. -Mas não acho mais uma boa ideia.

Meu pai assentiu, compreendendo que eu havia escutado.

Ele maneou a cabeça em direção a cozinha depois de dar uma olhada e verificar que minha mãe ainda dormia na sala e caminhamos até o outro cômodo. Ele se sentou em uma das cadeiras da mesa e eu soube que viria uma famosa conversa de pai e filho que raramente tínhamos.

Meu pai era bem alto, mas não maior que eu. Seu rosto era barbado e ele usava óculos de grau menores do que os meus. Éramos parecidos. Nós três na verdade, Nick, ele e eu, porém seu jeito calado e retraído caiu mais sobre mim do que sobre meu irmão que falava pelos cotovelos, tinha amigos e era popular.

-Então... Isso está passando um pouco dos limites. Se estão vindo aqui atrás de você imagina o que não farão quando você estiver na rua sozinho? -Seu tom era mais preocupado do que de repreensão, porém ele não parecia nada contente com a situação.

Eu coloquei ambas as mãos na mesa tentando de alguma forma tranquiliza-lo, embora eu não soubesse como fazer.

-David disse que vai dar um jeito nisso. Sinto muito que tenham vindo nos perturbar aqui.

Meu pai me olhou e seus lábios se fecharam em uma linha fina.

-Não tem nenhum problema nisso, só estamos preocupados com o rumo da sua vida. -Ele olhou para um ponto além de mim. -Eu não quero pressionar você, nem nunca fiz isso, mas você já está com vinte e dois anos Finn. Homens da sua idade já moram sozinhos e criam responsabilidades. Sua mãe se preocupa demais com seu jeito e ela acha que você nunca vai conseguir seguir em frente, como se tivesse parado no tempo.

Eu obsorvi as palavras querendo entender  por que de repente ele tinha falado sobre isso. Há um tempo atrás eu tinha alugado um apartamento, mas desisti de me mudar por que se Susan voltasse queria que ela me encontrasse, porém ouvir meu pai dizer aquilo me deixou sem jeito.

-Eu não parei no tempo. -Falei com um tom baixo. -Estudo e trabalho na oficina, ajudo vocês sempre que posso com as contas.

Ele assentiu e seus dedos começaram a batucar na mesa.

-Não estou falando em relação a isso. Só acho que você está preso aqui dentro, como se não conseguisse sair. Me diga o por que? Eu só quero entender.

-Eu não sei. Gosto de ficar aqui. -Me apressei em dizer. -Mas se estou incomodando...

-Você sabe que não incomoda. De jeito nenhum, mas talvez seja hora de viver sua própria vida. Conhecer uma garota legal. A Sophia veio aqui atrás de você... Não entendo como você não consegue perceber o quanto ela está apaixonada.

-Eu percebo. -Engoli em seco, sem encara-lo. -Mas não gosto dela, não desse jeito.

-E essa outra garota? A famosa que sua mãe é fã?

Eu abaixei a cabeça. Millie estava tão dentro da minha cabeça que expo-la para fora me consumia muito, mas eu precisava contar para alguém e meu pai talvez fosse a única pessoa que entenderia.

-Eu gosto dela. -Falei voltando a fita-lo. -Gosto muito, mas não tem como dar certo. Ainda mais depois dessa confusão.

Meu pai juntou as sobrancelhas.

-Você sabe que amo seu tio como se ele fosse meu irmão, mas não aprovo que ele envolva você nessas questões. Ele sabe que você está apaixonado por ela?

Droga. Ele tinha que falar que eu estava apaixonado?

-Ele desconfia. Me mandou ficar longe dela. -Eu desviei a cabeça para o lado começando a olhar para o relógio preso na parede.

Meu pai ficou em silêncio por um tempo.

-Acho que é o melhor. -Ele murmurou. -Você não precisa de mais problemas e garanto que é o que vai acontecer se isso for adiante. Vocês vivem em mundos diferentes.

Mundos diferentes... Essa é boa.

-Sim. Compreendo. -Eu concordei apenas para acabar com o assunto. -Acho que vou dormir e... pensar em um lugar para morar.

Eu levantei da cadeira e meu pai levantou também.

-Você sabe que eu não quis expulsa-lo. -Ele me parou.

Ele não queria me expulsar realmente, mas não queria que eu arranjasse problemas em casa. Eu já tinha desistido de achar que Susan voltaria e Millie também não era mais uma opção. Não havia mais nada que me prendesse ali e aquilo me assustou.

-Eu sei, mas como você disse, eu tenho que arrumar minha vida.

Eu lhe dei uma continência com a mão na cabeça e segui de volta para meu quarto. La dentro me perguntei se um dia eu seria capaz de manter as pessoas em minha vida ou se sempre elas seriam arrancadas de mim.

Me deitei na cama e contei mentalmente uma infinidade de coisas boas que Millie tinha para depois comparar com as ruins, o problema era que embora eu quisesse não conseguia achar nada negativo naquela garota. Exceto a parte que ela não era minha.


Notas Finais


😪😪

Até breve


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...