Justin sentou-se novamente no sofá e voltou os olhos para a tela do computador. A mão em frente a boca, sem acreditar no que acontecia.
- Max… - ele sussurrou.
E pela primeira vez, ouvir o nome do meu filho me causou arrepios.
- Não era assim que ela queria que você descobrisse, mas eu já não podia mais esperar. - Dylan falou parado no batente da porta.
- Você continua aqui? - falei brava - olha o que acabou de fazer!
- Ei! - Justin se levanta indo até nós. - você tem muita coisa pra me contar.
Seus olhos estavam marejados.
- Não era pra ser assim. - voltei-me para Dylan. - vá embora!
- Falta apenas dez minutos para início da peça. Vamos estrear essa merda e acabar logo com isso. - disse Justin.
Como já estava pronto, Justin saiu batendo a porta atrás de si. Dylan logo depois saiu me deixando sozinha. Foram então os piores dez minutos da minha vida. Me arrumei o mais rápido, precisava segurar o nó preso na garganta e fazer com que o espetáculo desse certo. Era importante para Tony.
Sai do camarim e passei pelos corredores vazios até a escadaria do palco. Tony já me esperava e me abraçou assim que me viu. Não vazia ideia se ele já tinha conhecimento do que estava acontecendo, mas respirei fundo para não chorar.
Ao início da peça, o teatro estava lotado. As luzes focavam-se em nós e tudo precisou ser revisado antes de iniciarmos. Revisado pois agora o clima era diferente e todos pareciam ter notado. Eu precisava fazer o meu melhor, mesmo que minha vontade fosse de sair correndo e fugir com Max de toda essa loucura.
As cenas foram frias, por mais que tentássemos fazer com que desse certo, era perceptível que algo não estava em ordem. Ao final da estréia, todos aplaudiram de pé. Os agradeci e sai o mais rápido do palco, entrei no camarim e chaviei a porta. Não demorou muito para que a entrada fosse forçada.
- A sua ideia brilhante é me trancar do lado de fora? - falou Justin, enquanto eu trocava de roupa.
- Falaremos sobre isso em outro dia. - falei terminado de colocar o vestido.
Sem que eu percebesse, a porta se abriu. Merda. Havia esquecido que ele tinha uma cópia da chave. Ele trancou a porta depois de entrar sozinho.
- A conversa será agora. - ele se sentou calmamente no sofá.
- O quê quer saber, que Max é seu filho? Pronto já sabe.
- Você debocha como se isso não fosse importante. Você me escondeu ele por três anos! Três, Serena.
Apoiei as mãos na mesa da penteadeira e respirei fundo.
- A escolha foi sua! Você quem quis partir, você quem não quis me ouvir! Me tratou com intolerância, escolheu ser um babaca, me deixando sozinha, ao prantos e grávida no meio do seu apartamento enquanto você seguia feliz para o seu futuro brilhante.
Ao lembrar de todas as sensações daquele dia, senti o sangue ferver em minha veias. Fui até ele ficando em sua frente.
- O quê você queria? Que eu te perdoasse? Que corresse atrás de você como uma cachorra e pedisse para que assumisse o Max? - ri irônica. - você estava muito bem com aquela vagabunda da Dakota pra que eu fosse lá estragar tudo com uma criança.
- Você poderia ter me dito. E-mail, carta, qualquer coisa. Eu tentei falar com você várias vezes.
- As suas tentativas de contato só me machucaram mais. - falei sentido as lágrimas correrem pelo meu rosto. Justin mordia os lábios, mas seus olhos também estavam marejados.
- Eu só queria fazer parte da vida dele. Vê-lo nascer sem que fosse pela merda da tela de um computador. - sua voz falhou antes de continuar. - eu iria ser o melhor de mim se soubesse… teria me esforçado ainda mais para me recuperar.
- Não acho que seria assim. Você era completamente diferente.
- Está doendo sabia? Eu sei que mereço o seu desprezo, mas esconder um filho? Serena isso está doendo como uma ferida aberta no meu peito. Agora sou eu que está quebrado.
Fomos tomados pelo silêncio e rolar de lágrimas. Eu não queria admitir, mas estava arrependida. Ainda doía lembrar do passado, mas vê-lo chorar estava me matando.
- Quem o registrou? - ele perguntou tentando se recompor.
- Dylan.
Ele fez um final de positivo com a cabeça, como se aceitasse a informação.
- E você me deixaria registrá-lo corretamente, deixa ele ter o meu sobrenome?
Eu estava impressionada com a reação dele. Achei que seria mais explosiva, que tentaria pegar Max de mim, mas na verdade, estava sendo mais educado e compreensível.
- Acredito que seja sua obrigação. - respondo fria e ele aperta os lábios em um sorriso forçado.
- Posso vê-lo também? Hoje, agora. -havia ansiedade em sua voz.
- Deveríamos estar com Tony dando entrevistas…
- Meu filho é muito mais importante. - falou firme.
Não havia como contestar. Eu não queria, mas era o certo.
- Dylan disse que estaria no carro, com Claire e Max. Por favor, mande trazê-lo.
- Mas…
- Eu imploro. Serena, eu não vou dormir essa noite sabendo que tenho um filho e não o conheço.
Fui até a bolsa e mandei mensagem para Dylan. Prontamente ele respondeu. Justin estava calmamente de um lado para o outro, em poucos minutos uma batida na porta, fui até ela e abri para que entrassem.
Max estava deitado no ombro de Dylan, mas não dormia.
- Mamãe… - ele falou choroso se jogando em meus braços.
- Oi meu bem. - o abracei com força e ele retribuiu se agarrando ao meu pescoço.
- Vamos embora agora? - falou me olhando.
- Ainda não… - suspirei. - a mamãe quer que você conheça alguém.
Instintivamente ele olhou ao redor do cômodo e percebeu a presença de Justin, então timidamente me abraçou como se buscasse segurança.
- Quer saber quem é ele?
Max encostou sua bochecha na minha e fez sinal positivo com a cabeça enquanto olhava fixamente Justin. Claire e Dylan estavam juntos um pouco mais afastados de nós, quase como se não estivessem ali.
- Ele é o seu pai. - cochichei em seu ouvido. Queria deixar o clima mais descontraído para que não fosse algo ruim para ele.
- Meu pai? - ele cochichou de volta e eu apenas concordei. - qual o nome dele? - falou um pouco mais alto.
- Não quer ir perguntar?
Max pareceu se animar e desceu do meu colo. Como se fosse algo completamente normal, ele aproximou-se de Justin, que se abaixou para ficar na altura ideal.
- Minha mãe falou que você é meu pai. - todos sorriram ao ouvir.
- É. - Justin mal conseguia falar, ele olhava cada detalhe de Max. Tinha certeza de pensa como todos ali, que ele era a cara do pai.
Justin não falava nada e acho que Max não estava muito disposto a esperar. Sem falar nada envolveu os braços ao redor de Justin e o abraçou. Pude ouvir Claire fungar, a olhei e estava abraçada a Dylan que olhava orgulhoso para a cena. Então desviou o olhar pra mim e eu já não sabia mais se estava brava ou não. Ele apenas sorriu e eu sorri de volta.
Justin pegou Max no colo e o abraçou. Max deitou a cabeça no ombro do pai e ali eu soube que ele havia lhe dado confiança. Max se afastou para olhá-lo e os dois sorriram. O mesmo sorriso em pessoas diferentes. Segurando Max em um dos braços, Justin arrumou os cabelos que estavam no rosto, Max fez a mesma coisa. O que fez Justin rir.
- Você vai morar comigo agora? - perguntou Max fazendo com que voltássemos para um momento tenso.
- Eu não sei parceiro, mas você vai poder me ver quando quiser. - respondeu Justin sorrindo.
- Mamãe, ele pode morar lá na nossa casa? Ele fica no meu quarto. - disse animado.
- Max, seu pai não é um cachorro. - sorri ironicamente ao perceber o que disse. - ele tem a própria casa.
- Onde você mora papai? - voltou a olhar para Justin. Eu já estava ficando assustada por Max chamar Justin de pai com tanta facilidade.
- É um pouco longe, mas vou ficar perto logo.
Então a porta do camarim abriu novamente e Tony apareceu.
- O quê vocês estão faze… Aí Jesus.
Tony olhou para todos na sala e sua boca abriu para dizer algo quando Max e Justin, mas não disse nada.
- Oi tio Tony! - sorrio Max. - Esse é o meu pai. - apontou para Justin.
Tony sorrio, me olhou e voltou o olhar para Max.
- Diga ao seu pai e a sua mãe, querido, que eles estão atrasados para a entrevista final. - disse se retirando.
- O tio…
- Tudo bem Max, nós ouvimos. - falou e ele sorri.
- Precisamos ir… - falou Justin.
- Quero ir também! - animou-se Max.
- Max… - iniciei.
- Podemos levar ele… - falou Justin, quase como um pedido.
- Se quiser podemos levar ele para casa… - sugeriu Dylan.
Suspirei pensativa. Olhei novamente para Max no colo de Justin. Agora eram ainda mais parecidos. Talvez fosse a hora de apresentar o pequeno ao mundo. Com os pais dele.
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