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História The Change- Fillie - Capítulo 16


Escrita por: MabelSousa

Notas do Autor


E vamos de mais um capítulo da nossa novelinha mexicana.

Bjos. Amo vocês infinito 💟


Boa leitura ♥️

Capítulo 41 - Capítulo 16


Millie  


-Você está pronta, Millie? -Perguntou Rose da porta do meu quarto.

-Sim. Só preciso de mais um minuto.

Parei em frente ao espelho uma última vez antes de sair de casa e me encarei. Em aproximadamente dez horas estaria tão longe dali que tive um breve momento de tristeza ao pensar na distância. Ao mesmo tempo me sentia tão preparada quanto possível. Aquela era a minha vida e eu queria mais do que tudo retoma-la e vive-la da forma como eu sabia como funcionava. Vinte e um anos de vida e uma carreira de dezessete me deixaram muito acostumada com as viagens e tudo o que vinha depois, só precisava de mais um minuto para me despedir.

Não da casa, mas das coisas que estaria deixando para trás. Se passaram quase quatro meses desde que tinha voltado de Toronto quando minhas fotos vazaram e então tive que me esconder na casa de David. Quase quatro meses que tinha visto Finn pela primeira vez e embora parecesse pouco tempo eu sentia como se fossem anos. Como era possível minha vida ter mudado tanto eu nunca ia saber a resposta, mas sabia que dali em diante ela nunca seria a mesma por mais que eu voltasse com minha rotina.

Finn havia mudado tudo. Havia me mudado e isso era para sempre.

Me inclinei sobre a penteadeira e retoquei mais uma vez o pó no rosto assim como um pouco do gloss. Estava usando um gorro nos cabelos e um casaco quentinho de camurça por cima da roupa. Era o que eu costumava usar quando estava frio e quando tinha que passar quase dez horas no avião. Estava bonita, não podia negar, mas me sentia estranha também.

-Você tem certeza que precisa se arrumar tanto assim? É um voo muito longo. -Rose me tirou dos pensamentos aparecendo bem ao meu lado me olhando pelo espelho.

Dei um sorriso para ela e balancei a cabeça. Ela não fazia ideia do que estava falando.

-Vamos passar alguns minutos no aeroporto ainda, nesse tempo vão tirar muitas fotos. Você vai ver.

Ela arregalou os olhos impressionada e eu ri ainda mais.

-Ok. Então vamos.

Saímos do quarto e descemos a escadas para o andar debaixo.

Meus pais estavam sentados no sofá junto com David, Rick e Ava que correu asssim que me viu descer.

-Você vai voltar logo, não vai? -Perguntou ela agarrando minhas pernas.

Me abaixei no chão ficando da sua altura e a abracei de verdade. O cachorro enorme nos rodeou, querendo fazer parte da despedida e eu cocei suas orelhas.

-Sim. É só um tempinho. -Respondi quando ela me soltou com relutancia. -Não vai nem dar tempo de você sentir minha falta.

Ava fez um bico de tristeza, mas assentiu.

-Vou sentir falta sim.

-Espero que tenha pensado no assunto, Millie. De ir ver seus avós quando arranjar um tempinho. -Minha mãe disse, colocando as duas mãos sobre meus ombros.

Eu já tinha pensado muito e decidido que não faria aquilo, mas dei um sorriso e confirmei com a cabeça. Não precisava de uma discussão antes de sair e em relação aos últimos dias também não queria estragar o pouco do progresso que tinha feito com ela.

-Se cuide. Ligue assim que chegar. -Ela disse e me deu um abraço frouxo beijando o topo da minha cabeça.

Meu pai apareceu do outro lado e agarrou o meu ombro.

-Vou sentir sua falta, princesa. -Ele disse me abraçando em seguida.

Geralmente não fazíamos uma despedida tão demorada  daquele jeito, mas suspeitei que minha família estivesse muito ciente de que eu estava mesmo precisando de um pouco de afeto principalmente quando iria passar três meses fora depois do turbilhão de acontecimentos recentes. 

-Também vou sentir saudade. De todos vocês. -Falei segurando a mão gordinha do meu pai e a palma fria da minha mãe. Ava continuava agarrada em minhas pernas.

-Até de mim. Eu acho?

Olhei para frente vendo David parado com as mãos enfiadas nos bolsos. Era a primeira vez que viajaria sem ele e apesar de ter aceitado muito fácil sua distância também me magoava. Eu precisava dele.

-De você nem tanto. -Brinquei fingindo uma careta.

Todos riram e me levaram até fora da casa. Rick não era muito de falar e foi o primeiro a entrar no carro seguido por Rose. Antes que eu fizesse o mesmo, David me parou abrindo a porta para mim.

-Sabe que eu não queria que fosse desse jeito, não sabe? -Ele perguntou, colocando a mão sobre meu ombro.

Deixei escapar um suspiro.

-Sei. Sim. Você tem outras prioridades no momento.

Ele captou meu sarcasmo e riu depois me abraçou.

-Me ligue se precisar de qualquer coisa. Se Rick não souber como lidar com você eu vou dar um jeito de ir, mas me mantenha informado de tudo. Ok?

Assenti, sabendo que não iria ligar coisa alguma. Era ele quem queria me deixar.

Quando David se afastou hesitei e não entrei no carro. Segurei seu braço antes de sair.

-Você... Você tem alguma notícia sobre o Finn? -Tinha que perguntar antes de ir embora.

Não havia feito aquilo nenhuma outra vez.

David suspirou e pareceu pensativo por um momento e eu fiquei automaticamente tensa.

-A Mary me disse que ele andou meio descontrolado. Bateu no Nick de novo e não apareceu mais na casa dela. Acho que tudo está mexendo demais com a cabeça dele, mas vou tentar descobrir alguma coisa e te aviso.

Recusei com a cabeça quase sem perceber.

-Não. Por favor, enquanto eu estiver fora não quero saber de nada. Isso vai tirar meu foco. -Falei com uma precisão que impressionou a mim mesma.

David assentiu abaixando a cabeça.

-Tudo bem. A escolha é sua. -Ele disse dando um tapinha consolador em meu ombro.

Consegui esboçar um sorriso.

Sim, pela primeira vez a escolha era minha.

Nos abraçamos uma última vez e eu entrei dentro do carro.

Até chegarmos no aeroporto passamos o caminho todo apenas ouvindo Rick falando no telefone. Eu suspeitava que fosse com David devido suas frequentes revirada de olhos e expressão de impaciência mas ele não comentou nada comigo então não me importei.

O aeroporto internacional, às nove da manhã parecia a frente de um estádio de futebol vendendo ingressos para um concerto, estava lotado e os gritos logo se tornaram audíveis quando abri a porta do carro.

Todo mundo sabia que eu estava indo para Londres, que seria o início da turnê e ninguém quis perder muito tempo, pelo visto.

Me esgueirei para fora do carro com Rose ao meu lado e os seguranças nos escoltaram para dentro enquanto flashs explodiam ao nosso redor. Com os óculos escuros no rosto eu podia me proteger melhor e acenei com a mão suavemente para algumas câmeras sem parar para falar com ninguém.

Os gritos se tornaram mais altos, mais fortes e mais insistentes até entramos e o som ser silenciado totalmente.

-Caramba. Parecia um formigueiro. -Rose comentou levando a mão ao peito com a expressão mais assustada que eu já vi na vida.

-É bom se acostumar com isso. Em Los Angeles vai ser bem pior no dia da festa.

Ela jogou a cabeça para trás fingindo estar quase desmaiando mas estava rindo de tudo. Na verdade ela estava adorando.

Rick se adiantou no check-in recolhendo nossos passaportes e então fizemos o despache das bagagens que não eram muitas. Antes de embarcarmos ainda parei para tirar fotos com uma das aeromoças que não parava de me olhar a um tempo e então finalmente deixamos o Canadá.

Durante o vôo me preocupei em dormir já prevendo o jet lag que a mudança de fuso horário causaria mas não consegui. Ao invés disso passei praticamente as dez horas variando as playlists no celular.

Quando descemos no aeroporto eram quase três da manhã em Londres e o caminho até nosso hotel foi preenchido pelas luzes da cidade que mantiveram meus olhos grudados na janela enquanto Rose estava caida de sono ao meu lado.

A neve quase grossa que enfeitavam os prédios me dava uma estranha sensação de paz. Era diferente da neve do Canadá, que era gélida e úmida até os ossos. Apesar de ser mais frio, Londres se mantinha aquecida pelas luzes e pelas construções históricas impecáveis, minha alma britânica amava aquele lugar mais do que qualquer outro no mundo. 

Passamos bem em frente a torre de Londres onde o rio Tamisa parecia mais bonito do que nunca refletindo a imagem das luzes sobre a água. Fiquei com vontade de cutucar Rose só para que ela visse aquilo, mas acabei não fazendo preferindo desfrutar da imagem sozinha. Haveriam outras oportunidades para ela conhecer.

Depois de mais algumas voltas finalmente chegamos no hotel Hilton e pela hora da madrugada foi uma tarefa relativamente simples pegar as malas e ir para os quartos, parando ocasionalmente para cumprimentar os funcionários. Apesar do cansaço da viagem eu me sentia alerta e sem um pingo de sono, diferente de Rose que mal conseguia abrir os olhos enquanto subiamos pelo elevador.

-Esse hotel é lindo assim mesmo ou é apenas um sonho? -Ela perguntou, encostando a cabeça contra o vidro espelhado.

Rick soltou uma risadinha.

-É a primeira vez que ela sai do país? -Perguntou ele fitando Rose quase inconsciente.

-Acho que sim. Ela nem tinha passaporte, foi o David quem arranjou tudo.

As portas se abriram e saímos pelo corredor atrás dos quartos.

-Olha só, terça feira temos uma reunião marcada com a Maggie e o Roger, eles querem conversar sobre o que você e o Louis vão falar nas entrevistas. -Disse Rick me passando o iPad para que eu verificasse o que estava dizendo. 

-Podemos falar sobre isso amanhã? Eu só quero uma banheira e água quente agora. -Respondi, sem nem me dar o trabalho de verificar o que estava me mostrando.

David em seu lugar, teria insistido para que eu desse atenção, mas Rick não era David e ele sabia muito bem disso.

-Ok. Passo aqui depois para irmos tomar café. Você gosta do restaurante do hotel? Podemos procurar um lugar menos...

-Rick.. -O interrompi, bem quando parei em frente a porta do meu quarto. Ele era um cara legal e até fazia um bom trabalho, mas nunca gostei muito de forçar a barra da intimidade com ninguém, e ainda estava magoada com David. -Eu posso decidir isso depois, você não precisa ficar comigo vinte e quatro horas, aqui eu sei me virar sozinha.

Fiz um maneio de cabeça e pisquei o olho para amenizar a arrogância das minhas palavras e ele muito rapidamente assentiu. Se virou e foi ajudar Rose a encontrar o quarto dela.

Abri a porta do meu e quase tive um orgasmo com a luxuosidade que visualizei lá dentro. Era disso que eu precisava.

Poderia muito bem acomodar quatro ou até cinco pessoas lá dentro mas era o tamanho perfeito para mim e para meu ego que era a única coisa que eu conseguia sentir. Sempre gostei das coisas boas e vivi rodeada delas por tempo o suficiente para nunca mais pensar em qualquer coisa diferente. Sabia que parecia um pouco fútil demais admitir aquilo, mas no final eu sabia que eu merecia.

A cama king praticamente ocupava uma parede inteira e não precisava nem testar o colchão para saber que era daqueles macios que afundavam até o núcleo da terra. As cortinhas eram finas quase transparentes, me dando uma visão incrível das janelas que davam para a parte de fora do hotel. Um lustre iluminava o cômodo enorme dando uma aparecia quentinha refletindo o dourado e o carmim das paredes. Tirei as botas louca para sentir o tapete feupudo em meus dedos e fui atrás do banheiro.

A porta era de correr e as luzes internas se acenderam automaticamente quando entrei. Era grande. Ernorme para ser exata. Uma parede era inteiramente feita de espelhos quadrados e uma bancada dividia a parte do box da banheira de porcelana maciça fincada no chão por garras brilhantes e douradas. Tirei as roupas e me enrolei em um roupão grosso amando a sensação do piso aquecido sob meus pés enquanto esperei a banheira encher até a borda.

Peguei uma água no frigobar do banheiro desviando a atenção da garrafa de champanhe afundada em um balde de gelo lá dentro. Precisava me controlar para não ter o pensamento prematuro de beber aquela garrafa inteira sozinha que era bem o que eu queria fazer na realidade.

Liguei a Tv com o sistema de som acoplado e comecei a cantarolar So Good da Dove Cameron e incrivelmente me senti bem como não me sentia a dias. Despreocupada, livre e leve bem como eu havia planejado e considerando que eu temia que a sensação durasse pouco tempo aproveitei o máximo que podia.

Escorreguei para dentro da banheira cheia de espumas e tomei cada gole de água imaginando o sabor de algum vinho sobre a lingua.

Minutos depois meu celular começou a tocar interrompendo a música e a minha paz também. Pensei em ignorar quem quer que fosse, mas então tocou de novo, mais uma vez logo em seguida.

Bufei me forçando a levantar e atendi vendo o rosto de Sadie brilhando no identificador de chamadas.

Sério? Aquela hora?

-Ah, até que enfim a rainha da Inglaterra atendeu o telefone. Você não estava dormindo, estava? -Ela praticamente gritou do outro lado, sua voz sendo cortada pelo barulho do vento o que me dizia que ela sim não estava dormindo.

-Eu estava me preparando pra isso. Na verdade. -Respondi pouco animada me sentando na beirada da banheira.

Para ser sincera em outro momento adoraria jogar conversa fora, mas precisava ficar quieta e sozinha por um tempo.

Sadie soltou uma risada e seu sotaque britânico ficou um pouco mais acentuado.

-Nem vem, no Canadá ainda são sete da noite, aposto que você não está com sono ainda.

-Não estou, mas estou cansada. Foram dez horas no avião, você sabe.

-Deixa para dormir outra hora. Estou indo aí te pegar, vamos ver o nascer do sol na cobertura do meu prédio.

Levantei quase escorregando da banheira. Não podia ser sério.

-São três da manhã Sadie, realmente não vai dar. Preciso descansar da viagem.

Eu não ia sair, não na primeira noite decente que eu tinha para aproveitar.

O barulho de vento se itencificou me dizendo que ela não havia parado de andar.

-Você descansa aqui. Assim que nascer o sol você pode ir pro meu quarto. Vamos, vai, estou morrendo de saudade e hoje vai ser perfeito, não está chovendo nem caindo muita neve.

Passei a mão pelo pescoço tentando retirar a tensão que havia surgido ali do nada. Não estava nenhum pouco animada com aquela ideia.

-Podemos fazer alguma coisa mais tarde, eu quero mesmo dar uma volta na cidade, mas agora não vai dar, é sério.

-Millie!! Por favoooor. -Ela esticou a palavra me fazendo afastar o telefone do ouvido. -A gente deixa você dormir depois.

-Espera, a gente quem? -Perguntei pressionando o telefone de volta no rosto.

Sadie deixou escapar uma risada sarcástica e cochichou:

-O Louis chegou ontem, está ansioso para ver você.

Não soube o que dizer nem o que sentir com aquela afirmação então fiquei calada me olhando na parede de espelhos. Não via Louis desde quando eles foram para a casa de David e as coisas não acabaram muito bem. Sadie sabia que ele gostava de mim e eu não, mas de repente estava insistindo um pouco demais naquela história.

-Então? Posso ir te pagar agora? -Ela insistiu quando eu não disse nada.

-Não sei... Olha eu e ele...

-Eu sei, não vou forçar nada. Vocês são amigos e querem se ver, qual o problema? Você quer ver ele, não quer? -Ela cochichou de novo.

Respirei fundo pelo nariz e pressionei de novo a mão na nuca. Estava ficando mais tensa a cada segundo. Louis era meu amigo, eu sentia falta dele sim, mas havia algo ou alguém na minha cabeça me impedindo de responder a aquela pergunta.

-Ok, você demorou demais. Já estou chegando, desça logo. -Ela disse sem paciência.

-Ei, não. Eu não disse que...

Me interrompi ao notar que a chamada foi finalizada. Mas que merda. Encarei a banheira que continuava a minha espera e suspirei sabendo que aquela era uma batalha perdida.

Terminei meu banho rápido no chuveiro mesmo e voltei para o quarto para me vestir. Meu subconsciente estava me infernizando, me dizendo que eu não devia fazer aquilo, que não era certo e que eu acabaria inevitavelmente enchendo Louis de esperanças falsas, mas a outra parte de mim, a mais racional, não via problema algum. Somos amigos. Só isso.

Coloquei uma calça legging vermelha de couro e uma camisa mais apertada dos Stones e vesti o casaco por cima. Algo em mim me dizia que deveria avisar Rick ou aos seguranças que ia sair, mas não fiz isso. Sou maior de idade e posso sair sem ser vigiada a cada passo, além disso, estaríamos na casa de Sadie, não ia ter problema.

Desci pelo elevador e cheguei na recepção. Não me passou despercebido os olhares que os funcionários me lançaram, talvez se perguntando para onde eu iria, mas também não disseram nada até que eu entrasse no Bentley azul marinho que Sadie dirigia.

Lá dentro, para minha surpresa, ela estava sozinha.

-Ai. Que saudade. -Ela disse me puxando para um abraço apertado antes mesmo que eu colocasse o cinto.

Ela parecia meio elétrica, o que combinava com as batidas pesadas de heavy metal que explidia do som

-Tambem senti sua falta. Você... Parece diferente. -Comentei franzindo o cenho vendo o par de botas altas de couro que ela usava por cima de uma calça preta assim como a camisa meio detonada nas laterais.

-Eu sei. Faz parte da minha adaptação pro novo papel que vou fazer. É uma punk dos anos oitenta. Você gostou? -Perguntou ela se gabando jogando os cabelos ruivos para um lado só me mostrando a corrente pesada que usava no pescoço.

Balancei a cabeça impressionada. Se eu era muito patricinha, Sadie com certeza me deixava completemente no chão nesse quesito então vê-la usando coisas totalmente diferentes do comum foi realmente uma surpresa.

-Esta maravilhosa, tenho que admitir. O que vai ser? Filme ou série?

Ela ligou o motor e saímos finalmente da frente do hotel.

-Filme. Ainda não recebi o script todo nem o roteiro, mas o William me disse que é uma adaptação de um livro da Louise Reid, o que me faz lembrar que ainda tenho que ler também.

Assenti, compreendendo em partes. Nunca precisei fazer tanto esforço para interpretar bem, nunca me vesti como a personagem ou tive que ler uma par de livros. A atuação para mim era natural como respirar, um dom, eu acho. Ri sozinha daquele pensamento e Sadie me encarou.

-Você parece tão bem, Millie. Sério, fazia um tempinho que não te via assim.

Dei de ombros, mas o movimento saiu mais como a simulação de um suspiro.

-É por que antes eu não estava. -Fiz uma pausa encarando seu rosto por onde as luzes da cidade passavam rapidamente. -Tenho que te contar muita coisa, depois, é uma longa história.

Eu não havia pensado em contar tudo o que tinha acontecido, mas de repente senti que deveria. Ela não sabia de nada e se eu havia confiado em Lexi, podia contar para Sadie que era até mais cabeça feita.

Ela deu um sorriso compreensivo.

-Tudo bem. Vamos ter muito tempo para isso.

Demorou cerca de quinze minutos até que ela parasse no estacionamento subterrâneo do prédio. Eu já conhecia muito bem por que muitas vezes em que estava na cidade ficávamos ali juntas. Subimos pelo elevador direto para a cobertura onde ela morava sozinha.

Deveria ser bom poder fazer aquilo, mas tendo em vista meu histórico conturbado na mídia e por eu ser mais conhecida do que ela era uma opção quase inexistente para mim. Tinha que morar com minha família e isso seria uma merda se não fosse o fato de que eu mal parava em casa de todo jeito.

O apartamento de Sadie era simples, mas nenhum pouco menos moderno ou chique do que os outros que eu já havia visitado. Perfeito para uma pessoa e incrível para as festinhas que sempre rolavam por ali, no entanto, tudo estava muito quieto, quieto até demais.

-Você não quer subir logo pro terraço? Vou preparar uma bebidinhas pra gente depois te encontro lá. -Ela sugeriu jogando a bolsa de qualquer jeito em cima do balcão de mármore da cozinha.

-Você disse que o Louis está a aqui? -Perguntei, mas me arrependi logo em seguida por ter parecido tão interessada e o sorriso de Sadie apenas confirmou isso.

-É. Ele está lá em cima. Foi de lá que eu te liguei.

-Bem, então vou esperar você aqui mesmo

-Ah, Millie, deixa de paranóia e vai. Espere lá em cima, vocês dois tem que conversar sozinhos por um tempo e eu não vou demorar, prometo.

Sadie juntou as mãos implorando com seu olhar de cachorrinho triste. Cocei a parte de trás dos meus cabelos sentindo o mesmo tipo de desconforto que sentia desde que tinha deixado o hotel, mas como sempre assenti fazendo uma careta para ela.

Subi as escadas que levavam ao terraço com um frio insistente no estômago, oscilando meus pensamentos entre o que era certo e o que era errado e então abri a porta. Estava me preocupando atoa.

Uma camada fina de neve cobria todo o chão, incluindo a piscina coberta, não havia muita coisa para o que olhar além da vastidão branca e das sombras que as cadeiras de sol faziam sobre a neve e o céu incrivelmente estrelado lá em cima.

Estava nitidamente mais frio do que minutos antes e eu apertei os braços me arrependendo de ter escolhido um casaco tão inapropriado. Uma das cadeiras estava ocupada, eu sabia por causa da sombra e por que uma cabeça estava se sobressaindo da cadeira. Eram cabelos castanhos muito claros a luz da noite e penteados suavemente para trás em um penteado conhecido.

Alertado pelo barulho dos meus passos esmagando a neve Louis virou a cabeça e em um segundo sua expressão passou de impassível a suave e ele sorriu se levantando do lugar.

Estava usando um casaco verde militar, calça preta e botas pesadas se inverno e para aumentar meu desconforto parecia mais forte, mais bonito do que da última vez.

Senti uma pontinha de felicidade em ve-lo, que passou muito rápido para um esturpor forte quando ele abriu os braços e me abraçou quando me aproximei.

-Caramba, parece que faz anos que não vejo você. -Disse ele baixinho próximo do meu ouvido.

Me senti pequena no meio daqueles braços, mas ao mesmo tempo a sensação do calor de outra pessoa foi bem vinda em contraste com o frio que estava fazendo

-Pois é. Parece mesmo. -Respondi deixando as mãos congeladas em suas costas sem mover nenhum músculo.

Ele deu uma risadinha e me soltou. Seu rosto estava corado e uma fumaça branquinha escapava de seus lábios quando a respiração quente de sua boca soltava o ar para fora se condensando.

-Vem, senta aqui. Espero que a Sadie traga logo algo para beber por que está congelando aqui em cima.

Ele puxou a outra cadeira para que eu sentasse mais perto e foi o que fiz ainda me sentindo meio petrificada. Por um momento ficamos apenas olhando para frente, ambos sem saber direito o que dizer. Eu pigarreei decidido ser a primeira a falar.

-Ei. Sobre aquele dia, queria pedir desculpas. Eu acho que tudo saiu um pouco do controle.

Ele levantou uma sobrancelha, como se não estivesse entendendo.

-Bem, não vejo por que tem que pedir desculpas por alguma coisa. Você... Não queria me beijar?

Fui pega desprevenida pela pergunta e engoli em seco. Não era aquilo que eu estava pensando.

-Não. Não foi isso. Estou falando de quando eu saí correndo e deixei vocês sozinhos. -Expliquei sentindo as bochechas começarem a esquentar.

Ele suavizou a expressão.

-Ah, sim... Não fiquei chateado com isso. Foi estranho, mas pelo que percebi, você não queria que aquele cara beijasse a... Como é mesmo o nome dela? Rose?

Desviei o olhar e fiquei mexendo no zíper do casaco. Por que eu tinha entrado naquele assunto?

-É. É esse o nome dela. -Respondi vagamente torcendo para que fosse o suficiente por que não ia responder a outra parte da pergunta.

-Entendi. -Ele fez uma pausa para respirar e passou a mão no cabelo o ajeitando para trás. -E está tudo bem entre vocês? Quer dizer, entre você e ele?

-Louis, se não se incomoda eu gostaria muito de não falar sobre ele. -O cortei, lançando um sorriso nervoso e suplicante. 

Não queria falar sobre Finn com ninguém, muito menos com ele.

-Ok. Por mim sem problemas. -Ele disse abrindo um sorriso de clara aprovação.

Me recostei na cadeira me sentindo muito mais cansada do que a minutos atrás. Sadie estava demorando de propósito e eu sabia disso.

-Eu queria te contar uma coisa. Preciso fazer isso, na verdade. -Louis disse depois de um tempo.

Virei o rosto para ele encontrando sua expressão preocupada de repente.

-Fale, o que houve?

Ele hesitou olhando para baixo, quando ergueu a cabeça outra vez olhou por cima da minha cabeça e seus ombros caíram.

-Nada, só que você está muito bonita hoje.

Não entendi sua rápida mudança de expressão e mesmo sendo pega de surpresa por suas palavras virei a cabeça para olhar para atrás e quase, por muito pouco, não achei que estivesse ficando louca.

-Ah, vocês são tão lindinhos. -Ela disse fazendo um biquinho com os lábios vindo em nossa direção.

Meu cérebro estava demorando a processar cada passo que ela dava, entrando em completa desordem

Ela abriu um sorriso largo vendo minha completa incredulidade e percebi quando Louis esfregou a mão no rosto ao meu lado quando ela olhou para ele.

-Surpresa?

Engoli em seco. 

-Eu diria que sim, Lexi.


Notas Finais


Aaaaah o q essa doida quer kkkk


Vamo de surto no grupo 😂

Até breve ♥️


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