História The Hunters Chronicles (Clexa) - Capítulo 01

Lexa solta uma gargalhada alta, baixando a cabeça para passar por debaixo do galho da árvore. Ela escuta, não muito distante de onde ela estava, um grito em resposta, o que significava que eles estavam próximos da presa. A caçadora então apressa o passo, apertando o arco fortemente contra a mão direita, tomando cuidado para não derruba-lo ou acabar o perdendo em meio a mata. 

— ADEN! Tome a frente do basurdea! — a voz de Clarke soa firme e ela para, se agachando entre os arbustos, puxando uma das flechas da aljava nas costas, a colocando no arco, se preparando.

Um pouco mais a frente, em uma parte mais aberta da floresta ela pôde ver: Clarke, Aden e Madi, cercando o um enorme e marrom javali. 

O basurdea, na verdade, era uma espécime de javali diferente dos normais, maior do que o padrão e com chifres cercando todo o pescoço e cabeça, como se fosse uma juba. O javali não era somente maior, ele também tinha um item muito importante e extremamente útil. Os chifres eram usados como ingredientes para poções de cura ou até mesmo para fazer veneno, bastava saber a combinação certa.

— Ok, de quem é a vez? — Clarke pergunta para os dois adolescentes, o que faz Lexa sorrir ao prever a discussão.

— Esse é meu! — Madi avisa, se preparando para atirar a flecha, Aden faz o mesmo.

— Não! É meu! — o rapaz rebate.

Madi era uma adolescente de quinze anos e Aden tinha dezessete, o que significava que os dois implicavam um com o outro sobre tudo e sempre estavam competindo. 

— Deixa com a mamãe. — Lexa sussurra, ajeitando o arco, mirando no torso do basurdea e então atirando.

A flecha voou firme e veloz, cortando o ar e com precisão, atingindo o javali. A próxima coisa que Lexa ouviu foi xingamentos de ambos os filhos e a gargalhada da esposa. Ela então levanta, saindo de trás dos arbustos, caminhando até aos outros três e a presa que dava os seus últimos suspiros deitada no chão, na grama verde.

— Mãe! Você prometeu que não faria isso, era a minha vez! — Madi resmunga assim que vê a morena se aproximando.

— Vocês estavam conversando muito durante a caçada! — Lexa repreende séria — Caçadores devem ser invisíveis e silenciosos, você e o seu irmão passam o tempo todo brigando um com o outro.

Os dois então olham em direção a mulher loira, buscando algum tipo de ajuda ou apoio.

— Não olhem para mim, ela está certa e vocês sabem disso. — Clarke também é firme — Por isso, vocês vão levar a caça de volta para casa. 

— Mamãe! — Aden e Madi reclamam ao mesmo tempo, o que eles sabiam que era completamente em vão.

— E vão carnear também. — Lexa completa o castigo para o desespero dos dois.

As duas mulheres saem andando na frente, porém se mantendo perto dos dois que agora tentavam carregar o javali. Por sorte a casa deles não ficavam muito longe, na verdade, era logo após a floresta, perto das montanhas. Depois de algumas minutos de caminhada, eles finalmente chegam a cabana e Clarke e Lexa sobem, deixando ambos para trás para cuidar da tarefa.

— Onde está Sky? — Madi pergunta para o irmão, o ajudando a colocar o javali em cima do tronco da árvore atrás da casa que foi transformado em uma espécie de bancada.

— Provavelmente caçando algo. — o mais velho responde despreocupado com a cadela — Vamos começar logo, certo? 

— Sim, por favor. 

Cada um pega uma faca e as afiam na pedra de afiar, voltando logo para o basurdea, começando a cuidar dele. Primeiro Aden faz um corte na barriga do bicho, tirando os órgãos para fora enquanto Madi tentava cuidadosamente separar a cabeça do animal do corpo para poder pegar os chifres depois. Após isso, os dois então começam a retirar a pele do animal, também fazendo o processo cautelosamente, afinal eles poderiam vender a pele ou usar para algo e agora, eles teriam que recortar os pedaços de carne.

— Mamãe falou se era para a gente fumar a carne ou conservar no sal? — Aden questiona para a irmã.

— Na verdade eu não sei... — Madi responde e então olha em direção a casa, se preparando para gritar pelas mães quando Clarke abre a porta de trás, saindo.

— Fumar ou sal? — Aden pergunta para a mãe.

— Vamos conservar no sol, sua mãe quer vender. — a loira responde passando pelos filhos, levando uma tigela em mãos — Onde está Sky?

— Caçando? — Aden repete o que tinha dito para a irmã.

A loira assente, mas segue andando, dando a volta na casa, deixando os adolescentes voltarem ao trabalho. 

— Vou buscar o sal. — o garoto avisa para a irmã e sai em direção a casa.

Madi então começa a cortar os pedaços e os enfilando em um lado da bancada para quando o irmão voltar. Aquela era uma tarefa que ela estava mais do que acostumada em fazer, ela e Aden foram ensinados desde cedo a caçar e a tratar o alimento.

— Ei, a mãe está organizando a mercearia, acho que vamos a cidade amanhã. — Aden fala se aproximando, corregando um barril nos ombros.

— Sério? — a menor pergunta animada — Será que agora ela vai finalmente me deixar comprar a espada? 

— Quem sabe. — ele dá de ombros, colocando o barril no chão e o abrindo.

Cada um dos dois pega uma caneca com sal e um pedaço de carne, os salgando e prensando os pedaços com mais sal, após isso, eles começam a guardar as fatias, as rodeando separadamente com o condimento e as colocando no barril igualmente cheio de sal.

— E quanto aos chifres? — dessa vez é a menina quem questiona.

— Como a gente tira isso da cabeça? — o garoto pergunta confusa, pegando a cabeça, por pouco não a derrubando por causa do peso.

— Será que se puxar... — Madi gesticula, agarrando um dos ossos e o puxando, em vão. 

— Vocês precisam serrar, seus gênios. — a voz de Lexa soa animada e os dois olham em direção a porta da casa, a observando descer o batente e caminhar até eles.

A mulher vai até a bancada, pegando duas serras, uma tinha o formato de um pequeno arco, já a outra uma forma retangular. 

— Se quiserem, podem ir banhar, eu cuido disso. — ela oferece, ganhando dois pares de olhares incrédulos.

— Agora que já começamos. — Aden resmunga, pegando a serra retangular da mão e Madi pega a outra.

— Tomem cuidado. — a mulher avisa e caminha de volta para dentro de casa.

Logo logo iria escurecer e ela tinha que fazer o jantar já que Clarke tinha sumido em direção a floresta, procurando o animal de estimação da casa. Então, Lexa se move para a cozinha, pegando algumas batatas e as cortando, ela prendia fritar a batata com casca e a temperar com alecrim, páprica, e alho. Tudo isso para acompanhar o bacon, ela também derreteria um pouco do cheddar que Clarke havia trago da cidade. Com certeza faria mingau e assaria alguns pães se tivesse tempo.

Ela já estava quase finalizando com o bacon quando Clarke entra na casa, sendo acompanhada por Sky. A labradora tinha manchas vermelhas na boca, provavelmente sangue.

— Ela estava no meio da mata, destroçando um preá. — a loira explica para a esposa.

— Fico feliz que ao menos ela já comeu. — Lexa implica, ganhando um sorriso da outra.

Clarke coloca uma tigela d'água em frente à cadela e vai até a morena, a abraçando por trás, plantando um beijo em seu pescoço. Porém, antes que ela pudesse tentar algo, Madi e Aden entram na casa, o garoto com o barril em mãos e ela com uma caixa de madeira cheia dos chifres do javali.

— Ah por favor. — Aden reclama ao ver as mães.

— Onde colocamos isso? — Madi pergunta e Clarke vai até eles, os ajudando a levar as coisas para o armazém da mercearia.

Eles moravam um pouco longe da cidade, porém sempre apareciam algumas pessoas em busca de coisas que não tinha nas feiras da grande Zortea e o que sobrava, elas vendiam para os outros mercadores da cidade, donos de tabernas e pousadas.

Depois dos dois adolescentes terminarem com a arrumação, ambos seguiram para o banho, já Lexa não demorou muito mais para acabar com o jantar e todos logo se juntaram à mesa. Durante a ceia, eles conversaram sobre quando seria a próxima viagem deles e se os dois enfim poderiam abater a presa, Lexa riu da pergunta das crianças e as mandou para cama, indo ela mesma minutos depois, sendo seguida por Clarke.

Todos estavam exaustos do dia corrido e cansativo, então teriam que dormir cedo para acordar cedo, já que no dia seguinte iriam à cidade e aquele era só o começo da semana.