História The Dark Side of a Smile - ABO - Plástico bolha

Shoyo

A conversa estava muito animada. Acho que seria impossível ter uma conversa entediante quando Tsubaki e Tooru estavam envolvidos. Eles eram mais parecidos em personalidade do que em aparência, mas era interessante observar o quanto ele são empoderados em si mesmos apesar do ambiente em que cresceram.

Um dos maiores medos que tive depois de conhecer Tobio foi ser apagado por sua presença. Temi perder completamente minha voz com o passar do tempo, era apavorante pensar que após o casamento eu me tornaria um fantoche e que talvez meu relacionamento se transformasse em algo muito diferente do que é agora com o passar do tempo.

Mas ver como Tsubaki e Tooru eram me deixava muito mais tranquilo. Claro que confiava em Tobio, mas a parceria podia não ser o suficiente para me manter feliz se isso significasse virar uma sombra do que eu sou. Tanto mãe quanto filho eram brilhantes, calorosos e nenhum pouco subjugados, eles são inteligentes e vivem suas vidas felizes mesmo com limitações que eu também teria. Ambos devem seguir as regras no meio dos eventos e reuniões, entretanto em suas casas e com aqueles que confiavam e amavam eles eram livres, livres de uma maneira diferente, mas muito bonita. Não seria difícil para o tipo de pessoa que eu sou encontrar também minha felicidade no meio de rotina parecida. A certeza de que não gostaria de nenhum evento e de que me sentira desconfortável perto da maior parte das pessoas era real, contudo, os momentos que eu viveria ao lado de Tobio e meus novos amigos e família seriam mais do que suficiente para preencher meu coração com amor e alegria. Ir em frente nunca me pareceu tão bom.

Apesar de chegar antes da hora Tooru não ficou muito tempo antes dos outros também chegarem. Os empregados me alertaram da chegada dos meus amigos e eu fiz questão de recebê-los, os abracei e me senti bem e confortável o bastante para também cumprimentar seus alfas com abraços, se eles eram os melhores amigos do meu alfa e também bons alfas para meus amigos, isso só podia significar que eu poderia me aproximar deles sem medo. Eu gostava deles, sempre legais comigo e muito engraçados. Como Tobio veio ao encontro dos seus amigos assim como eu, pude conhecer o alfa do Tooru, achei ele um pouco intimidante, entretanto, todos eram no início. A conversa só melhorou com a adição de Yu e Tadashi, esse último reluzente com a gravidez, sua chegada fez com que o tópico se voltasse inteiramente para gestação e o quanto ela estava fazendo bem para ele. Tooru dava conselhos 100% questionáveis sobre como lidar com tudo, conselhos que incluíam: se ficar irritado saiba que o melhor saco de pancadas e o ser que colocou esse bebê na sua barriga e que a partir do momento em que você estava dando uma cria para ele isso o tornava seu escravo e eterno servo. Tadashi não me parecia o tipo de pessoa que bateria no alfa, mas só gestantes sabem o que a gestação de uma nova vida provoca então não acho que ninguém o julgaria, nem mesmo Kei.

Um pouco depois do casal e trisal que eu já conhecia chegarem foi a vez do casal que eu ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer chegou. Tadashi já havia me alertado que Koushi era um amorzinho de pessoa e que Daichi mesmo não sendo tão próximo como Kei, Ryu e Asahi era muito amigo do meu alfa. Segundo Yu a diferença de idade foi um dos motivos para que eles não fossem mais próximos já que diferentemente dos outros Daichi já era um adulto enquanto eles estavam na adolescência e por isso só começaram a ter mais contato quando Tobio e seus amigos cresceram e puderam se envolver com o que Daichi já estava envolvido.

No hall de entrada os recebi juntamente de Tobio.

— É um prazer te conhecer, Koushi — cumprimentei durante o abraço.

— Eu digo o mesmo. Estava super ansioso para te conhecer, Tadashi fala horrores sobre você — disse. — Só coisas boas, não se preocupe! — brincou sorrindo.

Ele era muito bonito e delicado, parecia ter sido pintado de tão perfeitinho. Tinha uma aura de maturidade quem nem mesmo Tadashi tinha, não chegava a ser como Tsubaki que por mais bem conservada que estivesse denunciava perfeitamente os anos bem vividos, mas ainda assim, ele era nitidamente alguém diferente do restante de nós.

Troquei com Tobio e enquanto ele cumprimentava o ômega eu fui para Daichi. Distante do que eu imaginava ele era bem menos assustador que os outros. Era alto e forte, mas carregava um sorriso terno e paterno que parecia muito natural nele.

— É um prazer, Shoyo. É bom ter finalmente alguém para colocar limites nesse daí — disse implicando com Tobio.

— Eu ouvi isso, hein... — Tobio chamou a atenção.

— Falei na cara mesmo — rebateu Daichi.

— Por que será que todo mundo que vem aqui é abusado desse jeito? — Tobio suspirou. Koushi e eu trocamos olhares e rimos bem abertamente, resultando em um Tobio emburrado. — Anda, Daichi, vamos entrar logo, antes que você dê mais munição para meu ômega rir de mim. Com isso eles saíram para onde os outros alfas estavam.

Atrás de Koushi estavam quatro pequeninos que aparentemente eram bem menos atirados que meus sobrinhos. Deve ser porque sou um estranho para os mais novos e os mais velhos já tem um pouco mais de noç ão de como se comportar.

— Então, Shoyo, esses são meus tesouros — disse apontando para as crianças. — Em ordem de nascimento temos o Fubuki com 9 anos, a Mei com 7, o Tetsuya com 4 e o Kobi com 2 — apontou para o último que estava agarrado em sua perna. Pelo que percebi apenas o de 4 anos era um ômega, fazendo com os outros 3 fossem alfas.

— Boa tarde, crianças! Eu sou o Shoyo. É um prazer conhecê-los — cumprimentei cada uma delas respeitando seus espaços, os mais velhos apenas apertaram minha mão, enquanto os mais novos quiseram um abraço... para falar a verdade, apenas Tetsuya veio me abraçar naturalmente, mas como Kobi era muito fofinho eu não resisti de pedir para pegá-lo no colo.

— Eles gostaram de você — sussurrou Koushi no meu ouvido enquanto os guiava para o jardim.

— Já ouvi dizer que sou bom em lidar com crianças — confessei.

— Não mentiram — me elogiou e confesso que gostei bastante. Ter tantas pessoas gentis e carinhos ao meu lado não estava fazendo bem para minha humildade. Quem poderia imaginar que eu encontraria as pessoas mais acolhedoras dentro da máfia. A vida é realmente uma caixinha de surpresas.

— A ideia inicial era que as crianças ficassem em uma brinquedoteca que Tobio pediu para fazer para ocasião — só para deixar registrado, discutimos durante mais de meia hora sobre a necessidade de mobiliar um quarto inteiro como brinquedoteca somente para hoje levando em contas que não tínhamos filhotes, mas ele acabou vencendo alegando que deveríamos oferecer o melhor para nossos convidados. Não fui capaz de discutir com isso. — Mas meus sobrinhos estavam se divertindo tanto no jardim que deixamos eles ficarem por lá, só mandamos colocarem alguns brinquedos. Tem algumas babás lá também.

— Que ideia maravilhosa, o dia está lindo, seria um desperdício prendê-los lá dentro. O Daichi me avisou que teriam babás aqui, mas também trouxe uma das babás que está acostumada com meus filhotes. Eu gosto de cuidar deles pessoalmente e estar sempre presente, mas as vezes precisamos de uma folguinha — explicou. Acho que ele pensou que eu poderia julgá-lo por isso, mas eu imaginava o quão desafiador a maternidade poderia ser, e se alguém tem condições de procurar ajuda para tornar essa experiência mais prazerosa e saudável para todos os lados, por que não?

— Com certeza todos precisamos de uma folga. Desde que comecei a estar com Tobio eu tenho tido mais tempo para mim e isso refletiu muito em o quão bem eu desempenho minhas tarefas — não era mentira. Sempre fui um bom aluno, mas agora com o tempo extra e como se eu tivesse ido da água para o vinho.  — Imagino que para cuidar dos filhos deve ser o mesmo. Você precisa estar bem para passar tempo de qualidade com eles.

Ele sorriu abertamente com minha resposta e fomos conversando durante todo o caminho até o restante do grupo.

 Tobio

O clima estava pesado. Foi impossível não tocar na ameaça que a DATEKOU era. Eu já sabia que eles também tinham feito um ataque à AOBA JOHSAI e como esperado Hajime não estava nada feliz com isso, para dizer o mínimo.

Kei revelou todos os dados que tinha conseguido e Hajime não só recebeu informações de nós como também nos contou muita coisa que faria todo a diferença para nos prepararmos. Não era comum esse nível de confiança na troca de dados, mas a KARASUNO E A AOBA JOHSAI era máfias irmãs desde os tempos em que meu pai comandava e isso só foi ainda mais intensificado com o casamento entre mei irmão e ele. Mão que eles tenham se casado com essa intenção. Eles se amam de verdade e minha família — pelos menos a partir de meu pai — é contra esse tipo de imposição, principalmente com os ômegas, como é o caso do meu irmão.

— Precisamos marcar uma reunião geral com todos os membros da administração — ditei — Esses atos da DATAKOU ainda vão longe se não cortamos algumas cabeças do pescoço. Quero contar com seus homens nessa reunião.

— Não precisa falar duas vezes, estaremos lá. Por mim eu já teria ido meter um tiro na cara de cada desgraçado daquela porra de máfia.

— Nem me fale, minha sala de tortura tem muito espaço para aqueles filhos da puta — Asahi ralhou.

Todos já estávamos explodindo com toda a porra que estava acontecendo. Kei estava virando noites reunindo informações e tentando ajustar toda a merda que isso estava gerando para gente em adição ele ainda tinha que lidar com trabalho de sempre que envolvia o funcionamento técnico da firma. Asahi e Ryu estavam fazendo mais de 10 interrogatórios por dia, além de manterem todos os galpões funcionando, enquanto eu estava controlando todo o pessoal e traçando no plano principal de contra-ataque.

Não sabia exatamente o que Hajime estava fazendo, mas era certo de que também tentava controlar a situação.

— Depois que minha irmã chegar no país conseguiremos reunir todos de uma vez e não precisaremos esperar mais — todos concordaram.

Enchemos novamente nos copos com Whisky e começamos a degustar do que nos havia sido servido.

— Nossa, cara, o que é isso? Tá muito bom — disse Ryu comendo mais um dos quitutes feitos por Shoyo. Meu humor se iluminou como mágica.

— É claro que está! Foi meu bem que fez — disse tão orgulhoso que até parecia que eu que tinha feito tudo aqui.

E aquele foi o ponto de partida para falarmos dos nossos ômegas. Cada um puxando o saco do seu parceiro. Era tanto elogio que parecíamos estar falando de entidades divinas enviadas pelos anjos.

Enquanto isso

Shoyo

— E ele está tão superprotetor que as vezes tenho vontade de dar um rasteira nele — retiro o que eu disse, agora eu consigo ver Tadashi agredindo o Kei. — Não é porque eu engravidei que virei um homem de vidro. Eu preciso de espaço para respirar e ele parece querer ficar comigo 24 horas por dia. Eu amo meu marido? Sim! Amo o tempo que passo com ele? Amava mais quando não era tanto tempo. Aprecio a preocupação dele? Sempre. Isso vai me impedir de tampar ele da escada e fingir que foi um acidente? Não tenho tanta certeza.

Era muito engraçado, pois todos estávamos rindo, menos Tadashi que parecia querer beber umas garrafas de vinho se pudesse.

— Eu compadeço da sua dor, meu amigo — Tooru disse parando de rir — Hajime conseguiu ser ainda mais irritante. Ele sempre foi muito controlador, mas na gravidez dos meninos era como uma águia. Confesso que agredi ele algumas vezes, mas foi com muito amor... um pouco de ódio, mas muito amor.

— Não se preocupem, eles ficam assim porque é o primeiro — Koushi tranquilizou. — Alfas conseguem ser mais melindrosos que ômegas, só não gostam que apontemos isso. O Daichi era 100% desesperado quando eu estava esperando o Fubuki, mas foi melhorando, no final ele já estava sabendo lidar melhor com o que eu podia e não podia fazer. Nas outras gravidezes foi ainda mais tranquilo, nenhuma delas foi de risco, graças a Deus, então nós conseguimos aproveitar bastante, principalmente a partir da Mei. Ainda era protetor para um inferno? Sem sombra de dúvidas. Mas não era mais sufocante. Eles aprendem e nós também aprendemos, isso torna tudo melhor.

— Koushi, eu vou fazer um altar em sua homenagem na minha casa — foi declarado por Tooru. — Vou colocar uma foto sua com uma fita dizendo “Guru da gravidez e criação de filhos! Ps: a Flávia Calina da máfia”

— Escolha uma foto em que eu esteja especialmente bonito e me ofereça doce de leite 3 vezes ao dia — Koushi embarcou na brincadeira.

— Então o truque é aguentar um pouco tentando não cometer um homicídio. Acho que consigo — constatou Tadashi.

— Fale por você. Não quero nem imaginar quando for minha vez. Eu tenho DOIS alfas. Eles vão me enrolar em plástico bolha — Yu dramatizou, ou nem tanto, por alguma razão consigo imaginar Asahi e Ryu fazendo isso, e depois do incidente da escada (o que ainda faz com que Yu tenha que andar com muletas) não sei se sou capaz de julgá-los. — E eu ainda tenho certeza de que terei ninhada, eles vão surtar. Se eu sumir por muito tempo conto com vocês para me salvarem.

— É claro que vamos fazer um plano para invadir a mansão de DOIS alfas dominantes membros superiores de uma das maiores máfias do mundo para salvá-lo do plástico bolha com uma equipe composta apenas de ômegas, quero dizer, ômegas e betas submissos porque tenho certeza de que a Carla e meu amigo Dennis ficariam extremamente felizes em ajudar nesse plano nada suicida. Sem contar o fato de o primeiro passo desse plano teria de ser que cada um fugisse do seu próprio alfa e equipe de segurança e conseguisse chegar em QUALQUER lugar sem que uma força tarefa tenha sido acionada ou pelo menos nos encontrado e nos devolvido para alfas nada contentes com a fuga superperigosa dos parceiros — disse com um sorriso no rosto fazendo total contraste com o tom de ironia.

— Sabia que poderia contar com você, Shoyo.