Dimitri.
Quando se passou uma semana desde o ocorrido na casa de Katherine, eu não conseguia tirar da minha cabeça o jeito que ela me expulsou da sua casa (talvez eu realmente tenha merecido), mas eu havia pedido desculpas e ela me ignorou e aquilo me deixou com raiva. Sem contar que nessa semana ela mal olhava para a minha cara. O que me deixou com mais raiva ainda. Ela, pelo menos, devia me dar uma chance de me explicar, mas não. Ela prefere me tratar como um lixo, como um merda.
- Papai? - Sophia estava de pé de frente para mim, na sala.
- Oi, meu anjo. Desculpe, é que eu acho de saí de mim um pouco. - Peguei ela e coloquei em meu colo. - O que estávamos falando?
- Com quem vou ficar quando você começar a trabalhar amanhã?
- Ah... querida. Eu tinha me esquecido disso. - segurei o nariz entre os olhos. Já com alguém em mente, coloquei Sophia no chão e me levantei. - Vou na casa da dona Silvia ver se ela pode ficar com você.
- Ah não, papai. Eu quero ficar com a tia Kate! - Aquilo foi quase como um chute na boca do meu estômago.
- Por que quer ficar logo com ela, querida? - Falei enquanto recuperava o ar que me foi tirado.
- Ah, eu gosto dela. Ela até que é legal.
- Ah, minha filha. A dona Silvia também é.
- Mas lá ela só coloca em coisas chatas, como programa de comida. Sem contar que ela não gosta que eu brinque no quintal dela por causa de suas plantas. - ela entrelaçou suas mãos e estendeu na altura de seu rosto como súplica. - Por favor, papai. Deixa eu ficar com a tia Kate.
Pensei por alguns instantes já na hipótese dela dizer não por minha causa. Mas para acabar logo com aquilo tudo, resolvi conceder o desejo de Sophia.
- Tudo bem. Vamos lá na casa dela ver se ela pode cuidar de você, Ok?
- Ok, papai! - Disse toda sorridente.
Katherine
Após o almoço, deitei- me um pouco no sofá para ver TV, mas a campainha toca me fazendo levantar rapidamente. Corri para abrir a porta.
- Oi. - Pronunciou Dimitri depois de ver minha cara de desagrado para ele.
- O que você quer aqui? - disse eu.
- Tia Kate!! Cuida de mim??? - Quando a voz de Sophia ecoou ali, eu a fitei percebendo sua presença e após seu pronunciamento, eu voltei meu olhar para Dimitri com desdém e ele percebeu claramente.
- Podemos conversar?
- irá me agarrar? Não, né? - Ele, na mesma hora, tampou os ouvidos de sua filha.
- Papai, você agarrou el... - Dimitri rapidamente cobriu a boca dela com a mão e a Repreendeu com um "sshhh", mas mão demorou muito pra ele voltar a tampar os ouvidos dela.
- Será que você não pode evitar falar esse tipo de coisa na frente dela?
- Desculpe, erro meu. Entre. - Abri espaço e eles entraram.
- Sophia, eu tenho vários pôsteres do star wars lá no meu quarto, você quer um? - Agachei para ficar na altura dela.
- Quero!! - Seus olhos brilhavam de fascínio.
- Escolhe lá e depois me chama que eu vou te dar um, está bem?
Toda alegre, Sophia assentiu e subiu as escadas correndo entrando no meu quarto.
- Pronto, pode falar. - Me sentei em uma poltrona de frente para ele.
Dimitri estava inquieto, não sabia se era por causa do que aconteceu com a gente, ou se é algo que ele vai dizer. Esperando uma resposta, eu o encarei sem demonstrar nada.
- É que eu vou começar a trabalhar amanhã e não tenho com quem deixar Sophia. - ele deu uma pausa, mas logo continuou. - Eu queria deixar com a dona Silvia, mas ela sismou que quer que você cuide dela.
- Pensei que você iria começar a trabalhar em casa. O que aconteceu?
- Não deu muito certo isso. Terei que continuar a trabalhar fora.
O fitei por um instante até ter um veredito final.
- Não vai dar. - fui direta. - Minhas aulas começam semana que vem.
- Mas você iria apenas cuidar dela da tarde pra lá. Suas aulas começam que horas?
- Às sete da manhã e termina às duas.
- Bom. Eu saio de casa pra trabalhar as onze e meia. O que você acha de eu deixar a Sophia na casa da Silvia até você chegar?
- Mas que horas ela sai da escola?
- meio dia. - ele deu uma pausa. - Que tal assim. Silvia pega ela na escola e depois, quando você chegar da faculdade, você pega ela na casa da dona Silvia?
Pensei por um momento novamente e decidi que seria legal.
- Está bem. Eu fico com ela então. - Ele parecia mais aliviado depois do que eu disse. Ele ficou até mais relaxado.
- Ah! Que ótimo. Obrigado senhorita Benson. Darei seu pagamento todo mês. - Agora foi a minha vez de ficar alegre e abrir um sorriso. - Bom, eu irei falar com a dona Silvia daqui a pouco.
- Ué. Eu pensei que você Já tinha falado com ela, afinal, sua certeza que ela irá ficar com Sophia é tão grande.
- É, eu sei. Mas tenho a plena certeza que ela irá aceitar. - Ele abriu um pequeno sorriso de lado. Típico de um conquistador. - E olha... eu queria falar sobre Aquilo.
- Aquilo? - Minha voz saiu mais pra fora do que pra dentro.
- É, aquilo.
- Não. Eu dispenso. - Me levantei bruscamente. - Já que terminamos de conversar, vou ver a Sophia.
- Katherine... Seja adulta pelo menos nesse pequeno tempo que estamos juntos. Estou aqui para consertar esse mal entendido e ...
Levantei meu dedo indicador na tentativa dele se calar, e deu certo.
- Como ousa dizer isso? - Trincando os dentes, eu me aproximei e coloquei meu dedo quase dentro da cara dele. - Eu não sou adulta pra você? E naquele dia, heim? Vai dizer que gosta de atrair garotas que você considera criança para o seu harém?
- Não estou falando de idade, Katherine. Estou falando das atitudes que uma mulher adulta deveria ter. - Aquilo foi como um tapa na cara.
- COMO PODE VIR NA MINHA CASA ME OFENDER! - Dessa vez eu fui pra cima dele e começei a dar socos em seu peitoril, mas quando ele segurou meus braços e me imobilizou, nós ficamos encarando um ao outro constantemente. A face dele era uma mistura de raiva, desejo, desespero, que eu queria entender o motivo para tudo isso, e como um raio, me veio a resposta. Eu. Mas... por que? Droga! Por que?! E por que será que eu quero beijar ele depois dele ter me ofendido? O toque dele me deixava com calafrio, mas era um calafrio gostoso. Seu olhar encima de mim, me deixava sem forças.
- Por que...?! - Sussurrei mais pra mim do que para ele. E não esperando por isso, ele havia escutado.
- Eu não sei... - Sussurrou ele de volta. Seus olhos brilhavam. - Me perdoa...
Já sem forças e com muita dificuldade, sai do seus braços e fui até o pé da escada e chamei pela Sophia.
- Tia Kate. Eu ainda não escolhi. - Ela não parecia muito feliz quando eu a chamei.
- Desculpe, Sophia. - Agachei e carinhosamente passei minha mão em seus cabelos chocolate. - amanhã quando você vier aqui pra casa, eu te ajudo a escolher, está bem?
- Ta. - Dessa vez ela saiu pela porta e esperou o pai por lá mesmo.
Enquanto isso, uma nuvem silenciosa continuava a pairar entre mim e Dimitri. Mas ele decidiu não deixar a nuvem ficar mais escura.
- Me perdoe por ter te ofendido. - disse um pouco sem jeito. - Por ter te ofendido ontem e hoje. Me perdoa.
Cruzei meus braços e permaneci assim por uns tempos.
- tudo bem. Mas saiba que estou fazendo isso pela Sophia, e não por você.
- Não podemos ser pelo menos amigos?
- Não.
- Era isso que eu estava tentando evitar.
Sem dizer mais nenhuma palavra, ele saiu.
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