Point of View: Mila
O sol me irritava ao bater em meu rosto enquanto na frente do espelho eu prendia os cabelos. Eu sentia mesmo saudades de Tommy me acordando pela manhã no horário certo e mais ainda de Tommy me colocando para dormir às seis. Que se dane, ele escolheu me contrariar. Eu aprenderia a realizar as tarefas sem ele. Ou não.
Desci até o restaurante do hotel, vestindo nada a mais que um short jeans e uma camisa branca, senti o calor de ter todos aqueles olhos em mim, a boa e velha sensação. A banda estava sentada em uma grande mesa, todos juntos, largando os garfos para me olhar chegar. Eu sorri.
—Bom dia flor do dia. — A voz grave… A sua mania de levar a língua no interior da bochecha, sacana, me induziu a olhar de canto, deixei uma sombra de sorriso aparecer para ele.
—Vocês estão vendo o que estou vendo? — Duff levantou ao meu lado me pegando pelas mãos.
—Mila usando roupa clara. Ó meu Deus! O dia tá tão bonito pra você fazer chover. — disse Slash.
McKagan me deu um giro mostrando minha roupa e meu corpo como se alguém ainda não tivesse reparado. Todo mundo já tinha olhado, cada um deles. Eu gargalhei no meio do caminho, entre seus braços e logo ele, doce e safado como sempre, me puxou para o seu peito me prendendo em um abraço atrapalhado. Eu me sentei ao seu lado na cadeira que me esperava enquanto recebia o olhar enfadado de Janet que expressava todo o seu ódio, eu sorri para ela, teria que me aguentar. Adriana também me olhava, eu começava a perceber que tinha feito uma grande parceira. As duas sentadas ao lado de Axl que também me observava, modéstia a parte, encantado.
—Bem, o trabalho vai começar. — falei. —A passagem de som é hoje às 16h00. O show de vocês começa por volta da 0h00 e logo após tem um encontro com os fãs. Aí sim, depois disso, vocês estão liberados para aproveitar da forma que quiserem.
—Certo. Show por volta das 2h00, rapazes. — exclamou Axl. Imediatamente todos o olharam sérios, como se não precisassem dizer nada. Ele sorriu.
—Eu estou à disposição de vocês 24 horas por dia. Isto é, para trabalho, assuntos referentes à banda. Se vocês precisarem de bebidas, drogas ou mulheres resolvam com o Matt. De preferência não pedir a minha ajuda durante a noite. Pela manhã eu vou estar dormindo então se virem e durante a tarde favor não me incomodar entre o meio-dia e às 20h00.
Ao terminar de falar todos me olhavam arregalados, como bonequinhos congelados e assustados.
—Brincadeira. Podem me chamar a hora que quiserem.
—Podem me chamar também, estou aqui para ajudar, meninos. — Janet falou piscando os olhinhos como se sentisse envergonhada.
—Muito obrigada, Srta. Donovan, pela ajuda. — respondi.
—Eu estou fazendo isso por eles, não por você.
Todos ao redor da mesa olharam para nós duas surpresos, alguns realmente intrigados e outros afiados, como se me dissessem mentalmente para não deixar barato. A loirinha era tão petulante, seria o meu tipo preferido se lutasse pelas causas certas e não desse piti em situações desnecessárias. Eu tentei engolir sua presença e seu olhar arrogante por causa de seu amor por Axl e do amor que despertava em Izzy, mas eles que se ferrassem junto com ela, Janet não sabia com quem estava lidando.
—Qual é o seu problema comigo, garota?
—Com você? Nenhum… — O olhar sonso pedia por uma lição e eu faria com muito prazer.
—Se sente intimidada com o meu jeito? Se acostuma.
—Por que me sentiria? Você é uma v…
Os dedos de Axl foram parar em sua boca rapidamente a impedindo de continuar falando.
—Eu vou só te dar um aviso. — Falei, levantando e jogando o guardanapo em cima da mesa. —Não me tira do sério. Tá só começando.
Point of View: Axl
—Que ironia. Esse sol lindo, todo esse calor, você sem os coturnos, mostrando as pernas, com uma camisa clara, surpreendentemente, com os cabelos presos e, agora, fumando um cigarro na recepção. Você sempre vai ter uma partezinha mal-humorada né?
—O que você quer, Axl? Veio defender sua namoradinha? Tranquilo, ela vai precisar. — Disse ela, eu podia sentir o veneno de longe.
Eu peguei o cigarro de sua mão e coloquei na boca. Ela me olhou com os olhos arqueados, com presunção, mas não contestou.
—Eu sei que ela mereceu, mas, ela é uma garota legal…
—Ah, pronto. — O semblante mal-humorado com o movimento de revirar os olhinhos era como um enérgico, cada parte de mim reagia de uma forma aos seus estímulos, propositais ou não, ela mexia no fundo e o meu corpo dava sinais de sentir ainda mais vontade, o que era ótimo, meu coração estava intacto e permaneceria.
—Pega leve com ela, Mel.
—Vou pensar no seu caso. — Ela pegou o cigarro de volta e sorriu ao piscar, metida. —Mais alguma coisa?
—Ontem você estava... Fantástica.
—Eu não sei do que você está falando.
Ela levantou as sobrancelhas chocando-as com a maldita franja. Eu queria tanto, mas tanto pegá-la pela cintura e levá-la para qualquer lugar reservado para dar outro beijo em sua boca. Seus olhinhos me olhavam como se quisessem, mas quem poderia saber? Ela sabia enganar muito bem.
—A timidez é tanta que você vai fingir que não lembra?
—Timidez? Por quê? Eu não sei do que você está falando mesmo.
Melanie virou de costas para mim. Por pouco não acreditei que ela estava mesmo tímida mas algo me dizia que não passava de mais uma tentativa de me ver cair em tentação. Sua nuca exposta me chamava, as argolas ao redor e o cabelo bagunçado ao alto brincavam com algo no meu interior. Eu me aproximei, levei uma das mãos em seu ombros com o polegar caminhando até o seu pescoço. Ela virou rapidamente de frente para mim.
—O que você pensa que está fazendo, William? — murmurou, formando um biquinho nos lábios morango, desta vez tão clarinhos que eu desejei dar cor a eles com a minha própria boca.
—Te convencendo que aceitar os fatos é muito mais prazeroso do que ficar blefando.
—An? Aceitar o que? Aconteceu alguma coisa?
—Como assim “aconteceu alguma coisa”? Você só pode estar tirando onda com a minha cara, Mackenzie.
Eu olhei ao redor conferindo se ninguém ouvia a forma como a chamei. Eu começava a ficar mesmo nervoso, e ela brincava com as íris que dançavam para lá e para cá como se quisessem me hipnotizar.
—Desculpa. Aconteceu algo que eu deveria me lembrar?
—Tudo bem que você bebeu e tudo mais, mas não é possível que você não lembre do…
—Do…? O que aconteceu?
Eu não podia acreditar. Senti meu rosto esquentar e se eu bem me conhecia estava vermelho.
—Nada… É. Nada.
—Ah, tudo bem então. — Uma sombra de sorriso estampava seu rosto, os olhinhos escuros embriagados sem álcool não tinham medo de me encarar.
Ela jogou o cigarro no chão, me olhou sorrindo e saiu andando pela recepção, era a primeira vez que eu a via com um jeans curto e por mais estranho que fosse não ter Mackenzie com seu visual escuro de quem mexia com todos por conter uma maldita droga, assim, clara como se trouxesse o sol ela não deixava de me causar problemas, era luz demais. Menina veneno.
***
Eu nunca ia à essas merdas e não sabia bem por que tinha entrado no carro mas não podia voltar atrás, eu tinha mesmo que comparecer a famosa e infernal passagem de som. Matt dirigia pior do que eu. O carro sacolejava e fazia com que Steven, Slash, McKagan e eu nos chocassêmos sem parar. Izzy, Adriana, Melanie e Janet iam no outro carro e eu achei mesmo melhor assim. Melanie tinha um poder inexplicável de encantar e mexer, até mesmo de maneira ruim, com as pessoas com quem se envolvia, direta ou indiretamente. Eu não podia mais subestimar, a menina era mesmo um veneno. Mas, se a vadiazinha não lembrava de nada, então eu não queria olhar na sua cara.
—O outro carro deve estar pegando fogo. Mila vs Janet. Eu deveria estar lá. — comentou Steven com sua típica atitude inconveniente.
—Você gostaria de estar lá por causa da Adriana, cara, todo mundo sabe. — McKagan fez o favor de responder o que eu pretendia.
—Na moral, já imaginaram as duas, de calcinha, brigando, unha pra cá, unha pra lá, puxão de cabelo? — Slash, no meio de nós dois, com um sorriso maroto.
—Pode repetir? Comecei a imaginar a parte da calcinha e esqueci do resto. Com todo respeito à sua loirinha, Axl. — disse Duff no banco da frente.
Os caras acabavam me contagiando com a animação, eu não era o tipo mais extrovertido mas eles sempre me faziam enxergar o lado bom de cada uma das coisas, como passar o som, por exemplo. Eu odiava como a pior coisa do mundo turnês, hotéis, países estranhos, mas com um bom primeiro dia eu até sentia vontade de tentar ser legal. A risada deles era mesmo meu melhor remédio, eu os olhava e podia sentir meu coração se preencher. Foi quando senti Slash, um tanto apreensivo, se aproximar sorrateiramente do meu ouvido.
—Aí cara, falando nisso...
—Nisso o que? Mulheres de calcinha?
—Sempre é. — Ele sorriu. —Sou obrigado a te contar uma coisa.
—Sou todo ouvidos.
—Então, mantém quieto, falou? É segredo, a banda não pode saber.
—Então por que você vai me contar?
—Porque você não é um dos que teria problema saber, acho. Você é você. E você é meu irmão, cara. Tenho que dividir isso contigo.
—Hmmm. Que responsabilidade.
—Sabe aquele dia da festa da MTV?
—Chegamos! — exclamou Matt. —Vocês estão atrasados. Se não querem ter problemas com a Mila por causa de horário, desçam logo.
—Vamos lá. Depois você me conta.
Point of View: Mila
O barulho estridente da guitarra ecoava por todo o lugar. Com capacidade para cerca de 5.000 pessoas, o local onde o show seria realizado passava por ajustes, faxineiras limpavam enquanto seguranças conferiam as entradas e os meninos arrumavam o som junto com os técnicos conforme tocavam.
Janet, cujo apenas o rosto já me enchia de raiva, estava de pé na lateral do palco admirando Axl brincar com o pedestal. Adriana e Matt ao meu lado no lugar onde ficaria a platéia sorriam como se soubessem da minha vontade de colocar a loira em seu devido lugar e por isso estavam evitando que eu me aproximasse dela.
—Certo. Vamos embora. — disse Axl, o semblante indicava a falta de vontade de estar ensaiando.
—Dá próxima vez deixe o Axl no hotel, ele só atrapalha. — disse Steven.
—O prazer vai ser todo meu.
—Prazer mútuo. — resmungou Izzy. Ninguém conseguia trabalhar com as brincadeiras de Axl na porcaria do microfone.
Eu bufei cruzando os braços os olhando da platéia. Eles desceram. Izzy de papo com a loira, eu estaria mentindo se dissesse que não sentia uma ponta de ciúmes. Steven, Slash e Duff brincando como moleques e Axl com o olhar arqueado e presunçoso, me evitando desde a chegada e eu bem sabia o porquê. Os meninos pareciam falar de mim, rindo e cochichando entre si, me olhando sem disfarces.
—Que foi? — perguntei.
Eles todos riram.
—Desculpa mas eu não consigo parar de te olhar. — disse McKagan. —Você não imagina como fica linda assim.
Slash sorriu entre as mechas de cabelo levando a mão para conseguir me olhar.
—Aí, os caras tão certos. — Disse Izzy. —Vou te falar. Tu tá… — Ele pressionou os lábios concordando com a cabeça como se parabenizasse. Janet revirou os olhos.
Eu fui obrigada a rir. Izzy continuava com a mesma essência, embora me desapontasse o fato de estar apaixonado por um garota insuportável, o moreno ainda me instigava, no fundo, imaginar como seria se tudo tivesse acontecido diferente.
—Muito obrigada, caras. Vocês estão enchendo o meu ego.
—Mais? — perguntou Janet.
Respirei fundo. Adriana se colocou ao meu lado, séria.
—Qual foi, ô doida? Você nem deveria estar aqui.
—Eu sou a namorada do vocalista. Já você é o que mesmo? Uma vagabunda?
Axl sorriu levando o polegar nos lábios, como quem gostava de ver a briga.
—Que rico socão na boca… — murmurei.
—O que?
—Pensei alto.
Axl sorriu, debochado.
—Axl, meu querido. — disse Adriana. —Se a sua excelentíssima namorada aparecer com o olhinho roxo, eu só quero deixar claro, avisado aqui antes que vocês pensem em nos acusar, que sim, FOI MESMO EU E A MILA.
Ela se abraçou em Axl, ele a protegeu no peito envolvendo com os braços, sorrindo. Eu mesma não entendia por que diabos ele ainda dava esperanças a ela em determinadas situações, mas quem poderia entender Axl? Era impossível saber quando era provocação, sentimento ou empatia.
—Ok, chega. — interrompeu Matt. —Vou ter que concordar com os meninos. Você está linda, Mila. Aliás, muito parecida com a sua mãe.
—Minha mãe?
Todos olharam surpresos. Notou-se fácil no meio de todos os rostos o semblante encantado de Izzy. Eu gelei por dentro, me pegou de surpresa.
—Sim. A bela Elizabeth.
—Como você conhece ela?
—Longa história… Eu conheci seu pai e sua mãe há muitos anos, na escola. Thomas me odeia.
—Sério? Por quê?
—Bem, eu tentei conquistar a sua mãe de todas as formas possíveis. Com todo respeito, eu era o cara certo para ela, acredite. Eu era, inclusive, aquele que seu avô tinha como o homem certo para a filha, mas Elizabeth era completamente apaixonada por Thomas. O que adianta ser o que a faz bem se as garotas sempre preferem os metidos? Ela fugiu com ele.
—Eu amo essa história da fuga! Você amava a minha mãe?
—Um amor de adolescente. Eu cheguei a encontrar com seus pais anos mais tarde e vi você, correndo pequena pela casa em Lafayette.
—Lafayette? — questionou Slash.
—Lafayette não é o lugar onde Axl e Izzy nasceram?
—Lafayette? Acho que você está confundindo os lugares. Eu nasci em Chicago. — Falei, improvisando, tentando piscar para que Matt concordasse sem mais.
—Chicago? — indagou ele.
Eu olhei para os meninos, Axl e Izzy me respondiam igualmente com apreensão.
—Sim, Chicago. — reforcei, pedindo socorro com o olhar.
—Ah, sim! Chicago! Que cabeça a minha…
Ao redor todos observavam confusos, semicerrando os olhos na minha direção. Izzy e Axl, entretanto, tentavam disfarçar o semblante colocando um sorriso amarelo, não que funcionasse mas decidi sorrir também, o mais falso sorriso.
—Isso. É tão perto… Lembro de você correndo pela casa em Chicago. — Matt reforçou a voz dando continuidade sem entender.
—Certo. Podemos ir agora?
***
Alguém tocou a porta. Eu revirei os olhos por força do hábito. Estava demorando para isso começar a acontecer, estar no mesmo hotel que os meninos significava poder ser incomodada a qualquer hora e eu não estava preparada para isso.
Coloquei uma camiseta e abri a porta na expectativa por saber quem era.
Fui obrigada a olhar de cima a baixo, da cabeça aos pés. Tudo bem que eu já esperava dar de cara com homens sem roupa ou enrolados em toalhas pós-banho, mas Izzy Stradlin na porta do meu quarto sem camisa foi como colírio para os meus olhos. Não somente pelo corpo magro e comprido que continha seu charme singular, mas pela surpresa de ver aquele que nunca se mostrava, na minha frente totalmente confortável e com uma dose de folga.
—Aí, me deixa entrar. — Ele me acordou em um susto.
Eu abri a porta e estiquei o braço fazendo sinal para que ele se sentisse à vontade. Izzy, sem qualquer embaraço, passou por mim e se sentou na minha cama, apressado.
—Qual foi a de hoje mais cedo? Chicago? Manda o papo.
—Hmm. Os caras desconfiaram de Lafayette, eu tive que improvisar.
—Isso eu vi, gracinha, quero saber o porquê de você não falar a real pra eles? Qual o problema?
Eu fechei a porta percebendo que o assunto era, de certa forma, confidencial e me aproximei de Izzy.
—Com eles? Nenhum. Agora com Tommy… — falei. Ele abriu os olhos como se caísse na real.
—Hmm. O seu amiguinho sabe da terrível história de abandono?
—Sim e ele odeia vocês, ou melhor, William e Jeffrey.
—Porque ele é apaixonado por você.
—É… — Eu sorri dando de ombros e logo sentei na cama ao seu lado.
—Imagina ele descobrindo que os caras que você enrolava e fazia strip-tease estão com você, dia e noite… Iala, se fosse eu não deixava. — disse ele com deboche.
—Que pecado! Eu não enrolava vocês. — exclamei deitando para trás na cama, levando ele a fazer o mesmo.
—Claro que não, tamanho equívoco o meu… Você só fazia a rapaziada se apaixonar e depois nem ligava.
—A culpa não é minha. É difícil não se apaixonar, não concorda?
Ele levantou da cama parando para me olhar de frente.
—Tá fazendo de novo.
—O que? — perguntei levantando, ficando apenas sentada.
—Brincando. Tu é braba, mas não sinto atração por você não, ô maluca.
—Sem graça.
—Além disso, eu vi você apostando com a Adriana. “Eu convenço ele a deixar a loirinha nojenta de lado”. — Ele tentou me imitar e soou mais engraçado do que de fato era. —Boa tentativa, gatinha, mas eu amo aquela loirinha nojenta.
Izzy sorriu, o velho sorriso de um velho moleque, agora adulto, mas com a mesma forma de quem em silêncio não parava de se comunicar.
—É bom te ter de volta. — Atirei sem nem mesmo pensar.
—É muito bom te ter aqui também.
Ele se dirigiu até a porta se preparando para sair. Eu chamei sua atenção.
—Aí, sério que tu não sente atração por mim?
Ele pegou a almofada que estava em cima da poltrona e sorriu para mim, tocando no meu rosto.
—Hmm. Você é bonita mas falta um pouquinho de coxa, sabe? Como a loirinha nojenta. Eu gosto daquelas com mais corpo. Sinto muito.
Eu comecei a rir antes mesmo de ele terminar de falar.
—Vai se foder, Jeffrey.
Mila P.O.V. Off
Matt tentava pela terceira vez mas ninguém do outro lado da linha atendia o telefone.
—Até que enfim! Eu já estava quase desistindo.
—Matt, você essa hora? Aconteceu alguma coisa? Como ela está?
—Muito bem, acho. Você não tem com o que se preocupar.
—Então por que me ligou?
—Uma coisa me intrigou e já que você pediu para que eu avisasse qualquer passo estranho da Mila… Aqui estou.
—Fala logo.
—Então, Tommy… Têm algum motivo pelo qual a Mila gostaria de evitar que os meninos da banda soubessem que ela nasceu no mesmo lugar que Axl e Izzy?
—O que?! Como assim mesmo lugar que Axl e Izzy?
—Porque hoje, bem, ela mentiu descaradamente…
—Mesmo lugar que Axl e Izzy?
—Talvez eles se conheciam… Tudo bem. Mas você não acha estranho ela mentir? Espera... Você não sabia?
O telefone se calou por alguns segundos porque a mente tinha encontrado todas as respostas.
—Ruivo e moreno. A petulância. Droga! Como eu fui burro!
—Do que você está falando?
—Obrigada, Matt. Eu chego aí amanhã.
*
Que poder ela tinha sobre ele nem o mesmo sabia explicar. Por mais horas que passasse lembrando dos diversos momentos em que ao seu lado ela brilhou fazendo exatamente o que deveria para ganhar seu coração, tentando não deixar nenhum detalhe escapar, Tommy não encontrava o exato momento ou a exata atitude que fez de Srta. Roberts o amor da sua vida.
As meninas de calcinha em sua cama na velha mansão em Londres não necessariamente eram um passo no caminho de tentar esquecê-la mas a mostra de que sua falta poderia significar o abismo. Procurar em outros corpos o seu cheiro ou a sua manha ou se perguntar mentalmente por que motivo perdia tempo com uma garota mimada e infantil sendo que podia ter a mulher feita que quisesse era frustrante. Mas as seringas espalhadas, os pacotes de camisinha pelo chão, seu horário de chegada em casa e a sua barba por fazer diziam muito mais sobre sua situação do que palavras.
Melanie era uma dúvida até mesmo para a pessoa que mais a conhecia, quem chamava de melhor amigo. A única certeza que se podia ter, dos meninos da banda aos pretendentes de Londres, era que nenhum escaparia de cair em seus encantos. O final era desconhecido, com sofrimento ou não, por um segundo em um olhar ou em uma vida de loucuras divididas, com amor ou apenas tesão, ninguém resistiria ao canto da sereia.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.