História The Dark Side of a Smile - ABO - Capítulo 17

Shoyo

Acordei todo quebrado por conta da noite que tive com Tobio. Depois do nosso “primeiro round” nós ainda fizemos mais 2 vezes, o que significa que, nesse momento eu tenho zero condições de levantar-me da cama. Meu corpo tinha tons de roxo e vermelho que eu nem sabia que existiam, minha bunda ardia e doía para um caralho e até minha garganta estava machucada pelos gritos. Tive uma vontade momentânea de enviar um taco de baseball no cu do Tobio para ver o que ele iria achar — mesmo que eu tenha achado ótimo.

Olhei para o outro lado da cama, e novamente Tobio não estava mais lá. Isso não é algo que me incomoda, afinal de contas, quando nós terminamos os “exercícios” de ontem, ele me pego no colo, levou-me pro banheiro, me deu um banho e depois me ninou com seus feromônios até que eu pegasse no sono. Ele era extremamente carinhoso comigo, eu não podia ser egoísta de reclamar por ele acordar mais cedo e sair da cama para trabalhar.

Tentei reunir minhas forças para levantar-me e ir até o banheiro, mas cai como jaca podre no chão...

Para minha surpresa ouvi a porta sendo aberta naquele momento e Tobio entrou com uma bandeja. Ele analisou a situação comigo no chão e começou a... rir, aquele desgraçado estava rindo de mim.

— Não tô vendo graça nenhuma — eu disse, irritado.

— Isso é porque você não está tendo a visão que eu tenho. Hahaha — falou, colocando a bandeja na mesinha do quarto. — Vem, eu te ajudo.

— Não quero sua ajuda. — disse, me apoiando na cama e sentando-me nela.

— E como você planeja chegar no banheiro?

— Vou me arrastando — meu rosto estava vermelho, esse era um novo tipo de humilhação.

— Vamos, pare de drama, meu bem — Tobio disse, vindo em minha direção e me pegando no colo. — Você fica uma gracinha vermelho desse jeito. — pontuou, dando beijinhos nas minhas bochechas.

Eu ronronei em apreciação ao ato.

— Você parece muito feliz por ter ne deixado desse jeito — falei, levantando uma sobrancelha.

— Eu estou, melhor se acostumar.

— Me acostumar a não andar? Tá doido? Aaahhh... descobri, esse é o seu plano, me prender em casa, porque eu não consigo andar — falei, fazendo biquinho.

— Você ter descoberto não muda meu plano hahahaha — disse, bem humorado.

— Muda sim. A partir de hoje, eu dormirei de calça jeans, e você está proibido de me tocar — Assim que terminei a frase, vi ele engasgar com a própria saliva e me lançar um olhar bravo, mas eu nem liguei, já estou todo fodido mesmo.

— Meu benzinho, anjinho, razão da minha vida, não acha que está exagerando?

— Eu exagerando? Foi você que me deixou sem andar. Quero nem saber, você precisa de limites.

Tobio já tinha me levado ao banheiro e agora me colocava sentado na cama. Ele pegou a bandeja que, continha o café da manhã e colou do meu lado na cama.

— Não quero ouvir isso da pessoa que estava pedindo para eu ir mais rápido enquanto cavalgava no meu pau. — disse, sem nenhum pudor.

— Não fala assim... — disse, ficando ainda mais vermelho.

— Então como eu devo falar? — perguntou Tobio.

Tobio pegou uma uva e me deu na boca.

— Você não precisa falar  —  falei, fazendo bico. — Suco... — pedi, estendendo os braços, e ele logo pegou o copo de suco e entregou nas minhas mãos.

— A Carla fez aquelas panquecas que você gosta... aqui, toma... — disse com um garfo com um pedaço da panqueca cortada. — Abre a boca. 

 Eu abri a boca, recebendo o alimento.

Tobio parecia muito satisfeito em me alimentar. Me pergunto se todos os bons alfas são assim...

Tobio

Poder cuidar do meu ômega era uma realização. Shoyo estava comendo com muito gosto, acho que era o esperado depois da noite anterior. Se eu pudesse continuaria ali só o mimando, mas essa merda de “trabalho” precisava de mim.

— Meu bem, eu preciso ir trabalhar. Vou para o escritório da KARASUNO de novo. Qualquer coisa me liga... — falei, dando um beijo nele.

— Pode deixar. Hoje minha aula começa às 14 h. Até lá eu acho que já vou estar melhor. Vou tomar um remedinho para dor e acho que é isso.  — Ele respondeu, simples.

— Falando em remédios, quinta-feira você tem uma consulta no médico.

Ele me olhou de maneira desgostosa. Aquele pavor dele por hospitais era um problema.

— Nem adianta reclamar. A gente vai fazer os exames para ver se aquela porcaria de supressores já saiu do seu sistema — disse, meio que em um rosnado. Esse assunto de supressores deixava meu lobo irado.

— Tudo bem. Já que eu serie obrigado a ir em um médico, eu preciso marcar um ginecologista também.

— Claro. Tem alguma coisa específica que você queira ver no ginecologista?

— Vou pedir para me prescrever um anticoncepcional — falou, como se não fosse nada.

— Para que você precisa disso? — perguntei, chateado.

— Qual a principal função do anticoncepcional?! Se por algum milagre, eu já não engravidei, eu preciso ser mais cuidadoso. Meu lobo quer filhotes agora, mas eu ainda estou no 3° período da faculdade, se eu tiver filhotes agora vou ter que trancar...

— Você pode continuar estudando. — falei, como se fosse a solução mais óbvia.

— Você pretende colocar um monte de babás para cuidar dos nossos filhotes? — perguntou, franzindo as sobrancelhas. — Meu lobo não vai permitir que eu não cuide de meus filhotes em tempo integral, principalmente tendo a oportunidade, já que eu não preciso trabalhar ou coisa do tipo.

— Tem razão. Mas você tem certeza absoluta de que não quer ter pelo menos um filhotinho agora? Eu sonho com te ver barrigudinho.

— Com minha altura, eu vou ficar parecendo um botijão de gás — disse, tomando mais um gole de suco. — Você não disse que precisava ir?

— Está me expulsando?

— Sim... — respondeu, sério, mas logo depois abriu um sorriso. Ah, como sou apaixonado nesse sorriso.

— Já que não sou bem-vindo no meu próprio quarto, vou embora. — disse, brincando. — Lembre-se de permanecer perto dos seguranças e não faça nada perigoso. — Dessa vez falei o olhando seriamente, afinal de contas, eu tinha certeza de que Shoyo ainda não tinha a noção do perigo que estar do meu lado representava.

— Vou te obedecer direitinho — respondeu, fofo.

Selei nossos lábios em um beijo calmo e depois beijei sua testa.

— Tchau, meu bem.

— Tchau, amor...

Sai do quarto no momento em que ele respondeu isso. Ele me chamou de “amor”?!

P.O.V narradora

Tobio desceu para a garagem para pegar o carro. O alfa ainda estava um pouco atordoado pelo “amor” proferido pelo ômega. Shoyo nunca o havia chamado de outro nome além de Tobio e alfa, então o coração de Tobio se alegrou ao saber que ômega estava realmente entregue a relação deles.

Tobio escolheu o carro que iria utilizar naquele dia e foi para empresa.

O alfa chegou no lugar e começou a ser cumprimentado pelos funcionários.

O prédio da “Tecno K” (K = KARASUNO) era um arranha céu muito luxuoso, a sala de Tobio ficava obviamente na cobertura, isso dava ao alfa uma das vistas mais “caras” da cidade. Tobio passou pelos funcionários, cumprimentou sua secretária e entrou em sua sala. Ele passou horas resolvendo questões “legais” da empresa e aprovando os novos contratos para o desenvolvimento de softwares de alta performasse.

Perto da hora do almoço, o alfa recebeu a ligação de uma pessoa com quem não falava a algumas semanas.

Ligação on

— Alô... — disse o alfa ao atender o telefone.

— Alô é o caralho, seu praga. Como assim você encontra seu ômega, tem um imprinting, e não tem a pachorra de ligar para sua mãe para avisar. Eu fiquei sabendo pela merda do e-mail padrão que você enviou para todo mundo. Eu não te carreguei por nove meses, impedi seu pai de te colocar um nome horroroso e cuidei de você durante anos, para chegar agora e você agir como se não tivesse mãe.

— Boa tarde pra você também, mãe — respondeu, irônico.

— Não vem de ironia para cima de mim. Eu não acredito que você não me contou do meu genrinho. Ouvi alguns boatos de que ele é lindo...

— Já tem boatos? — perguntou, incomodado.

— Claro que tem... E então, como ele é?

— Perfeito — respondeu, convicto.

— Parece que alguém está realmente apaixonado. Meu menininho cresceu — disse, saudosa.

“HIKARU VEM CÁ, A MERDA DO SEU FILHO ATENTEDEU O TELEFEONE, VEM FALAR COM ELE. DÁ UM ESPORRO NELE...” — Tobio ouviu sua mãe gritar chamando seu pai.

— Meu filho, seu pai quer falar com você...

— Quer nada, mãe, você que quer obrigá-lo.

— Cala boca...

“toma Hikaru...” — uma voz grossa pode ser ouvida do outro lado da linha.

— Pai?

— Ficou maluco, moleque, como assim a primeira pessoa que você conta sobre seu ômega não é sua mãe?! — disse, baixinho, provavelmente andando para se afastar da ômega doida que Tobio tinha como mãe.

— Eu estava um pouco ocupado demais.

— Ocupado demais para sua mãe?! Dar uma facada nela vai doer menos do que dizer isso...

— Ela é dramática demais.

— Eu sei disso, você sabe disso, ela sabe disso, então por que você não evita os problemas? — perguntou, cansado. 

Tobio estava com pena do pai, ter que enfrentar a dona Tsubaki não era para qualquer um.

— Foi mal... — respondi, simples.

— Foi mal? Você tem noção do tanto que ela falou no meu ouvido? 

O alfa mais novo pode ouvir um murmúrio da mãe falando algo do outro lado da linha.

— Filho...

— Diga...

— Sua mãe pediu (lê-se “mandou”) para te avisar que a gente tá indo pra aí. — falou, meio sem jeito.

— Que? Vocês nem no Japão moram. Ela quer matar meu ômega de susto com uma visita surpresa? Acalma sua ômega aí...

— Primeiramente, não é surpresa se a gente avisou. Em segundo lugar, pretende que eu a acalme como? Ela já tá lá arrumando as malas e falando de netinhos.

— Paaaaai...

— “Paaaaai” nada, o problema é seu. A gente chega aí no final de semana. Aproveita e manda uma foto do meu genro, sua mãe vai surtar se não puder ver como ele é... Tenho que desligar, sua mãe está pedindo (lê-se “mandando”) que eu a ajude com as malas. Tchau, cria. — disse o alfa mais velho que, nem espero uma resposta do filho para desligar.

Ligação off

— Caralho...