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História The Killer at School - 3 TEMPORADA - Estou em Todo Lugar (PARTE 2)


Escrita por: FordPrefect

Notas do Autor


Olá killers! Mais um capítulo pra vocês!

~Sangrenta Leitura

Capítulo 11 - Estou em Todo Lugar (PARTE 2)


 

21:48

 

A torneira está ligada e a água corre forte como uma cachoeira enquanto Sarah permanece com as mãos apoiadas na pia, encarando o próprio reflexo no espelho.

Vários pensamentos insistem em atormentá-la naquele momento, mesmo ela fazendo o possível para esquecê-los.

Alguém bate na porta.

– Já vai. – Ela diz, desligando a torneira.

Ela põe uma mecha do cabelo atrás da orelha, respira fundo e sai, dando de cara com o professor Lester, usando uma fantasia de pirata.

– Oi. – Um sorriso escapa no rosto dela. – O que você está fazendo aqui? É uma festa dos alunos. Os professores deviam estar em casa corrigindo provas e... sei lá.

– Ah é? – Ele também sorri. – Então nós também não podemos ter vida social?

– Na verdade não.

– Ah, sim. Vou anotar.

Algumas pessoas passam por ali constantemente e os dois olham a todo momento.

– A gente pode conversar? – Ele pergunta. – Eu fiquei pensando no que aconteceu naquele dia no refeitório. A sua reação.

– Tudo bem. Vamos lá.

Os dois saem dali e vão até uma varanda do outro lado, onde finalmente conseguem ficar sozinhos. A música alta não dava para ser ouvida e o silêncio era grande.

– Então – ele começa falando, encostado na parede de frente para ela que está de costas para o jardim. – Eu li o blog. O Pânico na Escola.

A expressão no rosto de Sarah muda rapidamente.

– Me desculpa, mas eu precisava. Eu só queria descobrir o que tinha acontecido com você. E... eu li.

Ela olha um pouco para longe e então volta para ele.

– E então? Achou o que queria?

– Eu sinto muito por tudo o que aconteceu com você e com os seus amigos. Vocês perderam muitas pessoas. – Sarah engole em seco e umedece os lábios, com os olhos voltados para o chão. – Eu não sei como conseguiram passar por tudo aquilo duas vezes e...

– Três. Estamos passando por tudo outra vez.

– Merda. – Ele suspira pelo nariz. – Vocês são heróis, sabia?

– Não. Não somos tão certinhos quanto você imagina. Nós passamos por... muita... muita coisa.

– É, eu percebi.

– E eu pensei que dessa vez tinha acabado, sabe? – Ela nega com a cabeça. – Pensei que agora viveríamos em paz..., mas eu estava completamente enganada.

 

 

 

Amanda está com os olhos arregalados, fixos na faca presa no abdômen do policial Jackson sentado no chão.

– Meu Deus... meu Deus... – ela repete sem parar. – Olha, se acalma. Eu vou te ajudar. Vem, você precisa levantar.

– Eu... não consigo... – ele fala com dificuldade, o sangue não para de escorrer e se espalhar pelo chão.

– Droga, droga, droga. – Amanda ofega, nervosa. – Eu vou avisar aos outros e...

– Não... não me deixa aqui...

A mão de Jackson se ergue rapidamente e segura o pulso da mulher que olha para ele com os olhos ainda arregalados.

– Eu não vou. – Ela diz. – Eu não vou deixar você aqui.

Ela puxa o celular do bolso, escreve uma mensagem rápida e encaminha para todos.

– Pronto. – Amanda se ajoelha ao lado dele novamente. – Eles já vão vir. Eu vou tentar ligar para a ambulância agora.

Ela leva o celular até o ouvido e espera enquanto Jackson sente aquela dor percorrer todo o seu corpo. O sangue não para de jorrar e ele não tem mais forças para nada. Sem que ela percebe, lentamente, ele vai fechando os olhos até que tudo o que passa a enxergar é escuridão.

 

 

 

Todas as pessoas ali ainda estão olhando para Henry que continua com os olhos arregalados. Ele devolve o celular para a garota ao seu lado e sem dizer uma palavra, segue adiante.

– Olha ele ali.

– Meu Deus, eu nem desconfiava.

– O Louis? Sério?

– Coitado... todo mundo sabe agora.

As vozes começam a ficar cada vez mais altas na cabeça dele conforme ele caminha entre a multidão em volta da piscina.

Uma figura mascarada está parada diante dele, segurando uma faca. Ele para no mesmo instante e então a pessoa remove a máscara.

– Cara, – Simon começa, com um sorriso no rosto – você sabe que aquilo foi uma brincadeira, né?

– Como você pôde?... – A voz de Henry sai fraca. – EU PENSEI QUE VOCÊ FOSSE MEU AMIGO?!

– Ei, se acalma, cara. – Ele fala. – Não precisa se estressar desse jeito.

– CALMA?! – Ele grita.

Nessa altura do campeonato, a música é baixada para que todos possam prestigiar melhor a cena e todos fazem em silêncio.

– Tá todo mundo olhando pra gente. Não vai fazer esse teatrinho aqui, vai? Porra, foi só uma fofoca.

– NÃO É UMA FOFOCA, PORRA! – Henry grita o mais alto que pode enquanto todos continuam assistindo. – Você não podia ter feito isso! Não podia ter contado isso desse jeito! Eu devia ter feito isso do meu jeito!

Ele já está chorando enquanto grita. Simon engole em seco, olhando em volta.

– Era eu quem devia ter digo do meu jeito, e não você! Você não tinha esse direito! Não tinha! Você tirou isso de mim...

– Olha, deixa de todo esse drama e...

Simon recua para trás com o soco que recebe no rosto. Todos gritam e vibram com a cena.

– FICA BEM LONGE DE MIM, SEU DESGRAÇADO! – Henry aponta para ele e então vai embora enquanto ele limpa o sangue dos dentes.

 

 

 

Gabriel, Andrew, Mike e Jéssica descem as escadas e se juntam a multidão de pessoas que usam a mesma máscara e capa do assassino.

Os celulares deles vibram por igual e todos olham a nova mensagem anônima:

“Estou em todo lugar”

– Droga... – Gabriel diz para eles. – Ele está camuflado agora.

– O que vamos fazer? – Mike pergunta.

– Temos que ficar espertos a qualquer movimento suspeito. – Responde Andrew. – Ele vai tentar mais alguma coisa e temos que estar preparados.

– Por que esses retardados tinham que usar essas máscaras? – Jéssica sussurra para si mesma.

Outra mensagem chega. Dessa vez é de Amanda e diz:

“O killer estava aqui embaixo da casa. Ele atacou o Jackson. Venham o mais rápido que puderem.”

Eles voltam a se olhar e então Jéssica diz:

– Filho da puta. Vamos!

 

 

Amanda se aproxima do homem no chão e toca em seu rosto.

– Jack! Ei! Acorda! – Ela insiste, nervosa. – Por favor. Você tem que ficar acordado.

Ela leva os olhos até a barriga dele e nota que ela sobe e abaixa lentamente.

– Ai, que alívio. – Solta o ar e então fixa os olhos na faca. – Vamos lá, eu consigo.

Ela aproxima a mão e toca no cabo da faca, vendo que está bastante presa. A mão de Jackson rapidamente encontra a dela ao mesmo tempo em que seus olhos se abrem.

– Não. – Ele diz. – Não faz isso.

– Eu preciso tentar tirar isso ou você vai morrer.

– Se você tirar, aí eu morro. – Ele ainda consegue abrir um sorriso branco e rápido. – Eu vou ficar bem... – ele sussurra. Sua camisa e sua testa estão ensopadas de suor.

– Eles já estão vindo, aguenta mais um pouco, tá bom? – Amanda assente para ele com a cabeça.

– Ok.

– Tem alguma coisa que eu possa fazer?

– Só... não me deixa desmaiar.

– Tudo bem. – Ela se ajeita ao seu lado e olha para ele. – Eh... me fala um pouco sobre você?

– Quer que eu fale sobre mim enquanto tem uma faca na minha barriga?

– É, vai te manter acordado. Agora fala.

Jackson sorri novamente e abre os olhos, fixando-os em algum lugar distante.

– Meu nome é Jackson... – sua voz sai baixa – eu... sou policial há três anos. Minha esposa está pensando em pedir o divórcio e... eu estou em uma universidade tentando pegar um assassino. Acho que só.

– Você é muito novo para ter uma esposa – ela comenta.

– Você acha?

– Acho.

– Talvez seja mesmo. – Ele geme um pouco, quando a dor reaparece. – Nos conhecemos muito cedo. Na faculdade. E casamos logo em seguida... talvez não tenha sido a coisa certa.

– É. Eu só pretendo casar depois de muito, muito tempo. O Andrew que não me apareça com aliança porque eu faço ele engolir. Tenho muito o que viver, muitas passarelas para desfilar e não posso destruir meu corpo com um bebê.

Ele ri baixinho e logo começa a tossir.

– Eu era muito novo... pensei que fosse a coisa certa. – Seus lábios estão ressecados e ele está cada vez mais pálido. – Pensei que fosse... a pessoa certa.

– Acha que ela não é a pessoa certa?

Jackson respira fundo, ignorando a dor na costela e então diz:

– Acho.

Amanda olha para ele e então se lembra da garota que esbarrou mais cedo e então a voz de Kenny reaparece na cabeça dela.

– Já perguntou a ele sobre Betty Susan?

– O que nós tínhamos era bom – Jackson continua, com a voz fraca. – Mas... sei lá... não era verdadeiro. Não era como eu vejo a Vitória e o Mike, nem como vejo você e o... Andrew. O que vocês têm é diferente. É único.

– É. – Amanda se perde nos pensamentos. – Talvez.

 

 

Lester se aproxima de Sarah na varanda.

– Ei, tá tudo bem. – Ele diz, com sua voz grave. – Vocês são fortes e... não tem porque temer. Além do mais, eu não vou deixar que nada aconteça com você.

– Não. – Sarah vira o rosto para olhá-lo. – Não me prometa isso. Não prometa coisas que você sabe que não pode cumprir.

– Eu só não quero te ver desse jeito.

– Por que? – Ela franze o cenho. – Olha, me desculpa Lester, mas eu sei que você sai com várias alunas o tempo inteiro. Essa é a sua fama aqui há muito tempo.

– Nossa. – Ele é pego de surpresa. – Eu sei que você não vai acreditar em mim, sei que é a coisa mais clichê que alguém já te disse, mas... você é diferente das outras garotas. Eu não sei explicar.

– Entendo.

– Você pode não acreditar, mas tem muita coisa ao meu respeito que ninguém sabe. Eu sou mais que isso, Sarah.

– É o que todos sempre dizem – ela sorri.

– Eu tô falando sério. – Eles estão a centímetros de distância. – Não sou nenhum santo, infelizmente. Eu tenho meus pecados como qualquer um. Mas, eu também tenho um lado bom e eu adoraria que você conhecesse ele.

– Adoraria? – Ela pergunta, com a voz baixa, quase como um sussurro. Seus olhos estão fixos nos dele e não desviam por nada.

– Muito. Você não imagina o quanto.

Os dedos de Lester encontram o rosto de Sarah e afasta uma mecha do cabelo, colocando-a atrás da orelha. Seus lábios se tocam em seguida e logo ela agarra sua nuca e corresponde o beijo quando seus corpos finalmente se unem.

 

 

 

– Amanda! Jackson! – Gabriel desce as escadas junto com os outros que começam a procurar por eles.

– Aqui! – Ouvem então a voz de Amanda vindo de não muito longe. – Estamos aqui!

Eles correm na direção da voz e encontram os dois sentados no chão. Jackson ainda está sangrando e seus olhos estão fechados. Amanda fica de pé, com as mãos um pouco sujas de sangue.

– Eu já liguei para a ambulância. Eles já vão chegar. – Amanda diz. – Precisamos tirá-lo daqui agora.

– Vamos lá. – Mike diz antes de Andrew e Gabriel o ajudarem a colocá-lo de pé. Jack não reage e não se move em nenhum momento enquanto eles o tiram dali.

Jéssica olha para Amanda mais atrás, assente com a cabeça e diz:

– Obrigada por cuidar dele.

Amanda simplesmente assente e então elas se juntam aos outros.

 

 

 

8:10

 

Na manhã seguinte, Andrew está sentado em um dos bancos entre os armários do vestiário enquanto amarra seu tênis. Alguns dos jogares estão mais à frente, ouvindo um sermão do treinador careca e aparentemente irritado.

Todos saem em seguida e então ele ouve uma voz.

– Você não vem? – Mike pergunta, já usando o uniforme.

– Sim. – Ele fica de pé e então Mike se aproxima. – Lembra que eu ia te falar uma coisa ontem na festa?

– É, eu lembro. Antes de tudo acontecer. – Mike diz. – O que era?

– Eu não devia estar falando disso. – Ele passa a mão pela cabeça e anda em círculos, ansioso. – Prometi a mim mesmo que não tocaria mais nesse assunto. Mas eu preciso contar isso pra alguém e você é a única pessoa que eu confio pra isso.

– Brother, você está me assustando de novo.

– Antes que eu comece, preciso que me prometa uma coisa. – Ele se aproxima do amigo. – Não pode contar isso pra ninguém. Especialmente para a Amanda.

– O que? – Mike franze o cenho e nega com a cabeça. – Tá me gozando? Eu não posso fazer isso. Não viu o que aconteceu quando começamos a esconder segredos uns dos outros?

– Eu sei, eu sei.

– Não estamos mais no colegial, cara. Esse lance todo de segredinhos já deu.

– Olha, me escuta. – Andrew fala com firmeza. – Eu tô surtando, Mike. Eu preciso contar pra alguém... por favor.

– Mano...

– Por favor, cara. – Andrew implora.

Os dois se encaram por alguns segundos e então Mike diz, meio relutante.

– Tudo bem. Tudo bem. – Ele assente e passa a mão no rosto. – Eu prometo não contar a ninguém.

– Ótimo. – Ele faz que sim com a cabeça e engole em seco. Andrew olha para trás afim de se certificar que ninguém está ali e então volta o olhar para o amigo. – Acontece que... eu estava na noite em que a Ashley desapareceu. Eu sei o que aconteceu com ela.

 

 

A luz do sol entra pelas janelas e iluminam o ambiente predominantemente branco.

Um par de olhos verdes se abrem aos poucos e tudo o que Jackson consegue ver é o ventilador girando lentamente no teto. Uma dor aguda percorre seu abdômen quando ele se ajeita na cama para olhar ao redor do lugar.

Jéssica está sentada ao seu lado, mexendo no celular.

– Olha só quem acordou. – Ela diz com um sorriso. – Como você está, cara?

– Eu estou morto. – Ele fecha os olhos novamente e respira profundamente. Sua voz está um pouco fraca. – Minha barriga ainda dói e eu tô me sentindo fraco.

– Você levou uma facada, Jack. É claro que tem que estar assim. – Ela diz.

– Obrigado. Estou me sentindo melhor.

Ela abre um sorriso e ele imita.

– Me desculpa por não ter chegado antes. Eu consegui pegar o desgraçado, mas ele escapou. – Jéssica fala.

– Eu também deixei ele escapar. Não foi culpa nossa. Todo mundo fez tudo direitinho. – Ele se ajeita na cama e geme com a dor. – Porra. – Faz uma careta. – Ele não esperava que estivéssemos prontos para ele. Foi por pouco dessa vez.

– É, e por pouco também você quase morre.

– Mas eu não morri e é isso o que importa.

– Não pode se arriscar desse jeito, Jack. – Ela lança um olhar repreensivo para ele.

– Tá tudo bem. Fomos mandados para aquele campus para proteger todo mundo e é o que estamos fazendo, certo?

– Certo, mas...

Antes que ela termine, ele a interrompe.

– Vai ficar tudo bem. Ontem nós demos um grande passo pra pegar aquele filho da puta. Na próxima seremos mais espertos ainda.

Jéssica não diz nada, apenas olha para ele.

– Eu só quero que me prometa que vai ficar de olho lá enquanto eu não voltar. – Ele tira o lençol que o cobre até a cintura e levanta a camisa, vendo a atadura no local onde foi atingido. – Acho que não vai demorar muito. Mas enquanto isso, – ele volta a olhá-la – fique esperta a qualquer movimento suspeito e tome bastante cuidado.

– Pode deixar. Não se preocupe com isso. – Ela diz. – Meu sobrenome é Cuidado.

 

 

 

Amanda está no jardim enorme nos fundos da mansão enquanto as kappas desfilam usando saltos enormes e vestidos elegantes.

– Mas que palhaçada é essa? – Ela grita, fazendo todas pararem. – Parecem um bando de elefantes mancando. Isso está ridículo.

– Saudades das kappas antigas. – Louis, ao lado dela, comenta.

– Nem me fale. – Ela diz para ele e então volta a gritar para as mulheres. – Por hoje já deu. Estão dispensadas. Podem voltar para suas vidas que eu não ligo.

Elas começam a sair apressadas, deixando somente os dois ali no jardim. Amanda olha para o garoto ao seu lado que faz anotações sobre elas em sua prancheta.

– Então... – Amanda começa – o Henry? Sério?

– Ãn? – Ele vira para ela.

– Ah, não faz a bicha sonsa. Eu vi o vídeo do Simon. Eu sei que você e o Henry estão juntos.

– Ah. – Ele põe a prancheta na mesa e ajeita o topete na altura do cabelo. – Eu não queria falar sobre isso.

– Ei, você pode falar sobre tudo comigo, sua poc. – Ela se vira para olhá-lo melhor. – Olha, eu não vou muito com a cara daquele garoto, mas, se ele te faz feliz, por mim tudo bem.

– Eu queria que fosse tão simples.

– E por que não é?

– Os pais do Henry. São religiosos e nunca nos aceitariam. Ele morre de medo que eles descubram e... sabe, isso nos impede de tudo. Eu não gosto de ficar me escondendo.

– É, eu sei muito bem. Já acordei com você e seus boys aqui.

Louis ri baixinho.

– Eu não sei, Queen. – Ele balança a cabeça e suspira pelo nariz. – Nós ainda nem nos falamos depois da festa. Tenho medo de como ele vai reagir. E se ele não quiser mais me ver?

– Ei, o que é isso? – Amanda exclama. – Não gosto de te ver assim entristecida.

– Eu não tô muito no clima. – Ele diz.

– Tudo bem. Olha, fica tranquilo. Não pensa muito nisso e vai falar com ele. O que tiver de acontecer, vai acontecer.

– OK.

– Agora se me dá licença, eu tenho que resolver um negócio importante. – Ela levanta e ajeita a saia. – Vai ficar tudo bem, migo.

– Eu espero.

Ela atravessa a mansão e encontra Lisa na entrada, prestes a sair. Está com os olhos fundos, resultado de uma noite mal dormida e seu cabelo não está lá dos mais arrumados.

– Aonde você vai? – Amanda diz e a garota se vira, revelando a vermelhidão em seus olhos.

– Eu vou sair.

– Ah, você não vai.

Lisa se prepara para sair quando Amanda empurra a porta e fica na frente dela.

– O que você quer de mim agora?

– Você sabe muito bem o que quero. – Amanda lhe encara. – Eu ouvi você conversando com um garoto na cozinha sobre a Ashley.

Lisa arregala os olhos.

– É, eu ouvi. Eu sei que você sabe o que aconteceu com a Ashley naquela noite. E se você souber mesmo, precisa me contar.

– E por que eu te contaria?

– Porque você está correndo perigo, sua anta! – Ela grita. – Não viu que você quase foi morta ontem durante a festa? O killer estava atrás de você e por pouco não conseguiu te matar. Você devia estar morta a uma hora dessas se não fosse pela gente.

– Eu... eu... – Lisa mantém a voz trêmula. – Eu vou embora dessa universidade. Não vou continuar arriscando a minha vida.

– E a vida dos outros? Vai simplesmente embora sem nos ajudar a descobrir quem é essa pessoa? Você perdeu o juízo, garota? – Ela continua com seu tom de voz autoritário e rígido. – Você precisa me ajudar a te ajudar.

Ela já está chorando.

– Não é tão simples. – Lisa diz, enxugando as lágrimas. – Não depende só de mim.

– Então você está protegendo alguém, não é? – Ela indaga. – Outras pessoas estão envolvidas nisso e você ainda se recusa a me contar? Lisa, acorda, vocês estão correndo perigo!

– Se eu te contar, eu estarei ferrada do mesmo jeito, entendeu? E não envolve só a mim. Não posso agir por conta própria. Eu sinto muito – ela nega com a cabeça –, mas eu não posso.

Lisa passa por Amanda e sai, fechando a porta em seguida e deixando Amanda parada sem saber o que fazer.

 

 

 

– Como assim? – Mike pergunta à Andrew, surpreso. – Você... o que... você sabe? Como?

– É uma longa história, cara. – Andrew olha em volta. – Eu vou te explicar tudo, mas preciso que você guarde segredo por enquanto até eu decidir como vou contar isso para a Amanda e os outros.

– Tudo bem. – Mike assente, meio relutante. – Tudo bem.

– Ei, rapazes. – O treinador careca aparece e os dois se viram. – Chega de fofoca, vamos jogar!

Eles se olham brevemente e então o seguem em direção a saída.

 

 

 

Gabriel está tomando café na sala dos professores que pouco a pouco começam a deixar o lugar.

– Bom dia. – O professor Ted entra na sala e senta-se na mesa à frente dele. – Que cara é essa?

– Eu não dormi muito bem. – Ele esfrega os olhos.

– Não me diga que estava na festa dos alunos ontem a noite.

– É, eu tava. Mas por outro motivo.

– Sei. – Ted serve-se de uma xícara de café.

O reitor Avery entra na sala e os cumprimenta, caminhando até Gabriel.

– Professor, – ele começa, com um tom e um olhar diferente – eu preciso conversar com você outra hora.

Gabriel, nervoso, troca olhares com Ted e ele.

– Aconteceu alguma coisa, senhor?

– Na verdade sim. Eu quero saber tudo o que você fez e viu na noite em que o meu filho desapareceu.

Gabriel congela e engole em seco por fim.

 

 

 

Passa um pouco das quatro da tarde quando Gabriel, Jonas, Eddy, Sarah, Amanda e Jéssica se reúnem na quadra de basquete vazia.

– E aí, o que ela disse? – Eddy pergunta a Amanda.

– Ela disse que não podia contar porque envolvia outras pessoas. – Amanda explica.

– Ou seja, existem outras pessoas metidas nessa história. – Jonas conclui.

– Pessoas que precisamos descobrir quem são. – Diz Jéssica. – E precisamos descobrir rápido porque o quanto antes soubermos o que aconteceu com a Ashley, fica mais fácil listar os suspeitos.

– Isso. Mas como vamos fazer ela falar? – Sarah pergunta.

– É aí que está. – Amanda volta a dizer. – Se eu lembrasse de quem era aquela voz na cozinha... poderia facilmente descobrir a outra pessoa.

– Não esqueçam que ela disse “pessoas”, então, são mais de uma. – Gabriel lembra. – Meu Deus, só de pensar no que pode ter acontecido já me deixa aflito.

– Mas nós vamos conseguir. – Eddy diz, otimista. – Estamos progredindo cada vez mais com isso.

– Exatamente. – Jéssica fala. – Agora que o Jackson está se recuperando, precisamos trabalhar redobrado por aqui.

– Ele está melhor, não é? – Amanda pergunta.

– Sim, está. Logo, logo receberá alta. – Ela conta.

– Espera um pouco! – Amanda grita, lembrando de algo.

– O que foi, garota? – Sarah questiona.

– Eu lembrei de um negócio! Meu Deus, como pude esquecer disso. – Ela abre um sorriso e arregala os olhos. – Eu conheço outra pessoa que pode nos ajudar.

– Quem? – Eles perguntam por igual.

– A minha terapeuta, Shonda. Ela me disse que conhecia a Ashley e que ela já foi sua paciente por um tempo.

– Acha que ela vai nos contar alguma coisa? – Jonas pergunta, com os braços ao redor dos joelhos dobrados. – Não seria antiético?

– De ser, é. Mas como é uma investigação séria, ela pode nos ajudar. – Amanda fala.

– Até que não é uma má ideia. – Gabriel pensa. – Se soubermos de todas as coisas que a Ashley estava passando, podemos descobrir novas informações.

– Isso! – Jéssica diz. – Me passa o endereço do consultório dessa terapeuta. Nós vamos ter que convencê-la a nos ajudar. Eu só não sei como vamos fazer isso...

 

 

 

Andrew está correndo de um lado para o outro por aquele campo. O suor escorre pelo canto da sua testa e ele já está sem fôlego quando o treinador soa o apito.

Os jogares começam a se retirar do campo e logo, ele avista uma figura o encarando do outro lado. Ele larga o capacete em um dos bancos e começa a se aproximar dela.

– Nós precisamos conversar. – Lisa diz ao lado de David que também se aproximou.

– Aqui não. – Andrew olha em volta.

– Aconteceu alguma coisa? – David pergunta.

– Sim, aconteceu. – Ela fala, diretamente. – A Amanda sabe de tudo. Ela sabe que eu tenho alguma coisa a ver com o sumiço da Ashley e sabe que estou acobertando alguém.

– Droga, mas que merda! – Andrew xinga. – Como você deixou ela descobrir um negócio desses, porra?!

– Ei, se acalma. – David se põe entre eles. – Não vamos ter essa conversa aqui.

– Eu vou contar a polícia. – Lisa diz em seguida, fazendo os dois virarem para olhá-la.

O silêncio segue por alguns segundos.

– Do que porra você tá falando? – David franze o cenho. – Você não vai falar merda nenhuma pra ninguém, está me ouvindo?

– Eu não aguento mais! – Lisa está prestes a chorar. Sua voz está trêmula. – Eu não quero mais continuar com esse segredo. O assassino tentou me matar ontem e por pouco eu não estou morta. Podemos ser os próximos. As outras pessoas também estão correndo perigo! E eu não quero mais continuar com isso.

Ela nega com a cabeça.

– Vou ajudar a polícia a encontrar o responsável por tudo isso e acabar com isso de uma vez. – Ela finaliza.

– Lisa, se acalma. – Andrew fala pausadamente.

– Não. – Ela nega, deixando a primeira lágrima rolar. – Não me manda ficar calma. Eu tenho ficado calma esse tempo todo!

– Olha, não faz nenhuma besteira. – David pede.

– Se contarmos tudo, seremos presos. – Andrew explica. – Me deixa conversar com a Amanda primeiro. A policial Jéssica é minha amiga. Eu posso pedir a ajuda dela e do parceiro dela. Eu confio neles para nos ajudar. E vamos fazer a coisa certa, mas pra isso, eu preciso que não faça nenhuma besteira por enquanto.

– Mas e se...

– Ei, tudo vai ficar bem, ok? Nós vamos sair dessa. Nós não vamos morrer.

Lisa enxuga as lágrimas, olha para os dois e então vai embora sem dizer uma palavra sequer.

 

 

 

Henry está em uma das cabines do banheiro e Louis na do lado. Os dois estão encostados na parede que os separam.

– Eu sinto muito. – Louis sussurra.

Henry não diz nada. Seus olhos estão vermelhos de quem chorou por bastante tempo.

– ...você... conversou com ele? Sobre o vídeo?

– Não. – É a única coisa que ele diz.

– Eu posso tentar. Peço para ele tirar do ar e...

– Não, Louis. – Ele responde de maneira fria. – Acabou. Todo mundo sabe agora.

– Ainda não acabou. Não pode dizer isso.

– Como ele foi capaz de fazer isso comigo? – Henry pergunta, quase que para si mesmo. – Depois de tudo o que passamos juntos... como ele simplesmente... pode fazer isso?

– Ele é um babaca. Um imbecil.

Eles ouvem passos entrarem no banheiro e fazem silêncio. Vozes masculinas, risos, e então saem.

– O que vai acontecer agora? – Louis pergunta após outro longo silêncio.

– Eu não sei, mas... – ele se segura para não chorar e então finaliza, com a voz trêmula – não podemos mais nos ver.

Louis arregala os olhos e engole em seco.

– ...o que?...

– ...eu sinto muito.

Ele abre a porta da cabine sai. Louis faz o mesmo e segura em seu braço.

– Henry, não faz isso. – Ele diz, prestes a chorar.

– Eu não posso mais. – Diz ele, se soltando e ainda de costas. – Precisamos de um tempo afastados. Pelo menos por enquanto.

– Não... – Louis se segura ao máximo para não chorar.

– Adeus, Louis. – Ele se vira, olha no fundo de seus olhos e então deixa o banheiro.

 

 

 

Amanda está saindo da sala de aula quando o sinal para a última aula toca. Ela carrega alguns livros nas mãos e logo sente uma mão segurar em seu braço.

– Ei. – Andrew diz.

– Oi.

Ela para no corredor que aos poucos vai ficando mais vazio até restarem somente eles ali.

– Como você está?

– Bem, eu acho. – Ela tira uma mecha do cabelo da frente do rosto e olha para ele.

– Olha, eu não quero mais continuar assim. – Andrew diz. – Cansei de toda essa briga. Eu já perdoei vocês e, agora temos que seguir em frente porque estamos apenas começando. Então, amigos?

Ele sorri sem mostrar os dentes e ela faz o mesmo.

– Amigos.

– Amigos que se beijam é mais legal, não acha?

– Amigos que transam é mais legal ainda.

Ela abre um sorriso e lhe dá um beijo. As mãos dele repousam em sua cintura e então eles voltam a se olhar, a centímetros de distância.

– Tá tudo bem? – Ela pergunta.

– Eu... – ele olha para o chão, para os lados e então nega com a cabeça. – Preciso te dizer uma coisa.

Amanda lembra do nome. Betty Susan. Naquele momento, ela aguarda a confissão de que ele fez alguma coisa errada.

– O que é?

Um flashback invade a mente de Andrew e ele então se vê naquela noite novamente.

Sua camisa está suja de terra assim como sua testa e suas mãos. Ele ofega bastante e seus olhos estão arregalados. Está escuro. Seu coração bate acelerado no peito.

– Ninguém... – uma voz começa a sussurrar – nunca pode saber que isso aconteceu...

Ele faz que sim com a cabeça e engole em seco.

Pisca os olhos e volta a realidade.

– O que houve? – Amanda pergunta.

– Eu amo você.

– O que?

– Eu amo você. Muito. – Ele diz. – Eu te amo demais e eu não quero que nada, nunca mude isso, ok?

– Ok. – Amanda fala acompanhada de um sorriso.

– Escuta bem o que eu tô falando. – Ele diz. – Nada vai mudar isso. Não importa o que te digam, nem o que aconteça. Eu amo muito você.

– Eu também amo você, gato.

Eles voltam a se beijar e ao final, Amanda repousa a cabeça no peito dele.

– Você tem alguma coisa para me contar? – Ele pergunta.

Amanda pensa em falar sobre o que Kenny disse naquela noite, sobre Betty Susan, mas algo fala por ela.

– Não.

E então eles ficam ali por um tempo.

 

 

 

– É aqui. – Jéssica fala quando para o carro em frente a um prédio.

– É bem grande pra um consultoria de uma terapeuta. – Gabriel comenta, no banco ao lado.

– Vamos lá.

Eles descem do carro e vão até uma mulher elegante na recepção.

– Com licença. – Jéssica diz. – Onde encontro a terapeuta Shonda Riggs?

– Sou eu mesma. – Uma mulher loira elegante fala logo atrás deles. – Posso ajudar? – Ela pergunta com um sorriso simpático.

– Olá. Eu sou a policial Jéssica. – Ela aperta sua mão. – Esse aqui é meu parceiro, Gabriel.

– É um prazer. – Gabriel também a cumprimenta.

– Nós estamos investigando o desaparecimento de Ashley Dunhill. – Ela fala na lata. – E descobrimos que ela foi sua paciente antes de sumir.

– Sim, isso é verdade.

– Precisamos que nos ajude a descobrir o que pode ter acontecido com ela naquela noite. – Gabriel fala em seguida. – Há um assassino no campus que tem alguma ligação com ela e precisamos muito da sua ajuda.

A mulher permanece parada diante deles sem dizer nada de início.

 

 

A água do chuveiro cai certeiramente no rosto de David, nos fundos do vestiário. Seus olhos permanecem fechados e ele não ouve a porta se abrir e uma pessoa entrar com passos delicados.

Com passos lentos, a pessoa começa a se aproximar do garoto nu de costas e então para em seguida.

David desliga o chuveiro, agarra a toalha ao lado e a enrola na cintura. Ao se virar, ele sente seu coração disparar no peito.

– PUTA QUE PARIU! – Grita de imediato. – Fica longe de mim!

A pessoa mascarada à sua frente não segura a mesma faca de sempre. Ao invés disso, ela segura um objeto grande e aparentemente pesado com lâminas giratórias ligadas à um pequeno motor.

– Fica longe de mim, porra! Sai de perto de mim! – David fala novamente.

– Aposto que a Ashley disse a mesma coisa. – A pessoa diz com a voz robótica. – Você sabe, quando ajudou o seu amigo a estuprar ela.

O garoto arregala ainda mais os olhos.

Nesse momento, a pessoa puxa uma corda e liga a serra-elétrica que emite um som estrondoso e assustador e então avança na direção dele.

– NÃOOOO, NÃO, NÃÃÃÕOOOOOOOOOOOOOO!!!

São as últimas palavras que David consegue pronunciar antes da lâmina afundar em sua barriga e esguichar seu sangue para todos os lados, sujando as paredes, o teto e o piso.

Conforme a lâmina vai afundando, os órgãos do garoto começam a ser triturados e jogados para todos os lados num jato de fluídos vermelhos e espessos.

Ao atravessá-lo por completo, a pessoa mascarada desliga a serra e o assiste escorregar e cair sentado, mole e completamente sem vida.



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