Han
— Obrigado mesmo, você salvou minha vida. – pela primeira vez desde que nos reencontramos, ele sorri amigavelmente para mim. Eu nunca vou me acostumar com o quão bonito é o sorriso desse filho da puta!
— Por na… – pauso a fala quando sinto seu abraço.
Isso foi totalmente inesperado, apenas fico parado, completamente em pânico e sem condições de retribuir o abraço.
— Hum… Ah… É… – ele soa confuso. — Desculpa, foi no impulso. Enfim, obrigado por isso, tô te devendo uma. – se afasta.
— Não precisa se desculpar. – respondo, ainda chocado e com os olhos arregalados. — Huh, eu vou embora agora, dá tchau pro Jeongin por mim.
Deixo o gatinho no sofá e saio da casa o mais rápido possível.
Ele me abraçou. Ele realmente me abraçou. O problema é: por que eu estou desse jeito? Foi apenas um abraço normal de um dono aliviado por seu bichinho estar bem, não é grande coisa. Mas por quê parece que eu não consigo respirar direito?
Pego meu celular e ligo para Seungmin, eu estou meio confuso no momento e ele pode me distrair.
— Hey, Seung! Pode dormir na minha casa hoje? – pergunto assim que ele atende.
— Claro! Quando sair do trabalho, vou passar em casa pra buscar algumas coisas e vou direto pro seu apartamento.
— Ok, obrigado. Até mais tarde. – quase desligo o telefone, mas ele me chama.
— Hey, como foram as coisas com o Lee?
— Eu nem fui na casa dele. – solto uma risadinha nervosa. — Depois a gente fala sobre isso, ok. Vai trabalhar, homem. – dou risada.
— Eu vou porque eu preciso, não porque você mandou. – ri junto comigo. — Até mais tarde.
Ele desliga o telefone e eu guardo meu celular no bolso novamente. Então volto para o meu apartamento e fico jogado no sofá, pensando em várias coisas até meu amigo chegar.
•••
— Ei, bela adormecida! Acorda. – Seungmin fala, me balançando.
— Hum, oi. – digo meio perdido e coçando os olhos.
— Eu não vim dormir na sua casa pra você ficar dormindo. – tira o cobertor de cima de mim.
— Ei, tá frio. – reclamo, falando meio arrastado.
— Dane-se, levanta, vai! – me balança mais ainda.
Depois de muita insistência, acabo levantando. Faço minha higiene matinal e espero Seungmin fazer a dele; encho duas tigelas com cereal de canela e leite, entrego uma das tigelas para o meu amigo e pego a minha, logo sentando no sofá para comer.
— E então, vai me contar o porquê? – olha para mim e solta um risinho.
— Porquê o que? – o olho confuso, então ele levanta sua mão e começa uma contagem.
— Primeiro: você nunca me chama pra vir aqui, sempre é você que vai na minha casa. Segundo: eu percebi que você tá sorrindo em momentos completamente aleatórios, mesmo quando não tá acontecendo nada. Terceiro: às vezes eu falo contigo e você não me responde, porque tá distante demais, viajando em algum pensamento. Quarto: você me deu uma tigela de cereal de canela, normalmente você me dá o de chocolate porque o de canela é seu favorito e você não gosta de dividir. Ou seja, obviamente você tá feliz e ao mesmo tempo incomodado com alguma coisa.
— Ah… – murmuro, sem saber o que falar. Ele realmente me conhece.
— Claro que eu te conheço, você tá em Kyata há quase um ano e a gente se conhece desde o dia em que você chegou aqui. É muito tempo de amizade. – ele diz como se tivesse lido meus pensamentos.
— Se é assim, em que número eu tô pensando agora? – dou risada.
— Não muda de assunto, Jisung. – diz num tom meio autoritário. — E é 6, aliás. – como ele acertou?
— Ah, ok. – suspiro e me ajeito no sofá. — Eu realmente não fui na casa do Lee ontem, só na do Jeongin.
— Tá, e aí? – ele me olha curioso.
— O Minho foi pra lá. – respondo um pouco baixo, mas acho que ele entendeu.
— O que?! É por isso que você tá felizinho? – fala um pouco mais alto, totalmente empolgado.
— Não, ué. Quer dizer, sim, talvez. – me atrapalho. — Hum… o gato dele tá meio doente e ele tava desesperado, você sabe que eu tenho um pouco de conhecimento veterinário, então eu ajudei.
— Caralho! E então, ele te perdoou?
— Não, acho que não. – dou de ombros. — Mas ele me deu um abraço.
— Meu Deus! Caramba! Você tem noção de que isso é um progresso do caralho?! – fala com a voz mais aguda, por estar animado.
— Não viaja, Seung. Isso provavelmente não vai acontecer nunca mais, ele só tava animado por causa do gatinho. – rio de sua animação.
— Vai acontecer sim, ué. – ele resmunga. — Se não acontecer, eu não me chamo Kim Seung Min. – dá um sorriso ladino.
— Eu tenho medo de você.
— Você tem é que me agradecer, sem mim você estaria perdido. – diz convencido. — Vai, bate aqui. – pede animado, estendendo a mão.
Faço o mesmo que ele e nós damos um high five. A gente conversa mais um pouco, mas logo ele começa a se arrumar para ir trabalhar, enquanto eu me arrumo para ir procurar um emprego.
///
Minho
— Bom dia, posso ajudar? – pergunto ainda de cabeça baixa, quando percebo que alguém chegou perto do balcão.
— Hum… bom dia! A Hyeri tá aqui hoje? – de imediato reconheço a voz.
— Na verdade, não. Normalmente sou eu quem fica aqui, ela e o marido aparecem pra checar as coisas, quando eu tô de folga, ou quando não posso vir. – com muito esforço, mantenho minha postura profissional.
— Ah, como aquele dia, certo?
— Sim. – penso por alguns minutos. — Hum… o que você precisa? A Hyeri não tá mas posso te ajudar.
— Huh, eu queria falar com ela sobre esse livro. – mostra o livro azul com detalhes preto. I promise… É meio estranho ele estar lendo justo esse.
— Então, você finalmente conseguiu pegar um livro, hein? Acho que eu quem te dava azar. – digo, sem olhar para ele.
— Como assim? – ele parece meio nervoso e confuso.
— Eu vi você todas as quatro vezes em que veio aqui. – batuco meus dedos no balcão. — Também percebia você me observando, você tá planejando me matar ou algo do tipo? – ele dá uma risada nervosa.
— Sim, quer dizer, não. – se desespera. — Hum… eu não costumo ler, então sempre ficava indeciso sobre qual livro escolher, então Hyeri me ajudou.
— Sabe o que é mais irônico? Aquele dia eu fui na casa do Jeongin pra fugir de você. – agora é minha vez de rir de nervosismo. — O Llama doente ajudou no pretexto, mas na verdade, eu só não queria encarar você. – levo minha mão até o pescoço, coçando aquela região.
— Desculpa, eu não queria fazer você se sentir desconfortável. – diz baixinho, sem me encarar.
— Semana que vem a Hyeri tá aqui, acho que na quarta, mas não tenho certeza. Qualquer coisa, eu falo com o Jeongin e ele pede pro Seungmin te avisar. – mudo de assunto.
— Ou você pode me passar seu número e me avisar diretamente. – diz, mas parece arrependido imediatamente. — Desculpa de novo, não tenho o direito de pedir isso.
Eu respiro fundo e volto a batucar meus dedos no balcão, pesando um pouco.
— É o seguinte. – digo sério. — Eu não gosto de você e não entendo o motivo de você estar sendo tão gentil comigo, mas se nossos amigos estão ficando próximos, significa que nós vamos nos encontrar com mais frequência.
Enquanto eu falo, ele parece estar a ponto de ter um colapso, eu realmente queria saber o que está passando na cabeça dele.
— Eu não quero ser seu amigo, mas posso tentar agir civilizadamente com você. Só deixo avisado que nós vamos ter o mínimo de interação possível. – continuo sério.
— A-ah, é… o-obrigado? – ele se enrola. — I-isso s-significa muito pra m-mim. – dá um sorrisinho tímido.
— Vou pedir pro Seungmin te passar meu número, aí te aviso sobre os horários da Hyeri. – ignoro sua reação.
— Não! – se exalta e algumas pessoas da biblioteca olham para nós. — Opa, desculpa. Mas então, é melhor não envolver o Seungmin nisso, confia em mim.
— Por quê?
— Só não faz isso, por favor. – praticamente implora.
— Tá legal. – pego um papelzinho e anoto meu número, logo entregando para ele. — Aqui, toma.
— Eu vou salvar quando chegar em casa, obrigado. – volta a falar baixo. — Tchau, bom trabalho.
— Ah, tchau. Aliás, obrigado de novo pelo Llama. Chequei com um veterinário e você tava certo, ele já tá tomando as vitaminas.
— Bom saber, espero que ele melhore logo. – sorri. Por mais que não queira, devo admitir, o sorriso dele é bonito. Na verdade, ele é bonito.
— Eu também. Inclusive, vou pensar em algo pra te retribuir. – sem perceber, acabo sorrindo para ele, de novo.
— Não precisa, sério. – ele soa meio nervoso. — Preciso ir embora, licença. – sai apressado.
Eu não sei o que me deu parar passar meu número, mas é melhor assim, certo? Não sei se consigo ser amigável com ele, mas posso tentar; e ele ter meu número de telefone é um bom começo, pelo menos espero que seja.
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