1. Spirit Fanfics >
  2. The Empty Black Edge of Night >
  3. On Envy's Grasp, Part 2

História The Empty Black Edge of Night - On Envy's Grasp, Part 2


Escrita por: ArgentPapillon

Notas do Autor


De todas as coisas que esperava ver ao longo daquele dia, Ekateryna jogada entre as pernas de sua filha mais velha e mais "comportada" definitivamente não era uma delas. Não sabia o que pensar ou sentir. Na verdade, nem Ekateryna sabia. Em meio a essa tempestade de sentimentos, sentimentos novos afloram - Bons e ruins.

Amores, eu sinto muito mesmo por ter demorado tanto para postar o capítulo novo! Estava difícil achar tempo para escrever, e mais ainda inspiração, mas acho que finalmente consegui escrever algo bom o suficiente, vocês merecem só o melhor por todo o apoio. <3 Aproveitem!

Capítulo 9 - On Envy's Grasp, Part 2


Após o que se sucedeu na sala de tortura particular de Dimitrescu, as irmãs foram logo dispensadas pela Condessa – Com exceção, é claro, de Bela, que havia se oferecido para tomar conta da garota que encontrou seu sofrimento nas garras sádicas daquelas vampiras.

Cassandra esbanjava um sorriso bobo em seu rosto. Estava com a mente leve, nem quis se perguntar porque a irmã mais velha parecia tão preocupada com o estado daquela vadiazinha. Ela dançava calmamente de um lado para o outro em seu quarto. A sensação de fazer o corpo de Ekateryna estremecer daquela forma era... Esplêndida. Aquela voz melodiosa a gemer, a força como seu corpo se contorcia e ela encarava o nada com um desespero de quem parecia implorar por mais. Ela não apenas sentia medo ou arrependimento como as outras empregadas, ela parecia lutar ferozmente para viver. Era uma chama que atraía Cassandra como mariposas à luz.

“Ah, como eu estava precisando disso! Sabe, até que ter essa garota por perto talvez não seja tão mal assim... Estou começando a me interessar por ela.” Cassandra ironizou em meio a uma risada sádica e então se jogou de costas na cama e voltou seu olhar para Daniela.

A ruiva estava sentada na guarda da imensa janela à esquerda da cama. Ela parecia calma, o que já era estranho por si só vindo de Dani, e com um olhar conflituoso enquanto encarava o jardim – Estava coberto de neve, mas aos poucos ganhava vida com a chegada da primavera.

Daniela havia amado aquilo também. Vez ou outra ela tentava recapturar o sabor do sangue de Ekateryna que ainda estava marcado em seus lábios. Ela era sem dúvidas deliciosa, Daniela havia ficado excitada com aquilo. Assim como havia ficado naquele primeiro breve encontro que teve com a artista.

Mas... Aquele olhar que Dani recebeu enquanto se deleitava com o corpo da garota ficou gravado em sua mente. Ekateryna parecia ter se sentido tão traída. Daniela não fez com ela nada fora do usual do que faria com qualquer outra empregada, e ainda sim aquelas lágrimas não paravam de atormentar seus pensamentos.

Dani foi tirada de seus pensamentos ao ouvir o estalar de dedos de Cassandra perto de seu ouvido.

“Terra chamando.”

“Ah! Cass... Foi mal, o que houve?”

“Eu quem deveria estar lhe fazendo essa pergunta. O que deu em você? Normalmente você estaria rindo que nem uma maluca de felicidade agora.”

“Nada, nada. Só tô pensando em umas coisas aqui.”

Cassandra estreitou o olhar, como se tomada por um repentino ciúme. "Esse drama todo só por causa de uma garota qualquer?"

“Não! Deixa pra lá.” Daniela retrucou, tentando se esquivar dos olhares acusatórios da irmã. Ela saiu da janela, e passeou pelo quarto em direção a uma estante de livros do lado oposto. Pegou um e começou a folhear, era Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde. “É só que...”

Ela continuou, mas foi cortada pela irmã do meio.

“Diz logo. É um saco te ver assim.” A morena se debruçou sobre o ombro da irmã, enrolando uma mexa dos cabelos ígneos dela ao redor de seu dedo. Cassandra estava preocupada e revoltada ao mesmo tempo com o humor incomum de Daniela.

“Acho que fomos injustas com a Ekateryna. Digo, ninguém fica normal nos primeiros dias de contato com o Cadou. Nem mesmo os que são bem-sucedidos e-”

“Tá, e desde quando esse tipo de coisa incomoda você? A gente já puniu empregadas por coisa menor. Ela não conseguiu mais se sentar por uma semana. Se lembra de como as coxas delas ficaram marcadas? E a visão daquelas pernas tremendo a cada surra até não conseguirem mais se sustentar enquanto todo o sangue pingava no chão?” Cass chegava a deixar escapar um suspiro ao final, deixando que sua voz adquirisse um certo tom sugestivo, considerando o quanto ela amava se gabar da sua crueldade. Mas então, uma certa indignação tomou conta da sua voz. “Não me diga que você gostou daquela garota.”

Daniela, de fato, não disse. Ela desviou o olhar e se desvencilhou devagar da irmã, mas manteve seu olhar preso ao livro como se não quisesse tocar no assunto. “Não é nada disso, só... Deixa.”

Cassandra respirou fundo, o máximo que pôde, e fechou os olhos. Então, expirou lentamente. Sabia que tinha herdado o temperamento ruim da mãe e não queria causar uma cena bem na frente de Daniela, então caminhou em direção à saída do quarto. “Eu vou dar uma volta.” Ela disse, e então se retirou batendo a porta com violência.

“Essas três parecem que não param de falar daquela cadelinha chorona por um segundo sequer desde que ela chegou...”

 

 

 

Alcina estava em sua Câmara. A imensa mulher se encontrava sentada diante de sua escrivaninha com o telefone junto de seu ouvido enquanto encarava distraidamente a paisagem através da janela.

“Como a situação com Ekateryna tem prosseguido desde ontem?”

“Ela deve estar sobre controle agora, Mãe Miranda. Foi devidamente castigada e Bela está cuidando dela enquanto descansa.”

“Você fez muito bem, minha querida. Estou mantendo a garota sob seus cuidados pois sei que pode fazer aflorar seu verdadeiro potencial, como fiz com você.”

“Eu agradeço por sua confiança, Mãe Miranda. Eu talvez tenha sido rígida demais, devo admitir.”

“Não seja inocente, minha criança. Assim como você, ela foi criada para a grandeza. Ela irá aguentar.”

Dimitrescu então assentiu com a cabeça e esboçou um calmo sorriso, contente com a satisfação de ter saboreado tão intensamente o sangue de Ekateryna e mais confiante com o apreço de Miranda.

“Tenho que levá-la à clínica de Moreau. Em breve trarei atualizações.”

“Até logo, Alcina.”

Dimitrescu então se ergueu com sua postura orgulhosa habitual e levou a piteira à boca para tragar de seu cigarro. Mãe Miranda estava absolutamente certa. Uma bela e preciosa como Ekateryna, uma dama com um potencial tão distinto dentro de si, devia ser capaz de suportar o que fosse. Dimitrescu se enxergava em Ekateryna, e assim tomava para si a missão que lhe havia sido entregue por Mãe Miranda. Precisava ser feito.

Era só uma questão de tempo até que as coisas voltassem ao normal. É claro, a intromissão de Moreau e os desejos de Miranda trouxeram algumas pequenas reviravoltas, mas em breve sua amada artista produzirá como deveria para a Condessa. O ateliê estava impecável à espera de Ekateryna... Assim como a própria Kate estava à espera de Alcina.

“Ah, uma vez por semana será muito pouco. Irei desfrutar de seu corpo todos os dias, minha pequena rosa... Totalmente minha.” Ela riu com deleite em meio aos seus pensamentos e se dirigiu ao quarto onde Ekateryna descansava.

Alcina se limitou a declarar sua chegada antes de entrar no quarto, sabendo de certo que sua filha mais velha estaria à espera. “Bela, querida, estou entrando.”

 

 

 

Então, ao entrar no quarto de Ekateryna aquela visão preencheu seus olhos.

A garota estava deitada entre as pernas de sua filha mais velha, e ao que parece havia entrado de modo tão abrupto que as duas não tiveram tempo de reagir.

“M-Mãe?” Bela imediatamente se levantou e se recompôs, mantendo a cabeça abaixada para esconder o constrangimento que tingia o seu rosto. Ela sabia que havia feito algo errado, e nem se atrevia a encarar a mais alta diretamente.

Ekateryna, por sua vez, permaneceu paralisada na cama a encarar Alcina com aquele olhar ingênuo, porém que aos poucos era preenchido por medo – Isso porque ela podia notar a insatisfação no olhar de Dimitrescu.

É claro, Alcina jamais se mostraria explicitamente enfurecida. Não só isso estava muito abaixo do seu nível, como também não era necessário. Ela sabia infligir medo nos outros apenas com seus brilhantes olhos dourados.

Estava fora das suas expectativas que Ekateryna, a sua rosa pura e preciosa, fosse capaz de realizar tais atos tão livremente. A decepção era ainda maior em relação a Bela, que havia se comprometido em conter seus impulsos diante da artista.

Eventualmente, Ekateryna se deu conta da gravidade da situação. Paralisada, alcançou a mão de Bela como a única coisa que pôde fazer, como se implorasse para que a mais velha a protegesse de outra sessão de tortura.

“Oh, o que temos aqui? Parece que estavam se divertindo na minha ausência...” Ela ironizou. “Eu imaginei que você estaria descansando, senhorita Markov.”

“Lady Dimitrescu, p-por favor...” Ekateryna tentou acalmar seus batimentos e respiração pesada. “Foi apenas um acidente, não irá se repet-”

A voz de Ekateryna foi interrompida quando a jovem artista sentiu a mão pesada de Alcina se chocar contra o seu rosto com um violento tapa que marcou o ar com o som daquele estalo violento. Bela sentiu os dedos da garota apertarem os seus de modo quase doloroso conforme ela caía para trás e recuava como um animal assustado. A filha mais velha de Dimitrescu permanecia absolutamente imóvel, mas de canto de olho podia ver Kate morder com força os lábios enquanto lacrimejava, tentando conter os gemidos de dor.

“Taci.” O tom de Dimitrecu fez-se abruptamente sério ao ordenar que ela se calasse. Alcina então deu alguns passos em direção à sua amada filha mais velha. “Olhe para mim, fiica mea.”

Bela não queria olhar. Não porque havia se deixado levar pelos seus desejos pelo sangue de Ekateryna, mas porque havia desobedecido sua mãe e violado a promessa que fez a ela. Não tinha para a mais velha sensação pior do que sentir que havia desapontado a mulher que lhe trouxe à vida e cuidou dela por todos esses anos com todo o amor que ela podia receber. Bela apertou mais forte a mãe de Kate, e lentamente ergueu o olhar.

Encarar a seriedade de Dimitrescu era ainda pior. Bela nunca perdia a compostura. Exceto com sua mãe.

“Mãe... Eu-”

“Nós teremos uma conversa logo. Peço que se retire.”

Ao ouvir aquilo, Ekateryna imediatamente tentou puxar a mais velha para perto de si, e diante disso Bela tentou protestar, sabendo que Kate poderia estar em perigo. “Mãe, peço clemência, ela acordou a alguns minutos só.”

“Eu não vou repetir, Bela.” Ela elevou o tom de voz.

A filha mais velha ainda olhou de relance em direção a Ekateryna, e notou a forma como ela balançou a cabeça de um lado para o outro, negando e pedindo para que Bela ficasse. A loira não podia, não contra as ordens de sua mãe.

Lentamente, em um gesto que fez com que o corpo todo de Ekateryna gelasse, Bela se desvencilhou de seus dedos e caminhou e se retirou do quarto em silêncio.

Kate estava sozinha. Outra vez. E nisso a diferença de tamanho entre ela e Dimitrescu ficava ainda mais evidente e aterrorizante. Alcina, entretanto, não disse nada, ela apenas caminhou em direção à penteadeira no canto do quarto.

O móvel parecia de carvalho sólido, com um largo espelho e adornos florais na madeira feitos à mão em um trabalho artístico que parecia datar pelo menos do século 17 – Ekateryna conseguia reparar nisso só de olhar brevemente para ele.

Ainda sim, com uma única mão Alcina foi capaz de jogar a pesada penteadeira para cima com uma facilidade assustadora – Ao cair no chão, o vidro se estilhaçou provocando um barulho alto que fez com que Ekateryna rapidamente cobrisse a boca com ambas as mãos e recuasse para o canto da cama. Ela apertou os olhos, assustada com o som e ainda mais ao ouvir Dimitrescu vir em sua direção.

Alcina tomou Ekateryna pela gola de sua camisola e ergueu ela da cama, colocando-a contra a parede. Em meio ao seu acesso de fúria, deixou que as garras de sua mão livre se mostrassem e cravou elas a pouquíssimos centímetros do rosto da mais nova, o que fez com que ela deixasse tivesse um adorável espasmo de medo. Era perceptível como ela estava se contendo para não gritar.

Dimitrescu então sorriu de modo sádico, porém contido. “Você é sem dúvidas uma garota cheia de surpresas. Eu subestimei o quão atrevida uma bela flor como você poderia ser.”

“Outra vez não, por favor... eu... não vou aguentar... Bela só estava... cuidando de mim... Gaah...!” Ekateryna conseguia sentir a mão pesada de Dimitrescu contra o seu peito, o que adicionava ainda mais ao seu sufoco que a impedia de falar claramente. Em resposta, a jovem artista apenas recebeu um olhar cruel e possessivo de Alcina que fez com que se calasse de modo quase reflexivo. “Aah-!!”

O silêncio de Ekateryna foi interrompido quando sentiu a mais velha agarrá-la abruptamente pela cintura. Alcina sentou-se, colocando a mais nova em seu colo e contra o seu corpo voluptuoso para afundar suas presas contra o pescoço da menor, do lado oposto à marca da filha.

De pernas abertas no colo da mulher, Kate agarrou-a pelas costas em uma tentativa desesperada de se soltar. Os grandes dedos de Alcina se afundavam em suas coxas com uma satisfação imensa enquanto sentia suas costas serem arranhadas, mas não parou.

Alcina estava voraz. Por tudo que havia visto, ela deixou que seus instintos animalescos corressem soltos ao sugar o sangue de Ekateryna, que gemia de dor e se contorcia espremida contra o calor do seu corpo. Dimitrescu não era apenas uma dama sofisticada, ela podia ser também uma gananciosa dracena quando assim desejava. “Você é minha serva obediente. Eu não a quero por aí escondendo segredos entre minhas filhas, e acima de tudo não a quero com esse seu ímpeto audacioso solta pelo castelo...”

Ekateryna estava respirando acelerado demais para responder. Um pouco de sangue ainda escorria pelo seu corpo manchando o busto da sua camisola. Foi então que Dimitrescu jogou seu pijama para o alto e surrou com força sua bunda com um tapa bem dado de cada lado, preenchendo a pele pálida da garota com um vermelho intenso. Kate mordeu com força os lábios, e então confirmou entre lágrimas. “S-Sim, milady!!”

O corpo da artista estava tenso. O coração batia forte como se fosse pular pela boca e sua mente era preenchida de caos ao se ver mais uma vez presa na teia de Dimitrescu.

Presa. Era isso o que estava sentido quase constantemente desde que aquele maldito Cadou entrou em seu corpo. A Alcina, a Miranda, àquele maldito vilarejo. Era como se... Nada tivesse mudado.

Mas seus desejos estavam em conflito.

Quando sentiu ambas as mãos de Dimitrescu a tomarem pelo rosto para encarar a mulher dominadora nos olhos, seu corpo amoleceu.

Alcina só não queria que Ekateryna e seus assuntos estivessem fora de seu alcance. Merda, pensar sobre si mesma de modo tão inseguro fazia Alcina se sentir tão fraca. Seria tudo mais fácil se Mãe Miranda não tivesse se intrometido, mas agora ela tinha um dever a cumprir e havia de fazê-lo com perfeição. Nem percebeu que seus olhos haviam adquirido um certo encanto carente frente aos de Kate.

Era errado pensar aquilo. Muito errado. Mas Ekateryna... Ela não sabia o que queria. Queria fugir, queria ficar. Os olhos de Alcina e toda a sua elegância a atraíam e faziam com que sentisse medo ao mesmo tempo. Ekateryna não sabia o que fazer.

Diante da abertura, Alcina jogou seus lábios contra o corpo de Ekateryna mais uma vez. Dessa vez, molhou o pescoço da artista com sua quente saliva e foi descendo em direção ao seu peito ao jogá-la contra a cama.

“S-Senhorita... Dimitrescu...!” Alcina ainda tomava cuidado para não esmaga-la, mas só sua silhueta diante da dela era o suficiente para fazê-la incapaz de fugir. Vez ou outra Ekateryna se contorcia na cama, roçando as coxas uma na outra ao sentir algo entre suas pernas. Suas mãos desciam devagar por toda a silhueta de Alcina – Seu corpo além de imenso era forte, definido, podia sentir suas coxas robustas mesmo por cima do vestido. Seus dedos agiam por vontade própria até chegar à intimidade da mulher, e como estava quente...

Alcina sentiu a pequena mão da mais nova tentar explorar seu íntimo e fechou a mão de Ekateryna entre suas pernas. Pela forma como os dedos dela se contorciam em meio àquele mar de músculos, Alcina riu e deixou escapar alguns gemidos recheados de prazer no ouvido da garota. “Cuidado com a sua curiosidade, gatinha...”

Para o espanto de Ekateryna, ela logo sentiu sua camisola se erguer por completo para expor o seu corpo. Dimitrescu não perdeu tempo em se livrar do sutiã da garota e deslizou com a língua e as presas pelo abdômen de Kate, com mordidas para marcar a pele da garota e fazê-la ter espasmos de dor na cama.

Quando chegou ao seu seio, entretanto, a mente de Ekateryna retornou à realidade. Ela estremeceu por completo ao ter seu modesto busto chupado, esse não era o problema. Mas a forma como Dimitrescu a mantinha completamente imóvel, como fez uso do medo para rendê-la indefesa. Tudo aquilo... Já tinha acontecido antes.

As pupilas de Ekateryna se dilataram e sua respiração começou a ficar acelerada. Em meio às lágrimas, ela gritou.

Dimitrescu foi pega completamente de surpresa pela onda de choque que a arremessou contra a guarda da cama causando um grande estrondo dentro do quarto e fazendo com que seu vasto chapéu lhe escapasse da cabeça. Sua cabeça latejava de maneira dolorosa e um som agudo preencheu sua audição por longos instantes conforme ela tentava se recuperar daquilo. Mal conseguindo se manter de pé, ela se ajoelhou sobre a cama enquanto massageava as próprias têmporas.

“Gnh... Qual é o significado disso?! Explique-se imediatamente.” Quando enfim se recuperou, Dimitrescu ergueu o olhar na direção de Ekateryna com um misto de confusão e raiva em sua voz enquanto recuperava o chapéu.

Entretanto, naquele momento a maior se deparou com Ekateryna em um estado que nunca havia visto antes.

A jovem abraçava o próprio corpo, absolutamente imóvel e sentada na beira da cama. Ela tremia de modo sútil e respirava baixo. Seus olhos estavam arregalados, e era como se todo o brilho houvesse se esvaído de seus olhos agora opacos.

Aquilo fez com que a condessa abaixasse a sua guarda e se recompusesse. Era como se Ekateryna estivesse em choque após ver uma assombração. Ela tentou aproximar suas mãos do rosto da artista, em um ato de preocupação com o seu estado.

Ao tocar em sua pele, Alcina viu a garota ter um espasmo de susto e reflexivamente cobriu um dos ouvidos com a mão livre quando a garota deu outro grito ressoante, dessa vez mais fraco.

“Não me toque!!”

Alcina observou incrédula Kate em seu estado traumático até que a mais nova virou devagar o rosto em direção à condessa, e então pareceu voltar a pensar com clareza. “Senhorita Dimitrescu...? Ah, não, você está bem? Por favor, me desculpe! Por favor!”

Ekateryna imediatamente se levantou da cama e colocou-se de cabeça baixa para Dimitrescu, como se pedisse por perdão. Alcina se manteve calma na cama em uma pose elegante de pernas cruzadas, e dessa vez levou os dedos ao queixo da garota, obrigando-a a encará-la.

Kate parecia ainda mais intimidada ao cruzar seu olhar com o semblante sério de Alcina. Ao que parece ela ao menos já sabia que poderia ser punida caso fizesse algo errado. Era um avanço. Por outro lado... Alcina estava curiosa. “Seja direta e explique-me o que houve.”

Ekateryna não parecia saber explicar também. Ou melhor, ela não queria explicar. Pensativa, ela tentava em vão desviar o olhar pois estava retida entre os dedos de Dimitrescu. “Eu... Eu não sei. Não vai acontecer outra vez, por favor não me castig-”

Alcina decidiu cortar as súplicas desesperadas de Ekateryna trazendo-a para o seu colo. Dessa vez, sem nenhuma intenção de devorar a garota. Apenas a colocou aconchegada em seu colo com a cabeça apoiada em seu peito, como costumava fazer com as filhas, e fez-lhe um afago nos cabelos.

O que quer que tenha acontecido com Ekateryna, ela não parecia pronta para contar. Mas as possibilidades enchiam a mente de Alcina com um ódio protetor. Uma emoção estranhamente reconfortante para a menor pela forma como ela agarrava um pouco forte seu vestido e fechava os olhos.

“Shhh... Está tudo bem, se acalme agora, scumpa mea.” Alcina sussurrou em tom de consolo perto do ouvido de Ekateryna.

“Eu... Não tô pronta pra isso...” Ela murmurou, com decepção no olhar.

“Você parecia bem confortável com minha filha.” Alcina ironizou, mantendo a calma.

“Não... Eu tentei, mas não consigo... Nem com ela, nem com a Dani...”

“Oh, pelo menos você foi sincera comigo sobre seus atos impróprios com minha outra filha.” Ela ressaltou, mais uma vez erguendo o rosto de Kate em direção ao seu. A mais nova parecia intimidada, mas continuou – chorosa e relutante.

“Eu irei me comportar. Não quero causar problemas, só quero pintar. Por favor, outra vez não... muza mea.”

Aquelas palavras finais fizeram com que Alcina esboçasse um sorriso mesmo sem perceber enquanto seu rosto antes pálido ficava levemente rosado. Ela deu um beijo na testa da garota e se levantou, a colocando na cama novamente.

“É bom que esteja aprendendo seu lugar. Arrume-se, preciso levá-la à clínica de Moreau ainda.”

Aliviada, porém ainda um pouco amedrontada, Kate assentiu com a cabeça.

A condessa então caminhou em direção à porta, mas não sem antes lançar um olhar sereno na direção de Ekateryna.

“Você é uma boa garota. Continue assim, mascote.” Ela riu de modo atrevido, porém elegante, e se retirou.

 

 

 

Bela foi a primeira a chegar à porta do quarto de Ekateryna quando ouviu aqueles gritos desesperados na voz familiar de Ekateryna.

“Senhorita Bela, o que está acontecendo?”

“Saia da frente!” A loira retrucou ao ter seu caminho bloqueado por um par de serviçais do castelo. Ela não sabia se devia ficar preocupada com Kate ou com sua mãe, mas de ambos os modos algo ruim havia acontecido.

Não demorou, entretanto, para que Bela e Daniela se reunissem à primogênita, vindas do primeiro andar na forma de um enxame de moscas.

Entretanto, antes que se atrevessem a entrar sem a permissão de Alcina, a própria calmamente se retirou, sendo recebida pelos olhares preocupados de suas filhas.

“Mãe! O que aquela mulher fez?!” Cassandra indagou com raiva na voz, pronta para atacar.

“Você se machucou? Como está a Kate?” Daniela se agarrou ao vestido da mãe e a encarou com nítida inquietação.

Ah, sim, Bela não havia sido a única a querer enterrar as presas em Ekateryna. Alcina não podia culpá-las tanto. Especialmente Daniela, que sempre foi a mais desobediente das três. Eram adolescentes, afinal. A condessa então deu um sorriso calmo e afagou as duas mais novas. Ainda sim não conseguia deixar de sentir ciúmes – Mais do que estava disposta a admitir por conta do seu orgulho.

“Está tudo bem, amores. Ninguém se machucou. Apenas tivemos um pequeno desentendimento. Não se envolvam demais nisso, devo lembrá-las que temos preparativos a fazer?” Ela então direcionou seu olhar para Bela. Alcina podia notar que ela estava se esforçando para disfarçar a consternação em seu rosto.

“A caçada é em uma semana. Nós iremos arrumar tudo enquanto você estiver fora.” Bela assegurou, e as irmãs consentiram com a cabeça.

“Magnific. Estão dispensadas então, vão e deixem a mamãe orgulhosa.” Alcina disse de modo agora mais calmo, o que pareceu tranquilizar a mais velha, e se retirou na direção oposta às filhas.

 

 

 

Uma vez em seus aposentos novamente, Alcina deitou-se em sua cama e deixou escapar um longo suspiro conforme seu corpo relaxava sobre o conforto do colchão. Estava exausta e o dia mal havia começado. Ela retirou o chapéu e deixou-o jogado ao seu lado e permaneceu parada a encarar o teto com um semblante plácido por alguns minutos.

“Queria que houvesse uma forma fácil de fazê-la dizer tudo o que aconteceu. Que garota difícil...” Então riu de modo contido. “Isso a torna uma presa interessante, entretanto.”

Alcina se levantou e se recompôs. A condessa então deslizou sua mão pela penteadeira em direção a uma das gavetas, de dentro da qual retirou um pequeno pingente com a figura de uma rosa prateada. Ao abri-lo, revelou-se então uma pequena e antiga foto em preto e branco de uma dama de semblante sereno e delicado, com cabelos negros arrumados em um rabo de cavalo jogado sobre o seu ombro e um vestido modesto, mas elegante.

“Ela lembra tanto você.”


Notas Finais


Não se esqueçam de comentar, como sempre. Sei muito bem que muitas como eu estão revoltadas com as atitudes da Alcina, mas é exatamente esse o propósito. É um relacionamento potencialmente abusivo, mas o melhor da nossa querida Lady Dimitrescu ainda vai ser trazido à tona conforme a história e os personagens forem evoluindo. Amo muito vocês <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...