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História The Day Draco Malfoy Was Saved (Drarry) - Edo


Escrita por: Invernia e Fuck-me-lauren

Notas do Autor


eu: quero ser escritora
também eu: escrevo drarry no meio da aula de gramática
esse capítulo inteiro foi escrito enquanto minha professora falava de conjugações, espero que gostem kaljdlksjdlka

Capítulo 48 - Edo


Edo.

Um segredo.

FEVEREIRO

1997

DRACO, Hogwarts.

 

Enquanto Draco caminhava pelos corredores, Flinch ao seu lado, tudo o que conseguia ele conseguia pensar era: “Fodeu. Fodeu. Fodeu. Fodeu. Fodeu.”

Ele nunca tinha precisado entrar no escritório de Dumbledore, e, quando chega entre as duas estátuas, o mesmo ali, alto e com vestes extravagantes, se pergunta se era assim que morreria. Se Dumbledore tinha descoberto do plano, se Flinch agarraria seus braços, e ele nem tentaria lutar, não de verdade.

Treme dos pés a cabeça, não consegue evitar, tem lágrimas nos cantos dos olhos se acomodando teimosas, rindo de seus esforços.

Dumbledore se vira para Flinch, o olhar sério.

É isso, Draco pensa, É isso.

Então:

“Pode ir Flinch.”

E ele relaxa por um segundo, ombros caindo, suspiros nos lábios.

Mas é só por um segundo, porque enquanto o zelador vai embora com grunhidos de insatisfação, pensa:

“E se for me matar no escritório? E se quando eu chegar ele vai ter a varinha e é assim que eu vou-“

Dumbledore sussurra alguma coisa para as estátuas, elas se abrem instantaneamente. Talvez, considerando sua posição, Draco deveria prestar atenção, deveria fazer uma anotação dentro de seu cérebro e então passar para Snape, que, consequentemente, passaria para Voldemort, que, consequente, mataria todo mundo.

Talvez ele devesse fazer isso mas não consegue, seu cérebro está num looping de pensamentos, os que incluem:

“Ele vai me matar.” E:

Não, claro que não, ele vai me mandar para o ministério.”

“Eles vão quebrar minha varinha.”

Então:

“Não seja idiota, eles vão me dar o beijo da morte, eles vão me matar e eu vou morrer e é assim que eu vou embora, é assim...”

Está nessa espiral de pensamentos inadequados até mesmo quando se senta, tem uma visão túnel, não percebendo a penseira, os papéis pendurados na parede, a varinha pousada na mesa de madeira.

Só consegue focar em Dumbledore, o farfalhar de suas vestes verde-esmeralda ao andar pela sala, uma barba longa, os óculos meia-lua brilhando sobre a luz das velas acesas.

“É assim que eu vou morrer.”

 “Draco Malfoy.” Dumbledore o observa por cima dos óculos, sentando-se na cadeira. Draco soa frio, tentando manter a calma. “Não precisa ficar nervoso, somente tenho algo, um presente, para lhe dar.”

‘Não precisa ficar nervoso’ Ha! Draco quase dá risada, e daria, se não estivesse completamente fodido.

Ele fica em silêncio, porque sinceramente tem certeza que no momento em que abrir a boca um grito sairia, de algum lugar, talvez nem dele mesmo, e então se levantaria, correria para fora da sala e, aí sim, seria acertado.

“Sinto que estou perdendo essa corrida que todos temos contra o tempo. Você também deve estar pensando isso, nas circunstâncias atuais." Ele fala com cuidado, não dá para saber com certeza que ele sabia do que estava acontecendo, e também não deixa a dúvida longe. "Ganhei algo de alguém importante quando era mais novo, e quero que seja seu. Quero que você tenha a mesma oportunidade que eu tive, de não lutar contra o tempo, e sim ser dono dele." 

Dumbledore estica sobre a mesa um pano, vermelho escuro, há algo embrulhado nele. Draco observa suas mãos, enrugadas, observa enquanto o presente caminha para si, escorregando como uma prece pela madeira.

Dumbledore balança a cabeça para frente, apontando para o embrulho.

“Pode abrir.”

Mas Draco estava aterrorizado de mais para isso, suas mãos grudadas no corpo. Ele respira, fundo.

“Não consigo.”

Dumbledore lhe dá um olhar, de pena, mas também de outra coisa, como se estivesse o analisando por longos segundos, então simplesmente empurra o pacote cada vez mais para a beirada da mesa.

“Isso é algo que você tem que abrir, Draco.” Se levanta. Ele caminha até a porta, seu aluno o segue com passos arrastados, anestesiado. Ainda tem chance, ainda pode ser assassinado, ou assassinar, mas a parte de seu cérebro que continuava funcionando como um cérebro deveria funcionar (sem espirais de pensamento, sem instintos de fuga a cada cinco minutos) observa que escapou, que sobreviveu. “Abra quando estiver pronto.”

Draco é deixado para fora, no final do corredor, duas estátuas se fechando atrás de si, um embrulho vermelho nas mãos.

Faz força para não cair ao chão, cair e chorar, e simplesmente ficar ali, soluçando, de alívio, desespero, qualquer coisa.

Ele aperta o embrulho junto ao peito, então caminha. Um passo atrás do outro, direito, esquerdo, fingindo ser um ser-humano, não outra coisa no corpo de um.

 

~*~

 

JUNHO

2003

DRACO, Galpão na Escócia.

 

Pisca, as luzes trouxas incandescentes brilhando acima de si, fortes de mais.

Então Granger aparece, uma sombra acima de si. A cama do hospital machuca suas costas e ele franze as sobrancelhas.

“Não se preocupe.” Ela diz, está manuseando frascos de poções enquanto McGonagall desenha um padrão no chão com a varinha. “Vai ficar tudo bem.”

A maioria dos Vai Ficar Tudo Bem que Draco recebera em sua vida significava, na verdade, que nada ficaria bem. Não é culpa de Granger (Hermione. Tem que se lembrar de chama-la de Hermione), mas não consegue evitar de torcer o nariz, virando a cabeça para o lado e longe da luz cegante, longe do rosto preocupado de... Hermione.

Harry está ao seu lado, numa cama diferente. Suas roupas trouxas estão dobradas no fim da cama, vestindo a camisola de hospital típica, e, Draco nota, está extremamente nervoso.

Era por isso que não seria difícil manter sua mente focada em Harry, vinha naturalmente, como respirar, subir em cima de uma vassoura. Ele se estica, tocando no ombro do outro, que se assusta, pulando pelo menos cinco centímetros para fora da cama.

De primeiro, ele não fala nada.

Não sabia o que falar, tudo o que tinha foi dado, tudo o que sabe, Harry também sabe, pelo menos as coisas importantes.

Toca seu ombro novamente, seu braço, não consegue se esticar mais para o resto.

Não pela primeira vez pensa que está se tornando a pessoa que mais odiava. Pois, antes mesmo de perceber, está dizendo:

“Está tudo bem.”

Como todos os Está Tudo Bem da história suas palavras não fazem efeito. Ele solta seu braço.

 

~*~

 

MAIO

1998

NARCISA, Destroços de Hogwarts.

 

“Vai ficar tudo bem.” Narcisa murmura contra o pescoço de seu filho, o abraçando, envelopando-o em seus braços, o calor de seu corpo. Ela espera que de alguma forma estivesse ajudando, que de alguma forma pudesse melhorar, fazer qualquer coisa, o necessário. “Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem.”

Draco não fala nada, simplesmente a abraça de volta. Está aliviado, ela percebe, ambos estão. É um pecado mas também a verdade. Ao redor deles a batalha acabou, o castelo está em chamas, destroços, e pessoas morreram, seu lado perdeu.

Mas, Merlin, Narcisa estava aliviada.

Ela seca as bochechas, as suas e as de Draco, acariciando seu cabelo, seu maxilar, seu nariz.

Parece estar querendo decora-lo, marcar a sensação de sua pele molhada na ponta dos dedos para que não importasse onde estivesse ainda o carregasse, dentro de si. Uma sensação.

“Vai ficar tudo bem.”

Bem no fundo, mas também logo acima, na superfície e prestes a explodir, ela espera que ele entenda. Que ele acredite.

 

~*~

 

JUNHO

2003

DRACO, Galpão na Escócia.

 

Draco sente ambos seus braços e suas pernas ficando dormentes antes de todo o resto. Ele olha ao redor enquanto o quarto começa a ficar borrado como tinta diluída em água, e ouve McGonagall.

“Está fazendo efeito. Conte comigo, sim?” Levanta quatro dedos embalados numa luva de plástico, colocando uma máscara verde-água acima do rosto.

“Um.”

Ele pisca.

“Dois.”

Mais uma.

“Três.”

Antes do quatro, já está apagado.

 

~*~

 

SETEMBRO

1999, um ano depois da guerra.

 

Draco chora tanto nesses dias que pensa que nunca mais vai conseguir parar.

Ele chora, e chora, às vezes chega uma hora que deseja se afogar de uma vez, que simplesmente deixasse de existir.

E talvez merecesse o beijo da morte, afinal, como todos os outros.

Ele torturou pessoas.

Ele ajudou a mata-las, como todo mundo.

Mas era um Malfoy, o que significava privilégios.

Draco olha para fora da janela do seu quarto, as petúnias da sua mãe estão morrendo.

Os morros, ao longe, estão marrons.

Essa hora do ano, ano passado, ele começaria seu período escolar.

Draco tenta não pensar na escola, nos muros destruídos, na sua parte em tudo aquilo.

Então, ele ouve.

Do fundo do quarto, embaixo de livros, mas ainda mais em sua mente (lá dentro, como um pensamento).

O barulho era difícil de descrever, grosso, daqueles que chega a ser inumano, daqueles que te faz sentir como se não devesse estar ouvindo, algo proibido e errado. Mais um tremor que qualquer outra coisa, chacoalha seus ossos, sua cama, suas janelas. Tudo vibra, e Draco estaria com medo se não sentisse que algo, o que quer que fosse que estivesse produzindo aquilo, estava o chamando.

Mesmo que o barulho fosse alto e mesmo que ele sentisse sangue escorrendo dos ouvidos em rios finos, ele escorrega para fora da cama, fora do tapete, revirando o guarda-roupa inutilizado por tanto tempo.

Era mais que um clamor, era mais que uma voz chamando seu nome.

Era, por falta de outras palavras, seu destino.

 

~*~

 

JUNHO

2003

DRACO, Galpão na Escócia.

 

Draco espera o que qualquer pessoa normal espera ao acordar de uma cirurgia; acordar curado.

Talvez fosse fora de caráter, mas realmente tem esperança, realmente acha que iria piscar, e, de repente, perceber que não tinha mais o que temer.

Ele acorda, porém, com os gritos de Harry.

Tem algo de aterrorizante em ouvir um homem adulto gritando, pedindo por ajuda. Nos berros animalesco, nas lágrimas forçadas. Quase tem um gosto específico, pesando na língua.

Talvez fosse a expectativa que tornou tudo pior.

Draco pisca, sua visão pende para o lado. Ele ouve, ao fundo, bem longe, como se fosse um eco de pensamentos desconexos, vozes multiplicadas, gritos, um apito contínuo.

“Harry! Harry, querido!”

“O que aconteceu?!”

“Alguma coisa errada.”

“Estanque o sangue!”

 “Onde dói?”

“Tudo! TUDO!

“A magia.”

“Fique longe, Hermione!”

Ele volta à inconsciência.

 

~*~

 

SETEMBRO

1999

 

O barulho não para. Ele continua enquanto se arrasta para fora da cama, fora do tapete, enquanto joga caixas e caixas, papéis, livros de escola para fora do armário desesperadamente, como um faminto procurando comida.

Como um faminto que descobriu que tinha comida, que existia comida, depois de milênios sem nada.

Ele só para quando suas mãos o alcançam, ainda embrulhada em tecido vermelho, o esperando depois de todo esse tempo.

As paredes não tremem, silêncio cai.

O presente parece até sorrir, uma mãe carinhosa, recebendo o filho voltando da guerra.

Draco ofega, então dá risada, inesperada, fazendo cócegas na garganta.

Ele abre.

 

~*~

 

JUNHO

2003

DRACO

 

Quando acorda novamente, brusco e mecânico de um sono sem sonhos, mais com uma pancada na cabeça e corte de tempo do que inconsciência, ele percebe.

Percebe pela luz natural que entrava pelas janelas, percebe pela cama desconhecida, pelas paredes de outro quarto.

Há algo profundamente e primordialmente errado.

Algo completamente, errado.

Ele automaticamente começa a chorar.

 

~*~

 

Dentro do embrulho, havia um vira-tempo.



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