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História The Flight of the Angel (Você vai pular?) - Capítulo Único


Escrita por: MihVicent

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction The Flight of the Angel (Você vai pular?) - Capítulo Único

Saturday, August 13

Oi Tom... 

Bem, se estiver lendo isso, provavelmente eu não estarei mais acessível. Acalme-se!
Sei que prometi que ficaríamos juntos até o fim de nossas vidas, claro que não me esqueci de minha promessa, eu sempre estarei contigo. Seja como for, estarei sempre ao seu lado.

Por favor, não tenha medo... E me prometa que ficará bem, por favor, faça isso por você, por todos que te amam, por mim...
Os motivos pelo qual cheguei a isso, você sabe. E conhecendo-me, também saberia que uma hora ou outra... 
Pois bem, cuide bem de nossa mãe e acalme nossos amados fãs.

Eu te amo meu irmão...

Bill Kaulitz, 22.

 

...
 

Cabisbaixo, eu pego o papel da carta e o amasso entre os dedos, tentando a todo custo engolir o choro enroscado na garganta e umedecido no canto dos olhos. Logo o papel cai como num filme que se passou em câmera lenta.

Pensei que seria mais fácil depois de deixar este bilhete. Que tolo. A quem eu engano? Logicamente que a mim mesmo, eu estou tão farto disso tudo. 

O silêncio do meu quarto agora só me faz lembrar o isolamento que causei à minha volta. Com isso só causei preocupação, preocupei quem me amava, devo ter deixado preocupado até quem me odeia. Os poucos que insistiram em me procurar, para eles eu fingi ser outra pessoa. Lembro-me bem de ouvir Tom reclamando do meu comportamento anormal. Eu sinto muito pela decepção que causei. Novamente. 

Toda essa frustração tem um motivo, isso não faz muito tempo. Recordo-me de cada palavra dita sem pensar e ouvida sem querer. Tom tentando me defender, mesmo sabendo o quão errado estava. Os papéis que assinei, e a coragem que me faltou para conversar com aqueles fãs esperançosos...

Nunca me vi tão amedrontado e sem saída. 

O que pensei que seria eterno acabou, a coisa que jurei que faria parte da minha vida, morreu. Não culpo ninguém mais, é inútil jogar a culpa para outros, sei bem quem errou. Disseram-me que tudo poderia ser recuperado, mas foi acreditando em mentiras que acabei com tudo, então, já não sei mais se isso é verdade. 

– Nunca será a mesma coisa... – repito mais uma vez. 

Minha voz está feia, irreconhecível, fraca... Estou por completo uma negação, sinto-me inútil, sem vida, sem mais propósitos. Hoje percebo que encontrar minha “alma gêmea” é o problema mais leve que já tive.

Não há mais nada a se fazer, hora de deixar meu quarto e agir, infelizmente não é para o bem de ninguém.

Levanto-me cautelosamente da cadeira, pego minha jaqueta de couro, e tento desamassar o bilhete. Ele teria que estar legível daqui uma hora, esse é todo o tempo que tenho, não é muito, somente o suficiente para um ato de coragem. 

A noite está terrivelmente fria, algo em torno de seus cinco ou três graus, por conta disso, foi um pouco difícil convencer Tom a sair de casa. Definitivamente uma das coisas que ele mais reclama é do frio, mas por mim ele enfrentou e, saiu na busca de uma farmácia para comprar alguns calmantes. 

A carta ficou próxima de um livro que andei lendo esses últimos dias, ambos sobre a escrivaninha. Antes de sair, eu tive a visão do meu reflexo no espelho, paro encarando-me como um estranho. O mais assustador é o tamanho das minhas olheiras, aparento que levei um soco bem dado em cada olho. Pele pálida e olhar aflito.

Passei a entender a preocupação dos outros... 

“Olhe só pra mim! Sou como um homem morto que não caiu”. 

Evitei continuar olhando, o receio me causou náuseas. Nunca pensei que ficaria enjoado por conta da minha aparência. Rapidamente desviei o olhar e continuei andando para sair do quarto. Com um longo e pesado suspiro, olhei minhas coisas pela pequena brecha da porta, foi uma ultima olhada para tudo aquilo que é meu, então por fim fecho a porta e lentamente solto a maçaneta dourada.  

Lá fora as ruas são escuras de um jeito intenso, está realmente muito frio, e não tem ninguém por perto. O desespero é gritante com todo esse silencio. Já havia planejado o que fazer. Há tempos que eu venho reparando na existência de uma construção aqui por perto de casa: um prédio enorme que cresce a cada dia.

Nesta noite a altura me parece boa... 

– Poxa! Como é alto. – comento apaticamente com olhar fixo e estreito no edifício. Em poucos segundos, volto a andar indo na direção do mesmo. 

Esperei um carro passar, para então atravessar a rua. O vento terrivelmente gelado bate incessantemente contra meu rosto desprotegido, causando um pequeno desconforto. Finalmente na outra calçada, vejo um aviso no grande muro que cerca o lugar:

“Em obras: mantenha distância, não ultrapasse”.

Os portões trancados sustentavam a minha agonia contra o maldito tempo. Várias vezes eu me virei para olhar se Tom não me seguira até aqui, enquanto isso, eu ia forçando a entrada balançando as grades para frente e para trás. Com pouco esforço consegui estourar a tranca que o prendia, passei e voltei a encostar a entrada.

Supondo que prédio em construção não tenha um elevador, para chegar ao topo subi pelas escadas. A cada degrau um pensamento novo surgia em minha mente.

Oito andares, e até agora nenhuma ideia que não seja pessimista. 

No terraço o vento ficou mais forte, nem mesmo a jaqueta de couro já é capaz de me aquecer. Já não sei se o calafrio é pelo medo ou realmente pelo frio. Sinto meus passos falharem a cada passo que dou em direção ao parapeito. Debruço-me sobre a mureta de proteção, olho para baixo e vejo o chão menor. A sensação de vertigem dominou minha visão, deixando-me zonzo por segundos. Sem demora, um som chama a minha atenção: o portão por onde passei não para de bater.

É o vento. 

– É Bill, agora que chegou até aqui, não pode mais voltar... – sibilei aos céus, sentando-me por fim no parapeito tendo as pernas a balançar livres sem o chão. 

Fecho meus olhos e tento contar até dez, mas acabo falhando drasticamente ao chegar no 9º número. 

– Para onde eu vou? – indago de olhos abertos, encarando o céu escuro e nebuloso. 

É infantilidade minha... Perguntar coisas que sabia que não seriam respondidas. Só me resta descobrir da pior forma, pulando!

– Espera! – ouço um grito potente vindo de trás, com o susto quase que pulei pra valer.

Com o coração a bater na garganta, viro-me assustado e noto uma figura masculina vestido de um impecável terno escuro, um pouco distante de mim. 

Mas... Como ele chegou até aqui? 

– Bill, por favor! Não cometa esse terrível erro. 

Agora com mais calma, percebo-o esticar o braço como se quisesse me tocar. Sua voz é cautelosa e sutil.

– Sinto que te conheço de algum lugar... – deduzo colocando uma perna de volta ao terraço, ficando de lado para a morte. 

– Pode ser que sim, ou não. Isso não importa... Só fique longe dessa beirada, ok? – o homem se aproxima, e eu ameaço pular por medo de ser impedido. – Espera! – ele grita. 

– Não se aproxime! Quando mais longe ficar melhor... Eu não sei se te conheço.

– Eu me chamo Adam. 

Tem algo de estranho no olhar dele. Eu sinto... Sinto medo. Ele está com medo. Mas por quê? Enquanto penso nisso a sensação de que o conheço volta à tona, quase esqueço os fins que me trouxeram aqui. 

Vim pular, não vim? 

Volto a olhar para baixo tendo tontura novamente, pois em pouco tempo tudo acabaria. 

– Bill olhe pra mim! – eu nego e, ele insiste com a voz mais sensibilizada: – Não tem coisa mais preciosa que a vida, não há problemas grandes o suficiente que façam a morte valer a pena. 

– Bobagem... – ignoro-o debochadamente, quando me dou por mim, estou sorrindo como um cínico. 

– Ouça, por favor! –ele persiste.

– Adam... – eu o interrompo. – Seu nome, certo? – ele consente positivamente com a cabeça. – Você não sabe das desgraças que aconteceram. Eu estou só de corpo presente. A proposito... Agora estou me lembrando da onde te conheço. Nossa! Já me falaram tantas coisas sobre você. Sempre me perguntei se alguns absurdos são realmente verdadeiros, mas infelizmente agora não é uma boa hora pra perguntas... O que faz aqui? 

Rapidamente ele responde:

– Bem, eu acabei de fazer um show aqui por perto, e... Saí pra espairecer e acabei te vendo aqui. Só não imaginava que fosse você. 

Adam tem respostas prontas e perfeitas na ponta da língua. Não sei se é meu psicológico, ou se ele decorou algum texto para vir falar comigo. Isto acaba não me agradando por soar automático demais, e sem poder controlar volto a ser grosseiro:

– Tudo bem, agora vá embora. – aponto as escadas atrás dele. 

Estranhamente ele abaixa a cabeça e sorri torto. Depois de alguns segundos ele voltou a me olhar diferente, algo como arrependimento. Agarro-me firme à mureta até meus dedos ficaram brancos.

Do bolso do terno Adam tira um cantil e o estende na minha direção. 

– Aceita? – Adam pergunta, deixando-me pasmo com sua atitude.

– Adam vá embora! – gritei.

– É whisky Bill, garanto que vai se sentir melhor. 

Ele não se intimida com meus berros, isso me irrita muito, e de tanto ser observado por Adam, deixo-me ponderar em minhas atitudes. Seu modo de me olhar traz algum tipo de conforto amigável. Que intenções tem ele para com minha pessoa? Interesse...

Nossa, ele deve ser mais um interesseiro. 

Por fim, cedi uma aproximação, mas me mantive atento em cada movimento dele. 

– Posso me aproximar? – pergunta ele, absurdamente calmo. 

– Venha... 

Minhas pernas voltam a ficar suspensas, viro-me de frente para a caída e, miro o olhar no portão a bater lá embaixo. Deixei que Adam se aproximasse ficando escorado na fria mureta, a olhar-me com a admiração que recebo de muitos Aliens.

Indiferentemente pego de suas mãos o cantil metalizado e bebo de uma só vez um grande gole. A bebida desceu queimando minha garganta agredindo meu estômago vazio. Quando enfim entrego o cantil, percebo Adam me olhando intensamente, franzo o cenho e o ignoro novamente. 

– Obrigado, Adam. – agradeço largando o cantil ao meu lado na mureta. 

– Bill, será que podemos conversar?

– Não tenho tempo.

– Onde está seu irmão? – ele pergunta ignorando minha ultima frase.

– Provavelmente na farmácia comprando meus remédios antidepressivos. – murmuro cabisbaixo, tendo em mente a lembrança das feições alegres de meu gêmeo. 

– E... Ele não é importante pra você? 

– Muito. – respondo sem hesitar. 

– Acha mesmo que vale a pena se matar porque sua banda acabou?

Olho abismadamente para o semblante tranquilo dele. 

Como ele sabe tanto? Ainda não havíamos anunciado o fim da banda para o público e poucas pessoas sabiam disso. Falando assim com tanta certeza, sem nem um pingo de duvida o quanto se é de fato verdadeira essa história, ele me deixa mais nervoso.

Se Adam sabe, o que impede os fãs de estarem sabendo uma hora destas? 

– A maior parte do tempo eu estou sozinho, nem por isso eu me mutilo e penso em me matar. Isso seria um erro grave. Não sabe o quanto isso causa arrependimento... – continuou ele. 

– Não terei tempo de me arrepender! – o interrompo.

Ele sorri. 

– Entendo que sua banda é parte do que você é e se tornou. E se fosse seu irmão no seu lugar... Você deixaria Tom se matar?

Ele pegou pesado. 

Falando daquele jeito, parece até que Adam me conhece profundamente, e sabe o quanto seria doloroso ver Tom no meu lugar. Neste mesmo instante meu coração se acelerou, comecei a ficar aflito e inquieto. A respiração se fez ofegante e nem percebi quando começou. 

Acho que é mais uma crise de ansiedade.

– Não consigo entender como você sabe tanto da minha vida. – digo-lhe pausadamente. 

– Eu sou do mundo da musica assim como vocês. Sei o que esse mundo causa na mente de quem entra. A pressão é enlouquecedora.  – facilmente ele sorri. – Mas você não me respondeu... 

Mordo o lábio, e penso bem... Fecho meus olhos e a lágrima que até agora segurei cai. 

Caramba! Isso se torna cada vez mais difícil. 

– Qual sua conclusão? – Adam se precipita, enquanto abro os olhos.

– Eu não deixaria de maneira alguma ele nessas condições. Sei lá... Eu daria tudo de mim para animá-lo, seria forte por ele. – termino por dizer olhando fixamente nos olhos de Adam. 

– Seu irmão está te procurando feito louco! 

– Estou perdendo meu tempo! - ajeito-me mais uma vez para pular, e acabo sentindo a mão fria de Adam me tocar o pulso. Olho para mão dele antes de fitar-lhe a face e fico sem reação. 

– Você está com frio cara, volte pra casa! – sugeri gentilmente a ele que, negou sério.  

– Se dê mais uma chance! E você verá... Acredite em mim, por favor. 

– Não sei Adam. 

– Você é uma boa pessoa com os outros, precisa ser consigo mesmo. Eu te peço... – disse num tom mais apressado. 

Suspiro mais uma vez, fecho meus olhos e pulo...

 

Do parapeito para o terraço.

 

Com os pés firmes no chão, tudo pareceu melhor deste ângulo. Ainda existiam resíduos de dúvida, e preocupação com o amanhã. Valeria a pena acreditar nesse homem? 

Juro que ele nunca me pareceu tão estranho assim... Explicações pra que, se tudo realmente anda estranho a minha volta. Entretanto, há uma convicção muito forte nas palavras de Adam. A fé dele é forte e verdadeira, o que me leva a acreditar numa escapatória que não seja a morte. 

Mirando o chão, penso e repenso na minha decisão final, tendo a visão de Tom a chorar pesando toneladas em minha mente atormentada.

Volto a erguer a cabeça e dou minha resposta:

– Tem razão, Adam... – ele sumiu. – Adam? 

Encontro-me sozinho, não há nem pegadas na poeira cimentada do chão. Foi real demais para ser coisa da minha cabeça, mesmo que seu toque seja frio: eu o senti! 

Aproximo-me do parapeito novamente, desta vez para talvez ver Adam indo embora.

Mas nada...

O portão parou de bater e permaneceu imóvel, não se rendendo aos ventos. 
 

No outro dia...
 

O domingo amanheceu lindo. 

Estranhei a claridade do quarto ao abrir meus olhos, já faz tempo que não abro as cortinas, e também não me lembro de tê-las aberto ontem quando cheguei.

Ajeito-me na cama, espreguiço-me a tempo de ver Tom entrar no quarto aos pulos. 

– Levante-se eu tenho uma ótima noticia! – disse ele, puxando-me pelos pés. 

– Ah, por favor, me deixe... – murmuro voltando a cobrir a cabeça, pretendendo ignorá-lo. 

– Gustav e Georg estão aí! Eles querem conversar com a gente... Parece que a gravadora voltou a trás no contrato! 

– O que!? – sentei-me repentinamente, boquiaberto. 

Pela primeira vez dentre muitos dias, voltei a sorrir com sinceridade. A felicidade invadiu meu corpo devastado como uma represa que se estoura rudemente. Tom sorriu junto de mim, vindo me abraçar fortemente na cama.

Meu Deus! Que vontade de chorar... 

Queria muito agradecer aquele homem! Queria não, eu vou. De alguma forma, acreditar nas palavras dele me valeu a pena...

Em pensar que agora poderia estar morto. 

O arrependimento seria eterno... Ele entendeu o que isso causaria e repassou com clareza. 

Levantei-me animado, pretendendo fazer a diferença:

– Tom, eu preciso que me ajude a conseguir o numero de um cantor depois, ok? – sorrindo ele consentiu. 

– Tudo bem, mas antes lave essa sua cara amassada, coloque outra roupa, e desça para falarmos sobre a banda com os G’s. 

Antes de sair me deixando sozinho, Tom deixou sobre a escrivaninha o jornal diário. A princípio eu não me interessei por aquilo, mas acabei me lembrando da carta que escrevi ontem.

Caminhando até o canto do quarto, peguei a carta e joguei-a no lixo não pensando duas vezes, mas sem querer acabei oscilando o olhar sobre a extensão da mesa e uma foto me chamou a atenção. 

– Oh! Esse é o tal homem... – procurando ler sobre o que falava o jornal, tenho a pior noticia possível...


 “Cantor americano (Adam Lambert) é encontrado morto em seu apartamento. Pericia não descarta a hipótese de suicídio.”

Pasmado, continuo a ler.

Minhas mãos começaram a tremer loucamente. A data do ocorrido só me deixou mais aterrorizado, o tal Adam morreu ontem de noite. Ele morreu em L.A com um tiro na cabeça, mas eu tenho a plena certeza de que falei com ele ontem, aqui na Alemanha, do outro lado do mundo. 

O jornal cai lentamente de minhas mãos enquanto me afasto com as pernas bambas. 

Posso não entender fisicamente como isso foi possível, mas acreditar no impossível me valeu a vida. Não vou chorar, mesmo sentindo angustia. 

A você, Adam, um sorriso...

Tenho certeza de que esperava isso de mim. 

– Obrigado, amigo...
 

Fim


Notas Finais


E ai? Alguém vivo.....? Ai mds.

Bom, essa é minha primeira vez postando aqui. Essa one apesar de bem simples tem um valor sentimental bem grande pra mim, inicialmente ela foi postada em um fórum há uns 3 anos (bem antiguinha), mas provavelmente escrevi ela em 2012 (não lembrooo, whatever hahah)

Enfim, espero que tenham gostado...

Obg <3


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