História The Cure - Jikook - 23

  -X- Jimin -X-

  Eu estou com vergonha. Certo que durante metade da minha vida eu fico com vergonha, mas dessa vez eu não sei nem como começar uma conversa com ele. Eu terminei de me vestir e quando vi ele já estava me beijando novamente, logo depois o sinal tocou e saímos da sala, com nossas mochilas nas costas e temporariamente sem as mãos dadas. 

  Aquilo que aconteceu na sala doeu, no início, eu quase o pedi para parar, meus olhos até lacrimejaram, mas eu consegui esconder dele, quando me acostumei com aquilo, foi bom. Eu nunca pensei que ele fosse me fazer sentir tão bem, eu me sentia mais apaixonado por ele e certamente que isso era ruim, claro que dependendo do ponto de vista. 

  Quando saímos da sala e nos misturamos a multidão de alunos querendo ir para casa, eu consegui fingir que eu estava andando esquisito apenas por estar desviando as pessoas. Jungkook deve ter notado aquilo, tanto que até tentou me ajudar, sussurrando que eu fingisse que alguém pisou no meu pé e foi oque eu fiz, fiz que quase cai e então sai mancando o mais confortável que eu podia. La fora, avistamos assim que ultrapassamos a porta, o carro do meu pai mais distante. Fomos até lá, e entramos no carro, minhas mãos suando de nervoso. 

  -Por que você está andando assim? -meu pai perguntou, eu senti o sangue vir no meu rosto e tentei não desviar os olhos para Jungkook pelo espelho. 

  -Pisaram no meu pé quando saímos da sala. -eu disse o mais simples possível.

  Por sorte, ele não perguntou nem mais nem menos, apenas dirigiu para casa e eu me controlei o caminho todo para não olhar pra o banco de trás, Jungkook estava lá e se eu o encarasse provavelmente iria rir como um idiota, que é oque eu sou por ele, um idiota que se apaixonou sem querer.

  Quando o carro parou na frente de casa, eu tive que me lembrar de sair com o pé "machucado", abri a porta do carro e comecei a mandar um pouco puxado ainda encenando o pé. O que eu não faço por você Jeon Jungkook? Entrei em casa e passei direto para a escada, não esperei nenhum dos dois, nem prestei atenção se a mãe do Jungkook estava na sala quando eu sai correndo normalmente até chegar na escada e subi o mais rápido possível, só parando quando a porta se abriu de novo e eles dois entraram. Subi os últimos degraus puxando o pé, mas quando vi meu pai passar para o corredor do quarto dele e da minha madrasta, eu parei com a encenação, Jungkook riu subindo as escadas, eu o esperei um pouco distante de onde meu pai poderia me se voltasse, perto das portas dos nossos quartos. 

  -Já pensou em ser ator? -sussurrou girando a maçaneta da porta dele e a empurrando. -Você fingiu muito bem. 

  -Por sua culpa. 

  -Você que quis. -ele me roubou um selinho e entrou no quarto. 

  -Quis mesmo. -entrei no meu quarto e fechei a porta, precisava de um banho, viver com Jungkook era um caso de dez banhos gelados por dia para acalmar. 

-X-

  Eu já havia me trocado e estava pronto para descer quando meu celular tocou. Aquele celular era o ganho de uma batalha com o meu pai, até ele entender que um celular seria útil foram longos meses. Peguei o aparelho no bolso da mochila, era desconhecido. Atendi e ouvi uma pessoa inesperada do outro lado.

  "Jimin!" Taehyung gritou no meu ouvido.

  -Tae...

  "Jimin, a bosta do Jungkook não atende o celular, deve estar dormindo. Você cansou ele, hum?" Mesmo ele estando a quilômetros longe de mim, eu corei. 

  -N-Não...

  "Eu sei, okay? Não precisa ficar com vergonha. Enfim, eu queria saber se meu queridíssimo amigo quer ir ao show também. Ele que vai pagar, só estou perguntando."

  -Eu vou perguntar a ele, espera.

  "Rápido, meus bônus."

  Eu ri e sai do quarto rapidamente, forcei a maçaneta do quarto ao lado e a porta abriu, encontrei um Jungkook apagado na cama, também estava com outras roupas, mas estava em um estado de sono aparentemente pesado.

  -Ele está desmaiado, vou acordar ele. -avisei e ouvi um "aham" do Taehyung. 

  Fechei a porta e me sentei ao lado dele na cama, eu não tinha entrado naquele quarto muitas vezes, ele tinha uma cama de casal, um computador na escrivaninha de frente para a cama, um guarda roupa escuro, estantes nas paredes com bonequinhos dos Vingadores, e uma porta parecida com a minha que deveria levar para o banheiro. 

  -Jungkookie. -sussurrei, mas ele continuou dormindo. -Jungkookie! -chamei o balançando e ele resmungou alguma coisa. -Taehyung eu não consigo acordar ele. 

  "Pula em cima dele, faz qualquer coisa, eu estou comprando os ingressos agora."

  "Eu você quer dizer." A voz do Yoongi Hyung disse bem o fundo.

  Eu deixei o celular na escrivaninha e o olhei dormindo de novo, tão lindo, mas eu precisava acorda-lo. Me deitei do lado direito da cama, de frente para ele, o ataquei com selinhos no rosto, mas ele não acordou. Criança difícil. 

  -Jungkook-ah, eu preciso falar com você! -chamei tentando o fazer cócegas. -Yaegiya. -sussurrei mexendo nas suas bochechas. -Jungkook-ah, você não pode está dormindo tão profundamente! 

  E então ele riu, não acredito que ele estava me enganando, o bati no braço e ele me abraçou rindo. 

  -Desde quando você está acordado?

  -Desde que o meu bolinho me chamou de 'yaegiya'. -ele devolveu os milhões de selinhos que eu roubei dele enquanto dormia. -O que foi?

  -Taehyung tá no celular tentando falar com você, eu estava te acordando para te entregar o celular. -disse emburrado. -Mas você parece uma pedra.

  -Deixe de bico, yaegiya. -disse devagar cada sílaba. -Gostei disso. 

  -Vá atender o celular. 

  Ele se levantou e procurou ao redor o celular, o viu na mesa e foi lá atender. Ficou rodando pelo quarto enquanto falava com eles dois. Eu fiquei sentado na cama olhando meus pés, estava frio e eles estavam cobertos com meias. Eu me distraí fazendo borboletinha na cama, segurando meus pés, e batendo as pernas pra cima e para baixo.  Eu estava perdido no meu mundinho quando Jungkook levantou meu rosto pelo queixo. 

  -Você vai? -perguntou e eu franzi testa. -Para o show.

  -Você sabe que... 

  -Ele vai. -disse me ignorando e dando as costas para voltar a andar pelo quarto. Ele devia parar de tomar decisões por mim, pulei nas costas dele para tentar tomar o celular das sua mãos. -Tae-Taehyung. Jimin, parou. É ele que não quer me deixar falar.

  -Eu não posso ir. -eu disse tentando falar com ele, mas Jungkook fingia não me ouvir. 

  -Ele vai comigo, vai sim. Eu que vou pagar Taehyung, acha que vai ser quem? -ele tentou me empurrar na cama. -Jiminie, sai das minhas costas por favor. 

  Eu me sentei na cama de braços cruzados novamente, bufei e desistir de tentar impedi-lo de tomar o rumo da minha vida. Puxei os lençóis sobre mim e fiquei emburrado lá em baixo mesmo. Pelo menos lá não tinha o perigo do Jungkook tentar morder minha boca. 

  -Não fique com raiva de mim. -o ouvi pedir ainda em pé. -Jimin, você vai gostar. 

  -Mas eu não posso, se meu pai descobrir que eu não estou em casa de noite ele vai ficar com raiva. 

  -Esse show vai ser daqui a algumas semanas, Jimin. Por favor. -senti a cama afundar atras de mim e seus braços me puxaram ainda que sobre o cobertor. -Jimin, eu juro que nada de ruim vai acontecer com você. 

  -Você não pode me prometer isso, seu... bobão. -ele riu e tentou tirar o cobertor de mim. -Não. Jungkook. Sai. Não quero falar com você. -eu tentei segurar antes que ele o tirasse de mim. 

  -Você é lindo, saia daí debaixo. -ele conseguiu tirar o meu esconderijo e eu voltei a sentar. -Por que você estava fazendo borboleta? -perguntou se sentando de frente para mim e segurando meus pés. 

  -Porque eu estava entediado. -ele me puxou até que eu sentasse no colo dele, apoiou as mãos nas minhas costas e eu deixei meus braços sob os seus ombros. 

  -Taehyung está vindo para cá, ele e os outros na verdade, aparentemente ele quebrou o computador. 

  -Hum. -passei os dedos nas maçãs do rosto dele e depois pela boca. -Você é bonito. 

  -Obrigado. -ele beijou meus dedos e eu não consegui segurar o sorriso de idiota. 

  -Eu queria ficar aqui com você o dia inteiro. -suspirei. -Mas eu não posso. 

  -Você pode passar a noite comigo. -ele sorriu e me puxou mais para perto. -Eu vou ter que sair hoje de tarde de qualquer jeito, eu tenho que buscar uma coisa na casa do Namjoon Hyung e depois eu volto. 

  -Certo. Eu vou estar no meu quarto, como sempre. 

  -Não vou te deixar sozinho por muito tempo. -ele passou as mãos pelas minhas costas e eu deitei no ombro dele. -Meu mochi vai ficar bem sem mim? 

  -Eu fiquei anos sem você, acho que aguento passar um tempinho. -eu ri, mas na verdade eu achava que não conseguia passar mais meio segundo sem ele. 

  -Eu não, queria te levar comigo para todo canto. Ah, Jimin-ah, você me irrita em como me faz precisar de você.