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História The Change- Fillie - Capítulo 18


Escrita por: MabelSousa

Notas do Autor


Oiee.

Eu demorei um pouquinho para atualizar e por isso fiz um capítulo um pouco maior então espero que eu esteja perdoada rsrsrs


Boa leitura ♥️

Capítulo 43 - Capítulo 18



Finn.           

                                                Semanas depois...

Havia um enorme pacote com os matérias da campanha separados competentemente na minha frente. Eu já havia revisado tudo umas quinhentas vezes e reorganizado por ordem numérica mais umas cem. Foi o que me manteve ocupado a noite toda, na verdade era o que me mantinha ocupado todos os dias.

Deixei o copo de café esfriar até o ponto de ficar morno e só então levei a boca quase sem conseguir saborear a bebida que fria parecia ainda mais amarga.

-Você está muito ocupado aí?

Ergui a cabeça vendo Sophia do outro lado de sua mesa olhando para mim com a sobrancelha erguida.

-Não. Já terminei tudo.

Levar o trabalho da campanha com Oliver para o estágio na Buckers não era algo que eu deveria fazer, mas levando em consideração que o estágio já não tinha quase nada para me ocupar a manhã toda, comecei a fazer tudo ao mesmo tempo e isso incluía usar aquele tempo para deixar os dois trabalhos o mais adiantado possível.

Ela assentiu e levantou-se do lugar vindo até mim com uma folha na mão.

-É a lista da nossa festa de formatura. Estou confirmando quem vai para poder fechar o orçamento. Você tem certeza de que não vai participar mesmo? - perguntou, largando a folha na minha frente.

Dei um clique no computador para me desligar do sistema e peguei a lista dando uma olhada apenas por educação. Haviam tantos nomes que não me fixei em nenhum exatamente, muito provavelmente nunca nem havia conversado com metade daquelas pessoas em todos os cinco anos na faculdade então não havia ninguém que me motivasse a aceitar.

-Tenho. Depois da minha apresentação no simpósio só quero esquecer a UV para sempre. -Falei sorrindo e coloquei a folha de volta na mesa.

Sophia fez uma careta de desaprovação e pegou o primeiro panfleto que encabeçava o pacote de campanha. Ela deu um giro no calcanhar verificando as anotações depois virou para mim.

-Então... Esse Oliver Scott é realmente tudo isso?

-O que você quer dizer com "tudo isso"?

Ela deu de ombros e guardou a folha de novo, mas não do jeito certo, o que acabou de incomodando.

-Não sei. As pessoas estão falado muito sobre ele, mas ainda não me convenci de que merece meu voto.

Dei um tapinha em cima do pacote ajustando o que ela havia bagunçado e esmiucei um sorriso.

-Ele tem bons projetos. Está focado em coisas que os prefeitos antigos nunca deram muita atenção. Não estou dizendo isso só por que estou trabalhando com ele, mas por que sei que ele é o melhor.

Ela balançou a cabeça impressionada e cruzou os braços diante do peito. Seus cabelos estavam presos em um coque, mas haviam mechas soltas na frente do rosto que ela colocava para trás vez ou outra como um tic nervoso. Havíamos conversado muito pouco ultimamente, não por causa dela, mas por mim que sempre evitava ultrapassar os limites do nosso trabalho.

-Sei. Você parece muito cansado, será que a campanha não têm te esforçado demais?

Deixei escapar um riso sem graça e balancei a cabeça. Tudo me cansava, mas o meu trabalho e o tempo gasto com o projeto era o que menos me deixava exausto. Só que eu não podia falar para ela o real motivo da minha aparência desgraçada.

-Eu gosto de me manter ocupado. Além disso estou fazendo o possível para que ele ganhe, vai ser bom para todos nós e para mim também.

-Talvez você devesse descansar um pouco. Não está a fim de ir ao cinema? Podíamos ver aquele filme que...

-Não vai dar. Realmente não estou com tempo, mas, fica para uma próxima. -A cortei antes que ela terminasse de falar.

Já deveria ser a décima vez que Sophia insistia em tentar sair comigo e mesmo que eu me sentisse mais sozinho do que nunca, não poderia aceitar por que ela esperaria muito mais de mim. E para ser sincero já tinha gente demais depositando confiança em mim para ter mais alguém fazendo isso.

Ela assentiu como todas as vezes e não insistiu mais mesmo que isso não significasse que não tentaria de novo. Olhei para o relógio vendo que já eram onze da manhã e levantei da cadeira.

-Tenho que ir. Você tem carona para casa? -Perguntei já colocando o blazer por cima da camisa.

-Tenho. Meu pai vem me buscar daqui a pouco.

Maneei a cabeça e me aproximei dando um suave beijo em sua testa e me afastei rapidamente.

-Então a gente se vê amanhã.

Peguei o meu pacote sobre a mesa e o arrumei dentro da pasta e fui embora ciente de que ela me seguiu com o olhar até que eu fechasse a porta.

No estacionamento quase me esqueci que não era mais a velha picape que estava me esperando e sim um modelo simples da Dodge Journey prata comprado de segunda mão a algumas semanas. Tinha sido difícil me livrar do meu carro detonado, mas tive que fazer o sacrifício ao ver o padrão de carro das outras pessoas que trabalhavam com Oliver. Aparentemente, as pessoas haviam deixado de usar picapes antigas e capengas a muitos anos e só eu parecia estar congelado no tempo.

O ronco do motor forte era algo que eu gostava de ouvir e sentir, assim como os bancos quase novos e confortáveis do carro, mas nem isso apagava da minha cabeça o quanto eu gostava mesmo de um motor pifando e de bancos soltos. Para além da parte técnica a picape estava carregada de lembranças, boas e ruins das quais eu também não conseguia apagar da minha mente. 

Estacionei em frente a escolha primária de Vancouver, a York House e esperei cerca de cinco minutos vendo crianças correrem pelo jardim até uma cabeça loira se destacar na minha visão vindo com passos lentos na direção do meu carro.

Respirei fundo e esperei até que Sarah abrisse a porta e se sentasse ao meu lado colocando a mochila nas pernas. Como nos dias passados, ela não disse nada, nem mesmo olhou para mim preferindo o ocupar a visão no lacinho vermelho que prendia a ponta da trança em seus cabelos.

Mesmo que tivessem se passado muitos dias desde minha briga com Susan que ela presenciou, Sarah não conseguia voltar ao normal comigo e cada vez que eu insistia em me reaproximar ela me afastava, o que não queria dizer que eu já havia desistido.

-Aquela sorveteria perto do prédio está com uma promoção ótima. Podemos passar lá e comprar o seu favorito, o que acha? -Lancei a pergunta cheio de esperança quando liguei o carro e sai da entrada da escola.

Sarah manteve a cabeça abaixada e a balançou negativamente ainda com o olhar fixado no lacinho.

-Vamos, Sarah, podemos comprar o da embalagem maior, assim você vai ter bastante para o resto da semana. -Insisti novamente, agora testando dar um empurrãozinho suave em seu ombro.

Ela ergueu o rosto e espremeu os lábios para mim.

-Não. Eu quero ir para casa.

Engoli em seco e assenti. Geralmente tinha sido assim nos últimos dias, mas eu não aguentava mais. Diminui a velocidade de propósito e pigarreei.

-Eu sei que você ainda está chateada comigo, pelo que ouviu da minha conversa com a sua mãe, mas quero que saiba que nada disso tem a ver com você. Nós dois só queremos o seu bem.

-Você disse que odiava a mamãe. -Lembrou ela cruzando os braços ao redor da mochila parecendo aborrecida.

Eu não fazia ideia do quanto ela tinha escutado da conversa e por isso fui pego de surpresa por aquela acusação. Depois de hesitar por um tempo respirei fundo e apertei o volante na mão. Tinha sido fácil lidar com Susan ultimamente já que nem nos falavamos mais do que o necessário, mas a distância que Sarah progetava entre a gente me incomodava em tantos níveis que mais uma vez me arrependi de tudo o que tinha acontecido naquele dia.

-As vezes nós adultos ficamos com raiva um do outro e falamos o que vem na nossa cabeça. Sei que isso é errado e não queria que você tivesse ouvido nada.

Sarah estava prestando atenção, eu sabia mesmo quando ela insistia em não olhar para mim. Ela franziu o cenho.

-Então você não odeia ela? -Perguntou com uma curiosidade genuína.

Eu tinha tido muito tempo para pensar no que falei e minhas desconfianças não haviam mudado, mas eu nunca podeira dizer nada para Sarah, pelo menos não até descobrir toda a verdade. Quando parei no sinal me virei no banco e olhei para a garotinha ao meu lado. Ela não sabia de nada e não tinha culpa também e só eu sabia o quanto queria poder priva-la de toda a dor que temia estar por vir.

-Não odeio. -Afirmei com precisão. -Mas as coisas são complicadas entre ela e eu e as vezes é melhor manter uma certa distância até que essas coisas se resolvam. Isso não quer dizer que não vou ajudar vocês duas no que for preciso e principalmente não quer dizer que não gosto de você.

Ela levantou as sobrancelhas como se só naquele momento tivesse tido a certeza do que eu estava dizendo, pelo visto minha postura em ter ficado calado o tempo todo tinha trazido consequências muito sérias entre nós e era tudo o que eu não queria. Quando me lembrava da forma como Sarah me olhou, com medo de mim...

-Mas como eu posso gostar de você se você não gosta da minha mãe? Ela vive triste e isso é muito chato.

Sarah passou as mãos pelo rosto com uma expressão exausta, o contrario do que uma criança tão pequena deveria parecer e a culpa era totalmente minha. Sem saber mais o que responder, falei o óbvio, tudo o que vinha guardando a muito tempo.

-Sarah, me desculpe pelo que eu disse e pela forma como me comportei nos últimos dias. -Fiz uma pausa para respirar. -Não posso pedir que entenda o que está acontecendo e respondendo a sua pergunta sobre gostar ou não de mim, essa é uma escolha inteiramente sua. Se quiser continuar sem falar comigo eu vou entender e não vou mais tocar nesse assunto, mas quero que saiba que eu amo você como se.. como se fosse minha irmã mais nova e que vou estar sempre por perto quando precisar independente de qualquer coisa.

Ela escutou tudo com muita atenção e pela primeira vez levantou a cabeça olhando para mim de verdade. Ainda parecia confusa ou incerta sobre o que deveria responder e talvez por isso tenha escolhido não dizer nada e apenas moveu a cabeça como se tivesse entendido.

Quando o sinal abriu eu voltei a dirigir e então passamos o restante do caminho em silêncio, mas dessa vez foi um silêncio confortável para nós dois. Parei em frente ao prédio e ela foi a primeira a descer do carro. Quando desci senti um misto de alívio e felicidade ao vê-la correr para dar a volta e abraçar minhas pernas, algo que nunca mais havia feito. Me abaixei ficando na sua altura e a envolvi com os braços sentindo saudade daquele contato e pela primeira vez em muito tempo me senti quase vivo outra vez.

-Eu queria que você fosse meu pai... quer dizer, as vezes digo para as meninas na escola que eu tenho um e é você quem eu imagino. -Ela confessou encostando a cabeça em meu ombro.

Senti todos os meus músculos se retesarem e em resposta apenas afaguei seus cabelos. Não podia culpa-la por se sentir assim mesmo que eu mesmo não conseguisse me colocar naquele papel. Era estranho e era demais para mim.

-Nao importa que eu não seja um de verdade, mas sou seu amigo e quero continuar sendo para sempre. -Respondi com a esperança que ela entendesse e não repetisse mais aquelas palavras.

-Tudo bem. -Ela assentiu e então se afastou.

Sua mão pequena varreu o cabelo da minha testa e colocou uma mecha para trás.

-Mais tarde podemos ir na sorveteria, então? -Perguntou com um sorriso divertido nos lábios.

Eu retribui e segurei sua mochila para entramos em casa.

-Claro que sim. Você pode fazer uma lista com os sabores e podemos comer um diferente todos os dias. Claro que tem que ser depois do almoço e tem que me prometer que não vai assaltar a geladeira a noite e vai escovar bem os dentes antes de dormir.

Ela apertou minha mão dando um pulinho de felicidade.

-Fechado, Finnie!

Subimos as escadas do prédio até chegar em nosso andar e Sarah afastou sua mão pegando a mochila de volta.

-Vou entrar, a mamãe está me esperando. -Ela disse soltando um suspiro menos feliz parada na frente do outro apartamento.

Mexi nos seus cabelos e beijei sua cabeça suavemente.

-Esta bem. Nos encontramos mais tarde, tudo bem?

-Vou ter que falar com ela antes. -Sarah lembrou fazendo um maneio de cabeça em direção a porta.

-Claro, se ela deixar a gente vai. -Emendei rápido. Obviamente nem me passava pela cabeça que Susan tinha que permitir aquilo. Só pedi internamente que ela não atrapalhasse aquele pequeno progresso.

Quando Sarah entrou em casa ouvi um barulho atrás de mim e virei a cabeça vendo Caleb encostado na parede do corredor, ele estava com os braços cruzados parecendo bem interessado no que tinha acabado de ver então ridiculamente senti minhas bochechas esquentarem.

-Esta aí a muito tempo? -Perguntei encaixando a chave na fechadura.

-O bastante para assistir o papai do ano entrando em ação.

Revirei os olhos ainda sem me virar e abri a porta. Foi bom ele ter aparecido, realmente precisávamos ter uma conversa.

-Entra aí. E fecha a porta. -Pedi me direcionado logo em seguida para o sofá depois de largar a pasta em cima da mesa.

Ele fez o que pedi e depois caminhou até mim sentando-se na minha frente. Seu olhar era de análise, como se eu fosse uma espécie de incógnita que ele não conseguia decifrar. Quando percebi que ele não iria falar nada fui direto ao assunto.

-Eai? Alguma novidade? -Fiz um maneio de cabeça indicando o apartamento ao lado, ou melhor, Susan.

Ele saiu da distração em que estava e se recostou no sofá abrindo os braços no encosto.

-Nada. Absolutamente nada. Igual a ontem e como a duas semanas atrás.

Deixei escapar um suspiro de derrota e comecei a desatar o nó da gravata. Já estava muito acostumado com aquela mesma resposta e sinceramente não me surpreendi apesar de me sentir frustrado da mesma forma. Não haviamos conseguido nada e isso realmente era revoltante.

-Mas se quer saber, eu ja sei o que você pode fazer para mudar essa situação. -Ele disse depois de um tempo me analisando de novo.

-Esta brincando? Diz logo de uma vez então! -Exigi quase desesperadamente.

Ele respirou fundo e cruzou os braços.

-Voce tem que pedir desculpas a ela. -Explicou, como se fosse óbvio.

Antes mesmo que Caleb terminasse de falar eu já estava balançando a cabeça.

-No que isso me ajudaria? Aliás eu não vou pedir desculpas, não quando sei que não estou errado na história.

Ele estalou a língua na boca e revirou os olhos de impaciência.

-Você por acaso usa a cabeça para alguma coisa além de se matar de trabalhar? É sério, tem que estudar seu cérebro, para algumas coisas você é lerdo demais!

Não respondi, fechando a cara em uma carranca, então ele continuou.

-Olha só. A Susan pode ser tudo, mas ela não é burra. Ela sabe muito bem que você está desconfiado e que está esperando qualquer passo em falso dela para agir. Ela precisa saber que você confia nela, precisa se sentir segura.

Levantei uma sobrancelha, ainda pouco convencido. Na verdade a única coisa que eu conseguia me concentrar era no fato de que ele havia me mandado pedir desculpas e isso certamente era algo que eu não queria fazer nunca.

-E você acha que isso vai mudar se eu simplesmente chegar e pedir perdão? -Soltei uma risada incrédula. -Você não conhece ela, nenhum pouco.

-É por isso que não pode ficar só no pedido de desculpas. Pensa só. Desde que vocês brigaram ela não sai de casa, o que torna difícil segui-la para qualquer lugar e impossível entrar lá dentro. -Ele levantou do sofá, começando a disparar a sequência de pensamentos que vinham lhe ocorrendo como um verdadeiro especialista. -Se você pedir desculpas, demonstrar que está arrependido e que confia nela, com certeza isso vai mudar e ela vai se arriscar em algum momento.

-O que você está sugerindo? Quer que eu...

-Não estou sugerindo nada ainda. -Ele me cortou levantando a mão para que eu diminuísse o tom. O que era um pedido bastante inteligente tendo em vista a finura das paredes que nos separavam. -Quer dizer, sugiro que a convide para um jantar para começo. Assim vou poder entrar lá e achar alguma coisa importante.

-Não sei. -Balancei a cabeça tentando muito encontrar realmente sentido naquele pedido. -Não acho que ela não esteja saindo por minha causa. Eu mal fico aqui, ela poderia fazer qualquer coisa que quisesse enquanto eu estivesse fora.

-Mas ela não faz. Estive vigiando o tempo todo e te garanto que ela nunca saiu daqui de dentro. -Ele ponderou, firme e voltou a se sentar. -Se ela não está com medo de você, então vamos ter que admitir que ela está contando a verdade e que no final nos dois estamos enganados.

-Não. -Foi a minha vez de levantar me recusando a aceitar aquela parte. Parei um instante para pensar então disse: -Tem uma coisa que não sai da minha cabeça desde que brigamos. Em um momento eu ameacei tirar a Sarah dela. Disse que se ela saísse daqui para morar em qualquer lugar menos apropriado eu conseguiria fazer com que tomassem a menina.

Caleb juntou as sobrancelhas depois achou graça de um jeito maquiavélico.

-Você fez isso? Caramba que pesado, mas você sabe que não faz nenhum sentido não é? Mesmo que você provasse que ela não tem condições financeiras de cuidar da criança as autoridades nunca afastariam uma mãe por isso, ajudariam as duas.

-Eu sei sim. O problema é exatamente esse. Ela se assustou com a possibilidade, ou seja, ela teme que eu consiga tirar a sarah dela. Eu conheço a Susan muito bem, se ela não estivesse com medo ela sairia daqui sem ligar para a minha ameaça, mas ela se importou, realmente ficou com medo e por isso continuou morando aqui mesmo que não esteja falando comigo.

Caleb ergueu as sobrancelhas parecendo finalmente entender.

-Então.. se ela está com medo..

-Significa que está escondendo alguma coisa. Não uma coisa qualquer, mas algo grave o suficiente ao ponto de que ela tema que tirem a Sarah dela. -Completei seus pensamentos.

-Puta merda. -Ele espremeu os lábios pensando no assunto e fechou as mãos em punhos. -O que pode ser?

-Não faço idéia, mas sei que existe alguma coisa, é por isso que não posso acreditar que ela esteja contando a verdade. Sei que não está.

Me sentei de volta no sofá sendo consumido pelas mesmas dúvidas que me alimentavam a semanas.

-Sempre achei esquisito essa história do marido dela ter morrido tão de repente. Vai ver ela mesma o matou. -Caleb divagou, mas estava falando com um tom de voz muito serio.

Já havia cogitado aquela possibilidade, mas pensar naquilo soava quase tão ridículo quanto falar.

-Não acho que seja para tanto. Quer dizer, se ela tivesse matado ele sinceramente eu nem a culparia por isso. Ele era um porco, a morte foi pouco pra ele.

-Ela pode ser uma bandida, tipo, vai que ela está sendo procurada pela polícia ou algo assim? Não dá para saber é por isso que eu tenho que entrar lá dentro.

Segurei o queixo com os dedos tentando pensar se realmente seria minha única opção me aproximar de Susan outra vez. Já haviam se passado muito tempo e eu duvidava que ela aceitaria minhas desculpas, além disso, eu mesmo não queria.

-Não sei se ela vai aceitar. Eu perdi a cabeça naquele dia, falei muita coisa pra ela.

Caleb suspirou entendiado e mexeu nos cabelos ralos.

-Tenho certeza que a vadia também não te poupou de uns bons insultos. Ela vai aceitar sim, é louca por você. E o louca que estou falando não é no sentido figurado.

Louca por mim? Essa é boa. Susan foi a primeira a falar que me odiava.

Dei de ombros, mas então algo me veio em mente.

-Tem a Sarah. Não podemos sair e deixa-la sozinha.

-Deixa com a sua mãe. Ou paga uma babá tenho certeza de que esse vai ser o menor dos problemas... Olha, sei que não quer se aproximar dela, mas não vejo outra opção. Não precisa passar de algumas conversas, você sabe.

Afirmei com a cabeça. Mesmo que ele sugerisse que eu fizesse algo a mais nunca aceitaria, já parecia ruim demais só conversar com ela imagina outra coisa.

-Tudo bem. -Sibilei concordando. -Vou fazer isso, mas espero que não precise prolongar essa situação por muito tempo.

Ele abriu um sorriso vitorioso e assentiu.

-Não vai. Logo menos a gente vai ter descoberto tudo, você vai ver.

Confirmei com a cabeça, rezando muito para que ele estivesse certo.

-Ok. Tenho que ir. Consiga esse jantar ainda hoje e deixa o resto comigo.

-Vou fazer isso. -O segui até a porta.

Antes que Caleb saisse ele me parou e virou para mim. Estava com o cenho franzido.

-Você tem certeza de que nunca rolou nada entre vocês dois além de uns amassos no carro naquela época?

-Que? Que pergunta é essa? É claro que eu tenho certeza! -Respondi indignado com a pergunta.

Ele relaxou e então sorriu.

-So estava curioso. Sabe, chegou a me passar pela cabeça que... Sei lá, se vocês tivessem ido mais além a menina poderia ser sua filha, mas se tivesse rolado você se lembraria. -Ele riu e deu um soquinho no meu ombro. -Loucura, não é?

Apenas desviei sua mão e o empurrei para longe deixando que ele fosse embora rindo ainda mais.

Loucura? Não. Era impossível.

Só depois de me recuperar daquela brincadeira sem graça juntei força o suficiente e bati na porta do apartamento de Susan. Não havia preparado um discurso, nem se quer tinha pensado nas palavras que usaria, mas torci para que meu cérebro pudesse me ajudar a forjar uma boa cena. Precisava disso.

Demorou alguns minutos até que a porta se abrisse e Susan aparecesse. Se não fosse ridículo dizer aquilo, parecia que não nos víamos a muito mais do que algumas semanas. Ela estava como sempre, de cabelos soltos arrumados e usando um vestido de cor única preso na cintura com um cinto, mas eu senti os efeitos que sua imagem me causavam. Dei um passo involuntário para trás e respirei fundo vendo sua cara passar de surpresa para inexpressiva.

-Ham, a Sarah está almoçando agora. Ela me disse que você vai leva-la a sorveteria então se puder esperar ela já deve estar terminando. -Disse ela abaixando a cabeça sem me encarar.

Não acreditava que estava passando por aquilo de novo, mas tinha que me esforçar. Caleb estava certo, era a única opção.

-Eu vim falar com você. -Falei colocando as mãos fechadas dentro dos bolsos.

-Comigo? -Ela arregalou os olhos azuis incrédula. -O que foi?

-Você pode fechar a porta, por favor? Eu não quero que a Sarah escute, de novo. -Murmurei propositalmente mais baixo.

Ela ainda parecia não acreditar mas fez o que eu disse passando totalmente para o lado de fora do apartamento e fechando a porta. Por um momento ficamos apenas nos encarando, eu não conseguia mais juntar nenhuma palavra e Susan começou a ficar nitidamente sem paciência.

-Olha, se você veio aqui para me humilhar novamente eu...

-Me escuta primeiro, está bem? -A interrompi.

Passei as mãos pelo rosto na tentativa de evitar mais uma briga e finalmente disse:

-Isso entre você e eu tem que acabar. Eu sei que a culpa foi minha. Naquele dia eu perdi a cabeça e disse muita coisa que eu realmente não queria dizer.

Ela ficou ainda mais surpresa, mas sua postura não se alterou nenhum pouco deixando claro que ainda não era o suficiente.

-Você precisou de muito tempo para notar isso. Já fazem semanas. -Disse ela cruzando os braços.

-Eu sei, Susan, mas Olha bem pra tudo o que aconteceu, o que eu tive que passar nesses últimos dias. Não tive tempo nem coragem o suficiente para vir até aqui e pedir desculpas mas agora estou fazendo isso, estou reconhecendo meu erro. -Menti. 

Ela soltou um suspiro cansado. Como se não acreditasse e colocou uma mecha de cabelo para trás.

-Não sei Finn. Você e eu dissemos coisas horríveis um para o outro e eu não acho que dê para esquecer isso tão facilmente.

imaginei que ela não cederia tão fácil então realmente não fiquei surpreso com a sua relutância. Não queria acabar exagerando no meu teatro, mas conhecia Susan bem o suficiente para saber o que ela queria ouvir.

-A culpa foi minha. Eu não tinha o direito de fazer acusações nem exigir que você me provasse qualquer coisa. Fiquei com raiva por que pensei que deixaria a Sarah sozinha e acabei perdendo a cabeça. Sei que o que você falou comigo tambem foi de cabeça quente. Não foi? -Levantei uma sobrancelha esperando pacientemente a resposta.

Ela começou a descascar a tinta do cinto com os dedos e ficou calada por alguns segundos antes de erguer a cabeça e responder:

-Sim. Também não queria ter te comparado com o Marvin e não queria dizer que te odeio por que não é verdade, nenhuma das duas partes.

Um frio na espinha congelou meu corpo ao me lembrar da nossa briga, em especial daquele momento mas não disse nada, esperando que ela concluísse.

-So não sei como vamos resolver isso. Tenho medo de acontecer outra vez.

-Não vai. -Garanti com uma segurança que surpreendeu até a mim. -Vamos jantar fora hoje em um restaurante, o que me diz?

Ela pestanejou e deu um passo para trás se encostando na parede.

-Jantar fora? A Sarah tem lição de casa e..

-Pois é, seria apenas eu e você.

-Eu e você... -Susan murmurou, parecendo ainda mais incrédula do que nunca.

-Sim, eu acho que a gente precisa conversar sozinhos.

Ela esfregou o rosto com a mão e sua postura decaiu demonstrando que havia sido pega pelas minhas palavras, bem do jeito que imaginei.

-Então? Você aceita? -Perguntei quando ela não respondeu.

-Bem, pode ser, mas não tenho com quem deixar a Sarah.

-Vou arranjar o número de alguma babá, não vai demorar demais e elas podem ficar na minha casa. -Sugeri me lembrando ainda que a casa de Susan teria que ficar vazia para que Caleb entrasse lá dentro.

Susan recusou com um gesto de cabeça.

-Não confio em alguém que não conheço, ela poderia ficar com a Mary.

-Como é? -Arregalei os olhos sem acreditar. -Achei que você não quisesse isso.

-Eu sei. -Ela fez uma pausa e desviou o olhar. -Mas começo a trabalhar na UV semana que vem e tudo foi graças a ela, não quero ocupa-la demais, mas sei que ela gosta da Sarah e as duas quase nunca se viram nem conversaram.

Franzi o cenho com aquela novidade. Primeiro que Susan sempre fez muita questão de não deixar que minha família se aproximasse demais e segundo que eu não fazia ideia de que minha mãe havia conseguido o emprego. Desde minha última briga com Nick tínhamos nos falado cada vez menos então saber daquilo por Susan me deixou muito mais preocupado do que aliviado.

-Ela não me contou isso. -Falei mais para mim do que para ela.

Susan esmiuçou um sorriso se compaixão.

-Ela está chateada com você, mas acho que iria te contar sim, eu só soube hoje de manhã.

-Certo, então você pode falar com ela sobre a Sarah já que são tão amigas de novo e ela não quer conversa comigo. -Alterei o tom de voz sem querer e então pigarreei na esperança de me conter. -Você pode fazer isso?

-Posso, vou ligar para ela daqui a pouco. Para onde você vai me levar? -Ela perguntou nitidamente mais ansiosa.

Para lugar nenhum, era o que eu queria dizer, mas no final abri um sorriso falso e pisquei o olho.

-É uma surpresa.

Ela sorriu de volta e suas bochechas coraram. Era uma surpresa para mim também.

-Ok, as oito eu estarei pronta.

-Eu passo aqui.

Sem esperar para ver o seu semblante de vitória e ansioso para me afastar dei um tchau sem graça  e entrei de volta no apartamento.

Se aquilo não fosse realmente necessário estaria me sentindo o maior otário do mundo por estar entrando naquele jogo maluco outra vez, mas Caleb tinha razão, se eu quisesse descobrir alguma coisa tinha que dar minha falsa confiança para ela, só não sabia o quanto mais conseguiria fingir.

Quando a tarde caiu, como prometido levei Sarah até a sorveteria e compramos meia dúzia de potes de sorvetes variados. Tudo teria ocorrido muito bem se eu não estivesse com a cabeça tão presa no pensamento do que estava prestes a fazer e tivesse de fato conseguido aproveitar aquele momento. Ao menos Sarah parecia feliz e eu sabia que não era só pelo sorvete, ela havia realmente sentido minha falta.

Quando a deixei em casa com os braços preenchidos pelas embalagens da sorveteria corri para a minha sala e liguei a Tv deixando a porta do apartamento trancada.

Tinha esperado demais por aquele dia, por aquele horário específico como na semana anterior em que Millie iria a mais um programa de entrevista.

Dessa vez era no programa do Piers Morgan e eu havia comprado um pacote de TV exclusivo com a programação britânica. Sempre odiei assistir qualquer coisa que não fosse da cultura Geek ou o canal de política, mas como não tinha nenhuma outra opção para vê-la foi a primeira coisa que comprei.

Já tinha assistido a dois nas semanas anteriores e sempre me mantive atento a qualquer sinal de que ela apareceria de novo. Tinha feito um cronograma com os horários dos programas e outras coisas em que ela estaria presente desde comerciais até a data de lançamento do trailer do filme que sairia dentro de alguns dias.

Obviamente assistir a tudo não chegava nem mesmo perto de apaziguar a saudade que eu sentia, mas eu não tinha nenhuma outra opção se não aquilo. Geralmente ela nunca ia sozinha, sempre acompanhada do restante do elenco e isso incluía Louis também.

Apesar do meu inevitável ciúmes eu sempre ficava aliviado quando ela dizia que os dois não tinham nada e que não passavam de bons amigos mesmo que isso não significasse que os intervistadores não fossem refazer a pergunta em todos os outros programas.

Daquela vez Piers Morgan a anunciou sozinha pela primeira vez e o som das palmas explodiram enquanto ela entrava sendo ovacionada pela platéia.

Deixei o sofá propositalmente perto da TV pequena e assisti com atenção seu rosto lindo se iluminar a cada passo que dava até o sofá onde o apresentador estava. As palmas altas e os gritos pareciam ficar cada vez mais fortes combinando com as batidas do meu coração que estava quase saindo pela boca transbordando de orgulho, amor e saudade. 

Ela estava linda. Impecável. Deslumbrante. Usava um vestido justo de couro que ia até o meio das coxas quase se juntando com o início das botas altas da mesma cor. Dava para ver que estava eufórica como todas as vezes e talvez pelo fato de entrar sozinha parecia um milhão de vezes mais confiante embora sempre roubasse a atenção estando com quem quer que fosse.

O apresentador a cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto e senti um misto de inveja e ciúmes no mesmo momento. Quanto tempo fazia que eu não a tocava? Que não sentia seu perfume e seu calor? Muito tempo, tempo demais para ser sincero.

Apertei a almofada no colo tentando relembrar daquele toque do qual eu daria tudo para sentir outra vez e mal prestei atenção nas perguntas que o cara estava fazendo. Só conseguia olhar para ela e me irritava quando o corte na câmera fazia com que ela sumisse para mostrar a platéia ou imagens do filme passando na tela.

Quando acontecia de passar trechos do filme eu desviava o olhar, por que aparentemente as pessoas só se interessavam pelas cenas em que ela estava se agarrando com Louis e isso era algo que eu realmente não queria ver.

Quase no final da entrevista, quando o programa voltou do último comercial, Piers levantou-se da bancada anunciando que teria uma surpresa para Millie.

Aquela altura ela já havia tirado o casaco e ele estava estendido em suas pernas deixando seus ombros a mostra. Deu para ver que ela ficou bastante intrigada com a mudança na programação e as luzes de repente ficaram mais baixas deixando apenas um foco pequeno iluminando seu rosto.

Por alguma razão fiquei apreensivo na expectativa de que não fosse nada demais, ou algo que na verdade já tivesse sido planejado. Essas coisas acontecem, não é? Celebridades inventam que não sabem de nada quando já estava tudo muito ensaiado?

O problema era que eu a conhecia bem demais para saber que ela não fazia a menor ideia do que estava acontecendo ali. Seus lábios estavam abertos em um sorriso nervoso e contido e as mãos apertavam o casaco no colo enquanto uma música ridícula e melosa começou a soar no programa.

Afastei a almofada de mim e fiquei ainda mais perto da tv. Não estava gostando de nada daquilo.

Segundos despois houve um corte na câmera mostrando o lugar por onde os convidados entravam e então ele apareceu. Louis. Carregando um buquê de flores nas mãos como um perfeito idiota.

A platéia voltou a rugir e as palmas se tornaram quase ensurdecedoras.

Porra, não. Que merda é essa?

A câmera começou a andar acompanhando-o e não voltou a mostrar Millie me deixando  mais nervoso ainda. Louis se aproximou do apresentador e eles deram as mãos depois houve um corte para um plano mais aberto que mostrava o estúdio inteiro e Millie apareceu de pé visivelmente chocada.

A música foi ficando mais alta e Louis foi até ela lhe entregar o buquê de flores ridículo.

 Eu levantei no momento em que Millie aceitou a porcaria e os dois se abraçaram, Louis envolvendo os braços em sua cintura enquanto ela se forçava em cima dos saltos para ficar mais na sua altura.

  Caralho.

Ele disse alguma coisa em seu ouvido que a fez dar um sorriso forçado mas não dava para ouvir nada pois o microfone dos dois estavam obviamente desligados.

Quando a música abaixou o apresentador voltou para a frente do estúdio começando a se despedir do público e as letras de encerramento começaram a subir na tela. Dava para ver que Louis não largava Millie mesmo com a porra do programa terminando.

O que ele disse a ela? O que ela respondeu?

Sacudi a tv com uma vontade irracional de arremessar a porcaria no chão, mas já era tarde e o programa havia terminado sem me dar nenhuma sugestão do que inferno tinham sido aqueles últimos segundos.

Fiquei parado encarando a Tv que já tinha passado para outra programação sem saber o que pensar ou o que fazer em relação aquilo. Na verdade o que me frustrava mais era exatamente o fato de não poder fazer nada. De não saber nem entender o que tinha acontecido.

Já passavam de três semanas e ela nunca me ligou, nunca respondeu a nenhuma mensagem minha. Comecei a pensar em tudo o que havia ocupado sua mente naquele tempo em que eu me dediquei a acertar minha vida, não só por mim mas por nós dois. Será que ela ao menos estava pensando nisso? Será que lá no fundo ela ainda sentia alguma coisa por mim além da mágoa?

Louis estava por perto. Os dois estavam juntos o tempo todo. E se ela descobriu que gostava dele? Se eles estavam secretamente namorando e...

-Não. Não. -Murmurei para mim mesmo e balancei a cabeça.

Ela não ia fazer isso comigo. Não quando sabia que eu estava me desdobrando para consertar tudo. Faltavam pouco mais de dois meses para ela voltar e quando fizesse isso íamos nos resolver. Louis não significava nada além de um amigo. Só amigos.

Decidido a pensar assim, por um milagre consegui voltar a raciocinar corretamente e me arrumei para meu encontro com Susan. Era tudo o que eu não queria fazer, mas agora estava mais determinado do que qualquer coisa para finalmente acabar com todo aquele tormento.

Mandei uma mensagem para Caleb avisando que estaria saindo dentro de alguns minutos e antes de ir até o apartamento ao lado mexi na galaria do celular e abri uma foto de Millie que eu havia recuperado do antigo celular. Foi no dia em que fomos para a casa de David pela última vez e estávamos na ponte sobre o rio. Ela estava sorrindo com o copo de bebida nos lábios e dava para ver um vislumbre do biquíni laranja por baixo da alça do vestido. Era meu biquini favorito. Deslizei o dedo sobre seu rosto e encostei a testa na porta.

-Estou fazendo isso por você. Por favor espere por mim.

Depois de mais alguns segundos para me preparar guardei o telefone de volta no bolso e fui ao apartamento de Susan pensando que eu daria qualquer coisa no mundo para nunca ter que fazer aquilo outra vez na vida. 


Notas Finais


O Caleb conspirando, acho q vou colocar ele no nosso grupo kkkk
O q vcs a acham q ele vai encontrar na casa da Susan? E o q vcs acham que e Louis disse pra Millie no programa?? Aiai ansiosa para as teorias ♥️♥️

Gente como sei q vocês estão ansiosos por isso anuncio que nos próximos capítulos -acho que daqui um ou dois- vai ter interação Fillie e agora vou escrever dando uns pequenos saltos no tempo pra não ficar longo demais.


Até breve ♥️


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