História The Kingdom - Chapter Eight

Violet Del’amon Point Of View

Sorri aliviada quando vi meu pai e todos os guardas da sua segurança pessoal caminharem na minha direção e na dos meninos.

– Eu vou dar um tiro na cabeça dele... – Ouvi Justin sussurrar para um dos meninos. O olhei feio por cima do ombro.

– Nem me olhe assim! – Ele apontou o dedo para mim. Revirei os olhos e caminhei apressada em direção ao meu pai. Os guardas abriram espaço e meu pai me recebeu de braços abertos.

– Graças a Deus, estava tão preocupado!

– Percebemos. – Justin riu debochado. Meu pai se virou para os meninos. Olhei feio para Justin e ele retribuiu o olhar.

– Vocês preservaram a vida da minha filha, por isso sempre terei uma divida com todos vocês. O que precisarem, o reino estará à disposição para ajudar.

– Não fizemos nada demais, Rei Arthur. – Chris sorriu agradecido e educado. Os meninos assentiram, menos Justin é claro, que estava de braços cruzados e cara fechada.

Meu pai me segurou pelos ombros e me virou em sua direção.

– Todos os outros reinos foram informados sobre o ataque, diversos deles estão mandando reforços para combater os rebeldes restantes, e os Cartalen estão a caminho com ate mesmo uma parte da sua guarda para ajudar e prestar assistência. – Pisquei os olhos confusa.

– Os Cartalens?

– A família do seu noivo, filha. – Meu pai sorriu de lado. – É nobre de parte deles estar vindo com tanta pressa se certificar do nosso bem-estar.

– Eu... Eu... Eu não quero... – Remexi os ombros, tirando as mãos de meu pai. Ele franziu o cenho.

– Não quer o que?

– Não quero um noivo, muito menos vê-lo logo depois de tudo que aconteceu hoje. – Abracei meu corpo retraída e andei para trás, mais para perto dos meninos.

– Não é como se eu pudesse cancelar a vinda deles, nem mesmo o casamento, eles apenas querem prestar ajuda... – Meu pai franziu as sobrancelhas, confuso com minha reação.

– Eu preciso tomar um banho, absorver tudo o que aconteceu hoje... – Abracei meu corpo mais forte, sentindo poucas forças para ir de encontro.

– Eu te levo até seu quarto. – Justin parou ao meu lado e sorriu de lado.

– Eu não tenho esses guardas de enfeite, não é necessário que você faça isso. – Meu pai se intrometeu, soando autoritário.

– Parece que eles são decoração mesmo, já que enquanto a princesa corria perigo não vi a sombra de nenhum deles. – Justin sorriu irônico e cruzou os braços.

– Justin... – Segurei no seu braço sabendo que não valeria a pena uma discussão com meu pai, e tudo que eu mais queria era ir para o meu quarto.

– Guarda Jason, escolte a princesa ate seus aposentos. –Suspirei e olhei para Justin, que pretendia rebater.

– Está tudo bem, nos vemos no jantar, ok? – Sorri triste por estar exausta de tudo. Ele me olhou e assentiu contragosto. Dei um beijo na sua bochecha e na de todos os outros meninos, sendo acompanhada logo depois pelo guarda até o meu quarto.

Caminhamos em completo silencio ate a metade do caminho.

– Ele estava preocupado com você, se serve de algo, princesa. – Guarda Jason soltou no meio ao silencio. O olhei confusa. – Seu pai quis que nos saíssemos a sua procura, mas nos recusamos a por em risco a vida dele. É o único tipo de ordem que podemos desobedecer, qualquer ordem que possa pô-lo em risco. – Caminhei o resto do caminho absorvendo tudo o que ele falou.

Cheguei ao meu quarto e agradeci ao guarda, que fez uma pequena reverencia e se retirou. Entrei no quarto e duas criadas me aguardavam, provavelmente haviam sido enviadas por meu pai para me aprontar.

Dali em diante eu fiquei no modo automático.

Elas me deram banho enquanto eu não pensava, me hidrataram, me depilaram, esfoliaram com os sais de rosas, e colocaram o mais doce dos perfumes em mim. Elas juravam que tudo isso ia fazer eu me sentir melhor depois de tudo que aconteceu hoje.

Me vestiram como não me vestia a muito tempo, de alguma forma aquilo conseguiu me limpar de todo o dia que havia tido.

Olhei minha imagem no espelho e soube que não havia como adiar tudo que me esforcei tanto para que não acontecesse.

– Princesa? As visitas lhe aguardam. – Levantei a cabeça cansada de reclamar e me dirigi sozinha em direção a porta.

Caminhei em direção ao grande salão e o encontrei cheio de pessoas. Franzi as sobrancelhas.

Não esperava que tantos reinos viessem prestar ajudar pessoalmente. Achei que apenas os Cartalens vinham. Olhei em volta e não vi nenhum dos meninos em meio aquelas pessoas. Suspirei.

Caminhei em direção a enorme pintura de minha mãe que possuía na parede e parei a frente dela, a observando.

– Ela era linda. – Uma voz grossa parou ao meu lado. Franzi as sobrancelhas e virei meu rosto, encontrando um homem que deveria ter uns 23 anos, com um rosto bem definido, alto, e de cabelos loiros bem cortados em um topete.

Ele era absurdamente lindo.

Ele me olhou de lado e sorriu, se virando de frente para mim e estendendo a mão.

– Não nega que de certo era sua mãe... – Ele fez uma reverencia e tomou minha mão, depositando um beijo nela. – Princesa Violet.

– Ela realmente era. – Sorri de lado e o olhei atentamente. – Desculpe, acho que não fomos apresentados. – Procurei na memoria alguma vez que o já tenho visto nos jantares reais.

– Pode me chamar de Steven, princesa. – Assenti e sorri de lado.

– Obrigada por vir prestar apoio ao nosso reino. De onde você veio?

– De muito longe, minha família está falando com o rei agora inclusive. – Olhei para meu pai que falava com um casal, não os reconheci também. Voltei meu olhar para Steven.

– Já esteve alguma vez aqui?

– Momentos passageiros. – Ele colocou as mãos atrás do corpo e sorriu de lado. – Nunca tinha conhecido as belezas desse reino, mas posso ver que ele esconde muitas.

Senti minhas bochechas esquentarem quando percebi ele me olhar com intensidade.

– Pode me acompanhar? – Me virei e caminhei em direção a sacada, que dava visto para todo o reino logo abaixo. Coloquei as mãos no parapeito e olhei a luz da lua iluminar tudo lá embaixo. Senti Steven para ao meu lado, mas a uma distância respeitava e achei isso fofo.

– Logo ali embaixo fila o vilarejo, tem uma praça onde eu amo ir as vezes escondida de meu pai, as crianças correm sem freio nenhum, as vezes derrubam barracas de frutas e deixam os vendedores possessos. – Ri alto lembrando das vezes que eles já fizeram isso. – Ali fica o campo aberto onde andamos a cavalo, só que ele leva a floresta, se a pessoa não conhecer o local pode se perder e nunca mais ser encontrado. Ali onde você está vendo aquelas luzes acesas é o salão de jogos e cantoria, as pessoas vão para beber e cantar passando vergonha. – Ri e Steven também. – O reino tem diversas outras coisas que você só consegue ver de perto. – Suspirei encantada observando minha terra. – É lindo. – Sorri e me virei para Steven e vi que ele me observava.

– Realmente, é lindo. – Ele olhou nos meus olhos. Pela primeira vez reparei que ele tinha olhos azuis.

Alerta Violet, acho que ele está dando em cima de mim.

– Ah, foi mal, não sabia que estava interrompendo algo. – Me virei em direção a porta da sacada e percebi que Justin estava parado ali com o maxilar travado e segurando a maçaneta com força.

– Não estav... – Me virei para responder, porem Steven sorriu de lado e respondeu antes de mim.

– Na verdade, ainda está interrompendo. – Olhei para Steven com as sobrancelhas franzidas e voltei meu olhar para Justin, que sorria de lado.

– Acho que não fomos apresentados ainda, me chamo Justin Bieber. – Justin sorriu de lado e caminhou ate Steven, parando a sua frente e estendendo a mão com um sorrisinho presunçoso.

– Steven... – Steven apertou a mão de Justin e balançou. Percebi que os dois tinham um aperto de mão forte. Sorri de lado pelo modo primitivo que eles se comportavam. – Steven Cartalen, noivo da princesa Violet. – Meu sorriso desapareceu, assim como o de Justin, e me virei para Steven.

– O que? – Ele desfez o aperto de mão de Justin e me encarou. – Por que não me disse quem era? – Perguntei irritada.

– Se eu tivesse dito teria sido tão receptiva comigo quanto foi? Eu queria que você me conhecesse antes que o peso do nosso noivado caísse em você. – Me remexi desconfortável. Passei meu olhar por Justin e vi que ele encarava algo no horizonte com o olhar perdido.

O que havia acontecido?

– Eu quero te dar a chance de me conhecer antes de nos casarmos, princesa. – Steven deu um passo na minha direção.

– Eu não vou ficar para ver essa palhaçada. – Justin se virou e saiu pisando apressado.

– O que? – Caminhei em direção por onde Justin saiu e senti Steven segurar minha mão de leve. Ele me olhou com as sobrancelhas franzidas. – Eu já volto. – Soltei minha mão e levantei a frente do vestido, caminhando apressada na direção pela qual Justin saiu. Passei pelos convidados com dificuldade e sai do grande salão, vendo Justin dobrar o corredor logo a frente.

[James Arthur - Can I Be Him (Official Music Video)]

– Justin! – Corri o que podia e virei o corredor, o vendo parado no meio do caminho de costas para mim. – Ei, o que foi tudo isso? – Perguntei ofegante e caminhei na sua direção.

– Você só pode estar querendo me fazer de otário, Violet! – Ele se virou irritado. Parei de andar a alguns passos de distância dele e franzi as sobrancelhas.

– O que? Do que você está falando?

– Você não vai jogar esse jogo comigo, princesinha. – Ele apontou o dedo para mim. Bati no seu dedo.

– Não levante o dedo para mim!

– Você é impossível, Violet! Vai pra porra do seu príncipe!

– Qual o seu problema? – Perguntei irritada. – Eu não vou ficar aqui ouvindo você descontar sua bipolaridade em mim! – Me virei irritada e comecei a andar de volta para o salão. Ouvi um grunhido de raiva atrás de mim e logo depois passos apressados, virei meu rosto a tempo de sentir Justin me puxar pela cintura e me virar, me encurralando na parede.

– Garota eu vou te matar. – Arregalei os olhos com o susto que ele me deu.

– O que você está fazendo Justin? – Perguntei quando vi ele me olhar perdido.

– Fica quieta, Violet.

– Você não pode me mandar ficar quieta! – Tentei empurrar seu peito, mas ele se manteve firme no lugar.

– Puta que pariu, já que você não vai calar, eu calo. – Ele pressionou seus lábios nos meus com pressa. Arregalei os olhos e tentei empurrar ele. Senti ele me segurar com mais força e pedir passagem com a língua. Fechei os olhos com a sensação dos seus lábios e cedi.

Foi diferente.

Foi diferente da outra vez que nos beijamos. Esse beijo tinha algo... Algo forte, lento e intenso. Eu não soube identificar o que era.

Relaxei meu corpo e coloquei minhas mãos na nuca dele, o puxando para mais perto. Nossas línguas brincavam em perfeita sintonia.

Justin finalizou o beijo com um selinho e encostou nossas testas.

– Que merda você está fazendo comigo, Violet? Eu nunca me senti tão fodidamente fraco. – Abri os olhos e encarei as duas íris mel que me olhavam perdidas, por um momento não reconheci o Justin durão de sempre.

– Eu estou te deixando fraco? – Franzi as sobrancelhas confusa.

– A falta de você em mim, está. – Ele sussurrou como se o pensamento tivesse escapado antes dele digerir. Ele se afastou um pouco e coçou a garganta. – Tem pessoas tem esperando lá dentro, você deveria voltar. Eu vou ser mais bem-vindo no meu quarto. – Ele travou o maxilar e tentou sorrir sem mostrar os dentes.

– Justin... – Dei um passo na sua direção e ele começou a se afastar.

– Você me traz muita confusão, é melhor você ir embora. – Ele estendeu a mão para eu não me aproximar e saiu andando apressado. Abri e fechei a boca varias vezes sem emitir nenhum som. Justin sumiu entre os corredores e senti algo dentro de mim começar a revirar.

O que estava acontecendo? E por que eu estava me importando tanto?

– Ai está você! – Me virei e encontrei Steven me olhando sorridente. – Seu pai está te procurando feito um louco, ele quer fazer um brinde de agradecimento. – Sorri forçado e assenti. Steven ofereceu seu braço para que eu o segurasse e segurei. Caminhamos em direção ao grande salão.

Olhei para trás pensando em tudo o que havia acabado de acontecer.

Meu pai fez um grande brinde em agradecimento a toda ajuda que recebemos, claro que ele não deixou de se aproveitar da situação para enaltecer o meu noivado com Steven.

Sorri em automático diante de tantos aplausos e parabenizações. Vi os meninos sorrindo e brindando em nome da gente. Todo o resto da noite se baseou em distribuições de sorrisos falsos e conversas superficiais, perguntas a todo momento de como havia sido o medo de passar por toda a situação do ataque.

Agora eu me encontrava deitada na minha cama, já tarde da noite, sem conseguir dormir, com tudo o que Justin me disse rondando meus pensamentos.

Grunhi e me levantei da cama apressada, colocando uma calça da montaria, uma blusa branca comum e pegando uma capa escura. Entrei pelo túnel e caminhei em direção ao quarto dos meninos apressada, antes que eu perdesse a coragem.

Bati na entrada da porta do túnel que levava para o quarto dos meninos, esperando que Justin abrisse e não nenhum dos outros.

Esperei alguns segundos e me remexi desconfortável.

Não era uma boa ideia, Violet.

Era melhor eu deixar isso quieto. Me virei nervosa e ouvi o barulho da porta sendo aberta nas minhas costas.

– Violet? O que você faz aqui a essa hora? É outro atentado? – Justin coçou os olhos de sono e olhou dentro do túnel preocupado. Abri e fechei a boca diversas vezes sem conseguir pensar com muita clareza diante do tronco nu dele e de tantas tatuagens que eu nunca havia visto. Desviei o olhar do seu corpo e foquei no seu rosto.

– Você poderia me acompanhar em um passeio? – Sorri de lado nervosa e estendi para ele uma das capas que havia pego. Ele olhou para mim confuso, mas logo depois sorriu de lado.

– Passeio?

– Eu queria te mostrar algo importante para mim.

– Eu não sei se é uma boa ideia...

– Desde quando você ficou medroso? – Sorri divertida e os olhos dele faiscaram.

– Você me provoca, garota. – Ele ia vestir a capa, mas o impedi antes.

– Seria bom se você colocasse uma camisa antes. – Ri fraco e ele revirou os olhos. Ele entrou no quarto e apareceu na porta logo depois, vestido.

– Agora estou apresentável, princesa? – Assenti animada.

– Vamos. – Ele fechou a porta do túnel e segurei sua mão, o guiando pelo caminho que levava para fora do castelo.

Saímos do castelo e guiei Justin tentando ao máximo ficar nas sombras do vilarejo, sem sermos vistos. Entrei no caminho que levava para a floresta, aquele que eu sabia que não havia perigo, e segui a trilha conhecida por mim desde pequena.

– Violet, para onde você está nos levando?

– Você confia em mim?

– Não, na verdade. – Revirei os olhos e dei um tapa fraco nele. Ele riu fraco. Comecei a ouvir o barulho da queda d’água e sorri gigante.

– Estamos chegando! – Caminhei mais rápido e senti que Justin estava logo atrás de mim. Empurrei os galhos de arvores e folhas do caminho e sorri quando chegamos a cachoeira.

Era uma cachoeira pequena, que caia em um lago pequeno também, em um local rodeado de arvores, porem com o céu aberto. A luz da lua e das estrelas iluminava fortemente a água. Vários vagalumes rondavam o local, tornando tudo mais lindo ainda.

– Caralho... – Justin parou ao meu lado e olhou tudo sem palavras. – Eu nunca vi algo assim...

– Se você olhar perto da água, vai ver que ela tem pontos azuis fluorescentes. – Justin me olhou com os olhos arregalados, como se falando que isso não era possível. – Vai dar uma olhada! – Ri fraco e dei um empurrão de leve. Ele caminhou ate a beirada de uma pedra que havia lá e se inclinou para ver a água de perto.

Caminhei devagar para trás dele e o empurrei com tudo dentro da água.

– Ei porra! – Ele caiu com um grande estrondo, me fazendo rir. Ele submergiu e me encarou puto de raiva. – Violet eu vou te matar!

– Você já disse isso muitas vezes. – Sorri divertida, de cima da pedra.

– Mas dessa vez vai ser afogada. – Ele pegou impulso e saiu da água, vindo na minha direção correndo todo molhado. Gritei e me levantei apressada para correr.

– Justin foi só uma brincadeira!

– Uma porra que foi uma brincadeira! – Ele me puxou pela cintura e eu comecei a rir e me debater.

– Você está me molhando toda, seu imbecil! – Ele riu e continuou tentando me segurar enquanto eu ria junto e me debatia.

– Você é uma peste! Vamos ver como você fica sem esse laque de princesa no cabelo. – Ele me pegou no colo e correu ate a beirada da pedra, pulando com nos dois. Gritei e me agarrei ao pescoço dele.