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História Hiatus - The Contract - Estrelas


Escrita por: nastyabennett

Notas do Autor


Hey, angels! Boa leitura!

Capítulo 15 - Estrelas


Kai POV

— Então, quase se beijaram e agora simplesmente você decidiu fugir dela? — questionou Stefan, sentado na cadeira à minha frente. 

— Basicamente isto. — respondi. 

— Consegue perceber o quão idiota isto soa? Quero dizer, é ridículo você estar fugindo de Bonnie! 

— Não estou fugindo de Bonnie. — retruquei, irritado. — Estou fugindo dos sentimentos que ela causa em mim. 

— E não seria a mesma coisa? — ele murmurou, revirando os olhos. 

— Não, são coisas diferentes... 

— Você, caro amigo, está mentindo para si mesmo e para Bonnie. Por quê fingir que concorda com o que ela disse? — perguntou. Fiquei calado por alguns instantes, pensando em uma resposta.

— Porque ela não quer sentir o mesmo que eu. — respondi depois de um longo tempo, a amargura nítida em meu tom de voz.

— Você não pode ter certeza disso, Kai. Talvez, ela tenha dito tudo aquilo por medo. Por ter percebido que o que vocês têm é muito mais do que um simples relacionamento por contrato. 

— Você acha? — perguntei de repente. — Que realmente temos algo... A mais? 

Stefan riu e encarou-me, como se estivesse curtindo alguma piada interna. 

— Apenas você não consegue enxergar isso. — respondeu. Rosnei, irritado. 

— Como posso ter deixado chegar a este ponto? — questionei para mim mesmo em voz alta. — Não era para isso acontecer, não era... 

Eu estava desesperado. Passei a mão por meu rosto e cabelo, fechando os olhos. 

— Parece que eu estava certo... — cantarolou Stefan cinicamente. — A garçonete pegou-o de jeito. 

— Eu juro que se você chamá-la novamente de garçonete, irei quebrar sua cara. — murmurei furioso, ainda de olhos fechados e a cabeça apoiada nas mãos, minha voz saindo abafada. 

Stefan riu alto e o encarei, de olhos semicerrados. Sabia exatamente que ele havia feito isso somente para me testar. Queria socá-lo. 

— Não está mais aqui quem falou. — disse, levantando as mãos, como quem se rende. 

Fechei a cara, ajeitando-me na poltrona. Eu tinha diversos contratos para assinar esta manhã, mas não conseguia pensar em nada. Volta e meia, meus pensamentos levavam-me até Bonnie e suas palavras.

Dois dias haviam se passado e eu simplesmente não dei um único sinal de vida. É bobo, eu sei. Mas... Eu não conseguiria encarar o rosto de Bonnie depois de tudo o que aconteceu. Sentia-me idiota por estar fazendo isso e sei que talvez, a esta altura, ela deve estar pensando que estou irritado ou decidi terminar nosso contrato. 

Bem, eu estou irritado. Comigo mesmo. No domingo, havia perdido a cabeça. Ter Bonnie tão próxima a mim deixou-me eufórico, incapaz de raciocinar logicamente. Deus, eu quase a beijei. 

Daria tudo para saber o que Bonnie pensava a respeito disso, mas o que ela disse-me, apenas confirmou o que já desconfiava: Bonnie não quer nada além de um relacionamento profissional. 

É bem melhor assim, uma voz irritante murmurou em minha mente. 

— O que você irá fazer a respeito da matéria e das fotos? — Stefan perguntou de repente. Merda, eu havia esquecido completamente disso!

Peguei a revista que ele havia trago para mim há alguns instantes, observando a capa. Uma foto minha e de Bonnie estava ali, abraçados durante o discurso que Joshua fez na festa de Jo. Embaixo, uma legenda em um amarelo neon horrível: "O milionário mais cobiçado do país irá casar!"

Folheei a revista, parando nas páginas três e quatro. Todas dedicadas à mim e Bonnie. Diversas fotos nossas espalhadas estampavam a matéria com o título "Casal do Ano". Segurei o impulso de revirar os olhos. 

Uma nota completa sobre Bonnie, onde ela trabalhava, sua idade e diversas outras coisas estava no canto da página. Como sabiam disso?! 

Para finalizar, um relato de "suposta fonte próxima ao casal" revelava que iríamos nos casar em breve e que estávamos perdidamente apaixonados. 

Realmente, a mídia era uma merda

— Não irei fazer nada... — murmurei distraidamente. — Claro, apenas tomarei o devido cuidado para que esses idiotas não interfiram tanto assim na vida dela. 

— É uma ideia bem acertada... — Stefan comentou e suspirou logo em seguida. — Bem, estou indo, tenho muito trabalho a fazer. Seu irmão está completamente irritado esta manhã e praticamente está obrigando-me a refazer um projeto. 

— Boa sorte. — falei rindo.

— Sério, não consigo entender como vocês podem ser tão diferentes um do outro! Luke parece estar a todo instante com raiva do mundo e de seus habitantes. — reclamou, antes de levantar-se e sair de minha sala, batendo a porta. 

Fiquei encarando os papéis à minha frente, pensando que, realmente, Luke e eu éramos completamente diferentes um do outro.

                             ***

As horas passaram-se depressa e quando notei, era hora do almoço. A nova secretária, uma garota tímida chamada Angela, era eficiente e havia organizado toda a minha agenda de reuniões, fazendo com que eu pudesse respirar um pouco mais aliviado. 

Pensei em ligar para Bonnie durante isso, mas refreei-me. Por quê estava com medo dela?

Talvez você não esteja com medo dela, mas sim, medo de que ela o trate novamente com certa hostilidade, murmurou novamente a voz irritante em minha cabeça. 

Ao invés de cair em tentação e ligá-la implorando que ela me perdoasse por ser um idiota medroso, peguei o celular e abri a galeria, selecionando a foto que havíamos tirado juntos. Encarei-a durante alguns instantes. 

— O que você está fazendo comigo, Bonnie? — sussurrei para mim mesmo. — Por quê não consigo tirá-la da minha cabeça?

Seu doce sorriso e seu olhar penetrante capturado na foto encarava-me de volta, como se desafiasse-me a revelar algo que eu nem mesmo conseguia nomear ainda. 

Meu coração aqueceu ao lembrar do modo como ela reagiu ao meu toque no sofá de sua casa. No fundo, eu desconfiava que Bonnie sentia algo. Mas, o medo da rejeição impedia-me de questioná-la sobre isso. 

E se ela não me quisesse na mesma intensidade que eu a quero?

— Senhor Parker? — Angela surgiu na porta da sala de repente, assustando-me. Ela notou e sorriu timidamente, pedindo-me desculpas. 

— Sim, Angela? 

— Apenas gostaria de avisá-lo que a tarde não tem mais nenhum compromisso. — disse.

Oh, isso é ótimo.

— Obrigado, Angela. — murmurei, um leve sorriso passando por meus lábios.

Antes de sair, ela pediu-me desculpas novamente pelo susto. Foi impossível não rir. Falei que não havia sido nada e ela corou, avisando que da próxima vez bateria na porta. Tentei dizer que aquilo não era necessário, mas ela já tinha ido embora. 

Resolvi então almoçar em um restaurante qualquer e em seguida ir para meu apartamento.

Juntei todas as minhas coisas espalhadas pela mesa do escritório e pegando meu celular, saí. Segui pelo corredor que levava até o elevador mais próximo, mas quando estava apertando no pequeno botão, uma voz me interceptou:

— Indo embora tão cedo? — Luke perguntou. Ele tinha alguns papéis em mão. 

— Sim. Não tenho mais compromissos esta tarde. — respondi, tentando soar educado. 

Notei que alguns olhares estavam em nós dois. Todos sabiam que quando nos encontrávamos pelos corredores da empresa, brigávamos. Este era um dos motivos pelo qual trabalhávamos em andares diferentes.

— Apressado para ver Bonnie, com certeza. — disse.

Meu sangue ferveu. Não sei o por quê, mas não gostei que ele falasse sobre ela. Fiquei calado, encarando-o friamente. Luke mantinha um sorrisinho cínico nos lábios. Nesse instante o elevador chegou e virei-me para entrar. Antes que a porta fechasse completamente, Luke ainda gritou:

— Mande a ela um beijo por mim! 

Desgraçado.

Enquanto o elevador descia, senti a vontade de socar algo. Um pensamento indesejado passou por minha mente. Será que...

Não! O que aconteceu por causa de Hailey não pode e nem irá se repetir. Só por cima do meu cadáver deixaria Luke assim tão próximo de Bonnie. 

Quando as portas se abriram, eu já havia me acalmado. Um pouco. A sensação ruim continuava em mim. Como se eu precisasse mesmo manter Luke afastado de nós. 

É paranóia de sua cabeça, Kai. Pare com isso. 

Andei para fora do prédio, pedindo ao frentista que trouxesse meu carro. Um minuto depois, ele parou a minha frente. Agradeci e peguei a chave, entrando no veículo rapidamente. 

Dirigi em direção ao meu apartamento, dispensando o almoço. Todo o meu apetite havia sumido. Batuquei os dedos no volante do carro, enquanto escutava uma música qualquer na rádio. 

Tentei me concentrar na rua à minha frente, mas minha mente estava em Bonnie.. 

Porra, eu sabia que ela tinha razão! Sabia tão bem... Mas, por quê o que parece tão errado ao mesmo tempo parece ser tão certo? Por quê eu preciso ficar ao lado dela mais do que consigo admitir? 

Eu estava frustrado, irritado e cheio de trabalhos para fazer, mas a imagem de Bonnie não afastava-se de mim o suficiente para que eu pudesse seguir minha rotina.

Sinto a falta dela.

Deus, eu sinto tanto a falta dela.

Esses dois dias sem Bonnie Bennett ao meu lado foram longos, estressantes e chatos. Não conseguia entender o que estava acontecendo comigo! O que sinto por Bonnie?! 

Uma forte atração, pensei no mesmo instante. 

Precisávamos conversar urgentemente. Nossa relação chegou rapidamente a uma encruzilhada na estrada e depois de todos aqueles momentos ao lado dela, eu sabia que não poderia voltar atrás. Eu precisava dela... E desejava secretamente que ela precisasse de mim na mesma intensidade.

Minha intenção original nunca foi chegar a este ponto. Confesso que, no começo, eu imaginei que poderia beneficiar-me com esse contrato entre nós. Que eu poderia ter Bonnie para mim, saciar meu desejo por ela. 

Mas, agora? Isso não era mais possível. Eu tinha sentimentos por Bonnie. Algum desejo, alguma amizade... Junto com outro elementos que eu não era capaz de nomear. 

Ao final de um ano, eu ainda pretendia deixá-la ir. Realmente eu não tinha outra opção! Um casamento real não está em meu futuro. 

O amor talvez não esteja em meu futuro. 

Não posso garantir um romance de contos de fadas à Bonnie. Mas... Por agora, só talvez, poderíamos desfrutar um do outro ao invés de lutar contra essa louca atração. Bonnie seria capaz de lidar com isso, certo? 

Ela me conhece. Sabe que não sou capaz de manter um compromisso verdadeiro no futuro, mas também percebeu que nossas emoções mergulharam mais fundo do que esperávamos.

Sorri, satisfeito com a solução que encontrei. Sim, nós exploraríamos esta intensa atração que sentimos pelos próximos meses. Seríamos loucos se não agarrassemos essa oportunidade.

Estacionei o carro em frente à meu prédio e saí, ligando o alarme do carro. James estava ali no hall de entrada, com um sorriso. 

— Bem vindo, senhor Parker. — disse. 

— James, James... O que falei sobre você começar a chamar-me apenas de Kai? — murmurei, aproximando-me dele. 

— Bom, eu... Não sei se isso seria...

— Qual é, James. Somos amigos. Não somos? — questionei. Ele confirmou com a cabeça, meio incerto. 

— Tudo bem então... Kai. — respondeu.

— É isso aí! — falei, entregando-o a chave do carro. 

Despedi-me de James e novamente andei até o elevador, apertando o botão do último andar. Em menos de dois minutos eu estava em frente à porta do meu apartamento, procurando as chaves. Encontrei-as no bolso interno do paletó. 

Destranquei a porta e entrei rapidamente, fechando-a atrás de mim. Tirei o paletó e afrouxei minha gravata, indo até meu pequeno arcervo de bebidas. Preparei um uísque duplo puro e fui até o sofá, sentando ali.

Dei um gole na bebida, agradecendo pelo líquido forte desviar-me um pouco de meus pensamentos tão confusos ultimamente.

Eu já estava terminando-a quando escutei uma batida na porta. Estranhei. Quem seria? 

Levantei-me e fui até a porta, sem olhar no olho mágico. Assim que abri, tive uma surpresa. 

— Olá, Kai. 

— Liv? 

                               ***

— O que está fazendo aqui? — perguntei, encarando-a. Liv estava sentada em meu sofá e analisava tudo ao redor com certo interesse. Eu estava sentado ao seu lado.

— Senti falta deste lugar. — desconversou, sorrindo. 

— Liv...

— Quero conversar com você. Apenas isso. — seu olhar era estranho quando falou.

— Ok... Conversar. Tudo bem. Comece. — falei. 

— É mentira, certo? — ela perguntou depois de um tempo. Franzi a testa. — É mentira o que vi em todas as revistas hoje pela manhã, certo? 

— Sobre meu casamento? — ela confirmou com a cabeça. — Não, Liv. Não é mentira.

— Por quê, Kai? — seu tom de voz era amargurado. — Por quê está fazendo isso comigo? Eu não sou boa o suficiente para você? 

— Liv, não é essa a questão...

— Então, qual? Eu não consigo entender, Kai! Nós tivemos algo real, algo mágico, aqui neste apartamento. — lágrimas caiam por seu rosto, borrando sua maquiagem. 

— Por Deus, Liv... Nós passamos uma única noite juntos! — falei exasperado. — Nós não tivemos algo "real" ou "mágico", nós tivemos uma boa foda e só. 

— Eu... Nós... Kai, por favor, me dá outra chance. Eu prometo que serei o melhor para você, viveremos felizes...

— Por favor, entenda. Eu não quero nada com você. Estou noivo agora e eu a amo. Eu agradeceria muito se você guardasse a noite que passamos juntos em segredo. Evitar confusões desnecessárias. — falei. Liv olhou-me incrédula, seu lábio inferior tremendo.

— K-kai... — gaguejou, lágrimas ainda maiores molhando o seu rosto. Ela tremia levemente e preocupei-me com ela. 

— Liv, não torne isso tudo ainda mais difícil para você. — sussurrei, aproximando-me dela o suficiente para segurar sua mão. — Nós apenas não éramos para ser...

— Eu só te peço uma única chance para provar que você está errado. Tenho como provar isso! — disse, enquanto cortava a distância entre nós e colando seu corpo ao meu. Ela segurou meu rosto entre as mãos, acariciando levemente. Notei que ela aproximava-se lentamente de mim, disposta a me beijar. 

Fiquei ali parado, sem saber o que fazer. Não queria ser mais grosseiro com ela. Droga, Bonnie estava me transformando em um idiota sentimental. 

Bonnie

Seu rosto inundou minha mente e isso foi como uma descarga elétrica em meu corpo, acordando-me do topor em que estava. Afastei-me no mesmo instante, como se realmente tivesse levado um choque.

Liv fungou e olhou confusamente para mim. Retirei suas mãos de meu rosto, segurando-as nas minhas delicadamente e dei um fraco sorriso, pedindo desculpas com o olhar.  Ela rapidamente afastou-se de meu toque, como se este fosse algo que a estivesse machucando, enquanto limpava o rosto diversas vezes. 

— É ela quem você quer mesmo, Kai? A doce Bonnie Bennett? — perguntou, cuspindo o nome de Bonnie. Sua expressão tranformou-se em puro ódio de repente, pegando-me de surpresa com sua súbita mudança de humor. Que merda, ela parecia gostar de fazer isso.

— Você nunca será feliz ao lado dela... — continuou, seu tom de voz sombrio. — Eu mesma me encarregarei disto. 

Então, levantou do sofá, ajeitando sua bolsa no ombro e dando-me um último olhar, saiu rapidamente pela porta, batendo-a. 

                            ***

Quando cheguei à Mystic Falls aquela noite, notei que a boate estava muito lotada. À frente, uma enorme fila formava-se para que um por um, pudessem entrar. Entrei sem maiores dificuldades. Um lado bom de ter contato com o Donovan, pensei. 

Andei pelo local, trilhando um caminho entre as pessoas que dançavam animadamente na pista. Olhei ao redor, à procura de algum sinal de Bonnie, que já deveria estar ali. Nada. Avistei Damon no balcão e fui até lá, parando à sua frente. 

— Parker. — ele cumprimentou alto, por causa da música, com um sorriso torto. 

— Damon... — fiz um aceno com a cabeça. — Onde está Bonnie? 

— A última vez que a vi ela estava conversando animadamente com um outro milionário... — ele riu, mas deve ter notado minha expressão nada amigável, pois logo falou:

— Estou brincando, relaxa, Parker! Ela estava limpando alguns copos, então acho que agora deve estar no vestiário. 

Obrigado. — falei friamente, semicerrando os olhos.

Damon riu e balancei a cabeça negativamente, seguindo em direção ao local onde os funcionários arrumavam-se. Entrei por um corredor vazio, notando que ali o som era mais abafado, quase não se podia ouvir a música alta da boate. 

Eu estava perto da porta quando escutei um grito.

Me solta, Jeremy! — uma voz feminina gritou, alto. 

Olhei ao redor, confuso. Não havia ninguém ali... Dei mais alguns passos, notando que tudo havia ficado calmo novamente. Imaginei que tudo não deveria passar de uma brincadeira. Alguns funcionários deveriam estar se agarrando dentro de uma das salas, pensei com um sorriso malicioso. 

Mas, então...

Por favor... Por favor, me solta! — a voz gritou novamente. Era nítido o tom de desespero. Uma sensação estranha passou por mim. Parecia a voz de...

Bonnie... — falei comigo mesmo, correndo o mais rápido que pude em direção a última porta do corredor, que alguns dias atrás, ela havia dito se tratar do vestiário. 

Abri a porta em um rompante, dando de cara com um homem em cima de Bonnie, encurralando-a entre o corpo e a porta que levava ao pequeno banheiro. 

O ódio cegou-me. 

Caminhei até eles, pegando o cara pelo ombro e puxando-o com violência para longe dela, enquanto gritava:

— Solta a minha noiva, agora!

Ele cambaleeou por alguns segundos antes de fixar o olhar em mim, confuso. Caminhei até ele, desferindo imediatamente um soco em seu rosto. Ele caiu aos meus pés, a mão segurando o local que eu havia acertado. 

Puxei-o novamente, para que ele ficasse em pé à minha frente, segurando-o pelo colarinho da camisa. Planejava batê-lo novamente quando ele foi mais rápido e desferiu-me um soco. Soltei-o rapidamente, afastando-me. Senti o sangue escorrer por minha boca.

Avancei novamente para ele, pegando-o de surpresa e dando diversos socos seguidos em seu rosto. Ele tentou segurar minha camisa, como forma de me parar, mas fui mais rápido e segurei sua mão, torcendo-a. Seu grito de dor preencheu a sala. 

Empurrei-o em direção à parede mais próxima e segurei ele ali, vendo que seu rosto estava banhado em sangue. 

— Nunca mais coloque sua maldita mão nela. — sibilei baixo, apertando ainda mais seu braço, fazendo-o urrar. — Entendeu? 

Apliquei mais pressão e ele choramingou algo, que não pude entender.

Você. Entendeu? — perguntei novamente, olhando em seu rosto. 

— S-sim... Sim, eu entendi. — gaguejou.

— Ótimo. — falei, sorrindo friamente. — Vá embora. Agora! 

Soltei sua mão e ele tropeçou algumas vezes, tentando manter-se firme. Com um olhar amedrontado, ele olhou para mim e em seguida para trás, antes de sair da sala, quase correndo.

Uma pontada em meu rosto lembrou-me que aquele imbecil me acertou. Fiz uma careta.

— Kai... — a voz baixa de Bonnie surgiu atrás de mim. Virei-me rapidamente em sua direção, esquecendo completamente da dor em minha boca.

Andei até ela, segurando-a pelos braços delicadamente. Ela tremia e todo o seu rosto estava banhado em lágrimas. Vê-la assim me fez querer ir atrás daquele imbecil novamente e batê-lo ainda mais. 

— Bon... Olhe para mim. Ele te machucou? — ela encarou meu rosto por algum tempo e então balançou a cabeça negativamente. Suspirei, aninhando-a em meus braços. Ela rodeou seus braços em minha cintura, apertando-me contra si. 

— E-ele... Ele... — ela tentou, mas um soluço entrecortou sua fala. 

— Shh, Bon... Está tudo bem agora. Eu estou aqui com você. 

Mantive ela em meus braços por um longo tempo, acariciando seus cabelos. Ela chorava copiosamente, molhando minha camisa. 

— O que aconteceu aqui? — a voz de Damon surgiu na sala, ele parecia um pouco sem fôlego no batente da porta. Olhamos em sua direção. — Alguém pode me explicar por quê Jeremy passou correndo pela boate com o rosto banhado em sangue?

— Aquele verme atacou Bonnie. E eu o bati. — falei simplesmente. Bonnie se encolheu mais em meus braços. 

— O quê? Filho da puta! — gritou Damon, vindo em nossa direção. Ele tocou em Bonnie delicadamente. Ela se afastou de mim o suficiente para poder olhar em seu rosto. 

— Você está bem, Bon-Bon? — ele perguntou baixo, como se falasse com uma criança assustada. 

— Estou... — ela falou, um pouco mais calma. — Ele... Ele não fez nada além de tentar me beijar à força. 

— Eu vou matar aquele desgraçado! — Damon rugiu, furioso. 

— Avise-me quando e eu o ajudarei. — murmurei, olhando o rosto de Bonnie. Ela tinha duas marcas horríveis de mãos em seu rosto. 

— Ele bateu em você?! — falei, mais alto do que planejei, assustando Bonnie. Ela olhou para meu rosto, de olhos arregalados. 

Como se não soubesse do que eu estava falando, ela tocou levemente seu rosto, fazendo uma careta em seguida. 

— Jeremy não me bateu, ele... Apenas segurou meu rosto fortemente. — disse baixinho. Suspirei e acariciei sua bochecha, o local que estava mais vermelho. Ela suspirou e inclinou a cabeça ao meu toque, fechando os olhos. 

— Eu... Vou ver se aquele desgraçado já foi embora. Se não, eu mesmo o expulsarei aos pontapés. — Damon falou. — Cuide dela, Parker. 

— Eu irei. — respondi firmemente. 

Ele saiu rapidamente do vestiário, pisando duro. Encarei Bonnie novamente.

— Vem, vamos sentar ali. — arrastei-a em direção à um banco que ficava perto dos armários. Bonnie seguiu relutante, segurando minha camisa com força. 

— Eu... Cheguei a pensar que ele... Que ele tentaria me... — ela começou, mas não conseguiu. — Kai, eu pensei que... 

— Eu sei, amor. Shh, está tudo bem. Você está bem. — murmurei, beijando seus cabelos longamente. — Irei cuidar de você.

— Obrigada, Kai. Obrigada por ter chego a tempo. — ela sussurrou, deitando sua cabeça em meu peito. 

A ideia de que aquele verme poderia ter feito algo pior à Bonnie deixava-me furioso. Eu queria poder matá-lo com minhas próprias mãos. 

Ficamos ali abraçados pelo que pareceram horas, até Bonnie falar que queria ir embora dali. Peguei sua bolsa que estava jogada no chão e saímos da sala devagar, com meus braços rodeados protetoramente ao seu redor. Lágrimas caiam por sua bochecha, mas ela tentava disfarçar. Fingi não prestar atenção, por enquanto. 

— O desgraçado fugiu. E eu contei à Matt o que aconteceu... — Damon falou assim que nos interceptou no meio do caminho até a saída de trás da boate. Não queríamos chamar atenção, visto que eu estava cheio de sangue.

— Ele virá amanhã e resolverá tudo. Ele irá demitir Jeremy. — continuou. Vimos ao longe Elena correr até nós, sua expressão angustiada. 

— Bon... — murmurou tristemente. Bonnie afastou-se de mim e abraçou sua amiga. Elena perguntou se ela estava bem e ela acenou levemente com a cabeça. 

Mas, eu sabia que ela não estava bem. Bonnie apenas estava dizendo isso para tranquilizar-nos, mas eu podia perceber que ela ainda tremia e a todo instante olhava para os lados, assustada. 

Arrastei-a para meu carro assim que ela se despediu dos amigos, que a abraçaram e pediram para que ela ligasse assim que chegasse em casa. Damon repetiu para que eu cuidasse de Bonnie. É claro que eu faria aquilo. 

Abri a porta do veículo para ela, que agradeceu baixinho. Dei meia volta, abrindo desta vez a porta do motorista. 

— Você estará logo em casa, não se preocupe. — falei, ligando o carro. 

— Kai...

— Oi? 

— Eu não quero ir para casa agora.

                              ***

Estacionei o carro em frente ao meu lugar favorito. Ficamos em silêncio por alguns instantes, olhando um para o outro. A luz da lua iluminava o rosto de Bonnie, deixando-a ainda mais linda, mesmo que ela estivesse visivelmente abatida. 

— Posso perguntar o por quê de você não querer ir para casa agora? — questionei baixo. Ela suspirou. 

— Não quero que minha mãe me veja assim. — apontou para si mesma.

Acompanhei seu gesto, notando o quão amassada sua roupa estava e alguns botões de sua blusa estavam faltando. Desviei o olhar. Não era hora de ficar secando Bonnie. 

Encarei a noite lá fora, pensando no que eu poderia fazer para distrai-la. Não iria contar sobre Liv. Bonnie não precisava de mais um problema por hoje. Meu olhar fixou-se em um banco, debaixo de uma árvore, levemente iluminado. 

— Você confia em mim? — perguntei de repente. Bonnie olhou-me confusamente, mas acenou positivamente. 

— Sim.

Sorri, saindo do carro. Andei até sua porta, abrindo-a. Bonnie segurou minha mão ao sair e notei quando ela tremeu violentamente. 

— Você deve estar congelando. — falei, repreendendo-me por não ter percebido que Bonnie estava com frio. 

— Estou bem, Kai... — mesmo sob protestos, retirei meu casaco, obrigando-a a vestir. 

— Vamos. — falei, enquanto fechava a porta do carro. 

Caminhamos lentamente em direção ao banco, notando que ainda haviam algumas pessoas ali no pequeno parque.

Sentamos e ficamos calados por um tempo. Bonnie apoiou sua cabeça em meu ombro, pegando-me de surpresa. Coloquei meu braço ao seu redor, aproximando seu corpo do meu. Ela suspirou, parecendo contente.

Olhei para o céu, pensativo. Estava tão estrelado que sorri, chamando atenção de Bonnie. Ela olhou para o céu também. 

— Olha, uma estrela cadente... — falou ao meu lado, apontando para um local, perto da lua. Olhei rapidamente e ainda pude vê-la antes de desaparecer. 

— Não pude fazer nenhum pedido. — comentei baixinho. 

— Nem eu... — ela sussurrou.

— Você sabe a origem das estrelas cadentes? — perguntei, sem tirar os olhos do céu iluminado. Senti seu olhar em mim e logo após ela sussurrou um "não".

— Uma noite, uma estrela sentiu-se solitária e pôs-se a voar pelo céu... — comecei. — Então, enquanto voava, ela olhou para o mar e viu outra estrela solitária. Uma estrela-do-mar. As duas estrelas olharam-se e encantadas, nadaram juntas. Elas se apaixonaram e ao beijarem-se, tornaram-se apenas uma. Assim, puseram-se a voar e um rastro luminoso como um risco no céu apareceu, abrilhantando a doce união daquelas estrelas.

Bonnie ficou calada, prestando atenção ao que eu falava. Sorri levemente. 

— É por isso que de vez em quando... — continuei. — Uma estrela cadente risca os céus. Isso acontece por quê uma estrela desce à Terra em busca de seu grande amor, a estrela-do-mar, que depois é levada para viver para sempre no céu. Muitos casais ficam olhando atentamente para o céu, tentando ver alguma estrela cadente, para que o amor deles brilhe eternamente. 

Finalizei a história e Bonnie continuava calada ao meu lado. Olhei para ela, notando que ela encarava fixamente algo à nossa frente. 

— Você acha que um amor pode durar eternamente? Como o amor das duas estrelas? — ela questionou. 

— Acho que sim. — respondi, sem ter certeza. — Mas, bem, isso é apenas uma história... 

— Seu amor por Hailey será eterno? — interrompeu-me. Abri e fechei a boca diversas vezes, sem saber o que responder. Encarei o céu.

Pensei sobre tudo o que havia acontecido há alguns anos. Hailey retornando à Nova York. Luke e eu nos apaixonando pela mesma garota. Ela escolhendo meu irmão... 

Olhei novamente para Bonnie. Seus olhos verdes me encaravam, esperando uma resposta. Perdi-me ali durante muito tempo.

Então, eu percebi algo. E Deus, como pude enganar-me por tantos anos?!

— Não. — falei convicto. — Algo que nunca existiu não pode ser eterno. 

— Você nunca a amou? — perguntou, sem desviar o olhar do meu. 

— Eu achava que sim. Durante muitos anos acreditei que o que senti por Hailey havia sido amor... Mas, agora percebo que não. Eu nunca a amei verdadeiramente.  — respondi com sinceridade. 

Não consegui identificar a expressão de Bonnie, mas algo em seu olhar fez-me baixar a cabeça em sua direção, à altura de seus lábios. Ela recuou um pouco, sua atitude causando-me quase uma dor física. 

Eu queria tanto beijá-la. 

— Do que você tem medo? — perguntei baixo, frustrado. 

— A verdade? — ela sussurrou.

— Por favor... 

— Eu tenho medo de me apaixonar por você. 

Ela baixou o olhar, como se estivesse envergonhada por ter falado aquilo. Acariciei seu rosto, levantando-o delicadamente, para que ela encarasse meus olhos. 

Eu também tenho medo, quis dizer naquele instante. Também tenho medo de me apaixonar por você, Bonnie.

Mas, ao invés de falar isso, colei meus lábios aos seus, beijando-a apaixonadamente. 

Bonnie demorou alguns instantes para retribui-lo, mas quando o fez, ela entregou-se àquele momento. Sua mão foi para meu rosto, puxando-me delicadamente para si. 

Aquele beijo, diferente de nosso primeiro, não era algo exigente, ou sensual. Era calmo, delicado... Perfeito. Eu nunca havia experimentado algo assim.

Cedo demais, ela afastou-se um pouco, dando-me alguns selinhos demorados. Meu coração batia violentamente. Eu queria beijar Bonnie de novo e de novo. 

— Isso foi... — ela começou.

— Incrível. — completei, um sorriso bobo em meus lábios. Ela confirmou com a cabeça, também sorrindo timidamente. 

— Acabei de beijá-la, mas já sinto saudade de seus lábios nos meus. O que faço com isto? 

— Mate-a. — sussurrou simplesmente, antes que eu cortasse a pequena distância entre nós e recomeçassemos tudo. 

                              ***

— Está entregue. — murmurei tristemente, parando em frente à porta da casa de Bonnie, com ela ao meu lado. Nossas mãos estavam entrelaçadas e a última coisa que eu queria naquele instante era soltá-la. 

Bonnie ficou de frente para mim e, segurando minha outra mão, sorriu levemente. Ela parecia sentir o mesmo que eu naquele instante. Ficamos assim, de mãos dadas, olhando nos olhos um do outro, por um tempo indeterminável. 

— O que nós iremos fazer a partir de agora? — perguntou. No mesmo instante percebi que ela se referia à nós dois e nossa confusa relação. 

— Eu não faço ideia. — respondi, rindo. Ela me acompanhou. Circulei meus braços em sua cintura, colando seu corpo ao meu. Ela ficava linda com meu casaco.

— Eu apenas sei... — plantei um beijo em seu nariz, fazendo-a soltar uma risada baixa. — Que você vale a pena.

Beijei suas bochechas, sua testa e desci, parando quase em seus lábios. Seu olhar era suplicante quando finalmente a beijei. Perdemo-nos um no outro, sem querer que aquela sensação acabasse. 

— Boa noite, Bon. — murmurei em seus lábios e afastei-me, olhando seu rosto, um pouco menos inchado pelo choro de mais cedo. 

— Boa noite, Kai. — ela sorriu lindamente, virando-se e abrindo a porta de casa. Soltei sua mão relutantemente enquanto ela entrava. 

Boa noite. — sussurrei novamente, dando um tchauzinho. 

Boa noite! — ela fez o mesmo, rindo, fechando a porta logo em seguida. 

Suspirei. E enquanto eu descia os pequenos degraus da varanda da casa de Bonnie e seguia em direção ao meu carro, eu pensava em como a vida é surpreendente. 

Durante anos acreditei que nunca me apaixonaria uma segunda vez. Então, ao olhar para uma certa garota teimosa de grandes olhos verdes, eu percebi que na verdade nunca houve sequer uma primeira vez no amor para mim.

E talvez, eu pensei, essa "primeira vez" poderia acontecer mais cedo do que cheguei a imaginar...

E pode acontecer justamente com esta garota. 


Notas Finais


Eu REALMENTE espero que vcs tenham gostado deste cap! E infelizmente, sim, Liv irá infernizar a vida de Bonkai! Atenção para a dica: ela terá um ajudante nisto. Jeremy ou Luke? Ou nenhum dos dois? UM BOMBOM PARA QUEM ADIVINHAR ASDHSJJD

nb xx


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