História The Crystal Moon - Capítulo 3 - Plano

     “Não sei como vou fazer, mas eu tenho que dar um jeito de voltar para casa, esse não é o meu mundo, já tentei tirar o colar ontem à noite, por causa da Cryxx e da Lua, mas não funcionou, não é possível, tem que ter um jeito, tudo que vai, volta... certo?”

     Estava com meus pensamentos na despensa quando Alajéa aparece.

     - Oii Alana, tudo bem com você? – Ela fecha os olhos e sorri.

     - Tudo, e com você?

     - Tudo ótimo, você não acha que deveria ficar no refúgio, sei lá, talvez você se sinta melhor.

     - Não acho que a Miiko irá concordar.

     - Se você não perguntar, não tem como saber.

     - Eu vou pensar direito sobre isso – Sorri e ela saiu da despensa.

     “Que atriz”, vou caminhando, tentando me familiarizar mais com o meu novo “lar”, acabo entrando em uma sala onde tem vários livros, tubos de ensaio, frascos com líquidos coloridos, etc. Sou um pouco curiosa, então não me contive em olhar tudo. Me assusto com uma voz próxima a mim.

     - Buu.

     - Ai, que susto, você é louco? E se eu quebrasse alguma coisa?

     - Certamente você iria pagar – Diz Ezarel com aquele sorriso debochado que eu ainda estou começando a me acostumar.

     - Eu nada, a culpa seria sua, ninguém mandou você me assustar.

     - E ninguém mandou você entrar no meu laboratório de alquimia.

     - Kero disse que eu tenho que conhecer mais o QG.

     - Que garota obediente.

     - Desculpa ai, rebelde de Eldarya.

     - Já vi que vou me divertir bastante com você.

     - Isso se a gente continuar se encontrando.

     - Eu conheço esse lugar melhor do que você, não tem como fugir de mim – Ele sorri novamente.

     - Eu posso simplesmente te ignorar.

     - Impossível.

     - Você sempre vê graça em tudo?

     - E você é sempre séria assim?

     - Só com pessoas sem graça.

     - Opa, agora pegou pesado, pra você ver como sou uma pessoa legal, eu vou te mostrar o refúgio de Eldarya.

     - Hum, e o que você ganha com isso?

     - Agora você me machucou – Diz ele fazendo expressão de ofendido.

     - Sei.

     - Vamos?

     Ezarel me acompanhou até um pequeno vilarejo, onde tinha várias espécies dos habitantes de Eldarya, tudo parece um sonho, é muito difícil acreditar em tudo o que os meus olhos estão vendo, fico quase que hipnotizada.

     - Oi, qual o seu nome? – Um menino olha para mim sorrindo, roubando a minha atenção de tudo.

     - Alana, e o seu?

     - Mery, suas roupas são estranhas, de onde você veio?

     - De um lugar bem distante – Vejo Ezarel ao longe, anotando algumas coisas, ele olha para mim e se aproxima.

     - Você gostou desse lugar?

     - É bem diferente, nunca pensei que todos vocês fossem reais.

     - Somos obrigados a ficar na fantasia, se as pessoas do seu mundo descobrissem, com certeza iriam fazer de tudo para nos “entender” melhor, nossas espécies são fortes em muitas coisas, mas quando se trata de saúde física e mental somos muito frágeis, nem imagino quantos testes as pessoas do seu mundo nos submeteriam a fazer, isso acabaria nos deixando com energia muito fraca, e consequentemente morrendo.

     - Agora que você me fez pensar, faz sentido, o melhor é vocês ficarem só na imaginação das pessoas mesmo.

     Voltamos para o QG, “mesmo que seja precipitado eu preciso sair daqui, não gosto de ficar dependendo das pessoas nunca gostei, me disseram que lá fora tem muitos animais perigosos, mas não vou conseguir ficar aqui sabendo que uma pessoa não gosta da minha presença, já está decidido, hoje mesmo eu vou ir embora”.

     - No que você está pensando Alana?

     - Nada demais.

     - Eu conheço esse olhar, as pessoas tem isso quando estão planejando alguma coisa – Valkion não parece muito convencido da minha resposta.

     - Não se preocupe, não estou planejando nada.

     - Ta, eu acredito em você – Ele sorri e vai embora.

     Eu sei que todos aqui, ou quase, querem me ajudar a entender melhor o que está acontecendo, mas não posso abusar da hospitalidade deles, acho melhor eu mesma descobrir um jeito de voltar para casa, sem deixar eles com tanto esforço, mas primeiro preciso ir analisar mais o território onde fica o QG, será que os portões são muito altos? Nunca fui boa em educação física, agora está me fazendo uma tremenda falta.

     Vou andando, meio que sem rumo, mas eu vou, esse lugar é muito grande, quando avisto um portão alto, que imagino ser o limite da área do QG, vejo um vulto, olho procurando por algo que seja o possível responsável, e vejo um homem mascarado, a princípio ele assusta, mas não parece ser ameaçador.

     - Quem é você? – Ele não responde apenas fica me encarando, e entrega pra mim um bilhete.

     “Eles mentiram pra você”, confesso que essa frase não me agradou em nada, quando levanto os rosto para perguntar novamente quem ele era, não tinha ninguém. “Isso foi muito estranho”, decido continuar com o meu estudo pelo local, o muro e o portão são altos, será muito difícil conseguir escapar, e claro, o portão estava trancado, vou andando mais alguns metros, e pra minha incrível e assustadora sorte, pois normalmente sou bem azarada, tem uma escada encostada em uma árvore, ela me será bem útil.

     Já estava quase escurecendo, sei que não é certo, mas precisarei levar algumas coisas para a minha sobrevivência, alguns alimentos me servirão, e em caso de perigo, acho que uma faca será o suficiente, eu estou um pouco ansiosa e me sentindo um pouco culpada, mas não aguento, eu tenho que tentar, não consigo ficar parada quando vejo uma possibilidade, eu preciso testa-la, talvez eu me arrependa, mas minha intuição está “gritando” para que eu tente essa alternativa.

     Agora sim, já está de noite, é agora ou nunca, o caminho é longo, mas todos devem estar dormindo, chego ao refúgio, está um pouco escuro, a luz de Cryxx brilha intensamente, talvez queira que desista, talvez queira que eu prossiga, não tem como eu saber. Pego a escada que estava no mesmo lugar, tento coloca-la apoiada no muro, é um pouco pesada, o fato de eu ser baixa, magra e consequentemente, um pouco fraca, não contribui muito. Finalmente tinha conseguido, é hora de ir embora. Já estava subindo as escadas, preste a saltar do muro, quando algo me interrompe.

     - O que faz aqui???