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História The Clash 2 - The Distance, The Overcoming and The Change - Baque Part.1


Escrita por: TakaishiTakeru

Notas do Autor


Esse capitulo ficou bem grande, então eu tive que dividir ele em dois, então vamos lá...

Capitulo narrado pelo Jeff

Capítulo 28 - Baque Part.1


Um arrepio toma conta de mim, e por alguns segundos fecho os meus olhos. — Eu realmente ouvi um tiro? Max... Você teve coragem de fazer isso? — Abro meus olhos ainda sem acreditar, e o vejo ainda parado de joelhos no chão com a arma apontada para o peito. — Gotas de sangue caem no chão, porém o sangue não é seu... Vejo então Spencer com a mão no peito. — Ele foi baleado?

 

— Pai? — Robert o chama assustado.

 

   Todos aqui estão sem entender o que está acontecendo. — Spencer então se vira para a entrada do cofre, e só então vemos o autor do disparo.

 

— Claro... — Spencer resmunga. — Tinha que terminar assim, e por suas mãos... Yan.

 

   Meu pai... Meu pai atirou em Spencer. — Spencer cai desacordado no chão. — Meu pai está parado ainda na entrada do cofre com a arma ainda apontada para Spencer, em seu olhar nenhum arrependimento, muito pelo contrário, ele parece realmente satisfeito em ter feito isso.

 

— Pai? — Robert insiste ainda mais assustado.

— Pai! — digo perplexo. — O que você...

 

   Nesse exato momento Leonard e Jéssica entram no cofre, seguidos de dois policiais. — O que Jéssica faz aqui?

 

— Yan, o que você fez? — Leonard pergunta assustado ao ver o Spencer caído no chão.

— Pai! — Lucy grita ao vê-lo.

— Lucy...

 

   Leonard vê Max no chão, mas parece não reconhecê-lo, corre até Lucy e consegue desamarra-la de junto a Sarah. — Mais policiais então invadem o cofre, rendendo os capangas de Spencer.

 

— Desculpe por isso Yan. — Jéssica diz em sussurros. — Ele matou aquele homem, prendam ele! — Jéssica então grita.

 

   Não tive tempo de reação, nenhum de nós teve na verdade, ainda estamos em choque com tudo o que aconteceu aqui. — Os policias enfim nos libertam. — Robert corre para junto do seu pai, enquanto eu vou até o Max, que ainda está de joelhos no chão segurando aquela arma.

 

— Max? — tento chamar sua atenção. — Max, está me ouvindo? — pergunto.

 

   A Gangue dos Trilhos é levada pela policia para fora do cofre, assim como Sarah, Jasper, Leonard, Jéssica e meu pai.

 

— O que está acontecendo com ele? — pergunto assustado. — Ele parece... Parece que está congelado.

— Está tendo um surto. — Lucy diz se ajoelhando atrás dele.

 

   Ela então segura suas mãos e o faz largar a arma, e o coloca deitado sobre ela.

 

— Max... Eu estou aqui. — ela sussurra para ele. — Todos nós estamos aqui, estamos todos bem.

— Maximilian! — Paul o chama severamente. — Levante!

 

   Em um ato de fúria me levanto e soco seu rosto.

 

— Como ousa? — Paul me questiona.

— Como ouso? — repito. — Você fez isso com ele, pare de piorar as coisas.

— Paul! — Lucy grita. — Por favor, olhe o estado do seu filho.

 

   É difícil olhar para ele dessa forma, suas roupas estão rasgadas, ele está ferido em varias partes do corpo, e seus cabelos raspados, não totalmente, mas os seus cabelos que sempre foram seu orgulho foram arrancados dele. — O que aquele maldito fez com você? — Max, por favor, volta pra mim. — Paul sai do cofre no exato momento em que os paramédicos chegam.

 

— Por que ele não fala nada? — pergunto já inquieto.

— Não sei. — Lucy responde me deixando ainda mais nervoso. — Eu nunca o vi desse jeito antes, da última vez ele só surtou, mas agora ele parece ter entrado em estado de choque.

 

   Os paramédicos vêm até nós, examinam Max ali mesmo, e o colocam em uma maca.

 

— Eu vou com ele. — digo.

— Não. — Lucy aponta para Robert sentado no chão. — Ajuda ele, por favor. — ela pede. — E além do mais não poderemos sair daqui até falar com a polícia então...

 

   Vejo então os paramédicos saírem do cofre carregando Max. — Meu corpo estremece só de pensar que não o verei novamente. — Lucy também sai do cofre, me deixando aqui sozinho com o Robert. Ele está sentado no chão encarando o sangue de seu pai jogado no chão. Sento-me em seu lado, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa ele simplesmente me abraça e chora, chora tanto que me sinto desconfortável.

 

— Eu não sei o que te dizer. — digo em sussurros. — Eu não sei se peço desculpas pelo que meu pai fez, ou...

— Meu pai. — ele diz em soluços. — Eu achei que ele estava morto, e seria melhor que tivesse. Seu pai o matou, mas se não tivesse feito isso, nós estaríamos mortos.

— Como você está com tudo isso? — pergunto.

— Sei lá. — ele responde vagamente. — Eu só não sei como vou contar isso para a Melissa... E ainda tem mais essa, o Max.

— O Max. — repito. — Ele é seu irmão, seu meio irmão.

— Eu sempre quis ter um irmão. — ele finalmente abre um pequeno sorriso. — Mas parece que o Max não ficou nada feliz com isso.

— Ele está estranho. — digo. — Mas ele vai ficar bem, e quando isso acontecer, você vai ver, vão se tornar mais amigos do que já são.

 

   Levanto-me e o ajudo a levantar. — Passamos cerca de meia hora ainda no subterrâneo da empresa. Tivemos de falar com a polícia, dar nosso depoimento dos fatos, e explicar como nós acabamos ali também. — Lucy esperta como sempre disse que em uma visita a empresa, ela, Jasper, Robert e eu acabamos nos perdendo, e acabamos encontrando esse subterrâneo. Ela contou também que conheceu Samantha na escola, e sabia que ela fazia parte da antiga gangue dos trilhos, e sem os sequestradores perceberem pediu socorro. — Fazendo com que todos os integrantes da gangue dos trilhos saiam como heróis aqui. — Já Leonard disse à polícia que foi uma mensagem anônima que revelou que estaríamos aqui, e quando ele chegou Yan e Jéssica já estavam aqui. — Já o depoimento de Jéssica foi o mais perturbador, pois ela fez com que meu pai saísse como vilão nessa história, ela deu a entender que ele era um dos capangas de Spencer. — Logo após os depoimentos, fomos finalmente liberados.

 

   Tentei ir para o hospital, mas fui impedido por Leonard e Lucy, que pediram respeito e um pouco de tempo até que o Max possa se recuperar do trauma, e que minha presença só iria perturbá-lo, pois toda essa situação o fez relembrar de tudo o que fiz a ele no ano passado. — Sarah, Max e Liam foram internados no hospital, Max sem previsão de alta, e Sarah e Liam apenas para observação.

 

   Sem alternativa Lucy revelou toda a verdade ao pai, o que o deixou transtornado, mas ambos cumpriram suas promessas, e ajudaram a Gangue dos Trilhos a sair de Ohio.

 

   Assim que cheguei em casa recebi uma ligação de Matthew K.P Jones, que disse que está com Jenny, e que em breve voltariam.

 

  O dia finalmente acaba.

 

---//---

 

 Hoje dia dez de maio de dois mil e quinze, o dia nasceu chuvoso, e admito que não consegui dormir, pensando no Max, no Robert, no meu pai. — Tomo um banho e me arrumo, e vou para a delegacia. — Eu preciso falar com o meu pai.

 

— Por aqui, por favor. — um policial me acompanha.

 

   Sou levado para uma daquelas salas de interrogatório, esperei por quase dez minutos, até meu pai ser trazido, ele está algemado e vestido todo de laranja. — O que vai acontecer agora?

 

— Pai! — tento abraçá-lo, mas ele se recusa.

 

   Ele se senta do outro lado da mesa.

 

— Eu não queria que me visse assim. — ele diz envergonhado. — Mas era obvio que mais cedo ou mais tarde eu acabaria aqui.

— O que deu na sua cabeça? — pergunto. — Por que fez aquilo?

— Ele ia matar você, todos vocês, eu salvei suas vidas. — ele afirma.

— Isso justifica? — pergunto. — Pai o que vai ser de mim agora?

— Você tem seu emprego, você é modelo. — ele debocha.

— Você sabe que não é simples assim. — digo. — Eu sou menor de idade, eu não posso ficar sozinho... Pai, eu preciso entender, como foi parar naquele lugar?

— Sua mãe. — ele diz com um sorriso bobo no rosto. — Ela fez minha cabeça mais uma vez, ela me deu aquela arma, ela sabia que eu tinha raiva do Spencer, ela sabia que eu tiraria ele do caminho dela.

— E você fez, sacrificando tudo, por ela? — pergunto incrédulo.

— Você não entende...

— Claro que não entendo. — aumento o tom de voz chamando a atenção do guarda na porta. — Você por algum segundo pensou em mim ou na Jenny?

— E você pensou em mim quando resolveu mudar seu estilo de...

— Não começa. — o interrompo. — Isso não tem nada a ver, se eu vou para a cama com um homem ou com uma mulher isso é problema meu, e não justifica você ter matado alguém.

— Eu não estou aqui só por ter matado o Spencer. — ele finalmente revela. — Eu matei Lily Green, e...

— Para. — peço. — E agora? O que vai acontecer?

— Eu vou apodrecer na cadeia. — ele abre um sorriso. — E você vai poder viver sua depravação do jeito que quiser.

— Pai, por favor. — digo exausto. — Eu preciso de você, eu não posso continuar isso sozinho.

— Desculpa. — ele pede. — Desculpa por todo transtorno que te causei, e por todo sofrimento que vai ter que passar.

— Pai, por favor...

 

   Ele então chama o guarda que o leva de volta. — Saio da sala, e nesse mesmo momento vejo Patrick entrando na sala do delegado. — Patrick? O que ele faz aqui? — Saio da delegacia e fico aguardando na esquina. Meia hora depois Patrick sai, corro até ele e ele se assusta a me ver.

 

— Quer me bater? — ele pergunta assustado.

— Eu sempre quero te bater. — digo enfurecido. — Patrick, quem diabos é você? Por que esse tempo todo fingiu estar do nosso lado?

— Sabe o que eu vim fazer aqui hoje? — ele pergunta. — Reparar tudo o que eu fiz. Ver meu primo daquele estado, eu ajudei para que aquilo acontecesse.

— Como assim? — pergunto já querendo soca-lo.

— Eu estive trabalhando com há Jéssica esse tempo todo. — Patrick revela. — Sua mãe é um gênio diabólico.

— O que quer dizer? — pergunto intrigado.

— Spencer nunca foi a G.T. — ele então revela. — Jéssica era a G.T esse tempo todo, ela apenas usou a ódio de Spencer a seu favor.

— Mas então...

— Eu acabei de entregar tudo o que sabia sobre a Jéssica, e fiz umas modificações então não se preocupe, nem você e nem a Lucy estão mencionados a Gangue dos Trilhos.

— E essa mudança repentina? — pergunto ainda desconfiado.

— Eu cansei. — ele diz. — Cansei de todos me odiarem, e eu vou ser pai, não quero que meu filho me veja como um bandido.

 

   Então ela era a G.T, eu estava certo esse tempo todo.

 

— Nem tente. — ele grita, assim que me viro. — Jéssica partiu, ela foi embora ontem mesmo.

— Embora? — pergunto confuso. — Ela fugiu!

 

   Patrick abre seu guarda-chuva e me deixa sozinho no meio da rua. — Jéssica, aquela maldita armou para o meu pai ser preso, nos fez acreditar, fez todos acreditarem que Spencer era a G.T, e conseguiu sair ilesa disso tudo mais uma vez. — Não importa onde esteja Jéssica, um dia você vai acabar voltando, e quando esse dia chegar, eu mesmo acertarei minhas contas com você. — Mas o que me deixa intrigado agora é... O que será de mim e da Jenny? Estamos sozinhos agora!

 

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POV NARRADOR

 

   A chuva está forte do lado de fora, Lucy está dormindo nos braços de seu pai, no sofá do quarto do hospital. Suzy está deitada em sua cama ainda, sem expressar nenhuma reação, é como se estivesse morta. — Lucy então desperta, dá um beijo na bochecha do seu pai e caminha até sua mãe.

 

— Hoje é o dia das mães. — Lucy diz para Suzy. — Mãe... Eu nunca precisei tanto de você como eu preciso agora.

 

   Lagrimas caem de seu rosto, ela põe a mão na barriga, que já está crescendo.

 

— Eu lembro que ano passado quando vocês nos forçaram a entrar naquela escola publica você veio até mim, eu estava chorando na cama, ainda me vestia como uma nerd, mas você sempre viu o melhor de mim. — Lucy se senta na cama e segura a mão de sua mãe. — Você segurou minha mão desse jeito, e sorriu para mim, e então cantou uma música. — ela respira fundo. — Eu sou péssima cantando, eu gostaria que o Max me ajudasse, mas ele não está nada bem mãe, então, esse vai ser meu presente para você. — digo. — Espero que esteja me ouvindo. — sussurro em seu ouvido.

 

   Lucy joga os cabelos para trás, enxuga as lagrimas e respira fundo.

 

— “Smile, though your heart is aching...” — Lucy começa a cantar, a música Smile de Charles Chaplin. — “Smile, even though it’s breaking. When there are clouds in the Sky, you’ll get by... ”

 

   Lagrimas caem de seus olhos. — A letra da musica que fala em sorrir mesmo que seu coração esteja doendo, não condiz com sua realidade, é como se ela não pudesse sorrir.

 

— “If you smile, with your fear and sorrow...” — a voz suave do seu pai ecoa pelo quarto, chamando sua atenção. — “Smile and maybe tomorrow, you’ll see the Sun come shining through, for you... ”

 

   Leonard também se senta na cama, e segura a mão esquerda de Suzy. Pai e filha se olham, e ele lança um sorriso para ela.

 

— “Light up your face with gladness...” — Lucy continua a cantar. — “Hide every trace of sadness, although a tear may be ever so near...”.

— “That’s the time you must keep on trying...” — Leonard segue. — “Smile, what’s the use of crying?” — ele então enxuga as lagrimas de Lucy. — “You’ll find that life is still worthwhile... If you’ll just smile”

 

   Durante canção, no exato momento em que os dois estão cantando, em cada canto de Lima, Ohio, aqueles afetados pela G.T estão tentando se reerguer. É como se a canção ecoasse por todo lugar, pelo quarto onde Maximilian está internado, e sua mãe chora em sua cama. É como se a canção passasse pela enorme e solitária mansão onde agora Jenny está sozinha, porém Matthew a observa com ternura nos olhos. É como se a canção passasse pelo quarto da Sarah, onde ela está agora deitada na cama nos braços de Jasper. É como se a canção passasse pelo apartamento de Liam, onde ele agora está arrumando suas malas, pois falta pouco tempo para ele deixar a cidade. É como se a canção passasse pelo cemitério, onde nesse momento está acontecendo o enterro de Spencer Green, e os únicos que compareceram foram Robert e Melissa. É como se a canção passa pela rua chuvosa, onde Jeff está aos prantos perdido e sozinho. É como se até mesmo a canção passasse pela escola, onde Louise e as líderes de torcida treinam junto a Anna, e o clube do coral que ensaia junto a Christopher, ou até mesmo na Califórnia, no colégio interno, onde está Zac solitário em seu “apartamento”, vendo um porta-retratos, onde tem uma foto dele com o Max. A canção pode se estender até mesmo a agencia, onde Thammy acaba de assinar um contrato, que seria dado a Lucy. A canção inspira também os passos de Samantha e J.K, agora em Texas. É como se a canção também pudesse servir de fundo para a Bella, que está sentada em seu quarto olhando pela janela, lembrando-se do seu amor, Jeff. E também o Patrick, que caminha pela chuva.

 

— “That’s the time you must keep on trying...” — Leonard e Lucy agora cantam juntos. — “Smile, what’s the use of crying? You’ll’ find the life is still worthwhile...”.

—  “If you’ll...” — Leonard canta.

— “Just”. — Lucy completa.

 

   Em todos os cantos, onde a musica pode ser sentida... — Michelle abre um sorriso quando finalmente Max abre os olhos. Matthew e Jenny se abraçam na mansão solitária. Sarah e Jasper se beijam, e finalmente acontece a primeira vez dos dois. Liam termina de arrumar suas coisas, e sorri orgulhoso para sua carta de admissão para Yale. Robert e Melissa dão um último adeus ao pai, se abraçam e vão embora do cemitério. Jeff finalmente para de chorar e corre, mesmo sem destino, ele corre. Louise finalmente é reconhecida pela Treinadora Emilly, e Christopher finalmente ganhou o solo que sempre quis. Zac guarda seu porta-retratos, e começa a fazer suas malas. Thammy está em uma sessão de fotos, e é muito elogiada, após as fotos ela pega o celular e vê uma foto do Robert. Samantha e J.K começam a arrumar as coisas em sua nova casa no Texas. Bella finalmente se levanta da cama. Patrick chora no meio da rua.

 

— “Smile!”. — Lucy e Leonard cantam juntos, encerrando a canção.

 

   Lucy e Leonard sentem algo apertar suas mãos, eles olham para Suzy, e veem abrindo os olhos. — Lucy então sorri, mas ao mesmo tempo, lagrimas caem de seus olhos.

 

— Mãe? — Lucy a chama.

 

   Suzy olha para Lucy, e depois para Leonard, lagrimas escorrem de seus olhos. — Leonard corre atrás de uma enfermeira.

 

— Mãe. — suas lagrimas caem sobre ela. — Você está bem...

 

   Leonard volta para o quarto com uma enfermeira, e até mesmo Paul e Michelle vem com ele.

 

— Eu sabia que ela voltaria. — Paul diz dando um tapa nas costas de Leonard.

— Sim. — Michelle sorri aliviada. — Está tudo se normalizando.

 

   Lucy então encara Paul. — Michelle ainda não sabe que não é a verdadeira mãe do Maximilian.

 

— Eu vou voltar para o quarto do Max. — ela diz. — Fique boa logo Suzy!

 

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POV JEFF

 

   Finalmente chego ao hospital onde Max está internado. — Entro e a primeira pessoa conhecida que vejo é Michelle Miller. — Sinto um nó na garganta, será que ela já sabe? — A vejo vindo do corredor, ela está indo em direção ao refeitório.

 

— Sra. Miller. — digo indo até ela.

 

   Seus olhos lacrimejam e ela me abraça.

 

— É bom vê-lo, Jeff. — ela abre um sorriso tão terno que me sinto horrível por ela.

 

   Como Paul teve coragem de enganá-la?

 

— Você está molhado, e parece faminto. — ela observa. — Vem, vamos tomar um belo lanche da tarde, juntos.

 

   Michelle me pagou um lanche na lanchonete do hospital. — Eu quero pergunta-la sobre o Max, mas estou confuso, eu realmente não sei o que a Michelle realmente pensa de mim. — Ano passado quando ela nos flagrou juntos, ela me expulsou de sua casa, mas depois consentiu que ficássemos juntos, mas depois de tudo o que aconteceu eu já não sei o que ela pensa de mim, na verdade estou um pouco intrigado por ela ter me convidado para esse lanche.

 

— Vocês três tem passado por bastante coisa. — Michelle finalmente quebra o silêncio. — Todo aquele drama do ano passado, e agora isso.

— Eu nunca quis machucar o seu filho. — digo de cabeça baixa.

— Eu sei. — ela afirma. — Nem mesmo você pôde prever o que estava por vir quando se envolveu com ele.

— Eu amo o Max. — afirmo.

 

   Ela respira fundo e faz que sim com a cabeça. — Mesmo Michelle tendo aceitado que o filho é gay, ainda é nítido seu desconforto ao ouvir de outro homem que está apaixonado por seu filho.

 

— O Max é tão frágil. — seu rosto fica corado. — Ele não sabe distinguir o certo do errado, as pessoas ruins das pessoas boas... Ele sempre esteve tão sozinho, até mesmo quando ele tinha a Lucy, mas quando ele voltou para casa no ano passado, quando ele conheceu aquela Sarah, o filho dos Green, o Robert, e você... Ele parece ter encontrado algum sentido pra viver.

— O Max é uma pessoa especial. — digo. — Eu sinto tanta raiva pelo Spencer ter o machucado tanto.

— Eu também sinto. — ela afirma. — Meu menino entrou em surto durante tudo aquilo, ele... Ele se fechou novamente, se trancou naquele mundo escuro que ele vivia antes de tudo, antes de você.

— O que isso significa? — pergunto confuso.

— Ele vai precisar de tempo, até poder encontrar com todos vocês novamente, principalmente com você. — ela diz.

— Isso não é justo. — digo irritado. — Eu posso ajuda-lo.

— E irá só que agora, ele não consegue separar o Jeff que o magoou do Jeff que ele ama.

— Está me pedindo para me afastar do seu filho? — pergunto.

— Estou pedindo um pouco de paciência, só isso.

— Desculpa. — peço levantando da mesa. — Mas eu pelo menos posso vê-lo?

 

   Michelle faz que sim com a cabeça. Ela se levanta e pede para que eu a acompanhe. — Estou ansioso para vê-lo. — Chegamos enfim ao quarto onde ele está.

 

— Ala Psiquiátrica? — pergunto assustado.

— Por favor, não o deixe alterado. — Michelle pede abrindo a porta do quarto.

 

   Entro no quarto. — Aqui está tão quente, e é tudo tão branco, faz parecer que o Miller é louco. — Então o vejo deitado na cama. Deram um jeito em seu cabelo, que agora está cortado em estilo militar, igual o jeito que eu costumava cortar no ano passado. Seu rosto ainda está ferido, e seus braços também. — Ele então se vira para mim, seus olhos azuis parecem sem vida... Meu coração acelera quando ele estende a mão para mim, vou até ele e me sento na cama.

 

— Oi. — digo em sussurros.

— Oi. — ele retribui o cumprimento.

 

   Lagrimas caem dos meus olhos ao ouvir sua voz. — Está tão rouca e fraca. — Eu me sinto horrível. Horrível por ter chegado tarde de mais para impedir que o machucassem me sinto responsável por ele estar assim.

 

— Eu não queria... Não queria que me visse assim. — ele diz ainda em sussurros. — Patético não acha? Eu sou patético.

— Não. — digo levantando sua cabeça. — Você foi valente, você enfrentou tudo aquilo, sem você não estaríamos aqui hoje.

 

   Max então chora o que me faz chorar também. — Eu não aguento, eu não aguento vê-lo assim.

 

— Você vai ficar bem? — pergunto.

— Não é a primeira vez que isso acontece. — ele diz. — Eu tive essas coisas antes.

— Mas não como agora.

 

   Uma enfermeira entra no quarto. — Solto suas mãos rapidamente e levanto da cama.

 

— Fique bem. — digo enxugando as lagrimas. — Fique bem.

 

   Então saio do quarto.

 

— Ele parece normal pra mim. — digo.

— É porque você é o porto seguro dele. — Michelle diz.

— Se isso é verdade, por que quer que eu me afaste?

— Sejamos sinceros. — ela diz. — Você diz amar meu filho, mas eu vi o modo como se assustou e o largou quando aquela enfermeira entrou no quarto... Como quer que as pessoas, aceitem você, se nem você mesmo se aceita?

— Sra. Miller, eu...

— O Max fica bem quando sabe que você está aqui por ele, mas e quando você não estiver? O que vai ser dele? Um surto atrás do outro, talvez ele até consiga apertar o gatilho da próxima vez... Ficar longe dele agora vai ajudar no amadurecimento de vocês dois, pois ele vai aprender a viver sem sua proteção, e você vai ter tempo para descobrir quem você é.

— Eu sei quem eu sou. — afirmo.

 

   Olho pela janela a enfermeira conversando com o Max. — Michelle tem razão não tem? Como posso querer que ele melhore, se nesses momentos eu acabo sendo sua perdição. Eu quero que o Max ande por ai e se sinto seguro, mesmo quando eu não esteja por perto, e se para isso eu tiver que me afastar... — Me perdoe Max.

 

— Me mantem informado? — peço.

— Sempre. — ela então sorri e me abraça. — Fique bem meu filho, seja forte.

— Por ele. — digo. — Estou fazendo isso por ele.

 

   Ando atordoado pelo corredor, e finalmente saio da ala psiquiátrica. — O elevador está demorando, então desço pelas escadas, chego a um andar familiar, onde Jenny costumava ficar internada. Continuo a andar, até que pela janela de um dos quartos, vejo Lucy, Leonard e Paul sorridentes, e só então vejo Suzy acordada. — Pelo menos uma boa noticia hoje.

 

   Deixo o hospital e vou para casa. — Está chovendo muito, por que diabos eu vim para cá a pé?

 

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   Assim que chego vejo Bella se abrigando na entrada da oficina de Yan.

 

— O que está fazendo aqui? — pergunto confuso.

— Eu precisava te ver. — ela diz.

— Vamos entrar. — digo abrindo a porta.

 

   Entramos pela oficina, subimos as escadas e chegamos a minha casa. — Está tudo revirado aqui.

 

— Assalto? — Bella pergunta assustada.

— Duvido. — descarto.

 

   Vamos até meu quarto, entrego a ela uma toalha para se secar, e também me seco. — Tiro minha camisa e me sento na cama.

 

— Como você está? — ela pergunta.

— Como assim? — pergunto.

— Não me deixe de fora dessas coisas, Jeff. — ela pede. — Eu sou sua namorada, lembra?

 

   Eu achei que tivesse terminado com ela.

 

— Estou bem, de verdade. — minto.

— Não, não está. — ela diz. — Eu, eu conversei com o Liam antes de vim aqui, na verdade ele me encorajou a vim aqui. Ele me contou o que fez que ajudou a salvá-los e...

 

   De repente começo a chorar. — Droga, eu não queria, não na frente dela.

 

— Está tudo bem. — ela diz me abraçando. — Pode chorar... Pode chorar.

 

   Eu nunca, nunca em toda minha vida me senti tão sozinho. — Toda minha vida eu sempre estive sozinho, mas não desse jeito, pois mesmo sozinho, eu ainda tinha o Yan e a Jenny, agora eu não tenho nada, e nem ninguém. Sou só eu... E o que eu sou sozinho?

 

— Eu posso ficar aqui se quiser. — ela diz.

— Eu não estou com cabeça pra isso. — digo.

— Posso fazer companhia a você. — ela insiste. — É para isso que servem as namoradas não é para apoiar independentemente de tudo.

— Fica! — peço. — Fica...

 

   Nos deitamos juntos em minha cama. — Por que eu me sinto tão confuso em relação a minha sexualidade? Eu gosto do Max, então isso quer dizer que sou gay não é? Mas o que é isso então que eu sinto quando estou com a Bella?

 

   O domingo passou lentamente, e deitado junto a ela nessa cama, foi como se eu tivesse revivendo todas as minhas conversas sérias com o Miller. — Quando eu terminei com ele dias atrás eu estava fazendo isso por duvidar que nós dois déssemos certos juntos, mas ele me provou que quando estamos juntos não existe Jeff e Max, é como se nos tornássemos um só, e agora depois de tudo isso, depois desse sequestro, da tortura, da morte do Spencer em frente aos seus olhos, eu temo pela sua saúde, não física, mais emocional, Max é um garoto muito frágil, e por um lado Michelle está certa, ele precisa aprender a andar com as próprias pernas, pois se se eu sempre ficar aqui por ele, em algum momento que possa não estar mais, o que irá acontecer?

 

   Desperto ao ouvir batidas violentas na porta de entrada da minha casa. — Viro-me para o lado e não vejo a Bella, apenas um bilhete que diz que ela teve que ir cedo antes que os pais percebessem que ela não dormiu em casa. — Abro um pequeno sorriso, visto uma camisa e saio do quarto. — As batidas violentas continuam.

 

— Mais que merda! — reclamo. — Já vai.

 

   Chego à sala e abro a porta. Uma mulher usando um terno cinza, seus cabelos pretos estão amarrados em um rabo de cavalo, ela segura na sua mão esquerda sua bolsa, e na direita uma prancheta.

 

— Bom dia?! — digo confuso.

— Boa tarde. — ela me corrige. — Já passou das 14h00min.

 

   Nossa! Por quanto tempo eu dormi? Ainda me sinto cansado.

 

— Jeff Johnson. — ela lê em sua prancheta. — Jeff é algum tipo de abreviamento?

— Não. — respondo. — Jeff é meu nome mesmo.

 

   Ela então entra na minha casa e faz uma cara de espanto ao ver tudo revirado. — Quem é ela? — Ela então vai até a cozinha e encontra as garrafas de bebida de Yan, e fora isso vê que quase não temos comida em casa. — Antes que falem alguma coisa sobre o fato de eu ser modelo agora e ter dinheiro, só quero dizer que quem cuidava da minha carreira era a Jéssica, eu recebia uma ajuda de custo para ajudar em casa, eu nunca fui bem sucedido nessa carreira.

 

— Meu nome é Carmem. — ela me entrega um cartão.

— Assistente social? — pergunto confuso.

— Recebemos uma denuncia, de que você está vivendo aqui sozinho em condições desumanas.

— Em condições desumanas? — pergunto ironizando. — Isso é ridículo, quem fez essa denuncia?

— Vendo o modo que as coisas estão aqui. — ela diz. — E seu pai estando preso. Sua mãe desaparecida, você é menor de idade...

— Faço dezoito daqui a dois meses. — a interrompo.

— Exato. — ela continua a anotar em sua prancheta. — Até lá senhor Johnson, será cuidado pelo estado.

— O que? — pergunto assustado.

— Faça suas malas, você irá comigo.

— Pra onde?

— Um abrigo. — ela diz. — Um lugar onde terá cuidados, comida... Uma família talvez.

— Um lar adotivo? — pergunto intrigado. — Eu tenho pai e mãe, não podem me mandar para um lar adotivo.

— Por favor, não torne as coisas piores.

 

   Isso é ridículo um abrigo? Um lar adotivo? — Era só o que me faltava. — Não tive como escapar, a mulher usou de argumentos convincentes, e eu não tenho escapatória. — Agora que Yan está preso eu não tenho mais nada, se eu ficar aqui... O que vai ser de mim? E esse abrigo não vai durar muito tempo, pois logo farei dezoito anos e não serei mais vigiado pela assistência social. — Fazer isso é um ato de desistência? De covardia?

 

— O que vai acontecer com a minha irmã? — pergunto.

— Jenny Johnson. Abreviamento? — ela folheia uma pagina. — Sua irmã foi encaminhada para um lar adotivo.

— O que? Por quê? — pergunto. — E o Matthew?

— Matthew nunca foi casado legalmente com a mãe de vocês.

 

   Jenny em um lar adotivo?

 

— Eu posso ao menos vê-la? — pergunto.

— Jeff se quer mesmo ajudar a sua irmã peço que colabore. — Carmem insiste. — Ouça daqui a dois meses você se torna plenamente capaz perante a lei, daqui a dois meses pode tentar ter a guarda da sua irmã.

— Dois meses? — pergunto.

— E se nesse tempo essas pessoas que estão com ela quiserem adotá-la? Ou sei lá. Machucar.

— Por favor...

 

   Isso é ridículo. — Eu preciso de ajuda.

   Faço minhas malas. — Isso só pode ser um pesadelo. — Guardo tudo dentro de uma mala de mão e uma mochila. — A assistente social e eu descemos de minha casa. — Os curiosos logo se juntaram para me ver ser levado. — Entro no carro e ele acelera.

 

— Não se preocupe Jeff. — a assistente social diz. — Vai dar tudo certo.

— Não acredito nisso. — resmungo. — Se realmente acham isso deveriam fingir que nunca receberam essa denuncia e deixar minha irmã e eu em paz.


Notas Finais


Logo logo chego com a Parte 2


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