O que significa este aperto no coração? Há quanto tempo me sinto assim? Ah, sim, desde que te encontrei naquele parque de skate antigo, onde ninguém mais ia… estavas tão feliz a andar de skate, como se fosse a única coisa que importava. E eu ali deprimido, por o meu namorado ter acabado comigo. É engraçado como a vida dá voltas e voltas… por causa dos teus pais irem para outra cidade, ficaste em minha casa para seguires o teu sonho. Sem segundas intenções certo? E agora estou aqui deprimido novamente passado 6 meses. Não por terem acabado comigo e me trocado por outro, mas por sofrer e chorar sozinho por namorares alguém que não te ama como eu amo, sim porque amar é uma coisa, ser possessivo é outra… tu sofres, és traído imensas vezes e choras sem que ninguém veja.
Já te falei como o teu choro faz o meu coração sofrer?
Já te disse como me custa saber que não estás feliz?
Já te disse o quanto odeio ver-te forçar um sorriso na minha frente, enquanto os teus olhos se enchem de lágrimas?
Já te disse quantas vezes pensei em arranjar uma maneira de fugires daquele rapaz?
Já referi quantas vezes, sonhei que eras meu? De como te marcava, de como ouvi-a os teus gemidos e de como me excitava por ouvir-te gemer o meu nome? Imaginas o quanto tenho de me controlar para não te abraçar quando me mentes e dizes que está tudo bem? Imaginas o quanto tenho de me controlar para não te beijar? Imaginas o quanto tento me manter forte e não desabar na tua frente? Imaginas o quanto iria sofrer se desaparecesses agora?
-The important thing is to smile, even without reason, even unwillingly.-
Ando de um lado para o outro na minha sala, perdido em pensamentos por tua causa… onde andas? São 10horas da noite e ainda não apareceste, o trabalho acaba às 8h e sinais de ti nenhuns. O telemóvel desligado, no café onde trabalhas disseram que saíste no horário normal… a minha cabeça não pára de pensar em todas as possibilidades que possa ter acontecido. Podias estar com o teu namorado, mas mesmo assim a esta hora já estarias cá ou pelo menos avisavas… podias ter sido raptado ou ate mesmo atropelado… e se tivesses sido violado num beco escuro perto do emprego?
Tudo isto me passava pela cabeça o meu cabelo louro despenteado, a preocupação na minha face, o meu corpo todo tremia, todo ele não conseguia estar quieto… ando da sala para a cozinha, da cozinha para a sala, raramente vou aos quartos. Os meus ouvidos estavam prontos, o meu corpo estava pronto para que se o barulho da porta ir a correr rapidamente, mas nada aconteceu. Deviam ser umas 11h30 da noite, já estava sentado no sofá sem forças para continuar… quando ouvi o barulho da porta ser aberta, corri atrapalhadamente em direção á porta da rua, observando o meu bebé com os seus caracóis louros sujos de terra, a sua cara estava magoada, um olho negro, um corte na bochecha esquerda juntamente com um corte no lábio inferior, ambos sangravam, as roupas estavam amachucadas e rasgadas, a t-shirt branca estava castanha, as calças pretas notava-se poeira nelas, corri em direção a ele preocupado e abracei-o fortemente, depositando ali toda a preocupação que tive nestas ultimas horas.
-H-Hyung! Estou a ficar sem ar… - dizia atrapalhado, mas num movimento rápido foi pegado ao colo, sem se aperceber da situação. – H-Hyung! O que estás a fazer?
- Zelo, temos de tratar desses cortes e vais explicar-me tudo o que aconteceu e o porquê de estares nesse estado – dizia sério, não olhando nenhuma vez para o meu bebé, magoava-me saber que ele estava daquele jeito.
O ambiente estava pesado, não que eu estivesse chateado com ele, como podia ficar chateado com ele? O peso que sentia nas minhas costas desapareceu, a preocupação continua presente mas mais fraca, a felicidade de saber que ele estava quase bem tomava conta de mim, mas mesmo assim o que será que ando a fazer para ficar nesse estado…
- Hyung… estás chateado comigo? – Dizia, pausadamente com a sua voz baixa e trémula.
- Zelo, eu não estou chateado. – Suspirando, seguindo de um sorriso, olhando para aqueles olhos com pequenos olhos com lagrimas que escorriam lentamente pelo seu rosto. – Vais contar-me o que aconteceu.
Naquele momento, senti o corpo dele abraçar-me, enquanto as lagrimas molhavam a minha camisola, ele suspirava enquanto sussurrava algo como: Eu fiz a escolha certa hyung. Adormecendo ali nos meus braços. Deitei-o calmamente na cama, acariciando os seus caracóis sujos de terra, enquanto tratava dos seus cortes. Sai calmamente do quarto, mas ouvi o telemóvel dele tocar, voltei para trás, observando o Zelo acordado olhando para a tela deste antes de atender. Não costumo ouvir as conversas de outras pessoas mas não resisti em ouvir desta vez, estou demasiado preocupado.
-Sim Taksu-ah?
- Como assim Taksu-ah? Não vais pedir desculpa Zelo? Eu pensei depois da nossa discussão e decidi que vou dar-te uma segunda chance só tens de pedir desculpa, ok?
- Pedir desculpas?- riu soprado. - Segunda chance? Taksu, não deves ter percebido o que eu te disse lá.
-Zelo, deixa de ser parvo, queres mesmo acabar tudo entre nós?
- Sim, quero. Estou farto de fingir sentir coisas que não sinto, estou farto de chorar, não por me traíres com outros mas sim porque eu próprio te traio, eu digo que te amo, mas o meu coração pertence a outra pessoa. Estou farto de ter que seguir o meu lema, cada vez mais torna-se difícil sorrir a cada dia, estou farto de fingir ser algo que não sou ao pé das pessoas, farto de ignorar os sentimentos que tenho, de esconder isso dele, farto de te enganar, farto de chegar a casa e fingir que esta tudo bem depois de me bateres, farto de colocar maquilhagem para disfarçar as marcas e farto de dizer que cai a andar de skate quando descobrem as marcas. – Afirmava enquanto chorava. – Mas no meio disso tudo o meu lema sempre esteve no cimo, a dar-me coragem para continuar, por isso eu sempre sorria, sem motivo e sem vontade.
- Zelo, não aceito isso, ninguém acaba comigo dessa maneira.
-Taksu-hyung, lamento mas não aguento mais, se o problema foi eu acabar contigo, podes dizer a quem quiseres que tu é que acabaste mas o que importa é que aquilo que nos tínhamos, acabou a partir desta ligação.
O telefone foi desligado e um suspiro fundo foi ouvido, o meu coração batia depressa, sentimentos estavam na minha cabeça, estava feliz mas estava triste e ele? Observei o seu corpo levantar-se da cama e ir em direção a porta onde eu estava escondido, andei rapidamente para o inicio do corredor, descendo as escadas indo para a cozinha, não podia ficar parado, por mais que ele diga que esta tudo bem acabar com o namorado deve estar pelo menos triste, mas pelo que percebi da conversa ele gosta de outra pessoa. Outra vez, sentimentos confundiam a minha mente, feliz por o meu pequeno ter conseguido esquecer o mau namorado que tem e apaixonar-se por outra pessoa, mas no meio desta felicidade eu ainda o amo, será que é desta vez que o vou ter que esquecer.
Observei o seu corpo à porta da cozinha, olhando atentamente para mim, respirando fundo diversas vezes. Os seus caracóis sem forma por estar com o seu cabelo molhado, uma t-shirt preta e umas calças de fato treino, podia-se observar alguns cortes no braço, o seu olho negro estava ainda mais negro, o corte da bochecha estava com o penso que coloquei e o do lábio inferior estava inchado.
Sentou-se na mesa ainda olhando para mim, como se estivesse á procura das palavras certas… Os seus olhos estavam agora num ponto qualquer da cozinha, enquanto mexia nervosamente os dedos.
-Hyung… se eu disser a verdade, não me tiras desta casa? – Perguntou levantando-se e indo em direção ao frigorífico abrindo e observando o seu interior.
- Não Zelo, porque eu iria fazer isso? – Perguntei surpreso.
-Se eu disser a verdade, prometes tratares-me como sempre me tratas-te? – Perguntou mais uma vez, fechando o frigorífico, sem tirar nada do seu interior, voltando-se a sentar.
- Sim, Zelo.- Respondi.
- Duvido. Hyung, não importa o que os outros digam, eu sei que tomei a decisão acertada. – Dizia agora olhando seriamente para mim.
- JunHong vais dizer-me logo o porque de chegares a casa a essa hora nesse estado miserável ou vais ficar a enrolar a conversa? – Respondi batendo com as mãos na mesa.
Por um momento hesitou, suspirando em seguida.
P.V.O Narradora
Zelo sabia que tinha tomado a decisão acertada, mas será que era a decisão acertada contar tudo ao seu hyung. Ele tava farto de fingir… estava farto de sorrir quando o seu mundo estava do avesso. Porque sorrir não custava, o que custava era fingir que tinha razões para sorrir todos os dias, quando o que lhe apetecia era chorar, sentado num canto do seu quarto, sem que ninguém soubesse. Ele próprio fazia isso, mas eram raras as vezes… ele sentia que era sua obrigação sorrir.
- Eu acabei com o Taksu. Porque eu goste de outra pessoa… - Dizia pausadamente.
YongGuk, sentia-se na obrigação de ouvir o seu dongsaeng, mas ele não queria ouvir que ele gostava de outra pessoa, ele não queria saber que a pessoa que ele ama gosta de outra pessoa sem ser ele, que os seus sorrisos vão ser dirigidos a outra pessoa, que o seu olhar acolhedor, sexy, sedutor, triste ou ate mesmo feliz vai ser dirigido a outra pessoa, que a sua pele vai ser tocada por outra pessoa.
Mas ele tinha a obrigação de apoiar o seu dongsaeng…
-Hmm, Zelo e essa pessoa é especial? Eu conheço? – Dizia com um sorriso falso no rosto.
- Como eu posso explicar… essa pessoa faz com que eu sorria todos os dias mesmo eu não querendo sorrir, faz eu sentir um nervosismo quando a vejo, faz-me lembrar da primeira vez que a conheci… de como ela me observava atenta, de como me sentia nervoso, de como o meu corpo tremeu quando encontrei o seu olhar… faz-me lembrar todas as vezes que a vejo de como preciso de me tornar uma pessoa melhor para conseguir ter uma possibilidade de estar com ela. – Dizia, enquanto se levantava e colocava as mãos na mesa. – É. Eu amo-te hyung.
Dito isto Zelo virou costas e foi em direção ao seu quarto… ele não queria encarar Bang agora, era covarde demais, estava cansado, não queria discutir… Bang olhava espantado para o Zelo sem saber o que fazer, tudo o que ele sempre quis estava a acontecer, mas ele não conseguia reagir. Quando viu esteve virar costas, correu atrás dele, pegou no seu pulso, prenso-o contra a parede mais próxima tomando os seus lábios, numa tentativa de tentar acreditar que aquilo era real. Zelo não recusou o beijo, abriu levemente a boca, deixando a língua de Bang entrar na sua cavidade húmida. Exploravam cada canto das suas bocas, como se não houvesse amanha, como se tudo aquilo fosse um sonho. Separaram o ósculo, com falta de ar.
Os olhares tinham um misto de confusão, como se ambos tentassem perceber o que tinha acabado de acontecer… o som de um telemóvel foi ouvido, seguido de uma vibração. Vinha do bolso de JunHong, fazendo este afastar-se apressadamente de perto do seu hyung, e atender o telemóvel, quando se dirigia para a sala…
- Taksu-ah! O que foi desta vez? – Afirmava Zelo, tentando normalizar a sua respiração.
- Importas-te de abrires a porta preciso de falar contigo… - Afirmava num tom chateado.
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