Havia acabado a primeira semana de novembro e junto com ela, minha primeira semana morando na Coréia, realizando meu sonho de infância. Meu pequeno apartamento não era localizado no melhor bairro e menos ainda luxuoso, mas estava feliz com minha nova vida. Passei a maior parte da semana indo em loja de decoração comprando cada objeto que trouxesse um ar diferente ao meu solitário lar, mas é claro que reservei um tempo para ir uma agência de empregos, afinal o dinheiro que tinha em algum momento acabaria e antes é melhor procurar um emprego. Estava tão perdida em pensamentos que não havia notado meu celular toca descontrolamente em minha mão, olhei para a tela e sorri ao reconhecer o número de casa.
- Alô.-Atendi.
- Filha! - Meu pai exclamou.-Tudo bem? Como está seu dia?
-Está tudo bem, pai.-Respondi sorridente.-E aí, como estão as coisas?
-Sua mãe ainda está meio tristonha, mas vai passar.-Me tranquilizou.-Ela entendeu que não adiantava ir contra a correnteza chamada Athena Park.
-Obrigada por me considera uma correnteza feroz.-Falei com ironia.- Ainda não me retornaram da agência.
-Meu anjo, você entregou seu currículo não tem nem 72 horas.-Meu pai riu.-Você tem que ter paciência.
-Olha quem fala, você acha que herdei de quem essa impaciência toda em, senhor Jack Park?-Acusei.
-Ok! Fui pego.-Se rendeu.-Estou indo dormir, sua mãe ja está dormindo, fique bem e qualquer coisa nos avise imediatamente.
- Boa noite, pai. - Desliguei a ligação.
Ainda sentia um grande aperto no coração por esta longe de casa, sem os ataques explosivos de minha mãe, Zara e a sensação de paz que meu trazia. Com uma sensação de vazio fui para a cozinha preparar o almoço, quando estava abrindo a porta da geladeira o telefone na sala de estar tocou, caminhei até o mesmo e atendi.
- Alô? - Perguntei em coreano
- Athena Park? - Uma voz masculina respondeu igualmente coreano.
- Sim. - Respondi.
- Aqui é da agência de empregos, nos recebemos seu currículo recente e estávamos selecionando anúncios que condizente ao seu currículo. - Pigarreio. - Bem, recebemos um anúncio urgente para uma ótima vaga de emprego e gostaríamos e saber se é de seu interesse.
- Ah sim! Claro! - Respondi imediatamente.
- É para psicóloga de uma empresa, eles têm urgência em ocupar a vaga, você poderia ir hoje mesmo para uma entrevista? - Perguntou.
- Claro, qual o endereço? - Perguntei animada.
- O endereço e o horário da entrevista deram enviados para seu e-mail imediatamente. - Respondeu. - Boa sorte, senhorita Park.
- Obrigada e bom dia. - Desliguei o telefone ainda em êxtase.
Corri para o computador, o atualizei pelo menos 20 vezes até o e-mail da agência chegar.
"Big Hit Entertainmet, Cheong-gu Builiding 4F, 16:00."
Finalmente teria meu primeiro emprego na Coréia do Sul!
.
O prédio onde era a Big Hit era bem discreto, diferente do que eu esperava de um prédio onde saíam estrelas, segundo minhas pesquisas antes de sair de casa. Assim que entrei fui até o balcão onde estavam duas recepcionistas muito bonitas, uma com o cabelo bem curto e a outra com o cabelo preso em um coque.
-Boa tarde, a agência de empregos me mandou, vim para uma entrevista.-Informei.
-Para Big Hit sim?-Perguntou a de cablo curto com um sorriso simpático.
-Sim.-Confirmei.
- l4 andar.-Me entregou um crachá de visitante. - O elevador é por ali, boa sorte.
-Obrigada.-Agradeci mesmo estranhando o "Boa sorte".
Fui até a direção indicada onde estava o elevador, enquanto esperava chegar em meu andar, me auto analisei. Saia preta um centímetro acima do joelho, camisa social vinho, blazer preto e sapatos scarpin também preto, estava bem agradável para uma entrevista, infelizmente isso não significava que estava confortável. Quando o elevador chegou, como sempre, hesitei um pouco em entrar, desde a infância elevadores me deixam assustada por mais que nunca tenha ficado presa em um, so essa idéia ja me deixa em pânico. Em alguns segundos desci no quarto andar, soltei o ar que não sabia que estava prendendo, olhei em volta e encontrei uma recepção bem semelhante a primeira, porém atrás do balcão estava um rapaz.
- Olá! -Se levantou para me cumprimentar, seu corpo era bem franzino, mas sei rosto era muito bonito. - Veio para a entrevista sim?
- Sim. -Dei um sorriso.
- O Senhor Bang Si-Hyuk ira recebe-la pessoalmente. - Me explicou. -Ele é o diretor da Big Hit.
- Nossa! Que honra. -Me surpreendi.
- Por aqui. -Me indicou um caminho até uma porta grande, a abriu e me deu passagem. - Boa Sorte.
Segunda vez, que estranho.
Assim que entrei um homem de óculos, um pouco roliço e de aparência um pouco cansada.
- Boa Tarde, meu nome é Athena Park, a agência de trabalho me mandou. -Fiz uma leve reverência, não estava muito acostumada aquilo, mas sabia que aquele homem era importante e merecia respeito.
- Você não é coreana? -Perguntou sem rodeios, admito que senti vontade de rir de sua sinceridade.
- Não, senhor. Meu pai é coreano, mas atualmente reside no Brasil. -Expliquei.
- Ah sim, pode sentar-se. - Apontou para a cadeira a frente a sua mesa.
- Obrigada. - Sentei o mais confortável que pude.
- Você mais nova do que eu pensava. - Falou pensativo.
- Me formei faz mais de um ano. - Falei. - Trabalhei em um hospital em meu país de origem, o senhor pode conferir a carta de recomendação, porém minha vontade foi sempre morar na Coréia, quando tiver a oportunidade não a desperdicei.
- Admito que não tive tempo de ver seu currículo, por isso minha surpresa. - Falou envergonhado. - Você tem quantos anos?
- 23 anos. - Falei lentamente.
- Meu Deus, você é bastante nova para ja ter formado. - Falou sem esconder a surpresa.
- Fui adiantada alguns anos na escola. - Falei com orgulho.
- Hum... - Recostou em sua cadeira. - Como pode ver, rodeios não fazem parte de mim, então serei direto. Não sei como entrevistar uma psicóloga, por isso lhe contarei a situação para que possa me dizer se aceita o emprego, aviso de antecipadamente que a senhorita ja é a terceira psicóloga que ocupa essa vaga.
- Terceira? O que aconteceu com os outros? -Perguntei sem controlar minha curiosidade.
- Não conseguiram aguentar a pressão desse cargo. -Falou com cautela.
- É que cargo seria esse? - Perguntei receosa.
- Acho que a senhorita conhece o grupo BTS? - Falou seriamente.
- B o quê? - Perguntei confusa.
- Você não conhece o maior grupo da nossa agência?! - Perguntou com os olhos arregalados.
- Ja ouvi falar, mas não decorei o nome. - Falei com sinceridade.
- Bem, o grupo BTS é formado por 7 garotos. - Me informou. - O cargo é de psicóloga do grupo.
- Nao me parece algo tão complicado. - Falei sem entender.
- Acredite, é mais complicado do que você imagina. - Soltou um suspiro. - Os garotos estão passando por uma fase difícil, de uns três mesas para cá eles estão incontroláveis, faltam aos ensaios, as composições não são entregues, vivem saindo escondidos.
- Acho que você quer uma babá, não uma psicóloga. - Falei sem hesitar.
- Eles não estão bem. - A preocupação eram óbvia em suas palavras. - Eles sempre foram garotos focados e agora parece que perderam toda motivação, eu sei que algo aconteceu ou está acontecendo, mas eles não me deixam ajudar, os outros psicólogos tentaram descobrir, porém eles reagiram mal.
- Sim... E como seria meus horários? - Perguntei.
- Gostaria que você tivesse conversas diárias com eles, em grupo e individualmente, todos os dias. - Falou.
- As inicias seriam longas, ja que eles seram relutantes em se abrir. - Pensei alto.
- Provavelmente. - Confirmou mais pensamentos.
- Aceito. - Falei tentado transparecer segurança.
- Que bom! - Um leve sorriso apareceu em seu rosto. - Você pode conhecer os garotos hoje, eles estão na sala de ensaio, fazendo tudo menos ensaiando.
- Senhor, vou retribuir sua sinceridade sendo sincera, eu vou tentar fazer e tudo para ajudar, porém eu tenho pouca paciência com falta de maturidade. - Falei seriamente.
- Entendo. - Concordou.
- Onde fica a sala de ensaio? - Perguntei me levantando.
- Eu a levarei até la. - Se levantou e assim como o recepcionista, abriu e me deu passagem.
- Gleen, vou apresentar a senhorita Park aos garotos. - Informou.
- Sim, senhor. - Concordou com uma reverência.
Caminhamos por um corredor de paredes cinza.
- Talvez os garotos não tenham uma boa reação, como não tiveram como os psicólogos anteriores. - Comentou. - Pode ser que como voce seja mulher eles peguem mais leve ou...
- Ou o quê? - Perguntei desconfiada quando paramos em frente uma porta branca.
- Mais pesado. - Abriu a porta e entrou me deixando paralisada.
Em que barco furado estou me enfiando?
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