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História The Cure - Nine


Escrita por: Lady_Rovia

Notas do Autor


Olar!

Como estão?

Estive em época de provas, por isso essa demora. Mas estou voltando pra criar vergonha na cara e atualizar minhas fanfics

Obrigada Lady Gaga por fazer um albúm especialmente para minha fanficzinha s2s2

Capítulo 9 - Nine


Fanfic / Fanfiction The Cure - Nine

Se eu tivesse uma rodovia, eu correria para as montanhas

Se você pudesse encontrar uma estrada deserta, eu ficaria lá para sempre

Mas você está me dando um milhão de razões

Me dê um milhão de razões

Me dando um milhão de razões

Mais ou menos um milhão de razões

 

Eu me curvo para rezar

Tento fazer o pior parecer melhor

Senhor, me mostre o caminho

Para cortar sua armadura desgastada

Tenho cem milhões de razões para me afastar

Mas amor, eu preciso de apenas uma boa razão para ficar

 

Minha cabeça está presa em um ciclo, eu olho para fora e encaro o nada

É como se eu parasse de respirar, mas completamente consciente disso

Porque você está me dando um milhão de razões

Me dê um milhão de razões

Me dando um milhão de razões

Mais ou menos um milhão de razõe

 

Amor, eu estou sangrando, sangrando

Fique,

Você não pode me dar o que eu preciso?

A cada decepção fica difícil manter a fé

Mas amor, eu preciso de apenas uma boa razão...

 

 

 

Paul abriu os olhos atordoado, piscando-os algumas vezes, até acostumar-se com a claridade do local. Ele levou a mão ao peito e esperou sua respiração se estabilizar, Seus olhos rodearam pelo ambiente em que se encontrava, logo percebendo não ser o que acordava todas as manhãs, mas mesmo assim sentiu-se familiarizado.

- Foi só um pesadelo. – o loiro constatou aliviado.

Ainda com algumas dores pelo corpo, ele ergueu-se para se sentar, escorando-se à cabeceira da cama. Alguns flashes do que havia acontecido em Alexandria começaram a passar por sua cabeça e ele suspirou um pouco desanimado.

O loiro ficou alguns instantes na mesma posição, enquanto sua cabeça latejava, pois tamanha era a confusão existente dentro dela por conta das perguntas das quais ele temia serem respondidas quando passasse pela porta.

Qual era a realidade dali de fora?

Quando pendeu sua cabeça para o lado, foi só então que ele se deu conta das flores azuis que estavam na ponta de sua cama, quase caindo.

- Oh! Eu ia esmagando. – Ele falou com a voz ainda fraca, pegando-as cuidadamente com as duas mãos. – Mas quem colocou vocês aí? – Questionou com seu cenho levemente franzido e um pequeno sorriso se formando em seus lábios.

Levou alguns instantes até ele chegar a uma pessoa.

Daryl.

E dessa vez, sorrindo mais largamente, Paul levantou da cama e correu até o banheiro, pegando de lá o primeiro frasco vazio que encontrou, do qual ele lavou, botou água até pela metade e colocou as flores dentro, levando-as em seguida para a cabeceira que ficava ao lado da cama em que acordara.

- Agora está bem melhor. – ele sorriu abobado. – Bom, eu espero que dure.

Quase uma hora depois, Paul escutou os passos de alguém entrando no quarto. Ele estava arrumando os cabelos, recém penteados. Esse foi o tempo que ele levou para tomar banho e se arrumar. Não queria ter que sair do quarto cheirando a morto vivo.

- Minha nossa! Eu tô impressionado. – Daniel, um morador e soldado do Reino falou quando o viu. - Eu saí daqui não faz duas horas, você estava deitado, dormindo que nem pedra e quando volto já está de pé e limpo. Você é realmente incrível, Paul Rovia, se não existisse teria que ser inventado.

O loiro sorriu um pouco zombeteiro e foi até o amigo para abraça-lo, do qual, abraço este que levou mais tempo que o normal, culpa do loiro mais alto que ficou um pouco inebriado com o cheiro do mais novo.

- É bom ver um rosto conhecido. Você está bem? – Paul perguntou, desfazendo o abraço.

- Não melhor que você, aparentemente, mas sem dúvida alguma estou muito feliz em vê-lo de pé novamente. Porém, era eu quem deveria estar fazendo essa pergunta.

- Como pode ver, estou recuperado. – Ele abriu os braços. – Mas e os outros? Todos estão bem?

Daryl está bem? – Paul pensou, mas achou melhor não enfatizar nenhum nome.

- Estão todos bem. – Daniel sorriu – Quer dizer... – parou de falar, sem ter certeza que o outro loiro se recordava de tudo que tinha acontecido.

- Eu sei. – O ninja falou, um pouco cabisbaixo.

- Lamento por isso. – Ele falou sincero. – Se puder fazer alguma coisa.

- Obrigado, Dan. É realmente bom poder contar com seu apoio. – Paul agradeceu e sorriu gentil, esforçando-se para esconder sua tristeza ao se recordar do acontecimento.

- Gostaria de sair agora? – Perguntou, tentando melhorar o semblante do outro. – Acho que tem muita gente querendo saber de você. Sabe Paul, você tem muitos fãs.

O ninja sorriu um pouco mais empolgado dessa vez e Daniel ficou feliz que suas palavras pareceram ter surtido efeito no mais novo. E sem se dar conta, o soldado se perdeu por um momento ao olhar para o ninja, mas tentou disfarçar quando percebeu que Paul parecia ter estranhado um pouco sua postura diante dele.

- Era o que pretendia fazer. – Paul respondeu simplista. - Alguém mais de Hilltop ou Alexandria está por aqui?

- Não, não. Só você.

- Sério? – O loiro foi incapaz de ocultar seu desapontamento.

- Quer dizer... – ele ouviu Daniel continuar. – Daryl estava aqui até agora a pouco. Na verdade, acho que ainda está. – O rosto de Paul se acendeu num sorriso iluminado.

- E onde ele está agora? – O loiro perguntou, mal conseguindo conter seu entusiasmo.

- Deve ter ido descansar porque era outro que parecia bastante preocupado com você. – O soldado respondeu, intrigado.

- Está em qual tenda?

- Ele não está no Reino, Paul.

- Não? Mas você disse...

- Daryl está dormindo com a Carol.

Aquilo foi como um tiro no peito de Paul. Seu sorriso reluzente esvaiu-se tão rapidamente quanto se formara.

Ele conhecia Carol. Ela era uma mulher admirável. Forte, protetora e extremamente corajosa. Todos falavam maravilhas da mulher e ele entendia o porquê, não havia outra como ela. Carol era também a melhor amiga de Daryl, ao que ele pôde perceber. Por vezes chegou a escutar de algumas pessoas que não tardaria para que os dois se assumissem, sendo que era mais que obvio que ambos se relacionavam como um casal.

Paul tentava ignorar aquilo porque acreditava em amizade verdadeira entre homem e mulher. Por que raios não poderia existir? E Daryl também nunca lhe parecera muito interessado de outra forma na mulher.

Ou será que ele estava enganado?

Paul ficou incomodado, mas faria de tudo para que aquilo não transparecesse diante das outras pessoas. Ele gostaria de descobrir a verdade e descobriria sozinho.

- Obrigado, Dan. – agradeceu, sorrindo sem muita empolgação.

O ninja foi em direção da floresta, seguindo as instruções que recebera do amigo quanto a casa em que Carol ficava. Ele sabia que parecia uma ideia extremamente estupida ir até lá, mas também tinha consciência de que precisava tirar aquilo a limpo para poder voltar a ter sossego.

Quando percebeu que estava quase chegando, ele escutou o barulho de um galho se quebrando e antes que pudesse se dar conta da armadilha, uma corda envolveu sua perna, fazendo-o subir de cabeça para baixo, numa altura bastante alta.

Ele começou a se balançar, tentando soltar-se da armadilha e sem muito esforço, por conta de suas habilidades de ninja, conseguiu alcançar suas pernas.

- Essa mulher é maluca! – ele insultou Carol, completamente furioso. – Mas é engenhosa, admito. 

Depois de poucos instantes, conseguiu livrar sua perna da corda. Mas para seu azar, ele não tinha percebido a altura em que estava e despencou lá de cima, caindo com tudo no chão, o que o fez quase perder os sentidos novamente.

- Au! – Ele resmungou, levando a mão até a cabeça, percebendo que o ferimento da luta contra o Salvador havia sido aberto e escorria um pouco de sangue.

- Isso é ruim. – Lastimou-se sozinho ao perceber o sangue.

Após piscar os olhos algumas vezes, ele visualizou a imagem de duas pessoas em pé e espremeu os olhos, tentando ter uma visão mais nítida delas para se certificar que não eram os malditos mortos caminhantes.

Mas sua certeza que não eram só veio mesmo quando uma delas agachou-se diante dele e retrucou:

- Um dia desses você perde a cabeça de vez por tanta pancada que recebe nela.

A voz foi imediatamente reconhecida pelo ninja. E naquele momento a única coisa que Paul conseguiu fazer foi rir.

Rir porque no final das contas, a situação era mais cômica do que trágica.

- Olá! Espero não estar atrapalhando. – O loiro disse e em seguida fechou os olhos, apagando mais uma vez.

 

 

Paul estava quase recobrando os sentidos. E Daryl que estava ao lado dele na cama ainda não havia percebido isso, pois seus olhos estavam quase se fechando, devido ao cansaço por não ter dormido durante os dois dias em que o loiro estivera desacordado. Uma das mãos do arqueiro repousava no rosto do ninja.

Paul então abriu os olhos e sorriu ao perceber a situação.

- Sua mão está cheirando a cigarro, sabia? – disse ele, sorrindo gentilmente.

- Me desculpe... eu... – Daryl sobressaltou-se da cadeira, completamente sem jeito.

- Não se desculpe. – Paul disse. - Continue. O cheiro é ruim, mas eu gosto do seu toque.

O arqueiro o olhou por alguns segundos, o rosto completamente corado e depois suspirou, afastando-se da cama com rapidez.

- O que tá fazendo aqui? Você não tinha que tá descansando no Reino, não?

- Eu já estou melhor, Daryl.

- É, eu saquei. Tão melhor que já ta fazendo merda.

- Ei! Não deveria estar falando assim comigo. – Paul levantou da cama.

Daryl se encostou na parede e tirou um cigarro amassado do bolso, levando-o a boca e acendendo com um isqueiro. Numa fração de segundos, Paul caminhou até o caipira, arrancando o cigarro de sua boca e jogando longe.

- Você tá ficando doido por acaso?! – Daryl parecia revoltado e segurou com força o braço do loiro, sacudindo-o.

- Vai me bater? – O loiro não deixou barato e revidou, encarando o outro firmemente.

- Você não aguentaria. - Flou com desdém, largando-o de qualquer jeito.

- Você sabe que eu aguento muito mais que você.

- Com seus truquezinhos, você só consegue se esquivar. Mas fisicamente, não aguentaria dois socos meu, como não aguentou daquele cara que te deixou desacordado.

- Eu fiz o melhor que eu pude, Daryl. Não é justo falar assim comigo. – Os olhos do loiro estavam brilhando.

- O seu melhor pode não estar sendo suficiente. Talvez devesse fazer mais.

Talvez devesse fazer mais.

Nessa hora Paul quase não conseguiu se conter. Ele fez um esforço imenso para não chorar.

- É por isso que a Sasha morreu. Porque eu não fiz o suficiente. - Ele falou baixo, com a voz carregada de culpa.

Daryl virou-se para ele, completamente atônico.

- NÃO! Que droga, Paul! Você entendeu errado. Não foi isso que eu quis dizer, só não é pra você...

- Não interessa. E quer saber? Eu não entendo porque está sendo tão grosso comigo. O que foi que te fiz? Eu vim até aqui porque estava preocupado.

- Preocupado comigo? E age assim de forma irresponsável? Se acha esperto, mas faz essas idiotices.

- Irresponsável? Eu sou irresponsável por me preocupar com você?

- É irresponsável por sair sozinho nesse matagal perigoso sem ter a menor condição e resistência física pra isso. Quando vai entender que não preciso que se preocupem comigo? Que venham atrás de mim.

- Você é tão egoísta! Sabe muito bem porque eu vim.

- Eu não...

- Ei, ei, ei! O que ta acontecendo aqui? – Carol entrou no quarto. – Quando eu saí estava tudo quieto e quando retorno estão os dois aí quase se matando?

- Me desculpe, eu não queria incomoda-la. – Paul falou envergonhado e já caminhando em direção a porta.

- Eu que peço desculpa, Jesus. A armadilha não era para você, querido.

O loiro não conseguiu decifrar se havia ironia naquele “querido”, mas costumava ver algumas pessoas falsas usando o mesmo termo para ocultar o desprezo por pessoas que não gostavam.

De qualquer forma, ele sentiu-se mal por pensar assim, pois não conhecia Carol intimamente para se sentir no direito de fazer qualquer julgamento sobre a mesma.

- Eu sei que não. Vou voltar a Alexandria porque tenho coisas a resolver por lá. – Ele forçou um sorriso. – Você é durona. Vai viver uns cem anos.

A mulher sorriu afável.

- Quero durar apenas o tempo necessário. Sabe... enquanto precisarem de mim.

O loiro olhou para Daryl e com um tom bastante sugestivo falou:

- Então vai durar cem anos, querida.

Ele saiu de lá sem se despedir de qualquer um dos dois, deixando um Daryl furioso para trás e uma Carol sorrindo divertida por ter compreendido o que se passava com ele.

- Eu não sei o que deu nele. Ele é doido. – Daryl explicou para a mulher, tentando se desculpar.

- Oh, Céus! Ele é um fofo, Daryl. Se eu fosse você iria logo atrás dele. – Ela aconselhou, compreensiva.

- Nem venha com essas suas ideias. – Ele advertiu apontando pra ela.

- Que ideias? Que ele estava lhe procurando e que após nos ver juntos ficou morrendo de ciúme de você? Que você ta morrendo de vontade de se explicar pra ele? Que vocês são dois cabeças duras que mesmo se gostando não conseguem se entender? – Ela cruzou os braços e encarou o arqueiro que bufou.

- Da onde tirou essas coisas? Acho melhor eu ir embora.

- Pensei que fosse ficar mais tempo.

- Tá tarde.

- Sei.

Ele tentou dizer mais alguma coisa, mas desistiu.

- Se cuida! – Ele foi até a mulher e beijou-a na testa antes de dar as costas.

 

Paul estava caminhando pela floresta e resmungando sozinho a cada passo que dava. Seus olhos ardiam, mas ele não queria mais derramar nenhuma lágrima. Já não bastava a dor que estava sentindo pela perda de Sasha, ainda mais uma traição de Daryl.

Traição?

A quem ele estava querendo enganar? Os dois se beijaram uma vez e ele já havia fantasiado que eles teriam um relacionamento. Paul parou então de caminhar e levou as duas mãos aos olhos, como se aquilo fosse capaz de conter as lágrimas que já escorriam por eles.

- Droga! Droga! Desculpa Sasha... me desculpa... – começou a falar sozinho. – Eu tenho feito tudo tão errado.

Em um determinado momento, alguns zumbis apareceram na frente dele, obrigando-o a usar a única faca que carregava consigo, mirando em um deles e acertando-o certeiramente na cabeça. Como só tinha uma faca, Paul caminhou para arranca-la da cabeça do zumbi e lutar contra os outros. Seu corpo ainda estava fraco, mas ele não se importava com isso.

Quando pensou restar somente um zumbi, Paul usou a mesma faca para acertar o morto vivo. A primeira já havia sido suficiente para mata-lo, mas o ninja continuou desferindo os golpes no corpo apodrecido, dos quais golpes esses que ficavam cada vez mais ferozes, como se o loiro estivesse descontando ali toda a sua raiva. Mas isso acabou por faze-lo se distrair e não se dar conta que um outro zumbi se aproximava por trás. Ele porem só percebeu quando o viu caindo ao seu lado.

O ninja levantou e viu que havia uma flecha na cabeça dele. Olhou para trás e lá estava Daryl.

- Eu não precisava de você. – Falou emburrado.

- É claro que não. – Respondeu o arqueiro friamente, caminhando até o zumbi caído no chão e retirando a flecha do mesmo.

O moreno continuou caminhando, deixando Paul para trás.

- Eu não entendo você. – O loiro falou, caminhando um pouco atrás do arqueiro.

- Se entendesse seria o único.

- Você é bipolar?!

- De onde eu venho não tem essas frescuras. – Respondeu seco.

Paul bufou de raiva. Eles caminharam por mais um tempo, ambos sem pronunciarem uma palavra. Até que o loiro não se aguentando mais, decidiu quebrar o gelo.

- Eu estou indo para Alexandria. Vai ficar aqui... com a Carol? – As últimas palavras saíram baixas, mas ainda assim Daryl conseguiu escutar.

O moreno parou de caminhar e virou-se. Paul também parara, olhando para ele, como se no aguardo de uma resposta.

- Então, é isso? – O caipira perguntou.

- Não entendi.

- Você tá com ciúme. – Daryl falou, sem acreditar que aquelas palavras saiam de sua boca.

- CIUME?! Eu não tô com ciúme, Daryl! Que história é essa?!

A atitude do ninja quase fez Daryl rir, mas o caipira era orgulhoso demais para baixar sua guarda. Ele apenas se virou, voltando a caminhar.

- É claro que não. – Respondeu irônico.

Porém, bastou ele dizer isso para deixar Paul mais furioso ainda. O arqueiro sentiu algo passando de raspão por seu rosto e quando olhou para a arvore a sua frente, lá estava a faca de Paul cravada nela.

Ele virou, olhando incrédulo para o loiro.

- Ela escapou. – Paul justificou, caminhando novamente.

- Você ia me matar?! – Daryl estava indignado.

- Não.

Quando o loiro estava passando ao seu lado, o arqueiro o puxou pelo braço, encostando-o na mesma arvore em que ele acertara a faca. Com uma das mãos livre, Daryl tirou-a de lá para coloca-la de volta na calça do ninja que o olhava consternado pela atitude bruta do mais velho.

- Se eu fosse você, teria mais cuidado com seus brinquedos. – Advertiu sério, encarando fixamente o menor.

- E se eu fosse você, teria vergonha na cara de fazer as pessoas de brinquedo.

- É o que pensa de mim.

- Não importa o que eu pense de você, é o que está me fazendo enxergar. Você sabe porque vim aqui? - É claro que Daryl sabia. – Eu vim porque queria ver você, Daryl. – e novamente os olhos traidores voltavam a arder. - Eu fiquei tão feliz em saber que estava bem e aqui, perto de mim. Isso me encheu de esperança. Ainda mais as flores azuis...

- Que flores azuis? – O moreno se fez de desentendido.

Paul abriu a boca para responder alguns palavrões ao caipira, mas sentia que se dissesse uma palavra naquela hora as coisas certamente ficariam bem feias. Cansado, ele deu um passo para se afastar do braço de Daryl, mas este o empurrou de volta com demasiada brutalidade, fazendo-o olha-lo enraivecido dessa vez.

- O que está fazendo, Daryl? – Ele perguntou com o coração quase saltando pela boca.

O moreno encarava fixamente os olhos aturdidos do loiro. Desta vez não era mais só seu braço que prensava o outro na arvore, seu corpo também. Paul não deixou de pensar que ele devia adorar fazer aquilo. Estar no controle.

Paul queria que ele o beijasse, mas sabia que aquilo não voltaria a se repetir. E mesmo se fosse, não poderia demonstrar que era fácil demais. Não mais. Usando de sua agilidade, conseguiu se soltar do outro e derrubá-lo no chão. O que ele não esperava era que Daryl fosse arrasta-lo junto.

O ninja se debateu, tentando fazer com que o moreno o largasse, e quase teria conseguido porque o caipira nunca havia enfrentado um adversário tão astuto como aquele ser, mas tudo acabou sendo em vão.

- E-está... está na vantagem que estou um pouco frágil ainda e... e... e não posso me defender direito. – Paul tentava falar, mas o moreno ainda estava em cima dele e com os lábios tão próximos que ele mal conseguia respirar, quanto mais falar.

- Para! Para! – Daryl gritou tão alto que o loiro realmente obedeceu, olhando um pouco assustado para o caipira.  

Os olhos pequenos e azuis do arqueiro brilhavam numa intensidade a qual o loiro não conseguiu traduzir. Ele permaneceu parado, olhando para Paul, sem dizer sequer uma palavra. E só depois de um longo tempo, ele levantou e sentou no chão, voltando sua atenção para o lago a frente deles.

Sem entender, o loiro fez o mesmo, sentando-se ao lado do arqueiro. Daryl olhou pro lado algumas vezes, o loiro estava com sua cabeça abaixada, visivelmente constrangido e confuso com a situação.

O arqueiro parecia pensar no que dizer.

- Naquela hora... não é como se tivesse te culpando pela morte da Sasha. Ou das outras. Paul, você definitivamente tem que parar.

- Parar o quê?

- De tentar segurar o mundo.

- Só eu?

- A merda da questão agora é você, então feche um pouquinho a sua boquinha de matraca e me deixa falar.

Paul arregalou os olhos incrédulo com o que escutara do caipira e isso fez Daryl sorrir. Mais uma vez, o rubor adorável estava lá, tomando as bochechas do loiro.

- Tudo sempre foi tão sujo, tão... tão escroto. É complicado dizer. A forma como eu vivi toda a minha vida, as pessoas que me envolvi... não é pra você. – Daryl agora parecia envergonhado. Ele olhou para os olhos do loiro, encarando-o profundamente. Ambos incapazes de piscar. - Eu nunca... nunca tive muita coisa boa nessa vida, Paul. De certa forma, você... você é o que me surgiu de mais decente, o mais próximo do luxo. – o coração do ninja parecia querer sair de seu peito. Ele respirava com a boca levemente aberta, o que fez o olhar do arqueiro descer até ela por alguns segundos. – Quando eu... Quando eu falei que você tem que fazer melhor, foi porquê... porque...

- Porque estava com medo de me perder.

Daryl abaixou a cabeça.

- Porque eu tenho medo de te perder.

Nessa hora, Paul se postou a frente do moreno.

- Oh, Deus! Eu realmente escutei isso?

Daryl riu.

- Não me força a repetir essas coisas que já foi difícil demais e...

- Eu te amo! – Paul confessou, pegando o caipira totalmente de surpresa.

Alguns minutos se passaram, sem qualquer manifestação dele e Paul já estava prestes a sair dali, quando a mão do mais velho o impediu. Ele levou alguns cabelos de Paul para detrás da orelha e deslizou a mão pela face ruborizada do mesmo. Os olhos deste fecharam-se, como se ele estivesse apreciando aquele momento.

E sem mais delongas, totalmente dominado pelo desejo, o arqueiro beijou Paul. Beijou com tanta urgência, com tanta vontade e com a fome de um animal faminto. Ele não demorou a pedir passagem com a língua, a qual o loiro cedeu de prontidão. Seu corpo tremeu quando Daryl com a língua percorreu rápido e faminto por cada extensão de sua boca.

E parecia que o moreno estava adorando as reações do menor porque tinha uma mão apertando a cintura dele por debaixo da blusa, reparando que ele estava com menos tecido que na outra vez em que se beijaram.  Daryl podia sentir o corpo de Paul em suas mãos, como ele realmente era, mais franzino do que o que aparentava quando estava vestido com aquelas tantas roupas de couro ou com roupas mais largas como ele gostava.

Ele era lindo, como uma obra de arte desenhada e esculpida pelos deuses. Perfeito.

Daryl achava maravilhoso ter Paul tão vulnerável em suas mãos, mostrando sua natureza humana tão sensível e delicada.

Ele não conseguia entender quando se tornara tão carinhoso quando se tratava daquele tipo de relacionamento. Com as outras pessoas que se relacionara antes ele costumava ser sempre tão frio que sequer se recordava de qualquer uma como um envolvimento mais sério, mais intenso e com tantos momentos marcantes. Nem mesmo com uma mulher a qual ele se envolvera por quase dois anos.

Mas com Paul tudo era incrivelmente diferente. Era como mágica. Acontecia de forma tão leve e espontânea que dava a impressão que o arqueiro fora por toda a sua vida o parceiro mais perfeito a se relacionar. Que ele tinha experiência naquilo.

O beijo se tornava cada vez mais frenético e cheio de desejo e que se danasse o folego.  As mãos do arqueiro desceram pela cintura, pressionando os polegares nos ossos do quadril do loiro que ofegou. Paul desfez o beijo e segurou a cabeça de Daryl com suas duas mãos. Ele subiu sua cabeça e mordeu o lóbulo da orelha do arqueiro, fazendo-o se arrepiar.

Quando ele a afastou, os olhares dos dois se encontraram por uma fração de segundos, mas naquele instante pareceu que o mundo tinha parado para ambos. Restavam apenas os dois ali com suas respirações ofegantes e seus corações batendo descompassados, como se fossem um só.

- Eu te dei mil motivos pra se afastar.

- Não me importo. Porque eu só precisava de um para ficar. Isso vai durar, não vai? – Paul perguntou, seus olhos demonstrando uma pequena aflição. Ele não era capaz de encarar Daryl.

Daryl contemplou-o em silencio por alguns instantes antes de erguer a cabeça do outro para olha-lo e mesmo com a mente completamente bagunçada quanto a tudo aquilo que estava acontecendo, responder.

- Quer um motivo? Vai.

O loiro sorriu, seus olhos brilhando de emoção, numa empolgação que chegava a ser quase infantil ao qual o moreno adorou. Era tão bom ver aquele sorriso estampado no rosto de Paul. Sorriso este que Daryl faria de tudo para preservar.

- Promete.

O moreno não chegou a responder com palavras, mas fez um gesto com a cabeça confirmando, o que foi suficiente para aquecer o coração do loiro que o puxou para seus braços, abraçando-o firme, como se tivesse depositando naquele abraço todas as suas expectativas de um futuro melhor. Toda as suas incertezas, dores e medos.

Paul agora tinha certeza de que tudo seria diferente.

Diferente e melhor.

 

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 Você não pode ser o mocinho e esperar viver. Não mais. WALSH, Shane

 

 

 


Notas Finais


Foi Mals gente :(


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