História The Dark Side of The Story - The Room and Reij's Thoughts

"Depois de 113 anos, voltei."

A albina olhou em volta. Realmente parecia que o local tinha parado no tempo. Os móveis de madeira de carvalho trabalhada e polida em detalhes dourados e vitorianos permaneciam sem pó ou alguma sujidade. O espelho decorado com 'flores' vermelhas de porcelana estava intacto e exatamente onde Yuza o tinha deixado. A cama de casal de lençóis fabricados em puro cetim e cobertores detalhados em flores brancas de fundo azul estavam direitos e perfeitamente limpos sem algum tipo de mau odor. Aquilo era um quarto, um quarto da qual Yuza tivera passado a maior parte da sua eternidade – Antes de conhecer Karl Heinz – e que lhe trazia uma imensidão de memórias, tanto quanto tristes e felizes. Aquela era uma taberna outrora pertencente à família Tsukinami, que tinha como propósito acolher e embebedar humanos para depois eles lhes beberem o sangue.

─ Não mudou nada, tal como eu presumia. - A albina tinha ao seu lado uma vampira com experiência em artes mágicas, da qual tinha lhe pedido - Não, ordenado. - para que permanecesse cuidado e intacto. - Mereces uma recompensa, Yume-chan. - Aproximou-se da jovem de cabelos longos e pretos e abaixou-se de modo a igualar as suas alturas. Elevou a mão destra ao queixo dela e obrigou-a a encará-la. - Anseias ou não pela tua recompensa? - Sorriu maliciosamente.

─ Sim, Yuza-sama. - Ela estava como que em um transe, fascinada pelas orbes douradas e hipnotizantes da albina.

─ Muito bem, serás recompensada. - Roubou-lhe um selinho, deixando-a corada. Afastou-se novamente dela e olhou para a sua enorme cómoda onde permanecia uma vaso de rosas brancas e vermelhas, símbolo de uma amizade com uma certa mulher. - Cordélia... Uh... - Suspirou. Não queria começar a relembrar o passado novamente, já que isso não lhe seria oportuno ou sequer relevante para o que pretendia fazer ali.

─ Yuza-sama, presumo que sei o que pretende. - Olhou a albina, que lhe retribuiu um olhar intenso e fulminante. Era verdade que Yume tinha uma capacidade de adivinhação tremenda mas, por incertas razões, Yuza sentiu-se ofendida mas decidiu conter para si.

─ Certo, traz-me o que achas que procuro então. - Ordenou-lhe. E assim foi, Yume desapareceu nas sombras do quarto, deixando uma vénia respeitosa antes de partir.

A mulher encontrara-se sozinha naquele local nostálgico. Adquirira muitas memórias com os seus irmãos e restantes familiares. Algumas nem foram das melhores já que, por ciúmes parentais, eles os três viviam em brigas constantes.

─ Às vezes acho que não ter lembranças de certas coisas, seria melhor... - Pensou para si mesma. Os locais e pessoas que faziam um papel influente no seu passado afetavam-na muito, por mais que ela evitasse demonstrá-lo, era um facto inegável.

Yume acabou por aparecer novamente, originada das sombras, com um objeto estranho em mãos. - Presumo que seja isto, não? - Esticou os braços, demonstrando um anel de ouro com diamantes incrustados por cima, juntamente com detalhes em vermelho e negro no decorrer do anel.

Yuza ficara boquiaberta com tamanha adivinhação da jovem, apesar de já lhe ser usual, não conseguia conter certa admiração pelas capacidades dela. Assentiu, orgulhosa de ser mestra dela e pegou no anel com rapidez, já que lhe era um objeto extremamente valioso. - Acertaste. - Sorriu e colocou o anel no dedo anelar. - Esta foi só uma visita rápida, tenho de ir agora. - Não deu tempo à morena de se despedir e desapareceu, levando o misterioso anel consigo.

[POV'S Reiji]

Eu andava de um lado para o outro no quarto, como um ciclo de 'cá para lá' sem nenhum fim previsto. Aquela tal Yuza ousara desobedecer às minhas ordens e escapar para fora da escola antes da nossa chegada. E tinha logo de ser aquele maldito Mukami a avisar-nos disso. Hmm... Como será possível ele tê-la visto com um não-estudante no meio do corredor 3? Ah, demasiadas perguntas sem resposta para o meu gosto.
Ouvi algumas batidas na porta do meu quarto e um cheiro extremamente familiar vindo da mesma, Yui, parece que ela acordou.

─ Entre. - Dei-lhe a devida permissão num tom obviamente áspero e gélido, como se a quisesse afastar dali, e era o que eu queria. Não estou no melhor dos meus humores para aturar uma humana tonta e sonsa como ela.

─ Reiji-san... Err... Obrigado por cuidar de mim enquanto estive inconsciente. - Sorriu amavelmente para mim. Sinceramente, o quão ingénua ela pode ser? Ah, que desperdício de tempo.

─ Hmm... Não tem de quê. - Dei-lhe um olhar de relance frio e virei-me, aproximando-me da bancada de poções. - Pode retirar-se. - Disse-lhe. Por mais que não pareça, aquilo foi uma ordem.

─ Uh...Ahm...Ah... Está a fazer o quê, Reiji-san? - Tentou manter uma conversa comigo. Eu irei perder a minha paciência se ela se intrometer demasiado.

─ Nada, agora sai se me fazes o favor. - Fui logo direto ao ponto, deixando-a constrangida por intrometer-se nos meus assuntos. Ela recuou e abriu novamente a porta do quarto.

─ D-desculpe pelo incómodo, Reiji-san. - Falou num tom quase inaudível que, se não fosse a minha audição apurada, não teria ouvido. Decidi ignorar e deixá-la sair.
Passaram-se alguns poucos momentos e ouvi o barulho da porta de entrada abrir-se e um cheiro peculiarmente familiar adentrar a mansão. Era ela. Aquela tola terá aquilo que lhe prometi.

Uma noite de pura tortura.

[POV's Yuza/Narrador]

A albina adentrou a mansão de forma nada discreta, fazendo a questão de provocar o maior barulho possível para que percebessem que ela tinha voltado. Escondeu a mão que tinha o anel num dos bolsos das calças e esperou alguém descer que, como esperado, fora Reiji. O olhar do moreno era fulminante e ele descia as escadas de modo apressado.

─ Are~ Para quê a pressa, Reiji? - Riu da cara dele, o que o deixou ainda mais irritado. Ele tentou agarrar-lhe
pelo pescoço mas, com os seus rápidos e ágeis reflexos, Yuza esquivou-se e ficou a 1.5 metros dele. - Nyufu~ Transformaste-te num cão para apanhar tanta raiva? Haha~ - Aproveitou para zombá-lo. Estava novamente de bom humor depois de adquirir o que pretendia.

─ Maldita sejas, Yuza Tsukinami. - Olhou-a com raiva, recompondo a sua postura em seguida. - Não te esqueceste do que eu te prometi na sala de aula? Terás o teu castigo por me desobedeceres desta tremenda forma. - Sorriu sadicamente só de imaginar as 1001 coisas que poderia fazer com ela, se fosse fácil capturá-la já que a mesma não era humana. -Preciso de uma estratégia. - Pensou para si mesmo e montou uma no exato momento. - Desapareceste sem dar satisfações, achas que tens algum poder nesta casa, deixas ferido um dos meus irmãos e ainda tens a autorização de Karl Heinz para fazeres o que quiseres. Realmente és uma mulher cheia de mistérios. - A sedução, claro. Uma arma infalível para quem aparentava ter uma personalidade extremamente semelhante à de Laito que, óbviamente, depois de muitos séculos convivência, Reiji já sabia como lidar.

Yuza não entendeu inicialmente o objetivo do moreno, porém decidiu entrar na 'brincadeira'. Um jogo de sedução, porque não?

─ Eu sou cheia dos mais profundos segredos, de facto. - Aproximava-se a passos lentos e cautelosos do moreno com um breve sorriso malicioso nos seus delicados e macios lábios. - Mas eles estão muito bem escondidos. - Ficou a poucos centímetros do vampiro e abaixou-lhe o queixo com o polegar, já que era mais baixa, para poder encará-lo. - Mas eles estão muito bem guardados nas profundezas do meu ser. - Proferiu tais palavras num tom misterioso e suave, como que numa melodia de arrepiar cada coração. Sorriu vitoriosa.

O moreno envolveu o braço esquerdo na cintura da 'menor' e fê-la curvar-se levemente, deixando um pouco do seu busto à mostra. - Hm.. Estarão esses segredos tão bem guardados como dizes? - Sorriu sadicamente e mostrou a suas presas, atacando assim o busto da albina. A mesma só sorriu de canto, deixando-o sugar o seu sangue. Ela simplesmente não sentia nada quando a mordiam. Nem dor, nem ódio, nem nada. Era como se ela se tornasse num pote de doces vazio e sem vida. Reiji apercebera-se disso e mordeu com mais força,
esperando algum resultado, nem que fosse um gemido masoquista.

Mas nada.

─ Estás à espera que eu faça alguma coisa? - Sorriu vitoriosa. Ela ria internamente das esperanças falhadas dele lhe causar dor ou alguma outra sensação. - Eu não sinto nada, Reiji. Nada. - Afastou-o tão facilmente com se ele fosse uma leve papoila. Endireitou a sua postura e regenerou-se num piscar de olhos, acabando por parecer que ele nem sequer lhe tinha tocado. - As tuas 'esperanças' falharam, meu caro. ~ - Riu e passou a mão nos seus cabelos, fazendo-os ficar atrás das suas costas.

─ Não sentes absolutamente nada? Haha~ Então não fará algum mal fazer o que preparei de punição para ti. - Sorriu sadicamente e puxou-a, teleportando-os para a sua sala de tortura.

É uma pena, pois não será assim tão divertido não te ver implorar para que pare.