1. Spirit Fanfics >
  2. The Cop - Baekhyun - EXO >
  3. Restaurante mexicano

História The Cop - Baekhyun - EXO - Restaurante mexicano


Escrita por: keepinghopes

Capítulo 18 - Restaurante mexicano


Ainda com os olhos fechados, S/N abraçou com força o objeto macio e com o cheiro que ela passava a gostar mais do que o esperado. Esticando a perna para o lado, constatou que Baekhyun não estava na cama e ela inalou o perfume do travesseiro dele, soltando um suspiro preguiçoso. Um sorriso alegre se abria involuntariamente em seu rosto enquanto as imagens da madrugada passada se repetiam em sua mente. S/N nunca havia se sentido tão feliz em toda sua vida. 

Depois de se enrolar na cama por mais alguns minutos, se levantou para tomar banho e preparar algo para comer, visto que já passava do meio dia. Chester lhe fez companhia na cozinha e depois foram para sala. S/N acariciava os pelos escuros do cachorro enquanto assistia um seriado que ela nem sabia o nome e não conseguia entender o contexto do que estava acontecendo. Com preguiça de se mexer para pegar o controle e mudar de canal, ficou olhando fixamente para a televisão até que seus olhos começassem a pesar e ela tentasse lutar contra o sono. Quando a inconsciência quase tomava conta de si, S/N se sobressaltou ao ouvir a porta bater com força e Baekhyun começar a falar.

— Voltei! E tenho notícias. - Falou alto e S/N resmungou, deixando seu corpo cair para o lado, ficando deitada no sofá.

— As notícias são importantes o suficiente para você me contar agora, ao invés de me deixar dormir? - Indagou, sentindo o sofá afundar do seu lado e Baekhyun depositou um beijo terno em seus lábios.

— Com certeza. - S/N arqueou as sobrancelhas, analisando o rosto dele, esperando para que continuasse a falar. — Achamos o cara. 

— Quem? - Questionou, confusa, sem conseguir processar direito por conta do sono. O detetive notou isso e soltou uma risada nasalada.

— O homem que te perseguiu no shopping, Jongdae e Kyungsoo encontraram ele. 

— Jura? - S/N murmurou, surpresa. Ele assentiu. — E aí? - Baekhyun mordeu o lábio inferior de um modo apreensivo enquanto pensava, ponderando se deveria contar a verdade ou não. — Quem é ele? - S/N insistiu, se apoiando em seu cotovelo para olhar melhor o detetive. Ele soltou o ar com força, entortando a boca e continuou a falar:

— A alguns meses, eu prendi um ladrão que já estava sendo procurado a um tempo. Seus roubos eram grandes e ele estava enriquecendo e assustando as pessoas cada vez mais, até que eu acabei com tudo. Esse homem que te perseguiu devia uns favores a esse ladrão e a forma que ele achou de me atingir foi tentando te machucar. - Assim que terminou de falar, os dois continuaram em silêncio e Baekhyun procurou pela mão de S/N, entrelaçando seus dedos em uma forma de tentar aliviar um pouco de seu próprio nervosismo.

Era como se, pela primeira vez, após tanto tempo, S/N finalmente tivesse se dado conta de qual era realmente o trabalho de Baekhyun. Que ele lidava diariamente com pessoas que eram perigosas e arriscava sua vida pelo bem e segurança de pessoas que nem conhecia. E estando com ele, S/N era um alvo em potencial para quem quer que quisesse atingir Baekhyun. Aquela constatação a deixou levemente atônita, como se ela tivesse entrado naquele barco sem nem ao menos ter levado em consideração todos esses pequenos detalhes. Mas depois de tudo que os dois passaram, aquilo era o suficiente para fazê-la partir e deixar Baekhyun?

— Eu sei que isso pode te assustar e eu entendo. Eu mesmo fiquei assustado em saber o motivo pelo qual isso aconteceu. - Baekhyun suspirou. — Mas pode ter certeza que ninguém vai mexer com você novamente, tudo bem? Eu fiz questão que eles entendessem que o melhor é te deixar em paz. - Garantiu, fazendo S/N ficar curiosa em como ele havia feito aquilo, mas preferiu deixar de lado. — E já fiz algumas ligações para melhorar o sistema de segurança da casa. - Ela assentiu, sorrindo fraco. 

— Obrigada. - Murmurou e Baekhyun deu de ombros, depositando alguns beijos no ombro e pescoço da mulher, fazendo ela soltar algumas risadas.

—Agora, eu só tenho um problema grande para resolver no trabalho.

— Qual? - Perguntou, sentindo Baekhyun acariciar levemente seu rosto.

— Prender o traficante que eu tinha comentado com você a um tempo atrás. - S/N arregalou os olhos, afastando o detetive levemente, fazendo ele estranhar sua reação. — O que foi?

— Hum? Nada, eu só... pensei que talvez vocês tivessem transferido o caso.

— Por quê? 

— Fazia tempo que estavam trabalhando nesse caso e como você não falou mais nada, eu pensei que não estivesse mais nele. - Baekhyun arqueou uma sobrancelha, tentando não parecer tão desconfiado. — Eu só estou preocupada pela sua segurança. - Mentiu, em partes. Ele abriu um pequeno sorriso.

— Estávamos quase perdendo, até que uma nova informação surgiu. E você não precisa se preocupar comigo. - Assegurou.

— Nova informação?

— Sim, mas não posso falar. - S/N assentiu, continuando pensativa.

Após alguns minutos que ela e Baekhyun ficaram se amassando no sofá, ele foi para a cozinha com Chester em seu encalço e S/N ficou encarando o teto com apenas um pensamento em sua mente: precisava avisar Sehun, e logo. Por mais que se sentisse péssima em se meter no meio do caso - e sabendo que isso era completamente errado -, S/N não podia deixar de fazer algo em relação a esse assunto. Não era possível obrigar Sehun a simplesmente largar tudo e parar de comercializar seja lá o que fosse essa droga, mas pedir para que ele tivesse mais cuidado era o que restava.

Poucas horas depois, Baekhyun terminava de arrumar seu uniforme e checar se estava tudo em ordem e parou ao lado de S/N que estava deitada na cama, com uma careta concentrada enquanto jogava no celular.

— Você pode ir no mercado depois? Não sei que horas vou chegar hoje e está faltando algumas coisas. 

— Uhum. - A mulher resmungou, sem dar atenção ao que ele falava. 

— Vai mesmo?

— Aham. 

— Eu vou devolver o Chester. - S/N estreitou os olhos, lançando um olhar ameaçador para o detetive.

— O que você disse?

— Agora você presta atenção. - Reclamou, vendo ela com uma expressão descontente. — Vai no mercado. - Repetiu, jogando a lista em cima da barriga dela.

— Tá, tá. E você não vai devolver o Chester. - Ralhou, apontando o dedo no rosto dele.

— Se você usar o dinheiro para comprar qualquer coisa que não seja o que esteja nessa lista, eu vou. - A mulher franziu o cenho de uma forma incrédula.

— Você não está me mandando uma indireta da vez que eu comprei uma bolsa, né? 

— Eu não sei de nada. - Desconversou, procurando por sua carteira e chaves na cômoda.

— Eu não acredito que você ainda não superou isso, já fazem meses. - Ela gargalhou.

— Quem diria que depois de meses estaríamos aqui.

— Fala sério, você sempre teve uma queda por mim. - Ele arqueou as sobrancelhas, vendo o sorriso convencido dela.

— Quem ficava dando em cima de mim o tempo todo era você.

— E quem me agarrou na piscina, sem mais nem menos, foi você. - Vendo que Baekhyun não tinha argumentos contra isso, ela fez uma expressão vitoriosa. — Touché. Agora vaza, tenho uma corrida a ganhar. - Falou, se referindo ao jogo que ela jogava a mais de meia hora.

Abrindo um sorrisinho debochado, Baekhyun se aproximou, a beijando e atrapalhando a visão que ela tinha do celular e recebendo resmungos.

— Baekhyun! - Reclamou, tentando o afastar com uma mão e recebendo risadas em troca. — Sai daqui, seu cretino. - Brigou ao mesmo tempo que segurava o riso. Ele deu um último beijo no pescoço da mulher e finalmente se afastou.

— Estou indo, não esquece de ir no mercado e quando for pro mercado, não esquece o dinheiro.

— Vai logo! 

— E não se desvie para as tentações das bolsas, lembre-se que precisamos nos alimentar.

— Vai se foder, Baekhyun. - Ela falou alto, visto que ele já tinha saído do quarto.

— Com você, será um prazer! - Gritou de volta e S/N rolou os olhos, rindo.

(...)

Quando o detetive voltou, tarde da noite, pediram uma pizza e comeram na sala, sentados no chão enquanto conversavam e assistiam televisão. Vez ou outra, precisavam empurrar Chester para longe, sem deixar que ele roubasse algum pedaço e por dó, S/N se sentia na obrigação de explicar para o cachorro os motivos de ele não poder comer pizza. 

Era nesses momentos que Baekhyun pensava em como sua vida fora do trabalho costumava ser um tanto entediante e agora, sua casa tinha mais vida e ele nunca estava sozinho. Por mais que ficar em sua própria companhia fosse algo que ele havia se habituado e passado a gostar, ter S/N e suas loucuras era mil vezes melhor. E ele não fazia ideia de como reagiria caso ela fosse embora algum dia e sua vida voltasse para a mesmice que era.

O latido de Chester o tirou de seus devaneios e S/N começou a rir. 

— Mamãe não pode te dar pizza, mas pode te dar um beijinho, pode ser? - O cão balançava o rabo sem entender, estando feliz como o de costume e S/N abraçou o pescoço de Chester, dando vários beijos nele, que começou a se agitar e latir.

— Eu também quero beijinho, ao invés de pizza. - Baekhyun falou fazendo bico e S/N riu, empurrando ele de leve. — Só umzinho, vai? - Falou fazendo manha e a mulher gargalhou.

— Só para você não ficar enchendo meu saco. - Brincou.

S/N se aproximou dele, selando seus lábios e antes que pudesse se afastar, Baekhyun jogou seu peso sobre ela, fazendo a mulher deitar no chão e ele ficar por cima enquanto sustentava um sorrisinho que ela sempre achava irritante e atraente. Antes que S/N pudesse protestar, ele aprofundou o beijo, sentindo os dedos dela delinear todo seu tronco, braços e costas. Quando o ar começou a faltar, Baekhyun se afastou poucos centímetros para que pudessem recuperar o fôlego. 

— O que aconteceu com o "umzinho"? - Perguntou em um tom debochado, arrancando uma risada dele. 

— Que tal "doizinhos"? - Disse, divertido.

— Não vai colar. - Baekhyun fez um bico e depositou um rápido beijo nos lábios dela.

— Não custava tentar. - Deu de ombros. — Tenho um convite a fazer. - S/N arqueou as sobrancelhas, curiosa em saber sobre o que era.

— Qual?

— Amanhã, depois do trabalho, eu e o pessoal vamos sair para ir em um bar. Quer ir? - S/N franziu o cenho.

— O que vocês vão fazer lá?

— Beber e comer? - Disse óbvio.

— Acho melhor eu não ir.

— Por que não?

— Vai ser estranho

— Por quê?

— Porque o Jongdae vai estar lá.

— E?

— Ele sabe que eu fumo maconha.

— Fuma ou fumava? - S/N ficou encarando Baekhyun em silêncio. 

— Esse não é o ponto da conversa, ok? - O homem rolou os olhos. — Sem contar que a Chinsun também vai.

— Sim, seria um propício momento para vocês se conhecerem adequadamente.

— Claro que não. 

— Qual o problema de vocês se conhecerem?

— Vai ser totalmente estranho. 

— Óbvio que não, S/N. Primeiro, ela está saindo com o Jongdae e segundo, foi ela quem me ajudou a preparar tudo na outra noite. Ela não tem mais sentimentos por mim e mesmo se tivesse, ela não te trataria mal por isso.

— De qualquer forma, prefiro não ir. - S/N notou o olhar desapontado de Baekhyun que apenas sorriu fraco e deu um beijo na ponta do nariz dela.

— Tudo bem, então. 

Sem que S/N pudesse tentar se explicar sobre o motivo de não querer ir, ela soltou um grito assim que Chester roubou um pedaço de pizza e saiu correndo para a cozinha enquanto Baekhyun gargalhava.

(...)

No dia seguinte, S/N preparou o café da manhã enquanto o detetive se arrumava. Quando ele finalmente foi trabalhar, a mulher se trocou e saiu de casa com seu destino em mente. 

Após vários minutos parada em frente da "pensão", S/N precisou respirar fundo, já que seu estômago revirava de um modo nervoso. Havia morado e passado tanto tempo ali que chegava a ser estranho ela se sentir daquela maneira, como se não pertencesse a aquele lugar. No fundo sempre soube, mas preferia enganar a si mesma por não ter para onde ir. Porém, agora ela tinha Baekhyun e não precisava mais mentir para si mesma, não queria estar naquele lugar e só havia vindo até ali por causa de Sehun e não pelas drogas. Cruzando os braços de um modo defensivo, S/N atravessou a rua e bateu na porta. Depois de quase um minuto, a porta foi aberta por um cara que ela nunca viu e cuja aparência estava completamente acabada, claramente por conta das substâncias que usava.

— O Sehun está?

— Não, mas logo chega. - Sem esperar que S/N respondesse, o homem deixou a porta aberta e subiu as escadas.

S/N respirou fundo, indo se sentar em uma parte do sofá que não tinha tantas manchas nojentas. A mulher torceu o nariz ao ver a sujeira e bagunça daquele local e se perguntou como que ela não se importava com nada disso antes. Mas sabia muito bem a resposta.

S/N não tinha noção de quanto tempo havia passado, poderia ser meia hora ou talvez duas, quando Sehun finalmente passou pela porta.

— Aleluia. - Ela reclamou, chamando a atenção dele.

— Veja só quem apareceu. - Falou em um tom divertido. — Achei que tivesse morrido de overdose em algum lugar, já estava pensando em mandar algumas pessoas te procurarem.

— Esse é o seu destino, meu querido. Não o meu. - Ele balançou a cabeça, ainda sustentando um sorriso de canto e analisou S/N rapidamente.

— E você, como está? - Questionou, se dirigindo para os fundos e S/N foi atrás.

— Bem e você?

— Melhor que nunca, estou faturando pra caralho. - Sehun fechou a porta da garagem e acendeu um baseado, dando uma longa tragada.

— É sobre isso que eu preciso falar com você. - Se referiu às drogas e o homem franziu o cenho, se apoiando em uma das mesas e oferecendo o baseado para ela. S/N recusou.

— E o que seria? - A mulher soltou um longo suspiro, mordendo o lábio de um modo nervoso e mexendo seus pés sem parar. 

Sabia que tentando ajudar Sehun de qualquer forma, ela estaria não somente fazendo algo contra a lei, coisa que ela não se importava, mas também traindo a confiança de Baekhyun. E por mais que se sentisse péssima por isso, não poderia deixar de falar algo para Sehun. Não quando ele já havia feito tanto por ela.

— A polícia está atrás de você por causa disso. - Falou, apontando para os objetos verdes. Ele arqueou a sobrancelha, continuando em sua pose calma e relaxada.

— Eles meio que sempre estão atrás de mim. - Sehun riu. — Não entendi sua preocupação repentina.

— Não estou preocupada. - Mentiu e ele levantou as mãos em sinal de rendimento. Os dois sabiam muito bem como funcionava a linha tênue entre se importar com o outro, mas nunca demonstrar ou admitir.  — Mas eu acredito que eles estão bem perto de te descobrir. Estavam quase perdendo o caso, até que receberam uma nova informação. - Fazendo uma expressão desconfiada, Sehun não se apressou a tragar o baseado e soltar a fumaça enquanto observava S/N que ficava impaciente.

— Jura?

— Não, eu inventei isso e só vim até aqui para perder meu tempo mentindo. - Rebateu, irritada.

— Então me fala, como você sabe disso? - S/N rolou os olhos.

— Não importa.

— Claro que importa, se é verdade é só dizer como você descobriu.

— Você realmente está achando que eu estou mentindo? - Indagou, incrédula.

— Eu não acho nada, S/N. - A mulher esfregou o rosto enquanto pensava se deveria falar tudo de uma vez ou não. Até que ponto poderia confiar que Sehun saber de Baekhyun era uma boa ideia?

— Eu conheço um detetive, um dos que está no caso das drogas. - Sehun franziu o cenho, deixando a mulher mais nervosa. — Nós estamos... tendo algo. - Falou estreitando os olhos, sem saber exatamente como definir o que ela tinha com Baekhyun. A expressão de Sehun passou lentamente de incrédula para confusa, até que de repente um enorme sorriso se abriu em seu rosto.

— Isso é maravilhoso! - Exclamou feliz, puxando S/N para um abraço que quase a esmagou.

— É? - Perguntou, sem entender.

— Você é uma gênia, S/N.

— Sou?

— Mas é claro! Você pode conseguir todas as informações que eles têm e nós podemos fazer o que quisermos sem sermos pegos! Isso é incrível. - Falava estupefato e S/N franziu o cenho, se afastando para conseguir olhar o rosto dele.

— Eu não vou fazer isso. - Disse firme, fazendo Sehun parar o seu falatório.

— Como assim?

— Eu não estou com ele para descobrir nada.

— Não? - S/N negou. — Então, para quê? 

— Nós nos... gostamos. - Admitir aquilo em voz alta fazia S/N ter uma sensação estranha. Sehun ficou a encarando em silêncio, sua expressão denunciando o quão incrédulo ele estava.

— Um detetive, S/N? - Perguntou em um tom acusatório, se afastando da mulher e voltando a fumar.

— Sim. - Ela deu de ombros.

— Você só pode estar de brincadeira. - Murmurou mais para si mesmo do que para ela. — É por isso que você sumiu e nunca mais deu sinal de vida? 

— Eu percebi que esse não é o melhor lugar para eu morar. - Falou, sincera.

— Eu já disse que você podia morar comigo, no meu apartamento.

— E que diferença faz? Não é essa vida que eu quero pra mim! - Sehun soltou uma risada irônica.

— Ah, não? Você nunca reclamou antes, não até esse cara aparecer e você simplesmente querer se converter para o lado correto da vida.

— Sehun, cala a boca! Olha as merdas que você tá falando.

— E eu estou errado, S/N? Hum? De repente você quer fingir que essa não é sua vida e ir viver da melhor maneira possível com esse detetive de merda?

— Eu preciso me sentir mal por não querer viver no meio desse monte de…? - S/N ficou em silêncio, vendo o olhar que Sehun a lançava.

— Desse monte de o quê? De drogados? De merdas? - Falou, irritado, sustentando um sorriso debochado. — Me explica o que te faz ser melhor que eles? Que eu? - Os dois ficaram se encarando em silêncio. — Espero que você nunca esqueça, S/N, que quem te ajudou quando você não tinha um teto em cima da sua cabeça e nem o que comer, fui eu. Um drogado igual esses que você não quer se meter mais. Não foi um policial, não foi um detetive e tenho certeza que se você tivesse pedido ajuda a qualquer um deles, ninguém faria algo de útil por você. - S/N tentava segurar as lágrimas que ela não sabia definir se era de raiva ou de tristeza.

— Eu sei, caralho! E justamente por reconhecer tudo isso que eu vim aqui falar com você! Eu não quero te ver atrás das grades, porra. - Ele continuou em silêncio, passando a mão no rosto de um modo nervoso. — E eu não vim aqui para brigar, só para pedir que você tome cuidado.

— Eu sempre tomo. - Rebateu em um tom seco e S/N quis rir de frustração. Então era isso? Vendo que ele não falaria mais nada, a mulher suspirou.

— Se cuida, Sehun. - Murmurou, derrotada. E ele continuou imóvel. 

Saindo dali, mais desapontada do que quando chegou, ela resolveu caminhar um pouco pela cidade e pegar um ar para tentar organizar seus pensamentos. 

Quando chegou em casa, S/N fez uma careta ao ver Baekhyun no sofá.

— Oi. - Saudou e não demorou para Chester aparecer pedindo carinho.

— Tudo bem? - Baekhyun perguntou, notando a expressão não muito boa da mulher.

— Tudo. Não sabia que você ia voltar mais cedo.

— O capitão me liberou, disse que eu estava trabalhando demais, de novo. Como se ele já não tivesse me dado um dia de folga a menos de uma semana. - Resmungou e ela soltou uma risada nasalada. 

— Não posso deixar de concordar com ele.

— O convite para hoje à noite ainda está de pé, caso você mudar de ideia. - Trocou de assunto.

— Não estou muito bem, saí para pegar um ar e mesmo assim não adiantou. - Mentiu. — Acho melhor eu ir deitar.

— Aconteceu alguma coisa? - Perguntou, preocupado, vendo que ela já subia as escadas.

— Não. - Foi tudo o que respondeu antes de sumir.

Baekhyun sustentou uma careta confusa e encarou o cachorro que parecia frustrado em não ter recebido atenção da dona. O detetive compreendia aquela frustração. Ficando alguns minutos ponderando se deveria ver como S/N estava, ele resolveu ir para conseguir se aquietar de uma vez. A porta do quarto estava entreaberta e ele entrou em silêncio, se aproximando da mulher encolhida na cama. Baekhyun se sentou na ponta do colchão, começando a mexer nos fios do cabelo dela e S/N soltou o ar com força.

— Você sabe que pode contar tudo para mim, certo? - Perguntou e a mulher assentiu com a cabeça, ainda de olhos fechados. — Se quiser, posso ficar em casa hoje à noite.

— Não precisa.

— Mas eu...

— Só me deixa sozinha, Baekhyun. - Interrompeu, afastando a mão dele e se virando para o outro lado.

S/N ficou em silêncio, encarando a parede até que ouviu a porta do quarto ser fechada e ela voltar a ficar sozinha no cômodo. Sabia que era errado descontar sua frustração nele, ainda mais quando tudo o que Baekhyun fazia era tentar ajudá-la de todas as formas possíveis, mas não é como se ela pudesse contar o que realmente estava acontecendo. 

Não sabia até que ponto compreendia a reação de Sehun e até que ponto achava errado. Por mais que esperasse que ele fosse agir de uma forma negativa, não esperava que fosse tanto e muito menos que ele falasse aquelas coisas. Mas ela entendia e se colocando no lugar dele, se as posições fossem contrárias, não conseguia nem imaginar o que faria. 

Após dormir por horas, S/N prendeu a guia na coleira de Chester e saiu, se despedindo brevemente de Baekhyun que estava fazendo algo na piscina, mas ela não se atentou a reparar no que. 

Quando finalmente voltou para casa, o céu já estava escuro e o detetive já havia saído com seus colegas de trabalho. S/N colocou água e ração para o cão e foi preparar alguma coisa para ela mesma comer. Por ter caminhado por horas e se sentir cansada e com os músculos doloridos, a mulher tomou um banho quente e deitou, não demorando para pegar no sono, mais uma vez.

S/N acordou sentindo a cama balançando e quando abriu os olhos, viu Baekhyun deitado ao seu lado, de costas para ela. A mulher ficou imóvel, pensando se devia fazer alguma coisa ou não, até que sua consciência voltasse a pesar.

— Baekhyun? - Sussurrou, sem receber resposta. — Baek? - Ela o ouviu respirar pesadamente.

— Hum? - Murmurou e S/N constatou que ele estava realmente quase dormindo. Ela continuou em silêncio, se enrolando para dizer uma palavra tão simples. — Hum? - Resmungou mais uma vez, fazendo ela rir. Ainda de costas, ele estendeu a mão, a esperando segurar a mesma enquanto ele tentava não dormir.

— Desculpa. - O detetive franziu o cenho, soltando um suspiro cansado e coçou os olhos com a mão livre, se virando para olhar a mulher.

— Que? 

— Foi errado eu te tratar daquela maneira, mais cedo. - Explicou, fazendo Baekhyun abrir um sorriso preguiçoso.

— Tudo bem. - Murmurou. Havia passado quase a noite inteira pensando em S/N, enquanto sua preocupação o fazia criar mil paranoias. Só o fato de ela se desculpar já acalmava o coração do detetive.

— Estou desculpada? - Perguntou, apenas para confirmar, de uma forma quase inocente.

— Não. - A careta confusa e surpresa de S/N era completamente impagável e ele precisou se segurar para não começar a gargalhar.

— Não? - Baekhyun negou com a cabeça.

— Você precisa fazer uma coisa para eu te desculpar.

— O quê?

— Me dar um beijinho. - S/N começou a rir, dando um leve tapa no braço dele.

— Só umzinho? 

— Acho que dá pro gasto. - Deu de ombros, rindo junto com ela e a puxando para um beijo.

(...)

Já fazia três semanas que S/N havia visto Sehun e para seu descontentamento, não teve notícias dele. A mulher tinha certeza que ele conseguia se cuidar muito bem, mas também conseguia fazer muita cagada quando queria e era isso que a preocupava. Sentindo um puxão e tropeçando, S/N começou a ser arrastada por Chester, até que Baekhyun segurou a guia, fazendo o cachorro parar no lugar. 

— Por um segundo, eu cogitei em deixar o Chester te arrastar para ver até onde vocês iam. - Baekhyun debochou e S/N rolou os olhos.

— Você é um amor de pessoa.

— Eu sei. - Falou convencido. 

Os dois caminhavam pelo parque que tinha perto de casa, levando Chester para passear e gastar um pouco de sua energia quase inesgotável. O cachorro tentava morder a coleira, queria correr atrás de passarinhos e esquilos e latia para qualquer coisa que chamasse sua atenção. S/N achava graça de toda aquela animação, sendo que quando ela passeava sozinha com ele, o cachorro costumava ser mais calmo.

— Hoje mais cedo conversei com os meus pais por telefone. - Baekhyun falou, chamando a atenção de S/N.

— E aí? 

— Eu falei sobre nós. - A mulher o olhou surpresa. — Espero que você não se importe, eles acabariam sabendo uma hora ou outra. - Ela assentiu. — Eles querem te conhecer. - S/N parou de caminhar, fazendo uma expressão assustada sem conseguir processar aquela informação.

— O quê? 

— Eles querem te conhecer. - Repetiu, rindo fraco. — Minha mãe pediu pra gente passar um fim de semana na casa deles. Mas só se você quiser.

— É melhor não. - Respondeu prontamente. Baekhyun franziu o cenho.

— Ok... Mas, por quê? - S/N deu de ombros, não demorando para trocar de assunto.

À tarde, Baekhyun recebeu uma ligação e precisou ir para a delegacia, deixando S/N sozinha e com tédio. Depois de terminar de assistir o segundo filme seguido, ouviu a campainha tocar e ela estreitou os olhos. Se levantando e indo abrir a porta, a mulher soltou um grito de susto, tentando fechar a porta em um reflexo, mas o homem colocou o pé entre a mesma e o batente.

— Estou me sentindo muito bem-vindo aqui. - Ironizou.

— Que porra você tá fazendo aqui!? 

— Precisamos conversar, oras. - Respondeu, entrando na casa.

— Sehun, não fode. - Falou, impaciente, sentindo o nervosismo a deixando inquieta e seu coração acelerado.

— O que foi? Eu só vim fazer uma visita. - Deu de ombros, olhando ao redor. 

— Não me lembro de ter te convidado. O que você quer?

— Eu fiquei pensando no que você falou. - Disse simples, colocando as mãos no bolso da calça.

— E?

— Você não precisa mais se preocupar comigo.

— Eu não estava preocupada. - Negou prontamente, fazendo ele rir. — O que você vai fazer?

— Já faz algum tempo que comecei a comercializar para outras cidades. Os negócios estão crescendo. - Deu de ombros. — Vou embora daqui. - S/N o olhou perplexa.

— Quê? Você não pode simplesmente ir embora. 

— A um bom tempo eu já estou pensando em mudar de ares, o que você falou só me fez parar para refletir sobre as coisas.

— E você vai embora? - Ele assentiu, sustentando um leve sorriso.

— Desse jeito as coisas podem se acalmar um pouco por aqui e talvez eles desistam do caso alguma hora. E eu sei que você vai sentir minha falta.

— Não vou, não. 

— Finjo que acredito. Desculpe pelas coisas que eu te disse na última vez que nos vimos.

Os dois ficaram em um silêncio cômodo. S/N não precisava responder para ele entender que estava tudo bem. Por anos o outro foi tudo o que tiveram de mais estável em suas vidas e por mais que se entendessem de uma forma um tanto estranha, não tinha como negar que sentiriam a falta do outro.

— Não se meta em mais confusão e nem seja preso, ok? - Sehun soltou uma risada nasalada.

— O mesmo para você. Mantenha em mente que é bem mais fácil ser presa morando com um detetive. Erro de principiante esquecer isso.

— Cala a boca, babaca. - Os dois riram.

— Você está feliz aqui? - Sehun questionou, fazendo S/N sorrir fraco.

— Sim. Bastante. - Ele assentiu.

— Que bom. Acho melhor eu ir, então.

— Certo. - Sabendo que Sehun iria embora sem fazer nada, S/N o puxou para um abraço. — Vê se não some. - Murmurou e ele assentiu.

Antes que se soltassem, a porta abriu, revelando a figura do detetive. S/N arregalou os olhos, sentindo seu sangue parar de correr e não duvidava que desmaiasse ali mesmo. Ela se afastou de Sehun enquanto Baekhyun analisava os dois e tentava entender a situação.

— Baekhyun, oi. 

— Oi. 

— Esse é o... - S/N começou a falar, sem saber como apresentar Sehun, já que obviamente não podia falar o nome dele.

— Lee Jinwan. - Falou, estendendo a mão para o detetive. — Pode procurar no banco de dados, caso quiser. - Disse em um tom claramente debochado, observando o distintivo de Baekhyun 

— Tenho coisas mais importantes a fazer. - O detetive tinha o sorriso mais falso que S/N já viu e ela precisou segurar o riso.

— Ele já estava de saída.

— Já? Mas o Baekhyun acabou de chegar, eu queria conhecer ele. - Sehun falou e S/N ficou o encarando com um semblante irritado.

— Eu te levo até a porta. - A mulher segurou ele pelo braço, o arrastando até o lado de fora da casa e fechando a porta para que Baekhyun não escutasse. — Você é um dissimulado. - Murmurou em um tom bravo.

— Por quê? Eu queria conhecer ele, oras.

— Sai daqui que você já me complicou o suficiente.

— Eu nem fiz nada.

— Você apareceu e agora eu vou ter que inventar algo para dizer de onde nós nos conhecemos.

— É só falar para ele que não interessa.

— Sehun, sinceramente. - Ele riu. — Eu... - Ela começou incerta, respirando fundo. — Eu quero te contar um dia sobre o que aconteceu comigo antes de a gente se conhecer. - Sehun arqueou as sobrancelhas, um tanto surpreso.

— Tem certeza? - Ela assentiu. — Certo. Estarei a disposição.

— Obrigada. - Ele deu de ombros e os dois riram fraco.

— Até mais, S/N.

— Até. - Ele acenou e a mulher ficou observando Sehun caminhar até sair de seu campo de visão.

Quando ela entrou, Baekhyun já estava na cozinha preparando um sanduíche. Ele havia aberto a porta dos fundos para Chester e agora o cachorro estava sentado ao seu lado.

— Como foi na delegacia?

— Consegui resolver o que precisava.

— Que bom. - Ele assentiu. 

Quando terminou de preparar o sanduíche, se sentou na bancada e começou a comer. S/N se encostou no batente da porta enquanto observava Chester.

— Não sabia que você tinha amigos, fora a Yujin. 

— Eu não costumo falar dele. - Deu de ombros.

— Por quê? - Perguntou, curioso. S/N odiava que o fato de Baekhyun ser detetive fazia com que ele fosse mil vezes mais curioso.

— Ele é filho de uma das prostitutas que trabalhavam com a minha mãe. - Mentiu, vendo Baekhyun assentir.

— E vocês dois mantêm contato?

— Não muito. Ele veio avisar que vai se mudar.

— Lamento. - S/N deu de ombros.

— Vai ser melhor assim. - Murmurou, pensativa, e Baekhyun resolveu parar de fazer o questionário. 

— Vamos sair mais tarde, que tal? - Mudou de assunto, fazendo a atenção da mulher voltar para ele.

— Para onde?

— Abriu um restaurante mexicano a pouco mais de duas semanas perto da delegacia. 

— Vou tomar banho. - Falou animada, fazendo-o rir.

Fazia pouco mais de duas horas que os dois chegaram ao restaurante. Já haviam comido e S/N continuava a beber a garrafa de vinho, e Baekhyun já tinha parado a tempo.

— Nós devíamos adotar outro cachorro. 

Nós não adotamos um cachorro. Você adotou. - Baekhyun falou, fazendo S/N rir.

— Então é a sua vez de adotar! - Disse, empolgada. Ele comprimiu os olhos e cruzou os braços.

— Me convença. - Desafiou e S/N fez uma careta.

— Eu tô bêbada, meu cérebro nem tá funcionando agora.

— Se vira. - S/N bufou.

— Qual outro argumento eu preciso além de que nós teríamos outro cachorro? É o melhor e maior argumento universal. 

— Não acho que seja.

— Aí o problema é seu, Baek. - Resmungou e ele sorriu. 

— Você tem dez minutos para me convencer. - Apontou para o relógio pendurado na parede atrás dela e S/N se virou para checar os ponteiros. O detetive ficou analisando a mulher até ver a postura dela tensionar e ela se virar para ele com a expressão assustada e branca feito um papel.

— Vamos embora. - S/N pediu com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas.

— Por quê? - Ele questionou confuso e preocupado, olhando ao redor para tentar achar algo fora do comum. Sem conseguir esperar, S/N se levantou em um pulo, caminhando rapidamente para fora dali. — S/N? - Baekhyun chamou, indo atrás dela, sem se importar com os garçons preocupados que ele sairia sem pagar.

Quando Baekhyun a encontrou, a viu apoiada no carro e vomitando. Ele correu até ela, puxando seus cabelos para longe do rosto e sentindo sua mente e coração a mil. S/N tremia e chorava compulsivamente e ele a puxou para um abraço protetor.

— Está tudo bem. - Murmurou, enquanto o corpo dela tremia junto com os soluços. — O que foi, S/N? - Perguntou em um tom manso, afagando os cabelos dela. A mulher apenas negou com a cabeça. — Você precisa me falar o que está acontecendo para eu poder fazer alguma coisa. - Argumentou, sentindo ela o abraçar com mais força. Após alguns segundos em silêncio, S/N respirou fundo algumas vezes.

— Eu vi minha mãe lá dentro. - Falou com a voz abafada por estar com o rosto na curva do pescoço dele. Baekhyun ficou estático enquanto diversos pensamentos inundavam sua cabeça.


Notas Finais


depois de quase dois meses essa otária (euzinha) está de volta o/
pelos meus cálculos tc terá só mais dois ou três capítulos ou seja logo daremos adeus a essa fic (nem vou chorar)
não deixem de comentar o que vocês acharam desse capítulo! ❤

Lista com todas minhas fanfics separadas por membro: https://thebbaek.tumblr.com/


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...