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História The Legendary Dragons. - Primeiro dia de treinamento e imprevistos - Parte 2.


Escrita por: Jessie_Sunshine

Notas do Autor


Oii! Então, sei que estou um pouco atrasada mas é porque alguém acabou excluindo todos os detalhes que coloquei na fic e fiquei apenas com o rascunho, então, precisei ler tudo de novo e tentar me lembrar de tudo o que eu tinha colocado, o que não aconteceu por eu ser esquecida. Mas, acho que fiz um bom trabalho. Caso tenha faltado algum detalhe, ou tenha ficado um pouco estranho, peço desculpas, fiz de tudo para que ficasse bom. Deixarei para falar o resto só nas notas finais agora, então aproveitem. Bjss de cuca! BOA LEITURA!

Capítulo 20 - Primeiro dia de treinamento e imprevistos - Parte 2.


 

Capitulo 21.

20. Primeiro dia de treinamento e imprevistos - Parte 2.

  Infelizmente, a ajudante do professor daquela aula de manuseio de armas brancas, era ninguém mais, ninguém menos que minha querida e nem um pouco irritante, irmã.

  Mais uma vez, Lennox estava comigo, além de Nile. Pelo jeito, mais nenhum blader estava naquela aula, apenas mais rostos desconhecidos.

  Pelo menos, mesmo sendo uma aula sobre armas brancas, ninguém tinha autorização para usar as armas para machucar/matar outros alunos, ou seja, eu não precisava me preocupar tanto. Além disso, gracinhas não eram permitidas, qualquer um que teimasse em desobedecer a essa regra, sairiam imediatamente da sala e arcariam com as consequências.

  A primeira coisa que aprendi, foi a segurar corretamente uma faca que, por alguma razão, eles teimavam em me corrigir, dizendo que se chamava adaga ao invés de faca. Que seja. Aquilo era entediante. Tudo o que nós, novatos, fazíamos, era segurar o cabo da “adaga” e só. E quem nos ensinava não era o professor, na verdade, ele ficava de olho só nos mais adiantados, os que já estavam lá há bastante tempo, enquanto nós ficávamos com uma de suas melhores alunas, com Kiyomi.

  — Se segurar desse jeito, Tategami, a arma escapará facilmente de suas mãos, se tornando algo que pode ser usado contra você. Segure-a firmemente, sem deixar brechas. – Aconselhou-me.

  Olhei para o Nile, ele não parecia estar muito à vontade naquela situação. Claro, quem ficaria confortável segurando algo que poderia te matar por um simples erro? Quem se sentiria confortável brincando com sua vida? Pessoas malucas e psicopatas, como a Lennox.

  Aos poucos, fomos conseguindo ficar na posição certa, tanto parados quanto em movimentos e, em pouco tempo, evoluímos para a prática. Primeiro, iriamos treinar o ataque em alguns bonecos com areia. Kiyomi nos ensinava cada ponto que devíamos atacar, quando era aconselhável cortar horizontalmente ou verticalmente, os pontos em que era letal e os pontos que deixavam os oponentes apenas desnorteados e que nos dava tempo para fazer o que precisaríamos fazer. Aquilo me dava nos nervos. Mas, assim que aprendêssemos, iriamos para a segunda etapa, que seria a tal da mira, onde precisaríamos acertas as facas em alvos, em papelões com desenhos de pessoas de verdade e em bonecos que se mexiam. Estranho.

  Por que estavam ensinando aquilo? Será que queriam preparar os alunos para a 3° guerra mundial? Só de pensar naquilo, me arrepiava todo. Digamos que o Japão não foi muito sortudo se tratando de todas aquelas guerras e que, mesmo depois de todos aqueles anos, o país continuava com vários e vários problemas..., mas, se fosse mesmo aquilo, por que estariam recrutando pessoas de todos os países ao invés de apenas os estadunidenses?

  Como era apenas o nosso primeiro dia, ficamos apenas no primeiro passo e, mesmo não passando de bonecos, sendo apenas um objeto sem vida, aquilo me fazia arrepiar dos pés à cabeça, sentia minha garganta seca, sem conseguir engolir. Minhas mãos estavam um pouco trêmulas, algo me dizia que aquela arma tão perigosa e mortal não deveria estar em minhas mãos, em minha posse. Se fosse preciso, eu realmente mataria alguém? Carregaria o sangue dessa pessoa em minhas mãos? Depois que comecei a viver sozinho, sem ajuda de ninguém e apenas com a minha força de vontade, já não me considerava tão fraco. Na verdade, já me considerava bem mais forte, lutando contra todos os meus medos, tropeçando em um ou outro, cometendo erros e, de vez em quando, sendo assombrado pelos meus fantasmas, mas, tudo foi por culpa de minhas escolhas e não de outras pessoas e, por isso, havia amadurecido. Havia me tornado independente. No entanto, mais uma vez, voltei aos velhos tempos, me senti fraco. Mais uma vez, havia me tornado um completo inútil. Talvez, a decisão de quem vive e quem morre não fosse minha. O reflexo na lâmina me mostrava isso.

 —  Kyoya, — Kiyomi me chamou, me tirando de meus devaneios. — Esqueça de seus medos. Se você não quiser, quando se sentir ameaçado não precisará matar ninguém, mas, mesmo assim, precisa aprender a se defender. Só se lembre que pessoas como assassinos não se importam com quem vive e quem morre, então, eles podem usar esse seu medo contra você, eles não se importam em matar você ou alguém que ama. Não hesite.

  Ela me levou para um lugar mais isolado da sala, onde ninguém estava e mandou que Nile continuasse treinando os movimentos até que chegasse a perfeição e que tomasse cuidado para que não se matasse ou acertasse alguém.

  — Me diga, alguém já morreu aqui? —  Resolvi perguntar sobre algo que se passava em minha cabeça durante muito tempo. — Quer dizer, por outro aluno?

  Ela engoliu em seco e mordeu os lábios. A resposta estava clara.

  — Infelizmente, sim. No entanto, as regras ficaram bem mais rígidas e, agora, os alunos não possuem mais acesso a armas caso não estejam protegendo as fronteiras da escola. Quando são autorizados, os alunos são obrigados a assinarem muitas e muitas papeladas, além disso, podem usar apenas com chumbinho ou balas de borracha, não podem usar balas normais. Diferentemente de anos anteriores, isso está bem mais seguro. Não é como se deixássemos armas perigosas e carregadas espalhadas em cima de uma mesa qualquer para que qualquer maluco possa pegar e matar outro alguém. Apenas professores que não tenham nenhum histórico ruim, envolvendo agressões, homicídio, ou qualquer outra coisa parecida, podem levá-las para onde quiserem, usando apenas quando necessário. Não somos tão irresponsáveis quanto acha que somos, podemos ser bem jovens, no entanto, temos nossas responsabilidades e deveres.

  Não era bem assim. Lennox havia uma arma com balas reais em sua gaveta e, por mais que, naquela hora, tivesse se controlado, algo me dizia que não iria excitar se precisasse. Era melhor eu não fazer muitos inimigos por ali, aquele local não era seguro. Se Lennox podia esconder aquilo, por que outras pessoas também não poderiam?

  — Fique esperto, Kyoya. — Kiyomi estava completando seu discurso. – Isso é para seu bem, não ao contrário. Se lembra do que nossa mãe falava quando éramos obrigados a tomar aquele troço horrível chamado de xarope? Então, isso pode ser ruim, mas não te prejudicará, pelo contrário, só trará benefícios. Ou seja, dê o seu melhor.

  Eu odiava quando ela falava “nossa mãe”. Já que havia nos abandonado, fingido que nunca teve o sangue dos Tategamis, Kiyomi não havia mais aquele direito. Era apenas uma traidora.

  — Pare de se preocupar comigo. Já falei, não somos mais nada, então, não precisa me tratar diferente do modo como trata os outros alunos, não precisa vir com esse papo mole pra cima de mim, não precisa me dar conselhos. — Avisei.

  — Pare você de agir como criança. E outra, todos precisam de um pouco de incentivo, não estou sendo diferente com você. — Ela suspirou fundo e se acalmou.  — Agora, vamos voltar. Ainda tenho que ensinar mais algumas coisas para vocês antes da aula acabar.

  — Você age como se fosse a mais velha. — Revirei os olhos.

  — Claro. De que outro jeito eu agiria se sou mais velha? Ou esqueceu que nasci dois minutos antes de você?

  — Dois minutos não são nada. É que, como sempre, você foi atirada e quis a glória toda para si mesma. Esse foi o motivo para ter nascido primeiro.

  — Discutimos sobre isso depois. Mais tarde teremos todo o tempo que você aguentar para discutirmos. Agora, Yoyo, vamos. Não quero que chamem minha atenção por sua culpa.

  Talvez aquelas aulas não fossem tão ruins quanto eu pensava, elas poderiam me ensinar a me vingar da minha querida, mimada e irritante irmã.

  Voltamos para o centro da sala, onde os bonecos estavam. Peguei novamente a faca que estava em cima de uma mesa pequena e segurei-a, tentando ser o mais firme possível ou, o que meu corpo aguentasse. Observei um pouco como os veteranos faziam e tentei me posicionar como eles. Milagrosamente, consegui acertar e percebi que o olhar de Kiyomi já havia mudado, o olhar dela sobre mim já estava bem mais curioso que o normal. Nile continuava um pouco desconfortável com a situação e suas mãos tremiam cada vez mais, no entanto, estava um pouco mais solto do que antes.

    — Eu realmente não sei qual o problema de vocês com a adaga. Nunca usaram aquelas facas grandes para cortar os alimentos? É quase igual. Não estamos ensinando a matar pessoas aqui, não somos uma organização de assassinos. Ensinamos a se protegerem, a atrasar os inimigos, a domá-los. Claro que em casos extremos, quando nada mais dá certo, é sempre bom saber uma coisinha ou outra, como os melhores lugares para atacar para machucar mesmo, podendo, até mesmo, matar seu oponente. Mas, esse não é nosso objetivo, é apenas necessário para certas ocasiões. A adaga é sua amiga desde que esteja em sua mão, então, não devem temê-la, devem domá-la. — Kiyomi parou em frente a Nile e encarou-o.

  Já estava até vendo a bronca que ele iria levar. Aposto que eu não era o único a pensar nisso. Pela cara do Nile, parecia que já estava se preparando para o que viria. Kiyomi arrancou a adaga de sua mão, tomando cuidado para que não o cortasse e mostrou-lhe como deveria segurar aquele objeto perigoso e como deveria se posicionar para que não houvesse brechas. Ela estava calma e não estava brigando com ele, apenas ensinava-o pacientemente. Talvez, ela ainda fosse uma boa pessoa, que pensava nos outros ao invés de si mesma ou não, sua personalidade mudava rapidamente. Eu realmente não sabia o que pensar, a minha raiva as vezes podia mudar a minha visão. Eu precisava de tempo para pensar em nosso caso, talvez, com o tempo, eu perdoasse-a. Não podia deixar fatores externos interferirem.

  Estava tão vidrado naquela cena, olhando para os dois, tentando enxergar a humanidade que havia sobrado em minha irmã, que cheguei a pular quando senti algo em meu ombro.

  — Você não deveria estar treinando? — Eu perguntei enquanto voltava ao meu estado normal.

  — Sim, eu deveria, mas, o professor me liberou. Ele ficou com medo de que eu acabasse com todos os bonecos e falisse a escola, então acabou me liberando. Por isso, resolvi vir aqui dar umas boas risadas, ver a sua cara de desespero e seus tombos, mas parece que Kiyomi está pegando leve demais. Olha aí você parado, sem fazer nada, só observando. Estamos aqui para treinar, não é? — Ela perguntou.

  Lennox pegou uma das facas que estava em cima da mesinha de madeira e começou a brincar com ela, girando-a em suas mãos, como se não tivesse perigo algum de decepar um ou outro dedo a qualquer momento.

  — A primeira coisa que precisa aprender é confiar em si mesmo. — Começou com seus discursos clichês.

  — Kiyomi já falou sobre isso. Não precisa repetir. — Interrompi-a e ela não parecia feliz com isso.

  — É assim? Então pega. — Ela, literalmente, tacou a adaga para que eu pegasse.

  — Você é louca? — Perguntei após me desviar para não ser acertado. — Isso poderia ter me matado!

  O barulho dela caindo no chão de madeira pareceu ter assustado um ou outro aluno, mas logo voltaram a treinar. Se fosse um chão mais barulhento, provavelmente chamaria muito mais atenção.

  — Não. Se tivesse confiado em si mesmo, teria pego sem problemas. Além disso, essa adaga não é de verdade, é de borracha. — Ela colocou as mãos nos bolsos de trás e pegou outra faca. — Essa é a verdadeira.

  — Como se as coisas fossem assim... Vou subir em um prédio de 100 metros e pular do andar mais alto porque eu confio em mim mesmo. Qual será o resultado? Vou sair voando como um pássaro, vivo e sem quebrar nada? — Ironizei. — Eu sou sensato, isso sim. Você é louca, masoquista e suicida. Não confunda confiança com loucura.

  Admito que havia ficado um pouco surpreso, como ela havia conseguido esconder a faca tão rápido? Onde tinha arranjado uma faca de mentira? Como seu bolso não havia rasgado? Talvez Lennox fosse uma bruxa e ninguém soubesse.

  — Eu não sou uma bruxa. — Lennox falou. — Sou uma ninja. É diferente. E você ainda não sabe o que é loucura.

  — Como...?

  — Suas expressões te entregam facilmente. — Explicou. — Enfim, venha, já que alguém está ocupada, irei te treinar. Por mais que eu preferisse treinar o Nile ao invés de ti.

  Encarei-a mortalmente. Ela só podia estar brincando.

  — Então vai lá tentar convencer a sua “irmã” de trocar de aluno, já que sou tão ruim assim. — Aconselhei.

  — Calma, estressadinho. Revoltou por quê? Eu só falei a verdade.

  Apenas fiquei quieto. Eu odiava quando as pessoas me subestimavam, mas, se falasse alguma coisa, tinha certeza que ela consideraria aquilo como infantilidade. Ela pareceu não se importar por eu não ter respondido a sua pergunta e continuou pegando as “ferramentas”.

  Durante os últimos dez minutos, Lennox me fez ter um treinamento intensivo, me fazendo fazer coisas que só faria depois de várias e várias aulas, como me fazer arremessar facas, treinar golpes e até lutar contra ela. Tudo isso em dez minutos.

 — Levante-se, Kyoya. Não temos tempo para descansar. — Pela milésima vez, estava no chão, com uma faca bem próxima ao meu pescoço e a dona do objeto estavam com seus olhos brilhando com um toque psicopata neles. Lennox era louca.

  Logo, todos paravam suas atividades e nos observavam, entretidos. Parecia um grande espetáculo para eles que se divertiam, uma atração de circo talvez, no entanto, aquilo não passava de humilhação e tortura. Previa muitas e muitas manchas roxas pelo meu corpo no dia seguinte e, provavelmente, estaria muito dolorido.

  — Acalme-se, Lennox. Você irá matar o garoto desse jeito. Lembre-se que é a primeira aula dele e que nem todos possuem a mesma habilidade que você. — O professor interveio.

  — Ele pode até não ter as mesmas habilidades que eu, mas, sei que pode sobreviver a apenas um treino.

  — Ei, esqueceu que esse aluno é meu, maninha? — Kiyomi perguntou com um grande sorriso debochador em sua face. — Se ele morrer, a responsabilidade será minha.

  — Você estava pegando leve demais, apenas te dei uma leve ajudinha. — Deu de ombros enquanto tirava, bem devagar, a faca do meu pescoço. — Além disso, eu mesma posso assumir a responsabilidade. Afinal, a culpa dele estar aqui é minha, certo?

  Percebi que meu pescoço estava ardendo um pouco e um liquido pegajoso escorria por ele. Passei meu dedo indicador pelo lugar e descobri o que não queria: Lennox havia, realmente, me cortado. Não era um corte grande ou profundo, não era o bastante para me fazer desmaiar, muito menos morrer de hemorragia, no entanto, era o bastante para me fazer ter dor e de fazer minha mente inventar até palavrões que não existiam para xingar, mentalmente, Lennox.

  Cansado de apanhar e percebendo que ela não iria se conter, fui para cima também, dando meu melhor, sem me deixar ser abatido. Consegui acertá-la apenas duas vezes, no entanto, a cada investida que dava, conseguia usar minha adaga para me defender, sem deixar que nenhum ataque me atingisse. O que acabou me frustrando foi que não havia conseguido dar nenhum arranhão nela pois seus movimentos eram rápidos demais. Pelo menos, daquela vez, não havia caído, havia me mantido de pé.

  — Parabéns, Kyoya. É incrível como conseguiu evoluir em tão poucas tentativas. Algo me diz que vai se sair bem nessa aula. — Lennox me parabenizou.

  — Ótimo, agora que vocês dois terminaram, Lennox, leve-o até a enfermaria. Esse corte não parece grave, mas é sempre bom prevenir. — O professor mandou.

  — Qual a sua próxima aula, Kyoya? — Kiyomi me perguntou. — Eu posso avisar o professor ou a professora o ocorrido e aí não terá problema.

  — Acho que é treinamento de barras. — Respondi.

  — Sem problemas então. — Kiyomi disse. — Ei, Lennox. Cuide bem dele, viu?

  — Por que tanto interesse nele? — Lennox arqueou uma sobrancelha e todos os outros alunos se aproximaram para ouvir a resposta que Kiyomi daria.

  — Algo me diz que o Kyoya tem muito a nos oferecer e que, se observarmos ele bem, podemos achar várias habilidades escondidas e muitas coisas interessantes. Afinal, ele conseguiu evoluir bastante enquanto lutava com você, conseguiu bater de frente. Imagina se perdermos ele apenas por causa de um cortezinho. — Kiyomi explicou.

  — Faz um pouco de sentido, mas ainda é estranho te ver tão interessada em um aluno. — Lennox desconfiou.

  — Só leve-o logo para a enfermaria e estanque o sangramento antes que ele tenha uma hemorragia. — Kiyomi mandou.

  — Está bem. — Ela deu de ombros.

  — Aposto 10 dólares que ele não sobrevive até o final de semana. — Ouvi um garoto de cabelo castanho sussurrar para outro enquanto passava.

  — Aposto que Lennox irá matá-lo antes disso. — O outro riu.

  Se eu pudesse, até eu apostaria que não iria sobreviver até o final de semana, entretanto, precisava ter um pouco de esperança para não desistir.

  E assim, Lennox me levou para uma enfermaria que ficava ao fim do corredor que, assim como todos as outras salas, tinha uma porta branca. Girei a maçaneta que estava um pouco emperrada e, com o ombro, empurrei a porta.

  Lá dentro era um pouco deprimente. As paredes eram cobertas até a metade com azulejos brancos em um tom gélido e, para dar um pouco de cor, uma fileira horizontal de azulejos eram azuis, separando os azulejos da pintura. O piso liso também era branco. O local possuía apenas uma pequena janela que mostrava os flocos de neve caindo, não havia percebido que estava nevando até aquele momento. Haviam dois armários com portas de vidro contendo remédios, gazes, algodão, curativos e outros objetos comuns em enfermarias. Além disso, havia uma mini geladeira com remédios que precisavam ficar em locais mais refrigerados. Haviam duas macas com lençóis brancos que não pareciam muito confortáveis e algumas cobertas dobradas em cima e um travesseiro para cada maca. Duas cadeiras e uma mesa baixa estavam posicionadas ao fundo da sala, no lado esquerdo. Mesmo a sala sendo fresca, podendo, até mesmo, dar alguns arrepios, não havia sinal de ventilador ou ar-condicionado. A sala possuía, praticamente, apenas dois tons: Azul e branco. Aquilo era triste.

  — Sente-se aí, Kyoya. — Lennox apontou para uma das macas.

  Obedeci-a e me sentei. Ela abriu um dos armários e pegou os materiais necessários.

  — Onde está a enfermeira? — Perguntei.

  — Provavelmente, de férias. Agora, fique quieto. — Ela passou o algodão que havia sido mergulhado em algum liquido em meu pescoço.

  O contato do algodão com a minha pele fez com que o corte ardesse mais. Mesmo ardendo, percebi que Lennox tentava passar o mais delicadamente que conseguia. De vez em quando, ela empurrava meu pescoço um pouco, para que pudesse ver como estava o ferimento. A cada vez que ela respirava, podia sentir arrepios percorrendo o meu corpo, já que seu rosto estava perto de meu pescoço e podia sentir o ar saindo de suas narinas.

  Ela passou álcool em seus dedos para higienizá-los e, cuidadosamente, passou os dedos pelo machucado, sentindo-o para ver se era muito profundo. Os dedos dela eram longos e macios. Acho que nunca senti tantos arrepios em toda a minha vida.

  — Mas e os alunos que tem aula? O que acontece quando eles se machucam? — Tentei puxar assunto para me esquecer da dor.

  — O que está acontecendo aqui. Os que tem mais facilidade nessa parte ajudam os novatos. Em alguns casos, os próprios professores ajudam. Não há com o que se preocupar. Não é comum ter ferimentos graves nessa época, só quando as aulas realmente voltam que as coisas ficam sérias, mas, nessa época já temos várias enfermeiras para ajudar. — Explicou.

  A garota terminou de passar o álcool e passou uma pomada no local do corte.

  — Você vai querer que eu coloque um curativo? — Ela abriu um sorriso um tanto quanto debochador.

  — Não, está bom assim. — Encarei-a e resolvi perguntar algo que estava na minha mente. — Você me disse que ninguém é bom em tudo. No que você tinha problemas?

  — Em poucas coisas. — O seu rosto continuava perto do meu. — Geralmente, eram as matérias que envolviam sentimentos, como a aula de meditação ou a que chamamos de psicologia. Se havia algo que odiava era ficar quieta e parada, sempre gostei de me mexer e não gostava de ser obrigada a contar meus segredos para os professores, por mais que gostasse deles, era muito pessoal e sempre fui mais reservada.

  Não gostei nem um pouco da ideia de ter que falar com professores que mal conhecia sobre coisas muito pessoais, que não falaria nem para alguém que fosse próximo. Com certeza, teria problemas naquela aula.

  — Eu sempre fui melhor em força física ou coisas que envolviam a inteligência, como hackear sistemas. — Ela continuou. — As que eu era ainda melhor, eram manuseio de armas brancas e manuseio de armas de fogo. Só que após um trauma que tive, nunca mais consegui frequentar as aulas de manuseio de armas de fogo. Eu não consigo mais segurá-las sem passar mal.

  — O que aconteceu? — Perguntei, curioso.

   — Eu prefiro não falar sobre isso. — Ela se mexeu, desconfortavelmente. — Admito que, no início, eu passei por várias dificuldades. Caso não tivesse aprendido a lutar desde criança, imagino que teria sofrido bastante. Só que você não pode se comparar a mim. Por nunca ter tido aulas, está se saindo muito bem.

  Suspirei aliviado quando percebi que sua respiração não batia mais em meu pescoço, não aguentava mais arrepiar.

  — Tome cuidado. Se voltar a sangrar, procure eu, a Kiyomi ou algum professor. Não deixe isso de lado. Caso volte a sangrar e não possa ir nos procurar, pressione um pano limpo e macio e depois, limpe com água morna e sabão e, se precisar, peça uma pomada e passe-a. Simples. — Explicou, mudando de assunto. — Agora, acho melhor voltar logo para a aula, os professores não são muito pacientes.

  Me levantei, apenas concordando com a cabeça, como se fosse mudo. Não conseguia entender os motivos de, de uma hora para outra, ela me cortar com uma faca e, logo em seguida, cuidar do ferimento. O pior: Não sabia o que eu estava sentindo. Talvez fosse a famosa raiva, ou, confusão ou vazio mesmo, sem nenhum sentimento, nem rancor, raiva, nada. Apenas com cara de paisagem.

  — Ei, — Ela me chamou quando eu já estava na porta. Me virei e percebi que havia abaixado a cabeça. — Me desculpe. Às vezes, eu fico muito empolgada e esqueço que as pessoas nem sempre possuem as mesmas habilidades do que eu. Sabe como é, quando se fica muito tempo sem fazer algo que gosta e finalmente tem essa oportunidade, você se esquece de todo o resto. Então, se por acaso eu tenha parecido uma louca psicopata que só sabe machucar pessoas, peço desculpas.

  Olhei-a impressionado. Talvez, ela não fosse tão orgulhosa quanto eu imaginava já que tinha tido a coragem de admitir algo e ainda pedido desculpas.

  — Mas, olha, se contar isso para alguém, não pense que será a única vez que te machucarei. É melhor ficar esperto. — Seus olhos me fuzilavam e uma aura vermelha se formava a sua volta. — Agora, te arranca daqui!

  E assim, foi meu primeiro dia de muitos naquele local. Meu primeiro dia e já tinha arranjado um ferimento e não estava nem mesmo na metade do expediente. Ainda tive que fazer muitas coisas, considerando que as aulas só acabavam de noite e, naquela hora, não estava nem na metade. O dia ainda tinha muito para acontecer. E o pior: ainda era segunda. Iria demorar para sexta-feira chegar. Se eu tivesse algo que me desse pelo menos um pouco de ânimo..., mas duvido que resolveria. Me lembro muito bem que, durante todo meu tempo lá, todas as noites eu chegava em meu quarto, tomava uma ducha correndo e ia direto para cama, criando uma rotina.

  Mesmo assim, algo me dizia que eu não me sairia tão mal quanto pensava no começo, poderia até mesmo me acostumar... Não admitiria para ninguém, mas, não parecia mais ser um lugar infernal, parecia um lugar mais familiar, unido. E o melhor: Eu estava certo e Lennox errada. (Deveria ter apostado)


Notas Finais


Então é isso, aqui termina-se essa parte do treinamento que eu sei, foi bem curta, mas espero que tenham entendido como funciona um pouquinho essa escola maluca. A partir de agora, terei que agilizar os acontecimentos da fic, pois já está chegando no final. O QUÊ? Calma, estou "exagerando" kkkkk Ainda falta mais uns 3 meses (caso eu não enrole), mesmo assim, preciso agilizar para que fique dentro do prazo. Tá, agora, indo para onde eu queria chegar: Estou criando uma playlist para a fic (Já tem 60 músicas) e quero que vocês me ajudem com músicas que conheçam que lembre certo personagem (shipp também serve.), enfim, mande o nome da música e quem canta para me ajudar a escrever ou para vocês ouvirem enquanto leem, isso vocês decidem, apenas achei uma ideia interessante e quis fazer. Outra ideia que tive, foi a de teorias: Escrevam o que acham que vai acontecer, exemplo: Eu acho que personagem X vai aparecer e acabar com tudo, deem suas ideias, adoro escutar o que cada um acha que pode acontecer, o que cada um pensa. Enfim, é isso pq já tenho que sair (mas prometo responder os comentários até amanhã.). Elogios e criticas são muito bem-vindos!
P.S: A questão do próximo capitulo... Vai sair sábado ou não? Então... Eu realmente não sei. Espero que eu consiga terminar até lá, mas, como é semana de provas e estou treinando para um campeonato, minha agenda fica um pouco lotada, então não posso prometer. No entanto, posso garantir que a fic não será abandonada e que, mesmo que demore, eu irei postar.
É isso. Espero que tenham gostado. Bjss de caramelo! OBRIGADA POR LER!


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