19:50
Noah estava sentado devorando um sanduíche natural e um suco com sua regata branca e seus shorts um pouco mais altos do que o joelho e ainda suado por causa do treino que havia acabado de sair. A gente estava em uma lanchonete que havia na esquina de casa, na qual Noah sempre me obrigava a comer coisas saudáveis com ele e eu comia sofrendo sentindo aquele cheiro de bacon na chapa.
- E o seu dia como foi?
- Ah, normal, só o senhor Bieber que me pareceu um pouco estranho e mandou a gente sair mais cedo do trabalho, ele estava com o filho dele, acho que aconteceu alguma coisa.
- Eu sei o que aconteceu! - Ele disse enquanto dava uma última mordida no seu sanduíche - Ele finalmente percebeu que aquilo lá é um poço de calorias e faz imensamente mal à saúde e resolveu fechar, mas e aí pensei de irmos ao cinema amanhã, não quero comer muito, não enquanto eu estiver treinando como estou agora, tá afim?
- Ah pode ser - dei uma mordida no meu sanduíche - Mas eu queria mesmo é um banquete de bacon e fritas aqui agora. - soltei um riso, Noah levava muito a sério seu “ atletismo” e acho que ele acabava querendo me fazer levar também, só que eu não dispensaria nunca um copo de refrigerante com qualquer outra coisa que me deixasse imensa.
- Pois sonhe mocinha - Noah disse enquanto dava uma última mordida no seu sanduíche - Você tem trabalhado até tarde quase não vejo você.
- Você está sempre treinando e eu preciso do dinheiro.
Noah não podia discutir isso, ele realmente estava sempre treinando ou treinando mais e aquele emprego além de me dar um bom salário era minha segunda casa, não tinha planos de sair de lá nem agora, nem daqui um bom tempo.
Eu e Noah ficamos mais um tempo conversando e ele me contando como havia sido seu treino hoje, até que decidimos ir pra casa, ele me chamou pra dormir na casa dele mas neguei, hoje eu queria sossego e um boa noite de sono com os meus livros. Havia todo um mundo e histórias diferentes nos meus livros a minha disposição e aquilo acabou exercendo sobre mim um poder, e eu estava aflita pra saber o final da história eu comecei a levar até para a lanchonete, aproveitava para ler enquanto havia pouco movimento ou os clientes não haviam chegado logo de manhãzinha.
- Souvenir? - ouvi uma voz rouca dizer atrás de mim e quando me virei se tratava do filho do senhor Bieber.
- Sim, já leu? - Perguntei enquanto me virava um pouco no balcão.
- Não, não gosto de livros românticos - de repente a mandíbula dele ficou imóvel.
Encostei o livro no balcão
- E como sabe que se trata de um livro romântico se nunca leu?
- Você me parece gostar de livros românticos, além disso enquanto você lia você parecia meio boba.
- É? Não sabia que você sabia ler os olhares das pessoas - falei ironicamente e voltei meu olhar a um cliente que estava em frente ao balcão olhando o cardápio.
- Eu não sei, na verdade quem me dera se eu soubesse - Justin disse e pude sentir um tom de mágoa na sua fala, talvez ele tenha se lembrado de algo, o olhei mas ele desviou o olhar e saiu andando até o escritório do senhor Bieber e eu fui atender o cliente que já havia me chamado umas três vezes.
O resto da manhã e da tarde foi com pouco movimento na lanchonete então pude ler mais algumas partes do meu livro, Polly não veio trabalhar hoje e nem respondeu às mensagens, com certeza é porque bebeu demais e não tinha conseguido se levantar, e depois eu que costumava ser a atrasada, senhor Bieber ficou o tempo todo no escritório com seu filho até que Justin saiu do escritório e passou por mim olhando diretamente para frente o que me fez pensar se eu tinha sido rude com ele mais cedo, ele se sentou em uma mesa no fundo da sala, ele estava com uma jaqueta marrom o que eu havia achado estranho já que estava insuportavelmente calor, decidi ir até lá perguntar se ele queria alguma coisa e ver se ele não tinha uma má impressão de mim, sempre me dei bem com senhor Bieber, a última coisa que eu precisava era que seu filho me odiasse ou algo do tipo. Fui caminhando até o fim da lanchonete, mas eu estava em dúvida do que dizer, “talvez você queira tomar algum refrigerante ou comer algumas frutas” significava Não faço a menor ideia do que oferecer para você Justin.
- Quer comer alguma coisa? Ou sei lá tomar alguma coisa? Eu sei que você é filho do dono e pode ir lá a hora que quiser pegar mas é sempre bom oferecer, assim, an, bom, vai querer? - falei descontroladamente enquanto Justin me olhava com as sobrancelhas erguidas, e nessa hora eu já me arrependia de ter ido até ali.
- O que eu quero você não vai poder me dar - Justin falou com a voz em um tom vazio, seu olhar estava cabisbaixo mas ele tentava disfarçar se virando para o vidro que dava acesso à rua.
- O que foi, não gostou daqui?
Justin se virou pra mim e fez que não com a cabeça, ele colocou suas duas mãos na mesa e apontou para o banco
- Me faz companhia
- Mas eu tenho que atender, Polly já faltou, e a gente tá em poucas pessoas, e daqui a pouco é final da tarde, e costuma começar a dar movimento, fora que seu pai também está aí e ele não iria gostar disso.
- Ele não irá falar nada, e assim que começar o movimento você pode ir se quiser .
Suspirei fundo e assenti com a cabeça, me sentei no banco em frente à Justin e ainda me perguntava o porque daquela jaqueta, o sol batia um pouco em seu rosto e eu podia ver alguns pingos de suor surgindo em sua testa, coloquei minha bandeja em cima da mesa e olhei para o outro lado do vidro.
-E então sobre o que é o livro que você lia bobamente ali no balcão? - Justin perguntou enquanto encostou seu cotovelo na mesa e apoiou sua cabeça em sua mão.
- Ah, você definitivamente não iria gostar de saber. Disse não gostar de romances.
- Porque você gosta de romances Selena?
- Não sei, você não gosta de pensar que as vezes você pode encontrar uma pessoa que faça parte inteiramente da sua vida e você da dela, que apesar das dificuldades vocês sempre terminaram juntos?
- Não - Justin disse seco e virou o rosto para a rua, a resposta havia me assustado um pouco, por mais que eu saiba que muitos homens não goste de assumir que também sonham com a mulher perfeita para eles, eu nunca havia ouvido a resposta tão direta.
- E porque não?
- Porque isso não existe, o eterno não existe, como dizer que algo é eterno se nem nos mesmos somos? É porque dizer que ama se haveria dez mil outras pessoas no mundo que você amaria mais se conhecesse? - Ele disse e encarou logo em seguida, como se quisesse reafirmar o que tinha acabado de dizer.
- Não é questão de ser eterno, é questão de se sentir bem com a pessoa, de se sentir leve e saber que ela é a pessoa.
- As pessoas se enganam Selena, ás pessoas te enganam.
- Isso não é verdade, não é todo mundo que é assim como você diz ser.
- Você namora? - Justin disse enquanto olhava a aliança que estava no meu dedo, Noah tinha me dado a alguns meses atrás, eu nem deveria levá-la para a lanchonete mas me recusava ao fato de ter que tirá-la e como se eu sentisse Noah ali.
- Sim, e eu não o engano - Falei e soltei um suspiro fundo, olhei novamente para a aliança e em seguida para Justin que já havia voltado a olhar para a rua.
- Então boa sorte na sua história - Justin falou e pude perceber um tom sarcástico, o encarei - Você me chamou para sentar pra bancar o guru que sabe tudo sobre relacionamentos?
- Não, eu só queria companhia - Justin me olhou e sorriu fraco - A gente pode mudar de assunto se quiser.
Justin e eu passamos mais alguns minutos conversando, ele me contou que ele e o senhor Bieber não eram muito próximos o que me fez pensar qual era o motivo dele estar aqui, mas decidi não perguntar, eu o fiz gargalhar uma vez quando o contei que Noah me obrigava a comer sanduíche natural sendo que minha barriga implorava por pizza, ou bacon, ou fritas ou um simples sanduíche, o que foi muito bom, Justin parecia cabisbaixo no início da conversa e ele ter rido um pouco me deu um certo alívio, a verdade é que eu e Justin encontramos um jeito simples de conversar, Justin as vezes era sarcástico e eu o devolvia na grosseria mas nada que afetasse o resto da conversa, durante esses poucos minutos da conversa percebi que talvez Justin não fosse tão misterioso o quão eu achei que era.
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