Sectumsempra.
DRACO, antes da guerra.
1996
Draco Malfoy foi salvo mais vezes do que poderia contar, e isso era aterrorizante, impróprio, vergonhoso.
A primeira foi num banheiro sujo e inutilizado de um castelo na Escócia, um homem acima dele com aparência de corvo se abaixava, tentando conter o sangue, seu nome era Severo Snape.
Nós não sabemos que estamos no nosso auge até que ele acabe, e então, depois de um período de horrível incerteza, percebemos que nunca mais vai voltar.
Draco encara com firmeza o pé do vaso sanitário, determinado a não chorar mas já chorando, sangue manchando tudo: Suas mãos, seu cabelo, seu anel.
Seu pai um dia, bêbado, se gabou para seus amigos do escritório que o Brasão Malfoy foi desenhado para aparentar melhor banhado de vermelho-sangue.
Obviamente, ele não estava falando de um sangue de um Malfoy, talvez de um Elfo Doméstico, talvez algo pior.
Draco não sabe o que Potter fez, não sabe porque tentou fazer aquilo com ele, não sabe se vai sobreviver.
Ao longe, a voz de Severo é ouvida, em pânico, dá pra perceber, mas ele não grita. Se fosse outro professor o levaria para enfermaria diretamente, mas Snape sempre foi meio contra as regras, e é claro que ele tem uma poção que cura exatamente isso.
E o que é isso, exatamente?
Ele tenta recontar os acontecimentos dentro da=e sua cabeça: Ele, no banheiro, tendo um ataque. Potter chega, porque Potter sempre chega, Potter sempre está ali. Eles brigam, e, Merlin, ele roga a praga, ele roga mesmo, como se sempre fizesse isso, como se fosse normal.
Mas Potter está preparado.
“Sectumsempra!” ele diz, sem um pingo de hesitação, como se fizesse isso todo dia.
Draco lentamente olha pra baixo, seus olhos e sua visão embaçada como se alguém os forçasse a fechar mesmo com toda força que fizesse para mantê-los abertos, suas pálpebras pesam cinco toneladas, seus ossos são feitos de cimento, e então ele vê: Sangue, sangue por toda parte.
Draco, anos depois, não iria esquecer a dor de ser despedaçado no meio, de ser rasgado e jogado no chão frio de um banheiro sujo.
Sectumsempra significa cem adagas.
Severo está acima, a luz faz uma coroa ao redor de sua cabeça, e ele franze as sobrancelhas de um jeito que parece doer.
“Draco. Draco, fique acordado, por favor, fique acordado...”
Sua voz desaparece lentamente, as vogais sendo perdidas e mergulhadas em água.
Ele tem que ficar acordado.
Mas dói. Dói.
E, naquele período de tempo, Draco realmente não queria.
Talvez nunca quis, talvez fosse genético, mas naquela hora a coisa mais certa a se fazer parecia se deixar ir, deixar as ondas o levarem embora, e então... Então dormir, só dormir.
Ele fecha os olhos.
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