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História The Library (minsung) - 71 - having support


Escrita por: moonlightAd

Notas do Autor


heey, mais um capítulo pra vocês.

esse cap tem um espaço especial no meu coração, simplesmente pq amo a amizade dos meninos, e adorei dar um certo foco pros jeongho, meus protegidos :((

boa leitura, espero que gostem :)

Capítulo 87 - 71 - having support



Han


Por coincidência, chego na casa de Seung ao mesmo tempo que Chang e Lix, que vieram no carro do pai do Bin. De longe, já percebem que tem algo errado, ainda mais Felix que estava com o Chris na hora em que fiz a ligação. Porém, deixo para falar tudo quando entrarmos.


Dou umas batidinhas na porta para anunciar a chegada, mas abro-a antes mesmo de receber resposta. Ao entrar em sua sala, vejo Seung agoniado no sofá, só não roendo suas unhas, porque as mesmas são curtas demais para tal.


— Finalmente! – exclama quando me vê. — Eu tava em cólicas aqui, quero saber o que há de errado, hyung. – depois fala com os outros dois, e nós logo nos sentamos.


— Realmente, Sung. Essa sua carinha de choro tá acabando comigo. – Chang se pronuncia.


— Já comecei a entrar em colapso, assim que vi a cara do Channie quando você ligou. – Felix diz. — Depois ele disse que ia sair, porque Minho precisava dele; e pra eu ficar esperto, porque você também precisaria de mim. – conta. — Não é preciso ser um gênio pra deduzir que vocês discutiram.


— E dessa vez, a coisa parece estar mais feia. – Seung volta a dizer. — Você não tá usando o anel de sol, isso é tipo uma blasfêmia na religião que a gente criou pra vocês dois. – consegue me fazer rir.


— Eu tô aqui há menos de 5 minutos, Seungmo. Não acredito que já notou a falta do anel.


— Acredita sim. Nada escapa dos meus olhinhos atentos, principalmente quando se trata de ti, Jico. – responde. — Só espero que o anel ainda esteja contigo, senão eu te expulso dessa casa na base da vassourada. A não ser que o Minho tenha feito uma burrada muito grande, tipo te trair, aí eu admito; mas ele não seria capaz disso, então a ameaça ainda vale.


— Minho não fez nenhuma burrada, e o anel ainda tá no meu bolso. – digo. — Tenham paciência, vou contar o que rolou. Mas antes preciso comer algo, minha barriga tá chorando. – resmungo.


— Ai que saudades de alimentar meu monstrinho. – levanta ligeiramente sorridente. — Também estão com fome? – pergunta aos outros, que negam. — Ok. Como você tá sofrido, vou fazer o favor de buscar sua comida.


— Me traz água também, por favor. – peço. — A última vez que bebi água, foi ontem. – sou uma pessoa deveras hidratada, e a essa hora já teria bebido pelo menos 1,5L de água.


— Será que dá pra fazer um colar? 


— Quê?! 


— As pedrinhas do seu rim. Tô me perguntando se dá pra fazer um colar. – reviro os olhos.


— Vai se foder, Changbin. – acabo dando risada.


Espero que Seung vá buscar minha comida, enquanto isso, converso com Chang e Felix, tentando tirar minha atenção dos problemas, nem que seja pelo menos um pouco.


Mas é óbvio que eles não me deixariam fugir por muito tempo, e assim que o dono da casa retorna, começo a contar o que houve na madrugada. Eles me olham atentos, mas não consigo decifrar as expressões que carregam, o que me deixa apreensivo.


Mas tenho impressão de que vou levar bronca.


— E é isso, sabe? Vocês também não acham que é melhor ir embora? Isso evita mais sofrimento pra ele. – deixa de ser uma impressão, porque recebo um olhar de repreensão dos três. 


— Han Jisung, você tá doido da cabeça. Eu só não te dou porrada, porque a culpa disso tudo é total e inteiramente do teu pai. – Chang responde. — Não é melhor ir embora, óbvio que não. Isso é algo que vocês precisam enfrentar juntos, e Minho deixou claro que é isso que ele quer fazer. Seja sensato.


— JiJi, você sempre esteve ao lado do Lee Know, em todas as merdas possíveis; pelo amor de Deus, deixe que ele faça o mesmo por ti. – é a vez de Felix me contrariar. — Vocês precisam um do outro, vocês querem um ao outro. Deixa ele cuidar de você, deixe que ele te abrace e diga que tudo vai ficar bem.


— Vocês não podem fazer isso? – indago, tentando argumentar.


— Podemos, e vamos. – Chang afirma. — Mas você não só precisa, como quer que Minho também faça. Ele é o seu abrigo, seu apoio, seu maior ponto de paz; não perca isso por tomar decisões precipitadas, Sung. – aconselha. — Jisung, vocês passaram por cima dos pais do Lee e daquele verme nojento, e eles são três das pessoas mais poderosas da região. Eles têm o poder de infernizar a vida de vocês pra sempre, usando só a manipulação e o dinheiro, e mesmo assim, vocês enfrentaram isso juntos.


— Mas dessa vez é diferente, Chang. – rebato. — Eu não posso me impor contra meu pai, entende? Ele não sabe sobre… – suspiro. — Não consigo continuar com o Lee, sabendo que vamos enfrentar essa situação pelo resto da vida, sem que eu nunca tenha coragem pra mudar isso. – conto. — Não quero sugar as energias do Minho, o amo demais pra fazer esse tipo de coisa. Dessa vez, eu tenho de enfrentar essa merda sozinho, porque ele não merece ficar no meio desse caos.


— Parou! Não tem como saber se você nunca terá coragem, Jisung. Você enfrentou pessoas que literalmente podem te fazer sumir do mapa, e sem medo das consequências, tudo isso porque quer o Minho junto de ti. – Lix pontua. — Sim, é um assunto muito delicado, porque se trata do seu pai, alguém que você ama muito, mas vocês vão dar um jeito de lidar com isso, vocês sempre dão. – suspiro. — Sei que não tenho muita propriedade pra falar sobre isso, mas apesar de tudo, tenho consciência do quanto é difícil estar no armário. Só que se você escolher ficar sozinho, as coisas vão se tornar ainda piores.


— Não tô sozinho, tenho vocês. – bato na mesma tecla. 


— Mas nós não somos o Lee, porra! – Chang se exalta. — Óbvio que você se sente melhor com o nosso apoio, mas se não tiver o dele, sempre vai sentir que tem algo errado. Deixa de ser cabeça dura.


— Sungie, meu amor. – Yong se aproxima, ajoelhando para ficar na minha altura. — Não estamos dizendo pra você se assumir, porque isso vai acontecer quando tiver que acontecer. Essa situação não foi causada por sua culpa, mas se decidir ir embora, as coisas vão mudar de figura. – diz carinhoso. — Não torne isso pior, permita que Minho te ajude, que ele continue sendo seu porto seguro, assim como você é o dele. – olha no fundo de meus olhos. — Ele foi compreensivo desde que descobriu sobre seu pai, e isso não mudou. Lee dormiu no chão porque não queria te deixar sozinho, e só quer que você entenda que além de querer te ajudar, ele precisa de você na vida dele. 


— Você é a luz do Minho, Jisung. – Chang acrescenta, também se aproximando. — Ir embora vai prejudicar ambos, e você sabe disso. Para de insistir nessa ideia, porque você tá de cabeça quente, e ninguém consegue tomar decisões sensatas nesse estado. – argumenta. — Sempre estaremos aqui pra te defender do seu pai, e ir contra tudo de absurdo que ele prega. Seremos seu apoio até o fim da vida, porque te amamos e queremos te ver bem.


— E é exatamente por isso que estamos te falando essas coisas. – o loiro complementa. — Queremos te ver bem, e essa decisão ocasiona exatamente o contrário. Você tá claramente exausto em todos os sentidos possíveis, e fora a situação com seu pai, decidir se afastar do Lee é a causa desse estado. – joga na minha cara. — Essa decisão te machuca, mas ela não precisa ser tomada, porque não é o mais sensato a se fazer. 


— O mais sensato é você voltar pros braços do seu namorado, e deixar que ele te proteja de tudo e de todos. – opina. — Lee Know odeia te ver nessa situação, mas odeia ainda mais, não ser permitido a te ajudar a passar por ela. 


Porra, Chang! Essa doeu.


— Não estamos te culpando, ok? Sabemos das suas inseguranças e ninguém pode te julgar por ter esses pensamentos. – diz, mesmo que eu já soubesse. — Mas como seus amigos, estamos dizendo que não vale a pena largar o amor da sua vida por conta de algo assim. Você tem o apoio de muitas pessoas, e seu pai é apenas um só; pra cada besteira que ele diz, existe uma pessoa disposta a perder a voz pra fazer você se sentir melhor. – sorri fraco. — Confie não só nele, mas em você mesmo, meu amor. Tudo isso vai passar em alguma hora, mas até lá, você precisa confiar que vai passar por isso de cabeça erguida, porque é uma pessoa corajosa.


— Essa decisão deve ser tomada por você, mas se não analisar todos os fatores que devem ser levados em consideração, e as consequências que isso terá sobre todos os envolvidos, será uma atitude completamente estúpida. – Bin adverte. — Lá no fundo, você sabe o que tem de fazer, só precisa se acalmar pra conseguir enxergar.


— Em todo caso, estaremos aqui, não importa o que acontecer. Não concordamos com você indo embora, mas se essa for sua palavra final, seremos compreensivos e vamos te apoiar, apesar de todos os xingamentos que vamos dirigir a sua pessoa. – rimos. — Descansa, cuida de você, e pensa bem sobre tudo isso. E se precisar de juízo, corre pros nossos colos, eles sempre estarão disponíveis pra você.


— Realmente. É até mais fácil de te dar uns cascudos. – faço uma careta para Chang. — Felix tem razão, meu bem. Somos seus amigos e sempre pode contar com a gente; só não nos obrigue a te dar um choque de realidade, hein?


— "Será uma atitude completamente estúpida". – repito sua fala. — Pra ser honesto, acho que já começaram o trabalho. – faço graça. — Enfim, obrigado gente, eu precisava mesmo de vocês. – sou sincero. — Ainda acho que tô sendo sensato, mas vou pensar sobre tudo o que disseram, prometo. 


Realmente vou me machucar, mas prefiro isso a machucar o Minho. Talvez eu até volte pra minha cidade natal, pra não impedir que os meninos continuem saindo juntos. Afinal, se a decisão for minha, eles não merecem pagar o pato.


— Tenho esperanças que mude de ideia. – Felix beija minha mão, e volta a se levantar. 


— Até porque, o Seung ainda não se pronunciou. Quando isso acontecer, as chances do Jisung cair na real, serão bem maiores. – somos obrigados a concordar.


Bin também se levanta, me dando um beijo na testa e bagunçando meu cabelo. Penso que terei um tempo para refletir sobre o que disseram, mas Seung que ficou quieto até então, se pronuncia.


— Terminaram a terapia? – assentimos. — Ótimo! – volta sua atenção diretamente para mim. — Eu, você, meu quarto, agora. – usa o tom mandão que me faz tremer.


Hyunjin e Jeongin devem sofrer… Ou não.


— Se eu não voltar em 5 minutos, podem decretar minha morte. – falo com os dois, me levantando do sofá. 


— Deus lhe ajude. – dizem ao mesmo tempo, me fazendo soltar um "amém" antes de rir de nervoso.


Seungmin sobe a escada, seguido por mim. Minha cabeça começa a pensar nos diversos tipos de reação que ele pode ter, e já antecipo meu sofrimento pelas broncas que vou levar. Porém, sei que faz essas coisas pensando no que é melhor para mim, então não me atrevo a reclamar; até porque na maioria das vezes, suas repreensões resultam em uma decisão mais sensata do que a que eu tomaria inicialmente.


Dessa vez não sinto que vá funcionar, mas vou deixá-lo fazer seu trabalho.


— Senta na cama. – ordena.


— Que isso? Nem um jantarzinho primeiro? – faço piada. — Eu ainda sou comprometido, isso é indevido, ok? – percebo que prende a risada.


— "Ainda" o caralho, você não se descompromete mais. – diz sério. — Agora. Senta. – repete entredentes.


— Sim, senhor. – bato continência e faço o que pediu. — O que você quer de mim, Seungmo?


— Chang e Felix já fizeram quase todo o trabalho, então vou direto ao ponto. – é objetivo. — Você se sentiu bem em ter vindo pra cá e contar essa história pra gente? Se sentiu aliviado?


— Mas que pergunta é essa? Claro que minha resposta é sim.


— Mas não se sentiu em paz, né? Você adora conversar com a gente, mas o incômodo nunca saiu daí.


— Claro que não. Olha essa situação, como vou me sentir em paz?! 


— Realmente… – me encara com um olhar sugestivo. — Mas teve um momento em específico em que você se sentiu assim, não foi? Mesmo que por um breve período de tempo. – sugere, me fazendo arregalar os olhos. 


— Como você sabe disso, Seung?! – pergunto, me lembrando do beijo que Minho me deu antes da minha ida. — Você consegue me assustar, às vezes.


— Você mexeu nos seus anéis durante toda a história em que contou, menos numa hora especifica. – começa a explicar. — Quando falou sobre o beijo, conseguiu sossegar seus dedos. Só voltou a mexer neles quando essa parte do discurso acabou. Sem contar que sorriu sutilmente, mesmo que não tenha notado.


— Que?! – me dou conta de que isso realmente aconteceu.


— Quando falou sobre aquilo, pareceu tranquilo, e reviver aquele momento fez o seu desespero diminuir, ao ponto de ocasionar uma breve interrupção no seu tique nervoso. – continua. — Nós somos sua rede de apoio, mas nesse contexto, só uma pessoa consegue te dar a paz necessária pra aguentar essa situação, e essa pessoa é Lee Min Ho.


— Seung, acho que você tá indo longe demais… – falo baixo.


— Jisung, vocês são o equilíbrio um do outro. Mesmo com as mentes completamente turbulentas, ainda conseguem tranquilizar um ao outro com um simples ato. – ignora minha fala. — Você pode escolher entre enfrentar essa situação com a certeza de sempre terá paz em algum momento do dia, porque sabe que Minho nunca vai sair do seu lado. – levanta o indicador, começando uma contagem com os dedos. — Ou com a consciência de que sempre terá nosso apoio, mas nunca vai se sentir inteiramente tranquilo com essa história, porque algo sempre vai parecer fora do lugar.


Diz tudo olhando no fundo dos meus olhos, querendo ter certeza que estou atento a suas palavras.


— Você não quer ir embora, e Minho quer que você fique. Sei do histórico que tem com seu pai, e é mesmo difícil aguentar essa situação até que se sinta pronto pra expor quem você é. Só que existe a opção de tornar isso mais fácil, permanecendo ao lado da pessoa que mais tem vontade de te proteger, principalmente num momento como esse. – pontua. — Não digo que ele vai fazer tudo se resolver num passe de mágica e retirar todas as suas dores, porque apesar de ser isso o que ele quer, é algo impossível. Mas te garanto que Minho não vai te abandonar durante todo o desenrolar dessas questões mal resolvidas, e é por isso que vale a pena ficar.


— Se- – tento rebater.


— Você se sente seguro ao lado de Minho, tanto quanto ele se sente ao seu? – abro a boca para responder, porque não preciso pensar para saber que é uma resposta positiva. — Não precisa me responder, só quero que reflita sobre algo.


— O quê?


— Se a resposta for "sim", não abra mão do amor da sua vida, permita que ele lute ao seu lado, e te ajude a levantar quando você cair. Faça-o reconhecer que ele significa pra ti, o mesmo que você significa pra ele. – responde. — Mas se for "não", tenho péssimas notícias: você nem deveria ter dado início ao relacionamento. Porque Lee nunca deixou de demonstrar o quanto te ama e se importa, e se isso não é o suficiente pra ganhar sua confiança… – deixa no ar, para que eu assuma o restante da frase por mim mesmo.


— É óbvio que a resposta é sim. – suspiro.


— Então você já sabe o que fazer. – conclui. — Não precisa fazer nada agora, porque nem é a melhor hora pra isso, você precisa descansar a mente. Só não fique quieto enquanto assiste um caos causado por terceiros, separar vocês dois, porque o Jisung que conheço nunca deixaria isso acontecer. – seu tom é calmo, mas tem algo que me faz sentir intimidado. — Você é foda, corajoso, inteligente, forte, resiliente, e leal em diversos níveis. Nós reconhecemos isso, Minho principalmente, por isso faz tanta questão de lutar por ti.


— Eu sei o que ele pensa, só acho que não sou digno desses pensamentos. – admito.


— Você é muito mais que digno, e sempre encontra uma nova maneira de demonstrar isso. – replica. — Não vale a pena perder uma pessoa que tanto te admira, por conta de outra que só te coloca pra baixo. Pense sobre isso, hyung. – pede. — Joga na cara da autossabotagem que você sabe o quanto é merecedor de estar com alguém incrível como o Minho, porque é tão incrível quanto.


— Há controvérsias. – resmungo. — AI! – reclamo, quando se aproxima e me dá um cascudo.


— Você nunca foi de se diminuir, então parou com essa palhaçada! – repreende. — Já quebrei muito a cara, e isso me levou a escolher muito bem minhas amizades. Se eu não tivesse a certeza do quão maravilhoso você é e do quanto faz bem às pessoas ao seu redor, nós não seríamos amigos. 


— Melhores amigos.


— Exatamente. Eu sou seu melhor amigo, você não acredita em mim? 


— Claro que acredito.


— Então confie quando digo que você merece o mundo, mas o mundo não merece você. – insiste. — Mas tem uma pessoa incrível que mora no bairro vizinho, e ela sim te merece, e tá sofrendo com sua ausência.


— Não sei se vou mudar de ideia, Seungmo. – confesso.


— Não pense sobre isso agora, ok? Vamos lá pra baixo, passar um tempo com aqueles doidos. Se distrai, assiste um filme, acaba com minhas compras do mês; e só tome uma decisão quando se sentir pronto pra isso. – aconselha. — Vamos te ajudar nisso, eu prometo.


— Obrigado, meu bem! Não sei o que faria sem vocês.


— Estaria perdido. – reviro os olhos. — Eu te amo mais do que posso explicar, Jico, e te conheço melhor que ninguém. – realmente, nem Lino passa por cima dessa. — Por isso sei que se for embora, vai se arrepender pelo resto da vida.


Mas é melhor me arrepender por perder o amor da minha vida do que por esgotar sua saúde mental, sabendo que poderia ter evitado.


Porém, eles têm razão, não preciso pensar nisso agora.


— E se quer mais um conselho: coloca o anel de volta. – diz. — Tenho certeza que vai se sentir melhor. – me dá um beijinho na ponta do nariz. — Vamos te esperar lá embaixo, ok? Garanto que tudo vai ficar bem, mas estaremos com você enquanto as coisas não melhorarem.


— Isso basta. – sorrio.


— Por enquanto. – rebate, antes de descer.


Fico sentado em sua cama, sem pensar em nada específico. Decido pegar o anel em meu bolso, e fico com o acessório entre meus dedos por uns bons minutos, pensando se realmente devo colocá-lo de volta.


Puxo o ar com força, e guardo a pecinha redonda novamente, sem coragem de voltar a usá-la. Simplesmente ainda não consigo enxergar um cenário em que eu não seja culpado pelo o que está acontecendo, e isso me impede de usar algo que me faz sentir alguém tão importante na vida de Minho.


///
Minho


Estou jogado no sofá, passando gelo em meu pescoço, e ouvindo a playlist mais triste que consegui encontrar. Depois do que houve, nem tive ânimo para ligar meu celular, então só estou existindo, num momento em que deveria estar comemorando o retorno da minha carreira.


Apesar de estar bem triste, não encontro a maneira certa de sentir isso, então liguei o modo automático. Agora estou apenas esperando que alguma dessas músicas me dêem o gatilho para finalmente expressar o que estou sentindo, porque estou me sentindo estranho ao estar aproveitando o fundo do poço de maneira tão displicente.


— As duas meninas superpoderosas e o professor Utônio chegaram! – ouço a voz de I.N, seguido da porta sendo aberta.


— Eu sou quem mesmo? – Hyun indaga.


— Docinho. Eu sou a Lindinha, e o Minho é a Florzinha. – a gente estabeleceu isso na época de escola, e continuamos com essa história até hoje. — O Bang é obviamente o professor, porque os dois são velhos igual. – dou risada ao notar que pararam no meio da porta para discutir o assunto.


— Vai tomar no cu, I.N. – Bang revira os olhos. 


— Deixa que eu resolvo isso. – Hyunjin responde, fazendo os dois arregalarem os olhos. — Você cuida do Minho, e a gente vai pro quarto. 


— Que patifaria é essa na minha casa?! – tento gritar mas minha garganta impede.


— Realmente, é melhor mudar de assunto. – Chan é o primeiro a vir até mim. — O que aconteceu, meu amor? 


— Também tô querendo saber. – Hyun se aproxima. — Fiquei triste só de olhar pra você. – acabo por dar risada.


— Amo o jeito que você consola, hyung. – I.N é o último a se juntar.


— Suspeito… – digo, ao ver as sacolas cheias de besteiras. — Por que vocês estão aqui, aparentemente sabendo que algo aconteceu? 


— Jisung me ligou, dizendo que você precisa da gente. Ele parecia triste e preocupado, o que também me preocupou. – Bang conta. 


Ele ligou pro Bang porque não queria me deixar sozinho… Jisung ainda se importa, isso é um bom sinal!


— Houve algo entre vocês, certo? 


Não respondo, apenas alterno minha atenção entre os três. Por meu olhar, eles já têm a confirmação do que queriam saber; aproveito para abandonar a bolsa de gelo.


— 'Ô hyung. – Innie senta na pontinha do sofá, fazendo carinho em minha bochecha. — A gente tá aqui, ok? Vamos resolver o que quer que seja o problema. – diz de maneira manhosa. Me dou conta de que a presença dos três melhorou meu humor, mesmo que minimamente.


— O que aquele salafrário fez?! – Hyun já está prestes a se irritar. — Eu gosto do Jisunga, mas não o suficiente pra ficar quieto enquanto ele te magoa. Vamos lá, abre o bico. 


— Cala a boca, Hyunjin! – Bang o repreende. — Ele vai nos contar, não precisa se desesperar desse jeito; agir dessa maneira não vai ajudar em nada.


— Tem razão, foi mal. – entorta a boca, mas estaria mentindo se dissesse que não gosto desse ponto de sua personalidade. — Mas já que me obrigaram a vir aqui, pelo menos abra o sofá! – diz o que já estava em minha cabeça.


Levantamos do móvel e eu abro-o, liberando um espaço suficiente para que nós quatro possamos nos sentar com as pernas estiradas. Aproveitando que estou de pé, abro a porta para os meus gatinhos correrem livres pela casa, e assim como eu, eles parecem desanimados. 


Estalo a língua diversas vezes em sequência na direção do canarinho, a fim de mostrar que estou ciente de sua existência. Ele retribui com um breve canto, mas logo volta a se balançar. 


Logo volto para a sala, e vejo os três já sentados no sofá, conversando provavelmente sobre mim – e Jisung. Me aproximo e logo me atiro no colo de todos eles, fazendo-os soltar um gritinho de susto.


— Ei folgado! A casa é tua mas o colo é meu. – Hyun resmunga. — Você tá pesado, sabia? Vai acabar quebrando minhas pernas. – dou risada.


— Só porque eu parei de fazer caminhada e andar de bicicleta? – retruco. — Isso é maldade sabia? Tô me sentindo mal agora. – faço drama.


— O que é isso, gatinho. – rebate. — Um gostoso desses se sentindo mal? Até parece. – zomba e eu reviro os olhos. 


— Ok, a gente pode tirar essa música? Tô sofrendo aqui, tá legal? Isso porque meu relacionamento nem tá ruim. – I.N se queixa.


— Eu tava curtindo minha fossa, ok? Não sei como esperavam que eu fosse ficar dançando todo pirilampo por aí. – fico irritado por zero motivos. 


Me levanto dali e pego o controle, desligando a televisão. Então me sento na primeira posição do sofá, ficando ao lado de Bangchan, seguido por Hyunjin e Jeongin; pego a sacola que está entre Chris e Hyun, vasculhando dentro da mesma. 


Se meu humor já estava instável, as coisas pioram quando me deparo com um doce específico.


— Enfia a porra do pirulito de maçã verde num lugar aonde o sol não bate. – resmungo enfezado, jogando-os bruscamente para Hyunjin, que no momento é o mais distante de mim.


— Ih… – I.N me observa atento. — É o seu favorito, então realmente tem algo errado.


— Oh, não me diga. – sou irônico. — Tortinhas de chocolate! – me animo. — Vocês são os melhores. – sorrio. — Toma, peguem de volta. – digo após pegar metade dos doces. 


— Só não vou falar nada, porque a gente comprou justamente pra você. – Hyunjin cerra os olhos em minha direção mas logo dá um sorriso fraco.


— Desculpa pela confusão do tratamento que tô dando a vocês; eu ainda tô meio tantan das ideias. – peço, desembalando meu precioso chocolate de café. — E o rolê do pirulito, bom… – suspiro. — No único momento que me lembro do dia em que conheci o Jisung, eu estava com um pirulito de maçã verde; aí agora lembrei dele e fiquei irritado. – justifico.


Não que eu esteja irritado com o Jisung, apenas com a situação.


— O que aconteceu entre vocês? – Bang pergunta preocupado. — Digo, nem um caminhão de pastilha de menta resolveria o estado da sua voz. E é óbvio que você chorou até não poder mais.


Respiro extremamente fundo, e começo a contar o que houve, desde a ligação do meu estimado sogro. Digo tudo sem animação, nem ao menos tendo forças para chorar novamente; meus amigos me escutam com atenção e parecem estar formulando conselhos, consolos – e até ofensas – para soltarem quando eu terminar meu discurso.


Enquanto o faço, vou acabando com os doces que peguei, até que sobra apenas diversas balas, mas já estou enjoado para consumí-las.


— …é isso, sabe? – estou no fim da minha fala. — Não o culpo pela reação que teve, pois sei que Jaein consegue mexer com sua cabeça num nível inexplicável. – conto. — Mas sei lá, tenho medo de realmente acabar indo embora, porque nesse ponto, já achei que ele confiava em mim a ponto de saber que sempre vou apoiá-lo.


Não é um modo egoísta de se pensar… Certo? Nunca passei por uma situação dessas e não sei mesmo o que fazer, pensar ou sentir.


— Por que eu tenho de ter amigos com pais babacas, Deus? – Hyun choraminga, olhando para cima. — Eu tento, sabe? Mas eles não colaboram; quando não são controladores de merda, é um cuzão homofóbico. – fico aliviado por não estar culpando Han. 


— Ele afirmou mesmo que iria embora? – Chan pergunta.


— Disse que iríamos conversar sobre, quando voltasse da casa do Seung, mas parece decidido a isso. – digo frustrado. — Gente, eu realmente não quero que ele vá embora. Porra! A gente mora junto, temos três animaizinhos pra criar! A gente já sabe o nome do nosso futuro filho! Ele não pode ir embora assim. 


O que eu diria pra minha vó e pro Hoon, quando eles vierem nos visitar? "Sinto muito, mas Jisung saiu da nossa vida"? Me recuso a pronunciar essas palavras.


— Meu amor, tenho certeza que ele tá só se precipitando; pelo o que você disse, as coisas aconteceram muito rápido, então a cabeça dele deve estar cheia. Foi uma decisão tomada no calor do momento, com certeza ele vai pensar melhor depois. – deito minha cabeça no ombro de Chan e enquanto me consola, faz carinho no meu cabelo, me deixando um pouco mais animadinho. — Além do mais, os meninos vão colocar um pouco de juízo na cabeça dele. 


— Não sei, ele parece irredutível, hyung. – estou bem inseguro. — Essa situação mexeu com ele, e isso tá interferindo pra caralho no seu julgamento. 


— Não. 


— Ué, o que foi Hwang? 


— Ele não vai embora, não vou deixar. – responde. — A gente tá sempre aqui por você, Min, mas não substituimos sua alma gêmea; podemos ser as estrelas da sua vida, mas você tem apenas um sol, que é o Jisung. 


É a primeira vez que vejo Hyunjin falar assim sobre nós. Na maioria das vezes, ele disfarça sua admiração com piadinhas, e mesmo quando fala algo fofo, não é de uma forma tão direta assim.


— Vocês pertencem um ao outro, e não chegaram tão longe pra tudo acabar assim. – continua. — Os Minsung são um exemplo de relacionamento pra diversas pessoas, antes mesmo de assumirem o namoro; e quando finalmente explanaram, as coisas tornaram proporções ainda maiores. – está exasperado. — Ambos passaram por diversas coisas, mas estão aqui, porque são fortes; e se já são fortes individualmente, imagina juntos.


— Eu nunca vi o Hwang falar assim, o que tá acontecendo? – sussuro para Chan, que só ri.


— Se ele não mudar de ideia voluntariamente, pode deixar que eu sequestro o menino pra você; é só me dizer aonde fica o porão. – volta ao jeito Hyunjin de ser. — Se alguém desconfiar de algo, pode deixar que assumo a culpa; mas eu realmente me recuso a deixar o Jisung ir embora da sua vida. Ele te faz bem pra caralho, e vice-versa; a vida de todo mundo vai desandar se vocês se separarem. – exagera.


— Hyunjin, sossega. – rio fraco. — Te amo por estar disposto a cometer um crime por nós, mas ninguém pode forçá-lo a ficar. – suspiro. — Talvez nem o meu amor seja o suficiente pra isso. – entorto a boca.


— É sim, parou com isso! – Bang repreende. — Você é mais que o suficiente pra ele, e ele indo embora, se for mesmo, não muda isso. Não se menospreze, ok? Nada disso é culpa tua, nem dele na verdade; talvez seja só o universo querendo provar mais uma vez que nada separa vocês. – intensifica o carinho, me deixando confortável.


— Como não? Me sinto bem separado agora.


— Mas não é definitivo, oras. – replica. — É o seguinte, você tem o direito de curtir a fossa da situação atual, mas te proíbo de sofrer antecipadamente por possíveis consequências!


— Queria que você pudesse mesmo me impedir de fazer isso. – digo frustrado.


— Eu sei, eu também, Min. – apoia sua bochecha no topo de minha cabeça. — Não posso mudar o jeito que sua mente funciona nesse sentido, mas o faria se tivesse a oportunidade; odeio te ver desse jeito e não poder fazer nada. 


— Mesmo assim, eu te amo. Você sempre faz com que eu me sinta protegido, e sei que faz o possível e impossível pra me ver bem. Digo, não só a mim, a todos nós. – sorrio.


— Vocês são minhas crianças, óbvio que agiria dessa forma. – sei que está sorrindo também. — Amo vocês, sabem disso, certo?


— Claro que sabemos, papai Chan. – I.N entra na conversa. — Também amamos você.


— Não acredito no amor de ninguém, até que me depositem ₩10800,00*. – Hyun faz graça, e nós reviramos os olhos em conjunto.


(n/a: equivalente a R$50,00.)


— Ok. – I.N se levanta. — Vamos nos distrair um pouco, porque precisamos melhorar o humor do Min. Se focarmos apenas nisso, eu sei o que vai acontecer com ele, e me recuso a ver meu melhor amigo daquele jeito de novo. – pega meu celular que não saiu da mesa de centro até então. — Toma! – joga-o para mim. — Seus fãs estão empenhados em te dar stream, vai agradecer e interagir com eles, isso vai te animar um pouquinho. 


Penso que ele tem razão, então decido ligar meu celular. Logo vejo Yang dar a volta no sofá, ficando atrás de mim e se aproximando de meu ouvido.


— Vai ficar tudo bem, eu prometo. – me dá um beijo na bochecha. — E não se preocupa, Han pediu pro Seung avisar que ele chegou bem; nada aconteceu no caminho.


Ele não quis falar comigo… Jisung disse que me mandaria mensagem, mas preferiu por intermédio dos nossos amigos… Bom, pelo menos sei que está bem, isso já é o suficiente.


Pego meu celular e começo a olhar as notificações. Respondo as mensagens mais importantes, e em seguida começo a olhar minhas outras redes sociais, realmente conseguindo me animar com as opiniões sobre meu novo projeto; além de me encherem de elogios, estão dispostos a divulgar o máximo possível. Tento interagir com o maior número de pessoas que consigo.


Em dado momento, começo a me deparar com uma quantidade excessiva de referências ao Han. Começo a ficar desconfortável, porque esses comentários seriam ótimos se ele estivesse aqui ao meu lado, mas como não é o caso, só serve para me deixal mal.


Guardo meu celular novamente, deixando-o no silencioso, não querendo mexer nele pelo resto do dia. Meus amigos me vêem fazendo isso, e nem precisam perguntar para saber o motivo.


— Tudo bem, há outras formas de distrair esse homem. – I.N resmunga para si mesmo. — Amor, vai fazer pipoca. – se dirige ao Hwang. — Bang, você vai lá em cima pegar cobertas. – os dois vão fazer o que Yang pediu, sem questionarem nada. 


Ótimo! Eu comi tanto doce, que tô mesmo precisando de algo como pipoca. Na verdade, precisava de uma refeição decente, mas tratamos disso depois.


— E você, mocinho? Vai fazer o que? – pergunto.


— Colocar um dos seus desenhos favorito, e se preciso, a gente maratona todos os episódios. – está concentrado na TV.


Fico feliz em passar o dia com três das minhas pessoas favoritas, assistindo um desenho sobre um gatinho azul falante, e um peixinho laranja que criou pernas.


— E não pense que 'cê vai ficar parado, meu anjo. Vai pegar refri, e confirmar se Hyun não vai explodir a cozinha. 


— Ok, patrão. – dou uma risadinha, e faço o que pediu.


Depois de tudo pronto, e com todos juntos, Innie dá play no primeiro episódio, e começamos a assistir, vez ou outra comentando algo, rindo ou fazendo alguma gracinha – principalmente Hyun. Isso me mantém distraído e consideravelmente animado.


•••
— Posso entrar? – me assusto com a voz de I.N, que aparece na porta de meu quarto.


— Pode, oras. – ouço o barulho da porta e de alguns passos atrás de mim. — Você quer conversar, né? – assente.


— Tenho certeza que Jisung não quer ir embora, de verdade. – senta na ponta lateral da cama. — É estranho ser um terceiro assumindo algo tão individual, mas como amigo do casal e principalmente seu, me sinto no dever de expor o que penso sobre essa situação.


— Uh… Ok. – sua declaração me intriga.


— Mas primeiro, quero que diga o que tá te incomodando, fora essa situação no geral. – sabia que ele tinha percebido alguma coisa.


— Bom, sei que não adianta esconder algo de ti. – sento perto dele. — Não soube disso até a madrugada, mas existe a chance das minhas memórias daquele dia, serem recuperadas. – fica surpreso mas não me interrompe. — Acontece que eu não faço a mínima ideia se realmente quero lembrar de como conheci o Han, caso ele vá embora de vez. – finalmente digo o que está me incomodando desde que Han falou sobre sua possível partida.


— Não vou te dizer o que fazer, mas acho que vale a pena lembrar, mesmo se ele for. Querendo ou não, vocês têm uma história que começou há tempos, e você merece saber o início de tudo. – aconselha. — No momento, você quer recordar dessas coisas por você, mas principalmente pela relação que vocês têm. Caso ele decida se afastar, o "você" ainda vai restar, então é saudável que aproveite a chance de recuperar a memória. – pondero sobre suas palavras. — Mesmo com a situação atual, os momentos de quando vocês se conheceram, devem ser ótimas memórias. Não deixe que algo ruim te impeça de reviver algo tão lindo. 


— É, isso faz sentido. – repondo. — Vou pensar nisso, acho que você tem razão. – faz uma expressão surpresa. 


— Eu tenho o quê?! Essas palavras realmente sairam da sua boca, sem eu ter de fazer um discurso de 1000 anos? – reviro os olhos.


— Não é fácil admitir essas coisas, ok? Mas eu tô tentando mudar. – suspiro. — Mas não abusa da sorte, gatinho. – ele ri. — Agora me fala sobre o que queria dizer. – peço, curioso.


— Apesar de ser mais próximo de ti, também sou amigo do Sung, além de namorar o melhor amigo dele, que quando é permitido, fofoca com os namorados. Então tenho certa propriedade pra falar sobre. – começa a dizer. — Ele não quer ir embora tanto quanto você quer que ele fique, ninguém tira isso da minha cabeça. Pensa bem, hyung, nessas ocasiões, as atitudes do Han são tomadas a partir de quê?


— Hm… – reflito sobre sua pergunta por um tempo. — Meu estado mental… – digo baixo e um pouco arrastado.


— Exatamente! – exclama. — Sei que uma das suas maiores inseguranças nesse momento, é achar que o Ji não confia o suficiente em ti, e pensa que não o ajudaria a passar por isso, e essas ideias o fizeram decidir ir embora. – não posso negar que tem razão. — Isso é algo fácil de presumir, então não te culpo, afinal essa situação dá a entender que é isso mesmo que ele tá pensando.


Achei que estava sendo babaca por essa ideia ter passado pela minha cabeça. Fico feliz em saber que não.


— Mas quando essas situações acontecem, Han toma as decisões baseado em como isso afetaria sua saúde mental, e até física também. – ainda estou tentando entender aonde quer chegar. — Isso nem é algo tão saudável assim, porque ele deveria se priorizar um pouco mais, mas essa não é a questão. O que tô tentando dizer é: isso tem mais a ver contigo do que com ele.


Realmente, isso é a cara do Hannie.


— Ele confia muito em você, hyung, mas não acha que merece a sua ajuda, e que você acabaria esgotado se ele continuasse ao seu lado. – conclui. — Tô dizendo isso porque sei o quão receosos vocês são, quando se trata do espaço pessoal de cada um; receosos até demais. – joga na cara. — Mas comparado às discussões que vocês já tiveram, esse é um assunto bem mais delicado, ele até ti… Nada, confundi com outra coisa. – parece convincente, então não questiono.


— Ainda não tô entendendo. 


— Eu te conheço, Minho, e sei que vai deixar o Jico quieto com o Seung, com medo de soar invasivo. – acerta novamente. — Admiro esse cuidado e esse respeito, mas dessa vez, você vai precisar deixar isso um pouco de lado; óbvio que não tô falando pra perseguir o menino, mas acho que dessa vez você deveria insistir mais que o normal, saca?


— Não. 


— Não deixa a poeira abaixar, Minho, porque se isso acontecer, aí sim vocês perdem um ao outro. – agora começo a compreender. — Não apenas diga o quanto precisa dele ao seu lado, mas demonstra; se preciso, usa o tom autoritário que faz a gente tremer, inclusive ele. – acabo rindo fraco. — Ele gosta de fugir desse tipo de conversa, porque novamente, quer evitar te magoar com palavras ásperas que talvez ele diga. Mas não lhe deixe fugir dessa vez, Min, esclareça essa história o mais rápido possível, antes que Jaein coloque ainda mais minhocas na cabeça dele.


— Eu… Não sei o que dizer.


— Vocês estão distantes agora, porque precisam esfriar a cabeça, e isso é algo sensato. Só que se continuarem afastados por tempos, com o medo de invadirem o espaço pessoal um do outro, a distância vai deixar de ser momentânea. – suas palavras me atingem. — Não precisa dizer nada, só me prometa que assim que esfriar a cabeça, vai insistir no teu homem. – pede. — Vocês se amam tanto, que estão dispostos a largar um ao outro, se isso significar a felicidade do outro. Isso é admirável, mas não faz sentido.


— Mas… – suspiro, sem terminar a frase.


— Han não quer ir embora, e com a dose certa de insistência, você consegue fazê-lo enxergar isso. – é um bom ponto, mas I.N pode estar se equivocando; talvez ele queira ir mesmo.


— Não sei ainda, Innie, mas juro pela lua que vou pensar sobre tudo o que me disse. – digo com firmeza. 


— Vou apoiá-lo em qualquer decisão, desde que me prometa algo. 


— O quê?


— Existe a possibilidade de você deixar o Han ir embora, e apesar de achar uma atitude burra, respeitaria e apoiaria essa decisão. – não rebato, pois sei que realmente o faria. — Mas se isso acontecer, não te quero choramingando pelos cantos, ok? Parece que eu tô conversando com uma pessoa dopada, de tão catatônico que 'cê tá; isso porque nem é algo que foi realmente definido ainda. – pontua. — E me machuca mesmo te ver assim, hyung, chega a ser desesperador. Ainda mais por saber que isso provavelmente vai afetar sua saúde física.


Não duvido. Minha cabeça já está dando sinais de que vai começar a doer.


— Não posso tirar seu direito de tomar essa decisão, mas se o fizer, lide com as consequências como o Lee Min Ho, não como cacos fragmentados de sua personalidade. – não estou acostumado a levar bronca do I.N, alguém me ajuda. — No começo vai ser duro, e você sempre terá o apoio de diversas pessoas, principalmente o meu, mas não permito que a apatia se torne parte do seu cotidiano. Então me prometa que só vai deixá-lo ir, se tiver certeza que isso é o melhor pra você! 


— Eu… – demoro para continuar, pesando se realmente estou apto a fazer tal promessa. — Eu prometo. 


— Jura pela lua?


— Sim.


— Então tá ótimo. – sorri. — Tenho certeza que você saberá o que fazer quando chegar a hora certa. – segura em minha mão, fazendo carinho no dorso dela. — Até lá, você tem três criaturas que vão fazer o possível pra te distrair, criaturas estas que não se importam ceder um ombro pra chorar, por quanto tempo for preciso. – é a minha vez de sorrir.


— Isso é bom, eu realmente preciso de um ombro agora. – rio fraco.


— Quer o direito ou o esquerdo? – pergunta sorrindo.


Apenas deito em seu ombro – o direito, por sinal – e curto o carinho em minha mão. Ficamos em silêncio por um tempo, enquanto aproveito a companhia de I.N, feliz por tê-lo ao meu lado. Porém, logo voltamos para o andar inferior, a fim de retornarmos ao desenho animado.


•••
Já se passaram cinco dias desde que Jisung foi embora, e eu decidi escutar Yang, e agir pelo impulso que me deu de ir atrás do Jisung, a fim de tentar fazer com que volte para casa.


— Bom dia, senhor. – digo ao homem sentado na recepção da academia de boxe. 


— Senhor? – ri, voltando sua atenção a mim. — Acho que aparento ser mais velho do que pensava. – brinca e eu fico sem graça.


Que cara bonito, credo! Não sei se gosto da ideia do Jisung vindo aqui, ainda mais estando afastado de mim… Tá, essa não é a questão, se concentra homem.


— Não foi isso o que quis dizer, perdão; é só meu costume. – explico. 


— Relaxa, eu só estava brincando. – sorri. — Sou Changkyun, aliás. – dou um aperto em sua mão. 


— Minho. – me apresento. — Você trabalha aqui? 


— Sim, sou um dos treinadores. Só estamos no intervalo agora; digo, menos aquele cara que é capaz de estourar o saco de pancada. – fala a última parte consigo mesmo. — Quer se inscrever? Eu posso te ajudar. 


— Não, não. – rio sem graça. — Tô procurando uma pessoa. Jisung. – coço meus fios vermelhos recém pintados, quase tendo um treco por ter de interagir com um desconhecido.


— Ah sim! – exclama. — Ele é o cara de qual falei; ele tá parecendo uma máquina de dar soco, socorro. – conta. — É a primeira vez que o vejo aqui; parecia desesperado pra treinar, então deixei que o fizesse sem a inscrição.


— Posso interrompê-lo?


— Deve. – responde rapidamente. — É perigoso treinar sem controle, ele pode se machucar. – me preocupo. — Ele está lá há pouco tempo, mas a imprecisão de seus golpes pode ser prejudicial. Treinar com raiva é bom, mas "raiva" parece ser um termo fraco pra situação dele.


— Obrigado, com licença. – saio apressado.


Chego na área em que Jisung está treinando, e a visão a minha frente me faz engolir em seco.


Han está com sua regata cinza grudada em seu corpo, o que marca seu tórax; seus braços à mostra brilham, por conta da fina camada de suor presente em seu corpo. Volta e meia assopra para cima, querendo afastar os fios de cabelo que caem sobre sua testa; e enquanto golpeia o saco de pancadas, quase rosna de ódio. 


Eu não esperava que me sentiria desse jeito, vendo-o treinar. Mas puta merda, chega me deu calor! Eu seria facilmente manipulado pelo Jisung boxeador… As arfadas que ele solta de vez em quando, também não facilitam meu estado.


Não sei se me sinto atraído por coisas estranhas, ou se só sou muito sensível a esse homem. Se não fosse o nosso relacionamento meio abalado, eu com certeza le- Para, Minho! Vai fazer o que você tem de fazer.


Se bem que não queria interrompê-lo… Essa cena é muito preciosa pra ser brecada sem mais nem menos.


Apesar da dor no coração por não querer decepcionar meus olhos ao fazer Han parar de treinar, me aproximo de si, disposto a levá-lo de volta para casa.


— Oi gatinho. – digo sem pensar. Não deveria falar dessa forma, porque não é como se tudo estivesse normal.


— Minho? – interrompe seus movimentos. — O que está fazendo aqui? 


Sua respiração está ofegante, e ele umedece seus lábios por zero motivos, ato que me dá vontade de gritar. Não permito que esse homem faça isso comigo, quando só queria ajeitar as coisas entre nós.


— E-eu… – perco minhas estruturas. — Quero f- Falar com você. – quase falei besteira.


— Sobre? – ergue uma sobrancelha, e eu tenho vontade de lhe dar um soco.


— Você sabe sobre o que é, Jisung, não banca o sonso. – passo a olhar para a parede, assim não me desconcentro. — Vamos pra casa, por favor, só quero conversar. Se quiser, pode voltar pro Seung depois.


— Tô ocupado.


— O treinador disse que você tá treinando sem controle, e isso não é saudável. Então acho que já pode parar. – rebato.


— Como soube que eu estava aqui? – não me responde.


— Seung. Fui atrás de ti, e quando viu meu desespero quando pensei que você tinha voltado pra casa dos seus pais, acabou me dizendo que estava aqui. – explico. — Eu sinto sua falta, Hannie. Por favor, vamos tentar dar um jeito nisso.


— Minho, você não tinha uma hora melhor pra fazer isso? – foge da conversa. 


— Eu sei q-


— Opa, gatinho, é novo aqui? – um cara se aproxima de nós.


— Eu? – fico confuso.


— Você mesmo. – sorri ladino. — Eu sou aluno aqui; se quiser ajuda pra treinar, sou o cara certo. – pisca, chegando perto até demais. — O carinha aí chegou hoje, não sei se vai dar conta do recado. – faz carinho no meu braço, e eu sinto um arrepio desconfortável.


— E-e-eu… – travo.


— Se eu fosse você, iria embora.


Jisung se aproxima se mim. Lateralmente segurando minha cintura de maneira firme, e assumindo uma posição defensiva; só então, noto que já está sem as luvas.


— Não que seja da sua conta, mas eu sou único que dá conta do recado. Agora se não for pedir demais, tira a mão do meu namorado e vai caçar o que fazer, antes que eu "acidentalmente" te confunda com um dos sacos de pancadas. 


Me arrepio novamente, mas dessa vez é por entrar em pane ao ver Han desse jeito. Pelo amor de Deus, esse homem não faz bem pra minha sanidade, nem quando estamos estremecidos – no meu caso, em mais de uma maneira.


— O que é isso, cara? – pelo menos se afasta. — Pegou o bonde andando e já quer sentar na janelinha? 


— Eu vou é sentar minha mão na tua cara. – responde. — E eu não tô brincando. – seu tom é realmente ameaçador.


— Você tem sorte que não tô afim de ser expulso. – resmunga, logo saindo.


— Minha sorte é que você é um covarde. – Han diz mais para si mesmo. — Você tá bem? – pergunta para mim.


— Sim. – minha respiração já está um pouco descompassada. — Não! – exclamo, quando ameaça me soltar. — Eu gosto quando você fica pertinho de mim desse jeito, Hannie, não precisa soltar. – peço.


— Eu conheço esse seu tom… – parece desconfiado. — Isso é hora de pensar em sexo, Lee Min Ho? – me repreende. 


— Não, mas a culpa não é minha. Jisung boxeador é algo novo pra mim, e nem eu imaginava que causaria o que tá causando. – justifico. — Agora por favor, vamos comigo? Não quero mais ficar no mesmo lugar que aquele cara.


— Não sei… – responde. 


— Jisung, eu tô pedindo por favor. Já deu tempo de esfriarmos a cabeça, então vamos ter a porra de uma conversa decente. – insisto.


— Tá, beleza. – suspira em rendição. — Vou no banheiro antes, calma aí. 


— Vou com você. – dessa vez, nem é por segundas intenções, mas sim porque não quero cruzar com aquele babaca desnecessário.


Vamos ao banheiro da academia, e eu sou obrigado a ver Jisung tirando sua regata para torcê-la na pia, antes de jogar a peça por cima do ombro e jogar uma água no rosto, se abanando logo em seguida. Ele suspira diversas vezes, e um som que era para ser comum, é completamente distorcido aos meus ouvidos, o suficiente para me fazer sentir uma pontada na barriga.


Eu vou desmaiar, não é brincadeira. Cheguei num ponto onde se Han me bater, eu peço mais.


— Se controla, Minho. Aceitei ir com você, mas apenas na intenção de conversar.


Me encara através do espelho, mas algo em seu feitio me diz que minha reação teve consequências sobre si. Até porque, seus olhos mudaram quando soube o que vê-lo daquela forma causou em mim.


Se eu não tivesse tão empenhado em conversar, já teria me aproveitado da oportunidade.





Notas Finais


espero que tenham gostado, me desculpem por qualquer erro. por favor, não esqueçam de favoritar e comentar.



bye, c ü soon 💙


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