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História The Library (minsung) - 79 - yang jihoon


Escrita por: moonlightAd

Notas do Autor


heey, mais um capítulo pra vocês


boa leitura, espero que gostem :)

Capítulo 96 - 79 - yang jihoon



Minho


Após terminar de chorar, decidi assistir os primeiros episódios de Gravity Falls, a fim de sofrer menos; porém não consigo focar minha atenção no desenho, e nem sei o porquê, apenas estou me sentindo estranho. Meu cérebro se divide entre pensar na discussão de mais cedo e no desespero relacionado a vovó. Minha cabeça está latejando um pouco, e o notebook quase cai diversas vezes, porque minhas pernas estão meio moles.


Tento de tudo para continuar assistindo, mas o esforço é em vão. Solto um grunhido quando além de não conseguir realizar uma simples tarefa, sinto minha pálpebra esquerda tremendo, e se minha cabeça antes estava só latejando, agora está com uma dorzinha fraca.


Deixo o eletrônico de lado, e então encosto a cabeça na cabeceira da cama. Fecho os olhos e começo a fazer um exercício de respiração, puxando o ar com força diversas vezes, vendo se consigo melhorar minimamente. Infelizmente, falho miseravelmente na missão.


A dor em minha cabeça vai aumentando gradualmente, e minha pálpebra continua a tremer. Como se isso não fosse o suficiente, começo a me sentir deveras enjoado, meu estômago simplesmente endoidou.


Eu vinha conseguindo lidar bem com o estresse, mas tudo veio à tona agora. Talvez nem sejam só os acontecimentos de hoje.


Faz tempo que eu não ficava doente, entretanto estava ciente de que isso aconteceria alguma hora.


— Droga! – começo a engulhar.


Querendo não sujar meu lençol, vou correndo na direção do banheiro, mas óbvio que as coisas não seriam tão fáceis para mim. Estou a muito tempo sem comer, minhas pernas estão fracas, minha cabeça doida, e meu estômago prejudicado; além do que, levantei muito rápido. Resultado: minha vista escurece e eu quase caio no chão.


Aos tropeços e na base do completo desespero, tento chegar no banheiro, mas meu organismo é mais rápido e consegue me vencer. Quando dou por mim, já estou inclinado para frente e com o braço pressionando a barriga, enquanto parte do stress sai por minha boca, consequentemente sujando uma boa parcela do chão.


Whew! Pelo menos não foi na cama.


Luto para manter minhas pernas estáveis, pois se eu cair agora, além de humilhante, será deveras nojento. Porém, elas fraquejam uma contra a outra, totalmente vacilantes, e eu ainda tenho que lidar com a dor que se assemelha a diversas finas agulhas querendo sair por minha testa. 


Quando a sessão de tortura finalmente acaba, 
procuro o lencinho mais próximo para limpar minha boca, e antes de fazer qualquer outra coisa, me sento na beirada da cama para me recompor minimamente. Tento regular minha respiração ofegante à medida que busco focar em algo que não seja a dor e os tremeliques em meu olho.


Se eu já estava fraco antes, imagina agora.


Totalmente trêmulo, vou até minha cômoda para pegar qualquer remédio. Nem olho o nome nos rótulos dos potinhos, apenas pego duas pílulas que aparentam capacidade de me ajudar. Tenho a consciência de que é algo irresponsável, porque faz tempo que não uso isso aqui e já esqueci para que servem; o correto seria checar antes, mas eu faço esse tipo de merda quando estou desesperado.


Não sigam meu exemplo, pelo amor dos céus!


Com o auxílio do restante d'água da garrafinha em cima do móvel, engulo os remédios, fazendo uma careta ao sentir o líquido transparente reforçando o gosto amargo em minha boca.


Me divido entre escovar os dentes e ir lá embaixo pegar as coisas para limpar o chão, acabando por decidir ter me livrar desse gosto horrível como prioridade.


Por fim chego ao banheiro, me livrando do lencinho descartável antes de qualquer ato.


Mal consigo segurar a escova de dentes, pois estou mole que só. Evito me olhar no espelho porque sei que meu estado não é dos melhores, então enquanto faço a escovação, foco minha atenção no lavatório. É um alívio ter a menta do creme dental sobre meu paladar, embora não seja o suficiente para retirar por completo o amargor consequente do vômito, além da queimação em minha garganta ser um total incômodo.


Ao terminar, finalmente sigo até o andar inferior, lentamente descendo os degraus, já que é bem provável de acabar acontecendo um incidente envolvendo a mim juntamente a uma bela queda. 


Passo silenciosamente pela sala, sentindo meu coração errar uma batida ao ouvir a risada aguda de meu namorado; e apesar de estar bem desconfortável com tudo isso, fico feliz que ele esteja animado. Digo, estamos no começo da madrugada, e se ele está com essa energia toda, é porque está bem feliz.


Antes que alguém me descubra por aqui, passo pela porta que dá para a parte traseira do quintal, indo direto até a área de serviço. Pego tudo o que vou precisar, me perguntando como irei subir a escada com essas coisas, sendo que mal consegui descer sem nada.


Perco a conta de quantas vezes respiro fundo, então vou à luta. Quase derrubo o balde diversas vezes, e contrariando tudo o que eu queria, acabo fazendo barulho quando chego novamente na sala. 


Apesar de cambaleante, tento correr para a escadaria antes que alguém se dê conta do barulho e venha ver o que houve. Porém, antes que eu coloque o pé sobre o primeiro degrau, ouço a voz de minha sogra. Totalmente fraco e já precisando deitar, me encosto na parede, sabendo que não daria tempo de escapar das perguntas.


— Minho? – está preocupada. — Cristo! Garoto! – exclama um pouco assustada, ao se aproximar de mim. — Você tá pálido pra um diabo, o que houve? E por que tá carregando isso? – aponta com a cabeça para o balde, rodo e panos que estão em minha mão.


— Hm… É… Nada, nada, não houve nada. – dou uma risada nervosa, usando de todo o meu esforço para manter-me sobre meus pés. — Deu sujeira lá em cima, preciso limpar. – não quero contar detalhes.


— Como "nada"? Você tá tremendo, mal se aguenta em pé. – apesar de apreciar sua preocupação, só quero sair daqui logo. — Quer ajuda pra limpar? Aliás, você não comeu nada desde que a gente chegou; precisa se alimentar, Minho.


— Eu… – começo a suar frio. — Carece não, vius? Posso limpar tudo sozinho, pode voltar ao que estava fazendo. – dou um sorriso torto. — Tô com fome não, relaxa. – pura mentira.


Tô morrendo de fome, só que ao mesmo tempo, enjoado demais pra comer.


— O que que tá acontecendo? – é a vez de Han aparecer. — O barul- Meu Deus! Você ainda tá vivo?! – tem quase a mesma reação que sua mãe. — Você tá ficando doente, né? Puta merda! – fala baixo. 


— Se acalmem, eu tô bem. – o fato de eu conseguir falar apenas um pouco acima de um sussuro, denuncia a mentira. — De verdade, podem voltar. Tá tudo ok, juro.


— Pela lua? – Jisung questiona, com uma sobrancelha erguida.


— Droga! – suspiro, sabendo que fui pego. — Eu nem sei o que aconteceu, tá legal? Me senti meio estranho e depois disso foi só ladeira abaixo. – admito, já que não adianta mais tentar disfarçar.


— O que tá sentindo, meu amor? – Eunji pergunta.


— Nada de muito novo. – dou uma tentativa de risada. — Minha cabeça tá doendo, eu tô enjoado pra caramba, e sei lá, só tô esquisito. Mas isso é normal… Digo, já me acostumei. – minha pálpebra já está tremendo menos.


— Estresse, né? – ele pergunta e eu assinto. — Desculpa, não queria que ficasse assim logo agora. – entorta a boca. — E o que é isso na sua mão? 


— Não peça desculpas, meu amorzinho, é só muita merda acumulada. – dou um sorrisinho quase imperceptível, e nem sei se ele chegou a ouvir minha fala.


— Ele tá enjoado, né Jico? Deve ter vomitado. – Eunji pegou o que houve. — Fica com ele aqui, não é bom que suba agora. Deixa que eu limpo, não tem problema.


— Eu… – suspira, parecendo meio perdido. — É melhor a gente trocar os papéis, mãe. Eu posso acabar me empolgando; sabe, né? Não se pode confiar em um boiola apaixonado, ainda mais que eu fico mais meloso quando Lino tá doente. – ri fraco.


— Verdade, não tinha me atentado a isso. – quase se dá um tapa na testa. — Então vai lá, vou ficar um pouquinho com ele aqui. – nem consegui me desvencilhar da parede ainda.


— Por favor, faz esse homem comer. Ele fica pior que criança quando tá assim. – reviraria os olhos se minha cabeça não estivesse doendo. — Corta algumas frutas, é o que costuma funcionar… Só deixa o abacaxi de fora, ele odeia. – dou um sutil sorriso, porque Han falando desse jeito é a coisa mais fofa. 


— Pode deixar!


— Vai, me dá isso aqui. – pega os itens de minhas mãos. — Melhoras, tá? Te amo. – fala baixinho. Então me dá um beijinho na bochecha e sobe.


— Hum… – massageio as têmporas


Sou praticamente forçado a ir ao sofá, então fico deitadinho, com a cabeça encostada numa pequena pilha de almofadas macias. Eunji me dá um beijinho na testa e fala que já volta, recebendo um "uhum" como resposta. 


Meu olho já melhorou, mas minha cabeça ainda está estourando e eu ainda estou enjoado, tanto que coloco a mão sobre a barriga para ver se ajuda em algo. Não consigo parar de gemer de incômodo e dor, me sentindo todo molinho, sem vontade de existir.


Passo a respirar fundo, com os olhinhos fechados, e morrendo de agonia das minhas mãos trêmulas; não nego que queria o colo do Hannie no lugar das almofadas, mas a maciez delas dão um certo conforto.


Só abro os olhos quando ouço alguns passos se aproximando. Ao fazê-lo, descubro se tratar de Jaein, então finjo que não percebi nada, porque mais estresse é a última coisa que preciso agora. Sinto seu olhar sobre mim por um tempinho, e admito que quase pergunto o que está querendo, mas novos passos são ouvidos por mim, e eu sei que ele foi na direção da escada, finalmente indo ao seu quarto.


Eunji deve ter explicado a situação por cima, e pelo o que eu vi da relação dos dois, Jaein se econtraria num grande problema caso me incomodasse.


Mesmo que minimamente e de maneira lentamente gradual, o estado de minha cabeça vai melhorando, e a dor está perto de voltar a ser apenas um incômodo, mas por enquanto, ainda tenho vontade de explodir meu cérebro para dar um fim nesse diacho de aflição. E infelizmente, o enjôo ainda permanece, e eu me sinto cada vez mais fraco; minha visão está doidinha.


Passado um tempo não muito longo, alguém desce até aqui, mas não me incomodo porque reconheço esses pézinhos de bailarina em qualquer lugar; diferente dos de seu pai, os passos do meu namorado são suaves. 


— Lee Know, teu corno manco! – ralha para mim, se aproximando. — Por que caralhos você tomou o remédio pra dormir junto com o que dor de cabeça?! – está irritado e preocupado. — Seus remédios são fortes, e o pra insônia baixa tua pressão! Você ainda me faz o favor de juntar os dois? – me repreende entredentes. — Quer me deixar viúvo, infeliz? – exagera.


Seu tom me faz tremer, mas ao mesmo tempo tenho vontade de rir, porque ele puto é engraçado. Entretanto, não gosto do Hannie brigando comigo, principalmente quando ele tem razão para tal. Chego a me perguntar como sabe dos remédios, então me lembro que não guardei os potes.


Enquanto me dá bronca, fica olhando de soslaio para a escadaria, a fim de estar preparado caso seu pai desça novamente.


— Não fala assim comigo, Jisunga. – respondo manhoso, num fio de voz. — Eu não sabia que era o de insônia, por isso tomei os dois. Pelo menos, agora sei porque minha moleza piorou. – digo a última parte mais para mim mesmo. 


— Você tem noção de que não se ajudou, né? – continua irritado. — Como assim 'cê toma remédio sem olhar qual é antes? Você tinha parado com essa irresponsabilidade, Lee Minho!


— Desculpa, Hannie. – choramingo. — Eu tava desesperado, aí só coisei o coiso, entende? Fiz besteira mesmo, desculpa. – faço um beicinho. — Não vai mais acontecer, tá? Mas por favor, não briga comigo, eu fico triste. 


— É que você não facilita, né? – rebate. — Isso é perigoso e você sabe disso! Porra! Imagina se desse merda e seu estado ficasse ainda pior que o atual? Eu não gosto de te ver doente, Lino, fico desesperado. – a irritação passou, mas parece frustrado.


— Só fazem maldades e sapecagens comigo. – reclamo choroso. — Já disse que não vai mais acontecer, agora para, pelo amor. – coloco a mão sobre a testa. — Você não tá ajudando meu estado.


— Tudo bem, vida, desculpa. – respira fundo. — Só por favor, não me apronta uma dessas de novo. Sei que deve ter ficado desesperado, mas você é uma das últimas pessoas que pode tomar esse tipo de atitude. – relembra. — Desculpa ter ficado bravo, é que fico meio desesperado quando acontecem essas coisas que te deixa derrubado. – pede, dessa vez em tom manhoso. — Já comeu?


— Tudo bem, eu quem fui o estúpido da vez. – sorrio fraco. — Ainda não, sua mãe não voltou. E nem sei se vou conseguir, porque tô enjoado pra caralho. – quase vomito novamente só em pensar ingerir algum alimento.


— Vou lá ver o que ela tá fazendo. – parece inquieto. — Ah é! Terminei de limpar, mas esqueci de trazer as coisas de volta. – pensa alto. — "Ah é!" de novo. Meu pai tá procurando um hotel por aqui, porque minha mãe mandou ele embora. – tento franzer o cenho, mas a dor me impede.


— Ele te contou o que houve? 


— As coisas já estavam meio estranhas quando fomos jantar, mas até que o clima tava agradável. – fala ainda mais baixo do que quando brigou comigo. — Eu e meu pai conseguimos conversar como há tempo não acontecia, mas aí ouvimos o barulho na sala. – já imagino o resto. — Ele ficou puto porque estávamos de boas, mas paramos tudo pra te ajudar. – conta.


— Ah… – me sinto culpado, pois sei o quanto Jisung estava feliz em interagir com o pai. — Ele não precisa ir embora. Daqui a pouco volto pro meu quarto, e vocês podem voltar a conversar. Eu atrapalhei o momento de vocês, mas foi coisa breve, não precisa sair.


— É isso que ele não entende. – sorri triste. — Além do que, cismou com minha mãe te defendendo, então preferiu ir embora mesmo, porque "ficou de saco cheio". – sinto ainda mais culpa. 


— Cheguei! – a mulher aparece na fala. — Desculpa a demora, é que resolvi fazer um chá também. Não sei se você gosta, deveria ter perguntado, mas agora já coloquei a água pra ferver.


Coloca uma bandeja na mesinha de centro, mas não movo um músculo. Vejo uma tigelinha ladeada por um potinho de leite fermentado, ficando todo soft com a atenção dirigida a mim. Aprecio o fato de que ela não tinha a mínima obrigação de me tratar dessa forma, mas o faz sem hesitar.


— Gostar não gosto, mas tomo quando é necessário. – respondo. — A muito contragosto, mas tomo. – ela se senta numa das poltronas.


— Ah, que ótimo! Acho que vai aliviar. – por seu tom, sei que está sorrindo. — Olha, o Jaein vai embora, tá? – é direta. — Não foi culpa sua, garanto. Eu conversei no maior pacifismo do mundo, dizendo que só iríamos te ajudar um pouco, você logo iria dormir, e Jico voltaria a dar atenção pra ele. – diz quase o mesmo que eu. — Mas ele insistiu em chiar, dizendo coisas que não vale a pena repetir, ficando puto como se você tivesse culpa em ficar doente. 


— Palhaçada. – meu namorado revira os olhos.


— Reforcei o argumento, dizendo que era uma reação exagerada, mas ele continuou rebatendo. – explica. — Então eu disse que se fosse pra ficar com essa posse sobre o Jico, era melhor ir embora, porque foi a segunda vez em que ele te culpou por um escarcéu que ele mesmo criou. Você seria gentil demais pra mandá-lo ir, então preferi tomar essa decisão. – conclui. — Perdão, Jisung, deveria ter te consultado primeiro, mas fiquei irritada. Se quiser, podemos dar um jeito de reverter.


— Não precisa. – afirma com veemência. — Podemos nos encontrar em algum lugar depois, é melhor assim. O papai não faz questão de respeitar o Minho, e é injusto que desfrute da hospitalidade dele. – sei que está magoado, e isso me corta o coração. — Eu tinha esperança das coisas correrem melhor que isso, mas não adianta só a gente se esforçar.


— Sinto muito, meu amor, eu sei o quanto isso é difícil pra você… Pra vocês. – soa empática. — Queria conseguir controlá-lo mais, mas nem meu máximo é o suficiente.


— Não se culpa, mãe, você não fez nada de errado. – replica. — Ele sabe muito bem o que faz e o que fala, a questão é que não se importa. Você tem uma vida, e é ótima cuidando da gente, não precisa se sobrecarregar tentando arrumar as bagunças dele.


— Hannie tem razão, noona. – me pronuncio. — Você já faz o suficiente nos apoiando, não carece de se desgastar tentando evitar que ele faça cagada. – sorrio bem fraquinho. 


— É… Têm razão. – parece reconfortada. — Mas agora o assunto é outro, certo? O mocinho precisa comer. – resmungo.


— Vou voltar lá pra cima pra pegar as coisas, e ver se o papai precisa de ajuda na procura. – diz. — Mãe, faça esse homem comer, nem que seja na base do tapa. – pede, a fazendo rir, e então volta para o andar superior.


Esperava que ele ficasse aqui, mas nessas circunstâncias, é mesmo melhor que não fique.


— Vamos, garoto. – diz num tom típico de mãe. — Eu te ajudo a levantar. – sai da poltrona, vindo até mim. 


— Obrigado. – murmuro enquanto com seu auxílio, consigo ficar sentado novamente. — Não sei se vou conseguir comer, noona. – choramingo, voltando a pressionar minha barriga.


— Pelo menos tenta, meu bem. – me entrega a tigela. — Nem coloquei tanta coisa assim, é só o suficiente pra você não dormir de barriga vazia. – eu gosto mesmo de todas as frutas dentro do pote, mas no momento, até o cheiro me enjoa.


— Tá bom. – respiro fundo, lançando um "vamos lá" para mim mesmo.


Tenho que me concentrar para não derrubar a tigela, e então com muito esforço, como o primeiro montinho. Levo mais tempo para mastigar do que levei para assistir Titanic, e travo na hora de engolir, como se estivesse comendo concreto. O mesmo acontece da segunda, terceira e quarta vez; a cada colherada ingerida, sinto meu estômago revirar.


— Você tá indo bem, Lino. – me sinto uma criança sendo mimada, não de uma forma ruim; até porque, me lembro da vovó cuidando de mim quando eu era pequeninho.


— É, mas não por muito tempo.


Quase jogo o potinho de volta na bandeja, porque senti o pouco que comi voltando para a garganta, e dessa vez preciso que dê tempo de chegar ao banheiro. Ainda estou mole e a minha visão junto a dor de cabeça não facilitam, mas graças aos céus, consigo chegar no cômodo antes de sujar o chão.


Me debruço sobre o vaso sanitário e passo por mais uma sessão de sofrimento, isso enquanto ainda lido com o restante do meu repentino estado. Antes de novamente escovar os dentes, jogo uma água no rosto, o que me dá um alívio momentâneo.


Agora posso me dar ao luxo de andar um pouco mais devagar, mas pelo desespero em querer voltar à sala, caminho mais rápido do que deveria. Logo, me deparo com meu namorado e meu sogro parados no meio do tapete, conversando com a mulher sentada na poltrona; Jisung está visivelmente preocupado, mas Jaein parece apenas indiferente.


— Algum problema? – nem pestanejo em me sentar.


— Não, só estamos nos despedindo. – o Han mais novo responde. — Papai achou uma pousada perto daqui, então já tá indo. 


— Pega o nos- – quase falo besteira. — Pega o carro e leva ele. Os ônibus demoram a essa hora, e os aplicativos de carona são mais caros. – explico. 


— Certeza? – assinto. — Ok. Pai, aceita a carona, ou é bom demais pra andar no carro do Minho? – pergunta irritado, e o mais velho não responde.


— Independente da resposta, eu insisto. Podem ir. – peço mais uma vez, e Hannie acaba cedendo.


Ele pega a chave do carro e os dois saem silenciosamente, causando um clima desconfortável. Porém, uma vez que Jaein coloca o pé para fora, uma paz se instaura no ambiente, e sei que as coisas vão melhorar ainda mais quando meu namorado voltar.


— Hm… Então, sinto muito. – peço. — Sei que fez tudo isso com carinho, mas não quero ficar indo e voltando pro banheiro. – digo choroso, ainda com uma sensação ruim no estômago. — Obrigado mesmo assim, isso significou muito pra mim.


Ela tem um pouco de dificuldade para compreender minha fala, já que esta é quase inaudível. A queima na garganta piora tudo.


— Tudo bem, meu amor, pelo menos você tentou. – é compreensiva. — Vou terminar de preparar o chá, pra ver se consegue tomá-lo. Espero que já esteja melhor pela manhã.


Sorri, novamente se levantando; pega a bandeja e leva de volta para a cozinha, me deixando sozinho na sala. Continuo no sofá, pensando que se eu soubesse que iria sofrer tanto na vida, não deixaria que me tirassem de dentro do útero da minha mãe.


Que exagero, menino! Você só tá doente, isso não é novidade.


Passado um tempinho, minha sogra volta com uma xícara em mãos, e eu peço aos céus que consiga tomar o chá, porque apesar de ter gosto de depressão, costuma me a ajudar nessas ocasiões.


— Toma aqui. 


Coloca em minha mão, e com medo de cair, eu seguro a alça da porcelana com tanta força, que as pontas de meus dedos chegam a ficar brancas. 


— Vai com calma, ok? – dessa vez, se senta ao meu lado. — Sei que preferia que o Jico estivesse aqui, mas espero que eu sirva por enquanto.


— Deixa disso, mulher. – sorrio fraco. — Você é uma ótima companhia, e serei eternamente grato por ficar aqui aturando um doente manhoso. 


— Relaxa. Meu filho quase nunca fica doente, mas vale por cinco crianças dengosas quando fica. – sou obrigado a concordar. — Não é um peso cuidar de ti, meu bem, fico muito feliz em ter a chance de fazê-lo. 


Eu amo essa mulher, pelo amor de Deus.


Dou o primeiro gole na bebida quente, e as coisas parecem ficar consideravelmente tranquilas, apesar do desconforto. Coloco na cabeça que só vou dormir quando terminar isso aqui. 


— Espero não estar sendo muito intrometido. – dou introdução a um assunto que me intriga um pouquinho. — Mas as coisas parecem ter piorado entre você e Jaein depois que subi.


— Não vou te encher o saco com isso, Lino, você já tá mal o suficiente. 


— Não se preocupa com isso, pode falar. É bom que tenha com quem conversar. Digo… se se sentir confortável.


— A questão é que… – entorta a boca, suspirando. — Ele foi longe demais durante a discussão que tivemos no quarto de hóspedes. Eu fiquei uns dois minutos parada quando ouvi ele dizer o que disse. – confessa, e eu fico preocupado.


— Quer falar sobre? Garanto que não tenho problemas em te ouvir. – ocorre bem devagar, mas estou conseguindo dar uma baixa no chá.


(n/a: as always, as falas sobre Jaein podem ser gatilho pra alguém, e há um momento onde aborto espontâneo é citado.)


— Tem certeza? Te deixar pior é a última coisa que eu quero. – assinto, porque acho injusto que ela guarde tudo para si. — Eu juro que tento, sabe? – mal começa e seus olhos já se enchem d'água. — Digo todos os dias pra mim mesma "Eunji, ele vai mudar um dia, você consegue aguentar. Pensa no Jico e as coisas vão ser mais fácil".


— Hm… tenho certeza que ele entenderia caso você tomasse uma decisão drástica. – digo. — Sei que você pensa muito nele, mas é importante pro Hannie que pense em você também. – nem sei se estou sendo útil em tranquilizá-la. 


— É, eu sei, mas ainda assim… sei lá. – ri fraco. — Se eu fui cordial com ele depois daquilo, foi puramente pelo Jico, porque não queria que ele ficasse desconfortável. – uma lágrima solitária escorre por seu rosto.


— Pode se abrir comigo, mas se não quiser repetir o que ele disse, não verei problema algum. Você tá no seu direito. 


— Na verdade, eu quero sim; não posso ficar indignada sozinha. – inclina levemente a cabeça para o lado. — Chegamos num ponto da discussão, onde eu perguntei como ele se sentiria se a situação fosse contrária. – começa a contar. — Se ele ficaria confortável caso o Jisung fosse gay, e alguém que a gente conhece ficasse dizendo sobre o Jico, as mesmas merdas que ele diz sobre ti… sobre qualquer um, na verdade.


— Eu não vou mentir, tô com um pouco de medo da resposta. – ela dá um sorriso torto.


Consegui beber um pouco mais da metade da caneca, mas logo a deixo na mesinha, porque não aguento mais. Pelo menos, me sinto minimamente melhor, mas não vejo a hora de tirar uma bela de uma soneca – se eu conseguir.


— Então chegou o ápice. – encara um ponto fixo. — Ele me disse que se nosso filho fosse "doente da cabeça a esse ponto" – sua voz é trêmula ao pronunciar a fala de seu marido. — Poderia esquecer que tinha um pai, porque Jisung estaria morto pra ele. – minha boca automaticamente se abre em um "O". — E que não poderia julgar ninguém que o condenasse, porque ele não passaria de um "vermezinho desprezível". 


Não consigo dizer absolutamente nada, e não é inédito para mim que eu seja capaz de imaginar seu discurso com clareza, junto a uma cara de pura ira. 


— Disse que preferia não imaginar essa situação, pois sentiria nojo só de olhar pro Jisung, pro próprio filho. – está desacreditada. — Ah, não posso deixar um detalhe de fora! – age de maneira exasperada. — "Se fosse pro meu garoto ter nascido anormal desse jeito, era melhor que você tivesse perdido a criança." – imita sua maneira de falar, e assim que termina a frase, começa a chorar de raiva.


— E-eu… – minha respiração passa a falhar. 


— Nem ele sabe disso, mas era pro Jico ter sido o caçulinha. – me surpreendo com a revelação, e fico com ainda mais raiva de Jaein. — Eu não sabia… meus hormônios sempre foram meio desregulados, então nem desconfiei. Descobri tarde demais, não deu tempo de tentar fazer nada. – seu olhar é triste, o que é totalmente compreensível. — Fora Jico e uma amiga minha, você é o único a saber. 


— Sin- 


— Enfim, esse não é o assunto principal. – interrompe minha fala. — A questão é que esse fato tornou a frase dele ainda pior, sem contar que Jisung sendo gay, não é uma situação hipotética. – gesticula desesperadamente. — Ele tem nojo do próprio filho; é inconsciente, mas não anula o sentimento. Eu já sabia disso, mas ainda tinha esperanças dele amolecer ao pensar que Jico pudesse sair machucado nessa história.


— Eu não seria capaz de descrever o que tô sentindo agora. – me pronuncio. — Vocês não merecem passar por isso, Eunji. Jaein pode ser tanso, mas lá no fundo, sabe que Hannie não é o que ele queria que fosse. E se mesmo assim, foi capaz de dizer essas merdas, é porque o amor que sente pelo filho é condicionado aos caprichos dele, e não algo genuíno. – exponho minha opinião. — Não sou absolutamente ninguém pra te dizer o que fazer, mas chegou um ponto onde Jaein já não faz bem pra nenhum de vocês, e eu odeio ver isso acontecendo. Sei que Jisung não quer te ver desgastada, e te apoiaria em qualquer decisão.


Sei que não preciso dizer com todas as letras para que ela entenda do que eu estou falando. Nem sei se estou no direito de conversar com ela sobre algo assim, mas eu amo tanto esses dois, que fico desesperado para afastá-los de qualquer um que lhes faça mal, e isso inclui aquele desgraçado que chamo de sogro.


— Sabe, antes as coisas eram em proporções menores; eu me incomodava, mas achava que poderia mudar seu jeito de pensar. – confessa. — Mas agora, não podemos ter uma conversa decente sem que ele tente expor seu ódio gratuito. A vida dele passou a girar em torno disso, e eu simplesmente não aguento mais, tô cansada pra caralho. – suspira, limpando as lágrimas. — Jico não é perfeito e já me deu muito trabalho, mas é o meu maior orgulho. E eu tenho medo de acabar expondo-o sem querer, por estar empenhada em defendê-lo.


É incrível como esse cara atrapalha a vida de todo mundo a sua volta.


— Ainda tô pensando muito nisso, mas acho que já não consigo seguir com o casamento. – admite em voz alta, parecendo aliviada por isso. — Não vou falar nada com Jisung por agora, pois não quero que a visita com a qual ele tá tão animado, seja estragada por uma notícia ruim. – conta. — Meu filho merece muito mais que o pai patético que dei a ele. 


— Tenho certeza que você sempre tornou tudo mais fácil, e é por isso que seu filho consegue aguentar toda essa situação. – respondo. — Além do que, não se culpe por "ter lhe dado Jaein como pai" – faço aspas. — Porque ele pode ser um babaca, mas se um dia acertou em fazer algo, foi em fazer Jisung. O importante é que temos aquele esquilinho malandro com a gente, e nesse caso, Jaein foi a perfeita representação de "há males que vêm para o bem".


— Tem razão. – dá uma risadinha. — Só espero que Jico nunca tenha de ouvir o que eu ouvi, porque me sentiria péssima. – respira fundo. — Ele é bem inseguro com essa questão, e isso lhe deixaria arrasado; tenho medo do que Jaein possa lhe fazer passar. – a compreendo totalmente.


— Não importa o que ele disser, noona, Jisung nunca estará sozinho. – declaro. — Jaein pode tentar quebrá-lo o quanto quiser, mas eu, você, nossos amigos e todos aqueles que se importam com ele, vamos estar sempre sempre dispostos a juntar os caquinhos. 


— Pelo menos isso. – sorri fraco. — Obrigada por amar tanto meu filho, de verdade. Você já me ganhou ao tratá-lo da maneira que o trata; não poderia pedir por alguém melhor pra cuidar do meu menino enquanto eu tô longe. – fico todo boiolinha. — Aliás, obrigada por tudo; sei que você não é incrível só com ele. 


— Tento meu melhor pra ser uma pessoa decente, só isso. – estou morrendo de vergonha.


— Você tá muito acima desse termo, Lino. – posso cavar um buraco e me esconder. — Enfim, foi ótimo ter essa conversa contigo, tô me sentindo mais leve agora. – se levanta. — Mas preciso descansar, e você mais ainda, então acho melhor parar por aqui.


Tendo em conta que eu me esforcei pra me manter acordado porque não queria parecer desinteressado, ela tem total razão. Foi difícil passar por isso no estado em que tô, mas queria estar aqui pra ela poder desabafar um pouco.


Ela me ajuda a subir, me acompanhando até o quarto. Deito na cama, notando que ela nunca pareceu tão confortável como agora; me enrolo no edredom como se fosse um pacotinho, ficando numa posição completamente agradável.


— Boa noite, meu amor, melhoras!


Me dá um beijinho no topo da cabeça, fazendo com que eu derreta. Antes que possa retribuir a fala, ela sai de meu quarto, provavelmente indo para o seu.


•••
Depois de um tempinho já acordado, finalmente tomo coragem para abrir os olhos, e mesmo pela cortina, vejo que o sol está brilhando lá fora. Me sinto orgulhoso por ter conseguido dormir a noite inteira, por mais que com a ajuda do remédio.


Me levanto com cautela, pois não tenho certeza se estou estável o suficiente para fazer movimentos bruscos. Fico sentado na ponta lateral da cama, olhando para o nada por alguns momentos, até que meu olhos são atraídos para o porta remédios em cima da cômoda.


Me aproximo para ver do que se trata exatamente, e sorrio como um idiota ao notar três comprimidos em um dos compartimentos.
Antes de abrir para pegá-los, coloco minhas mãos sobre o papelzinho dobrado sobre a caixa de plástico; eu o desdobro, e não sei como foi possível, mas meu sorriso aumenta ainda mais ao ver o conteúdo do bilhete.


[bom dia, lua, espero que esteja se sentindo melhor. aqui, esses são os remédios certos, não esquece de tomar. ah, saí com os meninos e com a mamãe, não se preocupe. fica bem :( te amo.]


Jisung sabe muito bem que pode me mandar mensagens, mas prefere os bilhetes, porque acha mais bonitinho. Tenho uma caixinha repleta deles, e nem sempre se trata de recados; às vezes é apenas um "te amo", "você é lindo" ou diversas outras declarações boiolas.


Nunca vou reclamar disso, porque acho a coisinha mais linda. Se um dia eu morrer de amores, podem colocar a culpa no meu namorado.


Continuo olhando para o bilhetinho por um tempinho, mas logo pego a caixinha para guardá-lo. Abro o porta remédios e tomo os comprimidos, já que apesar de estar me sentindo melhor, ainda estou meio agoniado.


Arregalo os olhos quando olho no celular e já são quase duas da tarde, mas ao mesmo tempo, gosto de ter dormido esse tempo todo. Aproveito e mando uma mensagem para Han, dando bom dia e dizendo que melhorei.


Então faço minha higiene matinal, finalmente descendo, na esperança de conseguir comer alguma coisa. Tinha intenções de soltar resmungos sobre estar sozinho, mas a situação muda de figura quando já nos últimos degraus da minha descida, vejo I.N e Jihoon em um dos sofás; como estão de costas para mim, não me vêem.


Meu irmão está com a cabeça recostada sobre o colo de meu amigo, provavelmente dormindo enquanto o último citado cantarola alguma musiquinha. Me pergunto o que os dois estão fazendo aqui, ainda mais por não estarem acompanhados pelo resto da gangue. Obviamente não reclamo, já que eu quem dei permissão a Yang de vir a minha casa quando não tem ninguém ou se estivermos dormindo – quando necessário.


Me acerco dos dois com sutileza, a fim de não acabar acordando Jihoon, e I.N não demora para perceber minha presença, dando um sorriso sutil assim que olha para mim.


— Bom dia! – exclama em tom baixo. — Tá melhor, hyung? – faz carinho nos cachinhos de Hoon, e eu acho a interação a coisa mais fofa.


— Bom dia, meu amor. – minha voz está aceitável, e eu agradeço aos céus por isso. — Tô melhor sim, ainda bem. Mas e vocês? Aconteceu algo? – não acho ruim, mas estou intrigado com os dois aqui.


— Ainda bem. – dá um breve suspiro. — Eui passou aqui pra deixar o Hoon, porque ele tá meio mal. Inclusive, não vou fingir que não achei bonitinho os dois irmãos ficando doente juntos, e ninguém pode me cancelar por isso! – dou uma risada fraca. 


— O que ele tem? – me preocupo.


— Acho que começo de resfriado; tá com febre e tudo mais. Tá todo chorosinho, coitado. – faz um biquinho triste. — Como você também tá mal, me ofereci pra ficar com ele, mas ele não quis ir embora sem te ver antes, então estávamos esperando você acordar. – explica. — Eui tinha uma coisa importante pra resolver, por isso não pôde ficar com ele; aliás, é sobre seu tratamento da memória, que foi adiado por conta do corno do teu sogro. – fala mais baixo ao pronunciar a palavra "corno". — Com todo respeito a tia Eunji. 


— Ah sim, entendo. – balanço a cabeça em entendimento. — Poxa! Não acredito que perdi o encontro da minha vó com a Eunji. – resmungo. 


— Foi breve pra caramba, elas mal trocaram 5 palavras, porque a Eui tava muito atrasada. Mas disseram que vão marcar um encontro antes da vovó ir embora. – responde. — Aliás, ela vai ainda essa semana, tá? Já conversamos sobre, e como vou entrar de férias já, ele pode ficar comigo. – assinto, mas uma coisa me deixa encucado.


— Por que ele não vai voltar com ela? – questiono. — Digo, amo ter Hoon por perto, mas isso é incomum. Apesar de tudo, sei que ele é apegado a mãe, e deve estar sentindo falta. – olho para a criança toda hora, a fim de ver se ele vai acordar.


— Ele já se queixou sobre isso, inclusive. – conta. — Eui ainda vai falar com você, mas ela tá empenhada em deixar o Hoon o mais distante possível dos seus pais. E como ela tá cheia de consulta pra fazer, não daria conta de ficar com ele, então prefere deixar com a gente.


— Isso não vai adiantar nada. – afirmo. — Eles, ou pelo menos só minha mãe, vão vir pra cá atrás do Jihoon. – pontuo. — Bom mas pelo menos ele vai estar seguro com a gente, principalmente com você, por esse tempo. Até lá, a gente arruma uma forma de lidar com eles.


— Exatamente! – sorri fraco. — Só espero que não tenha acontecido nada muito grave.


— Eu também. – suspiro. — Enfim, o restante dos garotos foram com a Eunji, certo?


— Sim, menos o Jinnie. – entorta a boca. — Contei pra ele sobre a vovó, e juntou com a merda que pode dar com o trabalho dele… – respira fundo. — Ele tá mal pra caramba, e não quis sair hoje. Dormimos na casa do Seung de ontem pra hoje, e ele decidiu ficar por lá mesmo; ainda estava dormindo quando saímos. – meu coração corta, pois ele estava animado com isso ontem.


— Eu sei que ele é absurdamente próximo da vovó, e queria poder confortá-lo, se também não estivesse tão mal com isso. – rio de nervoso. — Não tenho palavras pra descrever o quanto odeio ver o Hwang desse jeito; nunca o vi assim antes e nem sei como lidar. Ele me contou que já perdeu alguns trabalhos importantes, provavelmente porque a história já deve ter vazado pra um seleto grupo da elite.


— Confia em mim, eu tô me sentindo um lixo por não ter ideias de como ajudar vocês. Você, Hyun e Sung são os mais afetados com essa história, mas não vejo uma forma de aliviar essa merda. – confessa. — E sim, Hyun não tá sendo totalmente o Hyun ultimamente, e isso dói. Partes importantes da vida dele estão sendo prejudicadas, e foi quase ao mesmo tempo, chega a ser desesperador. 


— Não se preocupa, NiNi, você é ótimo. Isso não é algo que se possa evitar, e sei que faz o que pode. Saber que podemos contar contigo já é uma ótima ajuda. – ele sorri. — Espero que essa história não vá longe demais, Hwang não merece nada disso. 


Continuamos conversando sobre isso, no tom mais baixo possível, já que não queremos incomodar o bolinho dormindo no colo de I.N. Meu amigo chega a sugerir que deveríamos mudar de país, a fim de ver se assim, as desgraças dão um pouco de trégua.


Passado um tempo, mudamos de assunto, e chega o momento onde ele me questiona sobre minha alimentação. Digo que estou sem comer desde ontem, já que botei 'pra fora tudo o que ingeri, então Yang faz questão de mudar a situação.


Com cuidado, tira Jihoon de seu colo, partindo direto para a cozinha. Eu permaneço na sala, na finalidade de estar aqui quando Hoon acordar e/ou chamar I.N caso aconteça algo, uma vez que não estou em condições de ajudar uma criança doente. 


•••
Foi de comum acordo entre mim e meu irmão, que iríamos dar trabalho para I.N, no quesito alimentação. Entretanto, na base de ameaças carinhosamente assustadoras, ele conseguiu nos fazer comer.


Ainda sinto um desconforto no estômago, mas nada que um sal de frutas não resolva.


— Lino, posso fazer uma pergunta? – questiona enquanto NiNi lava a louça. 


— Claro que pode, meu bem. – estou deitado no sofá oposto ao dele, o que nos deixa um de frente para o outro.


— O que aconteceu com o tio J? – sinto um arrepio ruim só de ouvi-lo citar esse desgraçado. — Por favor, não briga comigo. Sei que você não gosta dele, mas ele era legal comigo e a gente brincava bastante. Gosto muito de passar tempo com vocês, mas sinto a falta dele. – seu nariz está ligeiramente entupido, deixando sua voz um tanto fofa.


— Não vou brigar, Hoon. – digo carinhoso. — É normal que você sinta falta de alguém que lhe trata bem, não posso te culpar, por mais que não goste daquele cara. – explico. — Ele sumiu, a gente não sabe o que ele anda fazendo. Mas prometo que se ficar sabendo, vou te contar, mesmo que não seja pra vocês se encontrarem.


— Tá bom, 'brigado. – fala baixinho. — Desculpa por perguntar sobre ele, tá? Mas é que eu queria saber se ele tá bem. 


— Tudo bem, não se preocupa. – sorrio fraco.


Pra falar a verdade, também me sinto desconfortável com o fato de que não fazemos ideia de onde esse arrombado tá. Não que ele faça falta, mas da última vez que sumiu, seu retorno virou um circo. 


— Hm... Lino? – me chama novamente, após ficarmos alguns minutos em silêncio.


— Fala. 


— Posso ficar com você no sofá?


— Claro qu-


— Não! – Yang aparece.


— Por quê? – perguntamos ao mesmo tempo.


— Hoon, seu irmão fica doente com muita facilidade, e ele já tá meio borocoxô. Se vocês ficarem muito próximos, ele pode piorar. – esclarece. — Ele não se preocupa muito com isso, mas é nosso dever como pessoas que se importam com ele, mantê-lo o mais seguro possível, tudo bem? 


Nessa hora eu decido que preciso rever minhas atitudes, porque embora tenha ficado um tanto emburrado, meu irmão apenas assentiu e seguiu com a vida. Já eu, cruzo os meus braços e mostro a língua para Yang, logo debochando de sua maneira de falar.


Pelo amor! Sou um homem adulto, cheio de responsabilidades, e meu irmão pequeno age menos infantil que eu.


— Aliás, já terminei tudo aqui, quer ir embora já?


— Uhum. – murmura, coçando os olhinhos. — Tô com sono. – boceja, me fazendo bocejar também.


— Então vem com o NiNi. – com toda a cautela do mundo, lhe pega no colo. — Logo a gente chega em casa, e você pode dormir bonitinho.


— Tá bom. – recosta a cabeça no ombro de meu amigo.


— Vai, eu deixo você dar um beijinho no seu irmão.


Se aproxima de mim, se inclinando para ficar em meu nível. Jihoon coloca o rosto perto do meu e me dá um beijinho molhado; antes que se afaste, também lhe dou um. A criança volta a deitar sobre


— "Eu deixo". – debocho. — Virou pai dele, é? – rio fraco.


Eu acho a relação dos dois a coisa mais pitica, mas não posso deixar de provocá-lo.


— Bom... – inclina a cabeça para o lado. — Não foi o Jongsu que conseguiu fazê-lo comer, muito menos quem vai passar na farmácia pra comprar remédios. – pontua, me deixando sem resposta.


— Ouch! Essa doeu... Não em mim, claro. – damos uma risadinha. — Enfim, vai de ônibus ou de app de carona?


— 'Nop. Os meninos foram todos no carro do Chan, e eu fiquei com o do Seungmo. – explica. — Tchau, hyung, espero que melhore de vez logo. – me dá um beijo na testa.


— Tchau, meu amor, dirija com cuidado. – sorrio. — Tchau Hoon, melhoras. Te amo. – arregalo meus olhos ao me dar conta que essa é a primeira vez na qual digo isso a ele.


— Tchau Lino, 'brigado. – sua voz é mole. — Também te amo. – fico todo derretido assim como a primeira vez.


Peço para Yang apagar as luzes antes de sair, e logo ouço o barulho da porta sendo fechada. Não dá muito tempo para que eu acabe por cochilar no sofá, esperando que já tenha companhia quando acordar novamente.





Notas Finais


espero que tenham gostado, me desculpem por qualquer erro


bye, c ü soon 💙


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