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História The Cop - Baekhyun - EXO - Pulseira


Escrita por: keepinghopes

Notas do Autor


Antes de mais nada queria agradecer a @peachy_love por ter atualizado a capa e ter criado esse ícone que estou apaixonada. Valeuzão, xuxu ❤

Capítulo 20 - Pulseira


Baekhyun caminhou pela delegacia, indo em direção ao escritório do capitão. O homem estava assinando uma pequena pilha de documentos e Baekhyun bateu na porta, recebendo um gesto para que entrasse. Se sentando na poltrona, ele começou a balançar a perna, olhando dos papéis para o capitão. Como se nunca tivesse estado naquele cômodo, o detetive começou a olhar ao redor, observando cada objeto para tentar se manter distraído e quieto.

— Eu não sei porquê ainda fico surpreso. - O mais velho falou e Baekhyun arqueou a sobrancelha.

— Com o quê?

— Sua falta de paciência, Byun. - O detetive sorriu, humorado.

— Tenho mais do que parece. - O capitão comprimiu os olhos.

— Claro. Vamos falar sobre o que aconteceu ontem? 

— Não. - Respondeu, após uma breve pausa. — É algo pessoal. - O capitão assentiu, o analisando por alguns segundos.

— Ela não parecia saber muito bem quem você era quando veio aqui. - Se referiu a Gain.

— Eu sei.

— Baekhyun, você sabe muito bem que assuntos pessoais não devem ser trazidos para dentro da delegacia. - Disse em um tom sério e o detetive suspirou. — Eu preciso saber se devo me preocupar com algum problema futuro que essa mulher possa trazer.

— Não precisa. - Respondeu, simples. A única pessoa que estava preocupada era ele próprio.

— Ok. Agora, eu quero conversar com você sobre o caso das drogas. - Baekhyun passou a língua pelos lábios, entrelaçando seus dedos.

— Certo.

— Imagino que Chinsun já conversou com você? - O detetive assentiu. — Sei que você é contra isso, mas não há nada que eu possa fazer já que não há provas suficientes para continuar o caso. 

— Por enquanto. - Resmungou.

— E se aparecer alguma pista realmente relevante que nos leve a algum suspeito, o caso será reaberto. - Baekhyun rolou os olhos. 

— Ótimo. - Ironizou.

— Você tem mais coisas para se preocupar no momento. 

— Por exemplo?

— Passar os feriados com a sua família. - Baekhyun fez uma careta confusa, já que não havia falado nada para o homem. — Jongdae está feliz por você. 

— Claro que foi ele. - O detetive havia mandado uma mensagem na noite passada para o amigo, contando que seus pais ficariam ali para o Natal. — Jongdae é muito fofoqueiro.

— E desde que você começou a trabalhar aqui, nunca pegou folga no final de ano. - Baekhyun deu de ombros. — Agora que você tem uma namorada e seus pais vieram lhe visitar, não acha que está na hora? 

— Mas o número de assaltos, roubos e acidentes acontecem com mais frequência em feriados. Não faz sentido eu ficar em casa. - O capitão o olhava com tédio.

— Sua preocupação excessiva com o trabalho não é saudável.

— Não é excessiva. - Contrariou.

— Imagine se fosse. Você sempre fez de tudo para tornar essa cidade um lugar melhor, se dê um descanso pelo menos uma vez. - Baekhyun suspirou, coçando a testa.

— Ok... - Murmurou após ponderar. — Mas só esse ano. - Avisou.

— Veremos, Byun.

Quando o céu já estava escuro, Baekhyun caminhava pelo estacionamento em direção a seu carro, balançando a chave em sua mão.

— Baek! - O detetive parou de andar, olhando para trás e esperando Chinsun alcançá-lo. — Preciso da sua ajuda. - Falou, assim que se postou ao lado dele e os dois continuaram a caminhar.

— Conte-me uma novidade. - Ela estalou a língua, fazendo uma careta.

— O que eu posso dar de presente para o Jongdae? - Baekhyun destravou a porta do carro, abrindo a mesma e se apoiando ali.

— Isso é sério? - Perguntou, gargalhando. 

— Por que não seria?

— Adorável. - Debochou.

— Cala a boca, Byun. - Pensando, Baekhyun soltou um longo e teatral suspiro.

— Sei lá, esses dias ele reclamou que precisava de umas blusas novas? - Chinsun fez uma careta, não achando aquilo bom o suficiente. — Ele também gosta de jogar, compra algum jogo para ele. - A mulher fez um bico, balançando a cabeça.

— É... acho que vai ser isso mesmo. Obrigada. - Quando a mulher começou a se afastar, Baekhyun a chamou.

— Dê alguma coisa para ele que tenha algum significado, algo que te faça lembrar dele ou sei lá. Ele se importa bem mais com essas coisas do que presentes caros que não tem valor sentimental algum. - Chinsun abriu um grande sorriso, assentindo com a cabeça.

— Vou pensar em alguma coisa. E você precisa de ajuda para escolher algum presente para S/N?

— Não, já está tudo certo. 

— Se tornando responsável e organizado. Estou orgulhosa de você. 

— Vai se foder, Chinsun. - Os dois riram e ele se despediu dela, entrando no carro.

(...)

Andando por entre os corredores da biblioteca, S/N procurava pela prateleira certa para guardar o livro em sua mão. Parando para ler a sinopse, a mulher ficou distraída o suficiente para não notar o homem que caminhava a passos silenciosos em sua direção. Sentindo duas mãos segurarem sua cintura, seu corpo foi girado, fazendo ela bater as costas contra a estante de livros e uma mão tampar sua boca para que ela não gritasse. Assim que viu Baekhyun com um sorriso divertido, ela suspirou aliviada, dando um soco no peito dele.

— Seu idiota. - Resmungou, ouvindo-o rir. 

— Oi para você também, bonitinha. - Ele pegou o livro da mão dela, analisando a capa e colocando o livro no local certo, aproveitando para pressionar seu corpo contra o dela, deixando a mulher presa entre ele e a estante.

— O que você está fazendo aqui? - Questionou, dedilhando o distintivo pendurado no pescoço do detetive.

— Vim te buscar para a gente ir comprar algum presente para os meus pais e meu irmão. - Respondeu com o rosto a poucos centímetros do dela.

— Saio em dez minutos. - Avisou, mas Baekhyun não se deu ao trabalho de falar alguma coisa, preferindo a beijar. Quando S/N sentiu as mãos dele entrando lentamente por baixo de sua blusa e ele pressionando a coxa contra a intimidade dela, a mulher o empurrou. — Eu mal consegui um emprego, não me faça perdê-lo. - Baekhyun fez um bico e ela riu, o beijando rapidamente. 

— A senhora Hawks está muito ocupada dando uma bronca em alguns adolescentes que estavam fazendo muito barulho. Não acho que ela vai se dar ao trabalho de ver o que você está fazendo.

— Isso é o que você pensa. Eu sinto ela me vigiando o tempo inteiro. - Sussurrou para que só ele ouvisse.

— Não posso tirar a razão dela. - S/N o olhou com tédio. — O quê? Seu passado te condena.

— É, eu sei muito bem. 

Ouvindo uma alta comoção vindo de alguns metros de onde os dois estavam, caminharam para fora do corredor, encontrando os adolescentes ainda falando alto e rindo. S/N rolou os olhos, indo até eles. Ela pegou uma revista, enrolando a mesma e batendo na cabeça de dois garotos. 

— Vaza, a biblioteca já está fechando. - Ordenou com um semblante fechado e eles começaram a resmungar. O grupinho costumava a ir ali quase todos os dias, sempre fazendo alguma coisa para incomodar os outros.

— Nós ainda não terminamos o trabalho. - Um moreno falou.

— E como isso é problema meu? - S/N disse sem se importar.

— Tudo bem por aqui? - Baekhyun perguntou assim que se aproximou, mantendo uma expressão séria enquanto o distintivo brilhava em seu peito. 

— Sim. - Uma garota respondeu, lançando um olhar preocupado para os amigos e eles começaram a guardar suas coisas. Não demorou para que eles sumissem da biblioteca e S/N começou a rir, vendo a expressão do detetive se suavizar.

— S/N, já terminou de guardar todos os livros? - A Sra. Hawks perguntou, se aproximando do casal.

— Já.

— Então pode ir. - S/N assentiu, indo para trás do balcão e pegando sua bolsa. A mulher segurou na mão de Baekhyun e os dois começaram a caminhar em direção da porta, até que a voz da senhora os fizesse parar. — S/N, você está contratada. Até ano que vem. - O sorriso que ela abriu quase não cabia em seu rosto.

— Obrigada. Até ano que vem, Sra. Hawks. Tenha um feliz natal. - Desejou. 

Assim que pisaram na calçada, Baekhyun passou os braços ao redor da cintura de S/N, a levantando alguns centímetros do chão.

— Eu tenho um emprego! - Disse feliz e surpresa e o homem riu.

— Sim, você tem.

— Um emprego! Dá de acreditar nisso?

— Um pouco difícil, para ser sincero. - Brincou, mas S/N não se importou. Ela selou seus lábios e Baekhyun voltou a colocá-la no chão assim que eles se separaram. — Eu falei que você ia conseguir.

— Obrigada. - Ele deu de ombros, sustentando um pequeno sorriso e continuou a andar em direção ao carro que estava estacionado a alguns metros de onde estavam. 

Baekhyun havia decidido que seria uma boa ideia ir ao shopping comprar os presentes, já que lá teria várias lojas para eles procurarem algo que gostassem. Como o esperado, o lugar estava cheio e S/N segurava firmemente na mão dele para que não se perdessem um do outro. Após andarem de um lado para o outro e já terem comprado algumas coisas para os pais de Baekhyun, os dois começaram a pensar em algo para o irmão dele.

— Vocês se conhecem a vida inteira, não deve ser tão difícil pensar em algo que ele queira. - S/N falou enquanto os dois olhavam algumas vitrines.

— É, sim. - A mulher suspirou, sentindo seu pé doendo de ficar em pé por tanto tempo, já que mal havia sentado em uma cadeira hoje.

— Ele não tem algum hobbie ou sei lá? - Baekhyun ponderou por alguns segundos, até que arregalou os olhos e sorriu, começando a puxar S/N. Eles acabaram em uma loja de brinquedos e a mulher franziu o cenho.

— Ele coleciona bonecos de super-heróis. 

— Quem sou eu para julgá-lo. - S/N murmurou, arrancando uma risada do homem. 

Os dois perderam a noção do tempo ali, pegando e mexendo em vários brinquedos, colocando máscaras e fazendo poses engraçadas e jogando bichos de pelúcia no outro. Pareciam realmente duas crianças que haviam entrado em uma loja de brinquedos pela primeira vez, mas não se importavam, já que estavam se divertindo horrores. 

Ainda usando uma máscara de zumbi, Baekhyun caminhou a passos silenciosos até S/N que olhava para alguns pacotes que ele não se deu ao trabalho de ver o que era. Parando ao lado da mulher, não demorou para ela desviar os olhos para o homem, soltando um grito de susto ao ver a máscara.

— Puta merda, Baekhyun. - Resmungou, ouvindo a risada dele sendo abafada pelo objeto em seu rosto. 

— Eu quero um beijo. - Falou, prendendo o corpo da mulher em seus braços enquanto ela tentava o empurrar.

— Para com isso, seu nojento. 

— Só um beijinho.

— Eu vou te denunciar, é sério. - Reclamou, tentando empurrar o rosto dele para longe do seu.

— Com licença. - Os dois olharam para a direção de onde vinha a voz masculina, vendo um homem vestido com roupas sociais. — Eu vou precisar convidar vocês a se retirarem, caso não forem comprar nada.

— Mas nós vamos. - Baekhyun respondeu, apontando para uma grande caixa com um boneco do Capitão América, largada a poucos metros de onde os dois estavam. S/N tirou a máscara do rosto do homem, tentando deixar ele menos ridículo enquanto conversava com o gerente da loja.

— Posso acompanhar vocês até o caixa. - Baekhyun arqueou a sobrancelha, vendo que o homem queria se livrar logo deles.

— Nah, ainda estamos vendo se vamos levar algo a mais.

— Se vocês continuarem a bagunçar a loja, terei que chamar um segurança. - Baekhyun ficou em silêncio por alguns segundos, abrindo um pequeno sorriso.

— Qual seu nome?

— Andy.

— Então, Andy. Eu vi você dando em cima de uma das funcionárias, aquela de cabelo rosa. - O gerente franziu o cenho e S/N olhou de um homem para o outro, sem entender onde Baekhyun chegaria com aquilo. — E depois que você se afastou, eu fui perguntar quantos anos ela tem e adivinhe minha surpresa quando ela falou que é menor de idade. 

— Eu não sei sobre o que você está falando e não sei como isso seria algum problema seu. - Baekhyun rolou os olhos.

— Sim, você sabe. - O detetive tirou o distintivo que ele havia escondido dentro de seu casaco, balançando o objeto em sua mão para que o homem observasse. — E se eu souber de alguma denúncia sobre você, pode acreditar que eu vou fazer da sua vida um inferno. 

— Isso é uma ameaça? - O homem falou, incrédulo. O detetive se aproximou dele.

— Não, é um aviso. Deixe a garota em paz, sim? Se você não consegue transar com alguma mulher da sua idade certamente não vai ser com uma menina de dezessete anos. Agora, por que você não vai fazer a merda do seu trabalho direito antes que você o perca e deixa eu e minha namorada em paz, huh? - Baekhyun abriu um falso sorriso simpático, dando dois tapinhas no ombro dele, sem se importar com a expressão levemente assustada e raivosa do gerente. Sem se dar ao trabalho de responder, o homem se virou, caminhando a passos pesados para longe dali. Voltando sua atenção para S/N, Baekhyun pegou a máscara da mão dela.

— Voltando de onde paramos. - Falou, mas S/N não deixou ele colocar o objeto em seu rosto.

— Eu preciso confessar que transaria com você agora mesmo. - Baekhyun sorriu de soslaio, colocando a máscara em uma prateleira e puxando S/N pela cintura até que seus corpos estivessem colados.

— Não tem ninguém nesse corredor. - Deu de ombros e a mulher riu, colando seus lábios.

(...)

Quando terminaram de comer a porção de batata frita que haviam pedido, os dois continuaram na praça de alimentação com muita preguiça para irem embora.

— Meus avós vão passar o Natal lá em casa. - Baekhyun falou do nada e S/N franziu o cenho.

— Ok.

— Eles vão ficar em um hotel e meus pais também vão para lá, para não os deixarem sozinhos. 

— Tudo bem. - Disse, simples. Não era como se ela pudesse reclamar, de qualquer forma. Sabia que se falasse que não queria e que fosse se sentir desconfortável, era capaz de Baekhyun pedir para eles não virem e, obviamente, S/N jamais faria isso.

S/N sugeriu que eles fossem comprar presentes para os avós de Baekhyun, aproveitando que ainda estavam no shopping. Quando pararam em uma loja de joias, o homem não perdeu a oportunidade de se encher de colares, pulseiras e anéis, colocando um óculos em seu rosto e começando a imitar sua avó, fazendo as atendentes rirem. S/N estava no canto da pequena loja, olhando alguns colares que ela esperava que a senhora talvez fosse gostar. Vez ou outra, ela olhava para Baekhyun que continuava a fazer graça perto da porta, chamando a atenção de quem passasse por ali, e começava a rir sozinha. Pegando mais algumas joias, S/N caminhou até o caixa.

— Baek. - A mulher chamou, fazendo ele parar de conversar com uma atendente e ver que logo iriam embora.

Indo colocar os objetos em seu devido lugar, não demorou para saírem da loja e foram procurar por algo para dar ao avô do detetive. Quando Baekhyun já estava com sacolas penduradas em suas duas mãos, ele parou de caminhar assim que notou S/N encarando um ponto fixo. Ele sorriu levemente. Um espaço do shopping estava decorado com um enorme pinheiro cheio de luzes e enfeites, renas, anões, pacotes de presentes, brinquedos e uma enorme poltrona vermelha onde um homem vestido de Papai Noel conversava com as crianças. 

— Quer tirar uma foto com o Papai Noel? - Ele perguntou, imaginando que S/N nunca teve um natal e provavelmente evitava qualquer coisa relacionada a data. Baekhyun notava o brilho no olhar dela a cada vez que algum funcionário embrulhava um presente e o sorriso que ela esboçava ao ver as decorações natalinas.

— Não. Isso é coisa de criança. - Deu de ombros. Baekhyun comprimiu os olhos.

— Ele está dando balas. - Avisou e S/N o encarou.

— Bala? - O detetive assentiu. Sem esperar mais um segundo, S/N caminhou com passos rápidos até a fila de crianças. — Sai da frente, pirralha. - A mulher ralhou, empurrando uma menina para que conseguisse entrar na fila antes dela.

Baekhyun franziu o cenho, precisando prender o riso, por mais errado que fosse. Quando chegou a vez da mulher, S/N se sentou na perna do homem, começando a conversar sobre alguma coisa que Baekhyun não conseguia ouvir daquela distância. Aproveitando a distração dela, ele pegou seu celular e começou a tirar algumas fotos, sabendo que ela odiaria aquilo, mas ele achava extremamente bonitinho. Após dois minutos, a mulher voltou com um enorme sorriso e alguns doces em sua mão.

— E aí? - Ele falou, passando um braço ao redor dos ombros dela e segurando as sacolas com a outra mão.

— Eu ganhei balas e pirulito! - Disse contente, oferecendo para Baekhyun, mas ele negou com a cabeça.

— Pediu seu presente para o Papai Noel? - Brincou e ela fez uma careta, o empurrando.

— Não quero presente. 

— Tem certeza?

— Sim. - O detetive franziu o cenho, curioso em saber o motivo.

— E por que não? - Seria o primeiro natal de S/N e não fazia sentido ela não querer ganhar nada.

— Porque não.

— Eu quero uma resposta decente. - A mulher suspirou.

— Eu nunca me importei em ganhar presentes, tudo o que eu sempre quis era poder passar essa data ao lado de pessoas que se importam comigo. E eu vou passar com você. Isso já é o suficiente para mim. - S/N falava timidamente, ainda não acostumada a expor seus sentimentos. Baekhyun colocou a mão no rosto dela, fazendo com que ela finalmente o olhasse.

— Não se preocupe, bonitinha. Esse é apenas o primeiro de vários natais que vamos passar juntos, e você vai ganhar presentes querendo ou não. - Ela riu fraco, assentindo. — Vamos, quero te levar para ver o pinheiro que colocaram no centro da cidade, eu ainda não passei lá à noite.

(...)

Após minutos dirigindo, Baekhyun estacionou a alguns metros da praça. Os dois caminharam até lá, se sentando em um banco e observando a árvore que brilhava com luzes que piscavam e trocavam de cor em um tempo ritmado.

S/N vinha todo ano ali e fazia a mesma coisa. Se sentava e observava. Os sentimentos que ela tinha eram contraditórios a tudo que o natal havia passado a representar. A união de família e amigos, presentes que surpreendiam e colocavam um sorriso no rosto das pessoas, as músicas cantadas em alto e bom som, a vontade de fazer o bem para os outros, as decorações encantadoras que brilhavam com luzes vivas que traziam uma sensação de paz e alegria. E S/N se sentia vazia, sozinha. Ela ficaria observando a árvore, as crianças correndo e rindo, os pais tirando fotos e todo aquele espírito natalino que parecia contagiar a todos, menos ela. A mulher ficaria ali até que a dor em seu peito fosse demais para que ela aguentasse e a vontade de chorar a tomasse como uma avalanche. Ela iria para o que chamava de casa e passaria o natal bêbada e chapada o suficiente para que conseguisse esquecer seu nome e o dia que era. Ela só queria sentir, saber como era ter a experiência de um natal onde não se sentisse abandonada.

Agora, com Baekhyun sentado ao seu lado enquanto tagarelava sobre algo que S/N não prestava atenção, ela conseguia sentir seu peito vibrar. E também conseguia sentir todas aquelas coisas que nunca sentiu em algum ano. Ela não estava abandonada, não estava sozinha, não sentia a urgência extrema em ficar entorpecida e deixar seu corpo dormente pelo máximo de tempo possível. S/N se sentia feliz, leve e, de alguma forma, preenchida. 

— Você não acha? - A voz de Baekhyun a trouxe de volta para a realidade e S/N o encarou, vendo que ele esperava por uma resposta.

— Obrigada. - Foi tudo o que disse, ignorando seja lá o que ele tinha falado.

— Por quê? - Perguntou, confuso, por mais que sustentasse um pequeno sorriso. — Você está me agradecendo mais do que o normal hoje. 

— Obrigada, por estar aqui.

— E onde mais eu estaria? - S/N ficou em silêncio, pensando sobre aquele questionamento enquanto Baekhyun a olhava. 

— Em qualquer outro lugar. - Os dois se encararam. 

— Desde que fosse com você. - Deu de ombros, a mirando com seus olhos castanhos e brilhantes. S/N sorriu. 

As crianças correndo pela praça, os pais tirando fotos, todas as luzes e os braços de Baekhyun ao redor do corpo dela nunca pareceram tão certos como naquele momento.

Quando foram para casa, os dois tomaram banho e foram se deitar no sofá, deixando que os pais de Baekhyun finalmente pudessem dormir. 

— Vamos fazer maratona de filmes de natal até o amanhecer. - Ele falou com um sorriso alegre e S/N riu fraco.

— Você precisa trabalhar.

— Não. - A mulher voltou sua atenção para o rosto dele. — Estou de férias. 

— Jura? - Perguntou, surpresa. Ele assentiu. — Imagino que não era exatamente o que você queria.

— Talvez eu consiga sobreviver. 

— Talvez. - Ela brincou. 

(...)

No dia seguinte, Baekhyun decidiu que a pequena árvore de natal no canto da sala não era grande o bastante e saiu para comprar uma nova. S/N havia ido junto e o detetive insistiu que ela escolhesse toda a decoração do pinheiro, já que ela nunca havia feito isso. Quando voltaram para casa, os dois passaram mais de uma hora montando e decorando a árvore. Ver a animação de S/N compensava eles terem saído enquanto nevava e mal conseguiam sentir seus dedos cobertos pelas luvas. 

Após pendurarem as bolas coloridas, os bonecos de neve, renas, bengalas de doce e várias outras decorações, os dois começaram a enrolar as luzes por entre os ramos do pinheiro. Assim que terminaram, o casal analisou seu trabalho com expressões satisfeitas em seus rostos.

— Nada mal. - S/N comentou.

Baekhyun passou a tarde jogando baralho com seus pais e irmão, enquanto S/N preferiu ficar na sala com Chester e assistir à TV. Ela não era do tipo de pessoa que jogava alguma coisa e adicionando o fato de que ela ainda não havia se habituado com tanta gente na casa era mais seguro ficar na sala com seu cachorro. Os pais de Baekhyun a tratavam super bem e respeitavam seu espaço e Baekbeom sempre tentava procurar algum assunto que S/N ficasse confortável em conversar. A mulher se sentia muito grata por tudo aquilo, mas ainda assim, o tópico família continuava sendo muito estranho e assustador para ela. Tudo no seu tempo, era o que Baekhyun repetia.

Quando a noite chegou, Baekhyun apareceu na sala com um grosso casaco para lhe proteger do frio que fazia do lado de fora. S/N arqueou as sobrancelhas, se perguntando aonde ele iria.

— Logo meus avós chegam e vou buscá-los no aeroporto para eles jantarem aqui antes de irem para o hotel. Quer ir junto? - Perguntou, afagando o cachorro que estava deitado no sofá.

O pai de Baekhyun saiu para levar as malas para o hotel, já que ficariam lá, e a esposa tinha ficado para preparar a janta. A esposa de Baekbeom havia voltado de viagem e os dois foram para o centro da cidade. S/N tinha a opção de ficar com a mãe de Baekhyun e ajudar a mulher na cozinha, ou ir junto com ele e conhecer seus avós. Refletindo sobre qual era a melhor decisão - como se fosse algo realmente importante - S/N preferiu ir com o detetive. Ela teria que interagir com os avós dele de uma maneira ou de outra e, pelo menos, teria ele ao seu lado caso se sentisse desconfortável. E se ficasse sozinha com a mãe dele, só Deus sabe o que aconteceria. 

S/N ficava irritada consigo mesma por sempre buscar por Baekhyun para receber algum tipo de conforto. Ela havia passado por diversas coisas sozinha sem ter ninguém ao seu lado e havia sobrevivido. E não é como se a família dele quisesse arrancar sua cabeça para que ela ficasse com medo e sempre estivesse atrás dele. Não que Baekhyun se incomodasse com a presença constante da mulher, obviamente.

O aeroporto tinha um movimento enorme com pessoas caminhando em todas as direções, esbarrando nos dois vez ou outra. Indo até a área de desembarque, Baekhyun se recostou em uma parede, analisando S/N que se mexia nervosamente. 

— Alguma coisa de errado? - Questionou mesmo que já soubesse o motivo de ela estar assim.

— Não. - Deu de ombros, forçando um breve sorriso.

— Sabe, meus avós já são quase múmias, não faz sentido você ficar nervosa por ter que conhecê-los. - S/N riu fraco.

— Eu vou contar para eles o que você acabou de dizer. - Baekhyun fez uma careta culpada, mesmo que soubesse que ela não falaria nada.

— Eles não ouvem direito então, caso você diga algo que se arrependa sempre tem uma segunda chance.

— Bom saber disso.

Ainda rindo, Baekhyun a puxou para mais perto, a abraçando. Eles ficaram conversando por longos minutos, esperando que os mais velhos chegassem. Já fazia quase meia hora que os dois estavam ali e S/N já estava cansada de ficar em pé, mas Baekhyun não parecia estar incomodado.

— O que você tanto olha ao redor? - Ela perguntou com curiosidade, já que os avós dele só poderiam aparecer pelo portão de desembarque.

— O aeroporto está cheio e é fim de ano. O número de roubos aumenta nos feriados. - Se justificou, recebendo um olhar incrédulo de S/N.

— E você está se preocupando em pegar algum ladrão enquanto está esperando seus avós para o natal? - Baekhyun sorriu.

— Não. - S/N arqueou a sobrancelha, sem acreditar.

— Você trouxe seu distintivo, não trouxe?

— Não. - A mulher tinha os braços cruzados e encarou o detetive que tinha as mãos dentro dos bolsos da calça. S/N fechou a distância entre os dois, começando a mexer em todos os bolsos de suas roupas. — Ei, ei, o que é isso? Você está me revistando? - Indagou, rindo. Baekhyun tentava segurar as mãos dela, mas S/N conseguia desviar. Mexendo nos bolsos de trás da calça, a mulher tirou a carteira de couro onde ficava o distintivo dele. 

— Estou vendo que você não trouxe. - Debochou e ele abriu um sorriso de canto, pegando o objeto e voltando a guardar.

— Preciso ser prevenido, bonitinha.

— Você precisa desligar sua mente do trabalho, bonitinho. - Ele riu fraco.

— Está vendo aquele cara de casaco azul encostado na parede perto do banheiro? - Apontou com a cabeça para a direção que o homem estava. S/N avistou ele e assentiu. — Sua bolsa está aberta e uma parte do seu celular está para fora. Esse cara já passou perto de onde nós estamos duas vezes enquanto olhava para sua bolsa. Ele só não fez nada porque eu estava encarando. - S/N franziu o cenho, vendo o sorriso presunçoso que Baekhyun sustentava e ela rolou os olhos.

— Ou ele estava olhando para minha bunda e passou por aqui porque foi fazer alguma coisa que não tenha nada a ver comigo. - Baekhyun fez uma careta por ela ter contestado o que ele falou.

— Eu sou um ótimo detetive, sabia? Eu tenho certeza que sei do que estou falando.

— Aham.

— Eu sou um dos melhores, caso você não tenha chegado a essa conclusão sozinha.

— Tá bom, Baek.

— É sério.

— E seu ego vai sufocar todo mundo desse aeroporto daqui a pouco. - Ele gargalhou.

— E você precisa fechar a sua bolsa para ninguém te roubar. - Piscou para ela, recebendo um olhar de tédio.

Não demorou mais que cinco minutos para os avós de Baekhyun cruzarem a área de desembarque, e o detetive foi correndo até eles igual uma criança alegre. S/N sorriu ao ver a cena, querendo saber qual devia ser aquela sensação de ansiedade ao esperar alguém que amava tanto e a imensa alegria e alívio ao finalmente se encontrarem. A única coisa parecida com isso que S/N já sentiu foi em relação a Baekhyun, mas ela tinha a consciência de que qualquer coisa que sentisse por ele, era diferente de qualquer sentimento que você pode ter por algum familiar que ama. 

Balançando a cabeça para tirar aqueles pensamentos de sua cabeça, S/N preferiu focar na felicidade que sentia pelo detetive que a tanto tempo não via seus avós. A senhora segurava o rosto de Baekhyun com cuidado e seus olhos brilhavam com o amor que ela sentia pelo neto. Baekhyun tinha uma expressão quase infantil enquanto tentava assegurar para a avó de que ele está bem e ela não precisava se preocupar que ele estava trabalhando mais do que deveria. O avô dele o puxou para um abraço, dando alguns tapinhas em suas costas e falando algo que fez Baekhyun rir. Ocupando a atenção um do outro, a senhora deixou seu olhar se repousar na figura da mulher que se remexia nervosamente, ficando a alguns passos de distância para dar alguma privacidade a eles. 

— E você deve ser a S/N. - Ela falou, sorrindo docemente para a mulher que a encarou surpresa.

— Sim. - Respondeu, forçando um sorriso. 

— Eu ouvi falar muito de você, querida. - S/N franziu o cenho, se perguntando quem havia falado o quê. — Você sabe a quantos anos eu não vejo Baekhyun no natal? - A mulher negou com a cabeça, realmente sem fazer ideia. — Eu também não, já perdi a conta. - O jeito doce e delicado da senhora fez S/N rir do que ela havia falado e o corpo da mulher relaxou levemente.

— Ele ama o que faz. - S/N deu de ombros, sem saber o que dizer.

— Não se pode amar mais o trabalho do que a família, querida. Meu neto é cabeça dura, não importa quantas vezes a gente brigue, ele nunca escuta. 

— É, eu sei. - Falou, humorada.

— Mas Baek está aqui agora e não no trabalho. Obrigada, querida, isso significa muito. - S/N a olhou surpresa, não conseguindo pensar no que responder. Ela não achava que tinha feito nada demais.

O avô do detetive se apresentou para ela e não demorou para que eles fossem pegar as malas na esteira. Quando chegaram em casa, Baekbeom já havia chegado junto com sua esposa, e o pai de Baekhyun também. A casa estava barulhenta de uma forma que nunca esteve antes e S/N só queria se fechar no quarto e deixar com que eles se divertissem, como se ela não estivesse ali. Por mais que quisesse muito fazer isso, não faria. Ela devia isso a Baekhyun e a tudo que ele fez por ela desde que se conheceram. Afinal, se quisesse continuar com ele - o que ela claramente queria - precisaria ver a família dele outras vezes. Era só uma questão de se habituar. Ela esperava que fosse. 

Por mais bobo que parecesse, S/N se sentia mais tranquila quando Chester estava ao seu lado, deixando com que ela ficasse ocupada fazendo carinho no cachorro e não precisasse prestar tanta atenção na animada conversa que as mulheres mantinham na cozinha. S/N se sentia completamente deslocada no meio da avó, mãe e cunhada de Baekhyun, se perguntando que porra ela estava fazendo ali. Se fosse completamente honesta era mais fácil ficar em uma festa cheia de desconhecidos enquanto ela estava completamente chapada e bêbada do que ficar em um cômodo com a família do detetive.

— S/N, você também vai, certo? - Ara, a esposa de Baekbeom, questionou e a mulher a encarou confusa.

— Hum?

— Você vai no meu chá de bebê? - Perguntou com um sorriso divertido. S/N a encarou surpresa.

— Você está grávida? 

— De três meses. - Não era perceptível que a mulher estava grávida, mas S/N assumiu que talvez fosse o casaco que ajudasse a esconder. — Você ao menos ouviu o que nós estávamos falando por dez minutos? 

— Mais ou menos? - Disse, culpada, ouvindo as mulheres rindo.

— Nem nasceu meu primeiro neto e eu já quero o segundo. - A mãe de Baekhyun falou.

— Não conte comigo por pelo menos dois anos. - Ara respondeu, levantando as mãos em rendimento. O olhar das três repousou na figura de S/N.

— O quê? - Elas sorriram, esperando S/N entender. E quando ela finalmente entendeu, sua expressão se transformou em uma de pânico. — Não conte comigo nunca. - Falou, apressada, arrancando gargalhadas das três. Em menos de um minuto, Baekhyun apareceu na cozinha, se apoiando no batente da porta.

— Do que vocês estão falando? - Perguntou em um tom suspeito. 

— Que você e a S/N deveriam ter um bebê. - A avó respondeu e Baekhyun desviou o olhar para S/N que parecia transtornada. 

— Por esse e outros motivos eu vou tirar a S/N daqui. - Brincou, recebendo reclamações delas enquanto segurava a mão de S/N e a levava para fora da cozinha. 

Os dois caminharam até o quintal, tirando a neve acumulada nos degraus e se sentando ali. S/N pôde, finalmente, respirar aliviada, soltando um alto suspiro.

— Elas estão um pouco animadas com essa coisa de gravidez.

Um pouco. - S/N repetiu, ouvindo a risada dele.

— Elas provavelmente só falaram isso para ver sua reação.

— Adoráveis. - Ironizou.

— Acredite, as maiores vergonhas da minha vida foram causadas por elas. - S/N negou com a cabeça, sustentando um fraco sorriso. Havia parado de nevar, mas o tempo continuava tão frio quanto antes. Uma fina camada de gelo cobria a piscina e a mulher queria rir ao lembrar das coisas que já aconteceram ali. — Depois do jantar, meus pais e meus avós vão para o hotel. Ara vai estar cansada e vai obrigar meu irmão a ir pro quarto para eles dormirem.

— E? - Esperou ele explicar porquê estava falando aquilo.

— E você poderá ter paz. Mas vamos continuar dormindo na sala porque deixei meu irmão e a Ara dormir no nosso quarto, por motivos de ela estar grávida e não queremos meu irmão esmagando ela. - S/N riu, assentindo.

— Sem problemas. - Os dois ficaram em silêncio e S/N deitou a cabeça no ombro de Baekhyun. 

— E quais são as expectativas para o natal? - Ele perguntou, se referindo ao dia seguinte.

— Sinceramente? Não sei. 

— Posso perguntar uma coisa?

— Já perguntou. - Ele rolou os olhos.

— Você já recebeu algum presente? - S/N sorriu com a primeira coisa que veio a sua cabeça. 

A única pessoa que lhe presenteou em toda a sua vida havia sido Sehun. Todos os anos em que eles se conheciam, o homem lhe dava uma caixinha com um laço em cima. O presente era sempre um baseado e um isqueiro. S/N sempre iria gargalhar e o agradeceria. Por mais idiota que fosse o presente, Sehun se importava o suficiente para fazer aquilo e era o suficiente para S/N ficar agradecida a ele. 

— Eu diria que sim. Por quê? 

— Curiosidade.

— O jantar está pronto. - Ara gritou da janela da cozinha.

(...)

Já era quase meia noite quando eles foram embora e Ara e Baekbeom já estavam deitados. A aquela altura, Baekhyun estava bêbado - já que apostou com o irmão mais velho quem conseguia beber mais - e estava jogado no sofá, ocupando todo o espaço enquanto sustentava um largo sorriso e ria sozinho. S/N estava achando engraçado o estado dele, já que nunca havia visto Baekhyun bêbado.

— Vem aqui. - Ele pediu, abrindo os braços. S/N prendeu o riso, continuando de pé.

— Você vai dormir? - Perguntou, vendo o sorriso malicioso que ele sustentava. Baekhyun começou a rir.

— Sim. - Mentiu e S/N soltou uma risada nasalada.

— E eu não te conheço. - A mulher se sentou na poltrona, cruzando os braços enquanto o detetive a analisava em silêncio, ainda sorrindo. Pensando no que fazer, ele se sentou e S/N comprimiu os olhos. — É bom você não sair daí, tá me ouvindo? - Falou, apontando para o homem que se levantava do sofá, tropeçando e se apoiando na mesa de centro para conseguir se estabilizar. S/N gargalhou, vendo o estado deplorável que se encontrava o detetive. — Baek, deita e dorme.

— Não estou com sono. 

— Mas certamente está bêbado pra caralho. - Baekhyun voltou a rir, parando na frente da poltrona e apoiando suas mãos nas coxas de S/N, apertando levemente. Ela arqueou a sobrancelha, ainda o encarando com diversão no olhar. — Nada que você está pensando vai acontecer. - Falou, se levantando e espalmando as mãos no peito dele para o empurrar para o sofá. Quando as pernas de Baekhyun encostaram no sofá, ele levou as mãos até a bunda dela, a puxando enquanto ele deixava seu corpo cair para trás, fazendo com que S/N acabasse sentada no colo dele. — Feliz agora? - Perguntou com tédio, vendo ele rir de um jeito quase infantil, diferente dos pensamentos que tinha em mente.

— Não totalmente. - Respondeu, a puxando pela nuca e a beijando.

Era como se os lábios macios e rosados do detetive se moldassem perfeitamente nos de S/N e, por mais clichê que fosse, o coração dela ainda acelerava todas as vezes que se beijavam. Seu corpo sempre ansiava pelos toques de Baekhyun e por mais que ela negasse, as reações que ele arrancava dela sempre a denunciava. E Baekhyun sabia disso. 

S/N embrenhou os dedos no cabelo do detetive, dando leves puxadas enquanto sentia as mãos geladas dele passearem por baixo da blusa dela, arrepiando sua pele. Apertando o seio dela com uma mão, ele começou a levar a outra em direção do elástico da calça dela, sendo interrompido por um pigarro. S/N quebrou o beijo para olhar em direção da escada e Baekhyun fechou a cara.

— Sem querer interromper, mas a Ara vomitou no banheiro e eu preciso de alguma coisa para limpar. - Baekbeom falou e S/N começou a rir da expressão do detetive.

— Tem na lavanderia. - S/N avisou, se levantando para ir pegar as coisas para ele, ouvindo Baekhyun resmungar.

(...)

No outro dia, ao decorrer da tarde, S/N assistia as mulheres andando de um lado para o outro, arrumando a mesa, preparando o jantar e brigando com os homens para levantarem a bunda e fazer algo. Chester caminhava por entre as pernas de quem estava na cozinha, fazendo com que quase caíssem várias vezes e Baekhyun saiu para dar uma volta com o cachorro. S/N estava, no mínimo, extremamente ansiosa. A pontinha de nervosismo já estava em seu peito desde o momento em que acordou e se deu conta que era oficialmente natal. E aquela sensação foi crescendo cada vez mais enquanto as horas passavam e as coisas ficavam mais perto de estarem prontas. No momento que Ara tomou o lugar de S/N na cozinha, a mulher foi tomar banho e se arrumar. Procurando pelas roupas que usaria, S/N ouviu a porta do quarto fechar e se virou, vendo Baekhyun com uma caixinha na mão.

— Estava na porta de entrada, é para você. - Falou, indo entregar o objeto. S/N franziu o cenho, mesmo que tivesse uma leve impressão de quem poderia ser.

Ela abriu a tampa que tinha um delicado laço azul em cima e um cartãozinho com o nome dela grudada no mesmo. Deixando o objeto de lado e vendo um pedaço de papel dobrado ali dentro, S/N arqueou as sobrancelhas. Sem entender, ela pegou o papel, abrindo o mesmo e revelando uma pequena carta.

Pela primeira vez após anos não estou aí para ver e acompanhar sua miséria no natal. Espero que esteja feliz com o detetive e, pela primeira vez, você consiga comemorar essa data da maneira que sempre quis. 

Por mais que você diga que não se importa, eu estou bem. Imagino que você também.

Eu não poderia quebrar minha tradição de natal com seu presente, então, aqui está.

Feliz Natal

S/N tinha um sorriso enorme e genuíno, segurando aquele pedaço de papel como se fosse algo precioso. E realmente era. Sehun nunca havia lhe escrito nada e ela sabia que era dele por ser o presente característico e por ela reconhecer a letra. Era reconfortante saber que mesmo após ter ido, de alguma forma, ele mantinha a mulher em algum lugar de seu coração. S/N devia muito a ele.

— O que é? - Baekhyun perguntou com curiosidade, já tendo tirado seu casaco e camisa, segurando em mãos as roupas que ele usaria.

— Só uma carta. - Disse, voltando a dobrar o papel. S/N via que o detetive tentava se conter para não fazer mais perguntas, tentando não ser invasivo. — É do Jinwan. - Explicou, se lembrando do nome que Sehun usou para se apresentar para Baekhyun. - Ele falou que está bem e desejou feliz natal. 

— Que bom. - O detetive sorriu, caminhando até o banheiro e começando a tomar banho.

Sabendo que o presente não podia ser só a carta, S/N analisou a caixinha novamente, tirando a fina camada de espuma e encontrando o que ela sabia que ia estar lá. Um isqueiro e um baseado. Igual sempre, ela queria gargalhar. A mulher negou com a cabeça, pegando os objetos para esconder em um lugar que Baekhyun não encontraria. Por mais que ela quisesse se sentir mal por estar escondendo aquilo, não se sentia. S/N mantinha Sehun e Baekhyun em seu coração, por mais que fossem sentimentos diferentes. A forma que ela amava Baekhyun era completamente diferente da forma que ela amava Sehun. Era como se ela fosse uma pessoa quando conheceu Sehun e depois, se transformou em outra quando Baekhyun entrou em sua vida. S/N não queria misturar aquelas duas partes da sua vida, não queria que o detetive entrasse cada vez mais fundo no passado que ela mesma ainda tentava lidar. Pela primeira vez, S/N queria pensar no futuro e ela sabia que conseguiria fazer isso com o detetive ao seu lado. O passado, assim que superado, ficaria no passado e S/N não tocaria mais no assunto, por mais que sempre fosse carregar uma parte dele em seu coração.

(...)

O relógio na parede indicava que já era quase dez da noite. Todos estavam sentados ao redor da mesa, comendo, conversando e rindo. A mulher precisou parar por um breve momento, para registrar aquele momento em sua cabeça. Era estranho pensar em como aquela data era tão banal para tantas pessoas, mas para ela sempre foi algo um tanto delicado. S/N sentia uma sensação boa, mesmo que ela não conseguisse nomear o que fosse. 

— O que foi? - Baekhyun perguntou no pé do ouvido dela, para que apenas ela ouvisse. A mulher sentiu um arrepio percorrer sua espinha e ela sorriu.

— Nada. 

— Por que sempre que você fala que é "nada", sempre é alguma coisa? - Por mais que seu tom fosse humorado, ela sabia que ele não desistiria até receber uma resposta. S/N conseguia ler Baekhyun com tanta facilidade que se ela parasse para pensar demais naquilo se assustaria.

— Eu só estou... feliz? - Disse com um pequeno sorriso, vendo Baekhyun sorrir largamente.

— É por isso que você está olhando fixamente para todo mundo? - S/N encarou o detetive e os dois começaram a rir.

— Eu ainda estou aprendendo como agir quando estou feliz. Encarar fixamente os outros não é uma reação boa, eu imagino.

— Você está absolutamente certa, bonitinha. - S/N soltou uma risada nasalada, deitando a cabeça no ombro de Baekhyun e sentindo ele abraçar sua cintura.

— Quem quer sobremesa? - Ara falou alto, chamando a atenção de todos da mesa enquanto tirava uma travessa da geladeira.

Quando todos se levantaram da mesa, não demorou para Baekhyun arrastar S/N para sala, falando que ela precisava jogar truco com seu pai. A mulher mal entendia o que estava acontecendo, mas o detetive e seu irmão mais velho estavam torcendo para a mulher ganhar. Por não saber o que estava fazendo, ela apenas executava as ações que os dois a pediam para fazer. S/N mais ria do que entendia alguma coisa, mas de alguma forma, ela ganhou. E ela só percebeu que ganhou quando os dois homens começaram a gritar e gargalhar e Baekhyun a pegou no colo, começando a pular e fazendo Chester se agitar, adicionando seus latidos a toda aquela bagunça.

Não demorou mais que vinte minutos para todos estarem na sala. As luzes que rodeavam o pinheiro piscavam em diversas cores, refletindo na parede e no teto da sala. Em algum momento, Baekhyun colocou uma touca de Papai Noel em Chester e o cachorro derrubou o objeto, apenas para começar a morder. Assim que os presentes começaram a serem abertos, S/N tinha um enorme sorriso no rosto, assistindo os pacotes serem rasgados e as expressões alegres e surpresas no rosto de quem recebia. Era exatamente como ela sempre imaginou e isso aquecia seu coração. 

S/N ganhou um conjunto de brincos e colar de Ara e Baekbeom, e um vestido de Baekhyun. Quando S/N analisou a peça de roupa, vendo o tamanho do decote e uma fenda na parte da perna, o irmão de Baekhyun soltou um assovio, arrancando risadas do resto da família e S/N viu o sorriso malicioso no rosto do detetive, o que fez com que ele ganhasse um tapa. A mulher havia dado três livros do Stephen King para o homem, já que ela descobriu que esse era seu autor favorito. O detetive havia passado uma tarde inteira falando sobre os livros que ele já tinha lido, mantendo a empolgação por horas à fio e S/N pensou que seria um bom presente. Quando ela abriu o presente que a mãe de Baekhyun havia lhe dado, ela analisou o vestido branco em suas mãos.

— Eu comprei para você usar no ano novo. - Ela explicou, deixando S/N confusa. — Nós vamos passar o ano novo na casa do lago da minha prima. Seus outros tios e primos também vão estar lá. - Falou a última parte para Baekhyun e S/N encarou o detetive, tentando não demonstrar que havia entrado em pânico. Por mais que ele parecesse confuso, continuava sustentando um sorriso nos lábios, gostando da ideia.

S/N precisou forçar um sorriso, agradecendo pelo presente e tentando não surtar com a nova informação. Casa do lago? Primos e tios? Por quantos dias? E quantas pessoas, por Deus? Sentindo um aperto em sua coxa, S/N voltou sua atenção para Baekhyun, vendo que ele a analisava. 

— Vamos falar sobre isso depois, ok? - Ele murmurou e ela assentiu, respirando fundo. 

S/N detestava aquele pânico e ansiedade que a consumia só por conhecer a família dele, mas o que ela podia fazer? Quanto mais pessoas ela conhecia, mais caía a sua ficha de que aquela seria, muito provavelmente, a sua família. A família que ela nunca teve e sempre pensou em como seria caso tivesse. E eles estavam ali em carne e osso, a tratando como se S/N estivesse ali a anos e não como se tivessem se conhecido a menos de uma semana. Ela mal havia se acostumado com as pessoas que estavam naquela casa, imagine conhecer mais familiares? 

Quando os avós já estavam cansados demais e queriam voltar para o hotel, os pais de Baekhyun também se despediram e os quatro foram embora. Baekhyun e S/N juntavam os pacotes para jogar no lixo e não demorou para Ara e Baekbeom descerem as escadas. Ara não estava se sentindo bem e os dois iriam para o hospital. O detetive se ofereceu para ir junto, mas a única coisa que o irmão mais velho pediu foi para pegar emprestado o carro. Chester estava na lavanderia, dormindo tranquilamente na sua cama que já estava comida e rasgada e, finalmente, o casal estava sozinho.

S/N saiu do banheiro, vendo que o detetive procurava algo no guarda-roupa. Ela se sentou na ponta da cama, até que ele se virou para ela, segurando duas caixas em sua mão. 

— Talvez eu tenha esquecido de mencionar que o vestido não era o único presente. - Disse enquanto sorria.

— Você também esqueceu que eu falei que não queria presentes. - Baekhyun fingiu pensar por alguns segundos até que balançou a cabeça.

— Não é que eu realmente esqueci! - Fingiu estar surpreso.

Ele colocou as caixas ao lado da mulher, deixando ela decidir qual abrir primeiro. Ela pegou o presente menor, desenrolando o laço e lançando um olhar para Baekhyun, que esperava pacientemente. Tirando a tampa, S/N pegou o objeto que estava guardado na caixa, analisando com cuidado. Era uma pulseira dourada, fina e simples, com cinco pingentes pendurados nela. O primeiro era o rosto de um hamster, fazendo S/N sorrir ao lembrar de Jorge. O segundo eram três degraus, que ela imaginou representar uma escada, a escada do quintal onde S/N contou todo seu passado a Baekhyun. O terceiro era um dente de leão, preso na pulseira pelo caule, deixando a flor de cabeça para baixo. O quarto era um distintivo e S/N não precisava pensar mais do que um segundo para saber o que representava, fazendo ela lançar um breve sorriso para o detetive. O quinto pingente era a cabeça de um cachorro, que incrivelmente se assemelhava a Chester. 

S/N sentia uma mistura de sentimentos dentro de si e a felicidade era tão grande que começava a transbordar de seus olhos em forma de lágrimas. Baekhyun havia se dado ao trabalho de pensar em algo que tivesse significado não só para ela, mas para os dois, e transformado aquilo em um presente. 

— Você não gostou? - Perguntou, alarmado, notando que a mulher chorava. Ela riu da cara de espanto do detetive, segurando o rosto dele e selando seus lábios com calma e doçura. 

— Eu amei. Obrigada. - Ele sorriu, aliviado. — O que o dente de leão significa? - Perguntou, voltando a guardar a pulseira. Ela não colocaria agora porque logo iria dormir e não queria acabar estragando. Ela cometeria um crime se algo acontecesse com sua pulseira.

— Significa otimismo, esperança e liberdade. - S/N o beijou mais uma vez, sem saber o que fazer com o turbilhão de emoções em seu peito e pensamentos em sua cabeça. 

Aquele pingente significava as três coisas que ela nunca teve até conhecer Baekhyun. Até que ele a fizesse enxergar não somente o mundo de uma forma diferente, mas também a si mesma. S/N finalmente se permitiu ter a liberdade de ser quem realmente era, sem precisar se entorpecer e fazer coisas que ela nem ao menos achava divertidas apenas para ignorar tudo o que aconteceu em sua vida. Ela finalmente teve esperança e o otimismo de que as coisas ficariam bem, de que uma hora ela iria superar suas cicatrizes e seguir em frente, sem medos e traumas a assombrando. E ela tinha certeza que passaria por tudo aquilo, principalmente se tivesse Baekhyun ao seu lado. S/N sabia que não dependia do detetive, mas isso não mudava o fato de querer com todas as forças ele ao seu lado.

— Eu te amo. - Ela sussurrou, vendo um largo sorriso se formar no rosto dele. 

— Eu também te amo, bonitinha. - Sussurrou de volta, ouvindo a fraca risada dela.

— E qual é o outro presente? - Perguntou com curiosidade, pegando a caixa maior. 

— Abra e descubra. - S/N percebeu a expressão divertida dele, a deixando desconfiada. Desfazendo o laço que fechava a caixa, S/N tirou a tampa, vendo as peças de roupa ali dentro.

— Langerie? - A mulher começou a rir, pegando o conjunto de renda preto. — Esse presente é para mim ou para você?

— Para os dois? - Seu tom inocente contrastava com seu sorriso malicioso e S/N gargalhou.

— Ok, você acabou de estragar todo o momento fofo que acabamos de ter.

— Mas é assim que funciona. Algo fofo acontece e eu falo algo idiota em seguida. E dessa vez não foi minha culpa pois quem escolheu o que abrir primeiro foi você.

— Eu já percebi que é assim que funciona. E só dessa vez vou te dar um desconto. 

— Agora você devia provar, sabe? Só para saber se não precisa ir na loja trocar.

— Depois que prova não tem como trocar, seu argumento fajuto é inválido.

— Pelo menos eu tentei. - Deu de ombros, fazendo a mulher rir. S/N fechou a caixa, colocando junto com a outra e se virando para Baekhyun.

— Obrigada por me dar o melhor natal que eu poderia ter.

— Farei o possível para cada natal se tornar o melhor que você já teve. - A sinceridade em suas palavras e o amor transmitido em seu olhar fazia o coração de S/N transbordar por dentro.

— Aguardarei ansiosamente por isso. - Murmurou, voltando a beijá-lo.


Notas Finais


Chegamos oficialmente ao penúltimo capítulo e só sei que tô bem triste ✊😭
Espero que vocês tenham gostado desse capítulo, ficarei feliz em ler o que vocês acharam 💘

Lista com todas minhas fanfics separadas por membro: https://thebbaek.tumblr.com/


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