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História The Marriage Contract - Eight - Jane


Escrita por: dreams-flowers

Notas do Autor


Boa leitura! ♥♥

Capítulo 12 - Eight - Jane



Changing thoughts

     O QUARTO relativamente pequeno, mas organizado e bem decorado, me faz ponderar por um instante quanto deve custar a diária aqui. Não é nada barata! Penso, lembrando que Ian havia dito que o hotel ficava à poucos minutos de Wall Street, onde a Pryce's Corporation mantém sua matriz.


     Sentada na enorme cama macia do hotel, sinto minha cabeça pesada por não ter conseguido dormir em nenhum momento durante o vôo. Viajar à noite sempre seria um martírio para mim, principalmente porque nunca conseguia pregar os olhos durante o percurso.


     A viagem fora bastante cansativa, principalmente porque tivemos uma escala no vôo. Depois de quase uma hora, tivemos de parar no aeroporto internacional de Dallas, no Texas. Ficamos por lá quase uma hora e meia, e então partimos para Nova York, e o vôo durara quase quatro horas.


     Com todas as horas de viagem, somadas ao tempo que levei para chegar aqui junto com Ian e confirmar minha estadia no hotel, agora passava das quatro horas da manhã, mas não consigo dormir, porque meu peito parece tão agitado quanto a cidade de Nova York, que mesmo em plena madruga, não parece nem perto de ir dormir.


     Ian havia se despedido de mim, me dizendo que qualquer problema ou dúvida sobre o que fosse, eu telefonasse para seu celular particular. E também me lembrou sobre o nosso jantar marcado.


     Quando minhas costas doloridas entram em contato com o colchão extremamente macio, meu cérebro e coração parecem esquecer-se completamente sobre estar elétrica com toda a viagem, e o sono começa a tomar conta do lugar da minha ansiedade.


     Desesperada para dormir, me limito a tirar meu blazer branco e jogá-lo para o outro lado da cama. Jogo os sapatos de salto alto para longe dos meus pés, e abro o botão e zíper da minha calça jeans preta, para então arrastar o pano sobre minhas pernas. A calça tem o mesmo destino do blazer, e não me importo muito se amanhã estarão amassados.


     Me viro de bruços e, com a cara contra o colchão, tento arduamente me livrar do meu sutiã. Quando o consigo tirar e jogá-lo para longe, me sinto totalmente livre, vestindo somente minha calcinha e minha blusa sem mangas.


     Aconchegada debaixo das cobertas grossas da cama grande e macia do hotel, não demoro muito para escorregar me um sono pesado.


••


     Quando acordo no dia seguinte, a dor nas costas sumiu, mas minha barriga dói profundamente, como se meu estômago estivesse vazio por muitos dias.

     Eu não havia jantado na noite anterior, o que pode explicar minha fome devastadora e leve fraqueza que sinto nos meus membros.

     Apesar disso, continuo alguns minutos deitada na cama, encarando o teto do quarto, mais com preguiça de me levantar e ter que me arrumar o suficiente para descer até o restaurante do hotel.

     Pego meu celular sobre o criado mudo, gemendo ao ter que me esticar na cama. Quando ligo os dados móveis, uma grande quantidade de mensagens chegam, todas de uma vez, e preciso colocar o aparelho no silencioso.

     Decido que é preferível começar a me arrumar para tomar café da manhã do que me atrasar respondendo as mensagens. Já são quase nove horas, e eu não havia perguntando noite passada até que horas as refeições se estendiam, então é melhor não ter que correr o risco de gastar dinheiro com o café da manhã quando eu tenho a oportunidade de comer de graça.

     Quando entro no banheiro relativamente espaçoso, de paredes brancas e o piso de madeira, com alguns detalhes nas paredes também de madeira, com uma bancada extensa cheia de gavetas bastante bonita e perto da parede a pia, meu reflexo no espelho enorme me lembra um panda, e lamento por não ter lembrando sequer de livrar meu rosto da maquiagem.

     No meio do banho, preciso sair do banheiro pingando, enrolada no roupão, para buscar os produtos de higiene dentro da minha mala. Fico feliz que o quarto seja coberto por um  carpete, ao invés de ser piso, porque se não teria de me virar nos trinta para enxugá-lo.

     Seco meu cabelo com o secador do hotel, e resolvo deixá-los soltos. Visto uma calça jeans escura, meu tênis branco e uma blusa branca lisa de mangas compridas.

     Quando me olho no enorme espelho do banheiro, me sinto mais parecida comigo mesma. Kristen me diria que estou parecendo uma adolescente de dezessete anos, ao invés de ter vinte e três. Mas parecer mais nova hoje em dia não é algo que me incomoda de verdade, pelo menos não como quando eu realmente tinha os dezessete, e queria ter seios maiores e mais curvas para me parecer mais velha.

     Saio do quarto carregando o cartão para abrir a porta e o celular, e só. Não acho que precisaria de identidade ou o cartão de crédito para alguma coisa.

     O elevador me leva até o andar do saguão, e quando me aproximo do balcão, preciso esperar que o atendente faça o check-in de um casal que aparentemente não consegue desgrudar a boca um do outro. Chuto, em pensamentos, que os dois estejam em lua de mel ou numa viagem romântica.

     — Bom dia, gostaria de saber se ainda estão servindo o café da manhã. — Pergunto, parando em frente ao atendente, que me sauda com um sorriso profissional e um bom dia.

     — Claro. O café da manhã encerra às dez. O restaurante do hotel fica no segundo andar. Quando chegar lá, siga para a direção esquerda.

     — Obrigada! — Aceno sorrindo, e me afasto para caminhar de volta aos elevadores.

     Entro na caixa metálica com mais quatro pessoas, e aperto o botão do segundo andar, respondendo uma mensagem de Kristen. Ela estava preocupada e um pouco chateada por eu ter esquecido totalmente de me comunicar com ela logo depois de ter  deixado seu apartamento ontem.

     O restaurante é grande, tem um bar do lado esquerdo para quem está entrando, e mesas redondas espalhadas pelo salão. A decoração é limpa, e trás a sensação que o ambiente é arejado, com todas os jarros de plantas espalhados estrategicamente, as paredes num tom gelo e o piso branco, e toda a claridade natural que as vidraças enormes das janelas permitem entrar.

     É um lugar bonito.

     O café da manhã está exposto numa enorme mesa de madeira, coberta com uma toalha branca. Tudo está coberto, mas cada prato, jarra ou panela carrega uma etiqueta na tampa.

     Pego um prato e opto por comer frutas, já que tenho quase certeza que as panquecas e os cupcakes possuem ingredientes de origem animal. Na minha xícara, despejo café.

     Escolho a única mesa vaga perto da primeira janela, próximo ao bar. Tem quatro lugares, mas não me incomodo de estar sozinha.

     Como com calma, conversando com papai por mensagens. Acho graça quando ele usa emojis, e também quando ele passa quase dois segundos para escrever uma frase com duas palavras.

     Quando termino de comer, ainda estou com fome, então me convenço de que a melhor coisa é sair do hotel e procurar por um restaurante que sirva café da manhã, e de preferência vegano.

     Caminho pelo hotel observando tudo ao redor, e então subo pelo elevador até o quarto andar.

     Meu celular toca enquanto procuro dentro da mala minha jaqueta jeans, e não olho pelo visor para checar quem é. — Alô?

     — Jane! Espero não estar te incomodando... — O sotaque inglês diz do outro lado, e sei que é Ian. Não poderia ser outra pessoa, de qualquer forma, porque não conheço nenhum outro inglês.

     — Não, não está. — Digo, colocando o celular no viva voz para poder vestir minha jaqueta. — Estou saindo para tomar o café da manhã, conhece algum restaurante que sirva comida vegana?

     — Com certeza. Liguei para perguntar se gostaria de ter companhia para o almoço.

     Um barulho de porta batendo e uma voz masculina do outro lado me impede de falar, e Ian diz, numa voz apressada: — Só instante, Jane!

     Ele deve cobrir o celular, porque não escuro absolutamente nada durante os segundos seguintes. Durante esse tempo, vou até o banheiro com minha necessaire numa mão e o celular na outra.

     — Desculpe, Jane. Um colega de escritório acabou de entrar para me deixar alguns papéis. — Ele explica, com a voz um pouco distante, como se o celular estivesse no viva voz e Ian estivesse mexendo em alguma coisa. — Hei, se quiser posso buscá-la no hotel e levá-la ao restaurante...

     Penso por um momento sobre isso, encarando meu reflexo no espelho.

     Eu nunca estive em Nova York, então consequentemente não sei os nomes das ruas ou avenidas, e muito menos saberia encontrar um provável restaurante para comer. Seria bom ter uma companhia, e, além disso, eu poderia descobrir mais coisas sobre Benjamin Pryce, e Ian West é uma fonte rica e bastante segura para me dar informações.

     — Seria ótimo, na verdade. Mas não estarei tomando seu tempo ou algo assim, certo? — Me certifico. Eu não gostaria nem um pouco de prendê-lo à algo quando ele pode ter muitos compromissos em seu trabalho.

     — De forma alguma. Encontro você em meia hora no saguão do hotel, tudo bem?

     — Claro! Até mais!

     — Até, Jane! — Ele encerra a ligação.

     Escovo meus dentes e penteio os cabelos. Passo um pouco de perfume, e me sento na poltrona perto da janela, calculando que devo descer daqui à vinte e cinco minutos.


•••


     Quando desço até o saguão e encontro West sentado numa das poltronas, bastante concentrado em seu celular, de repente me arrependo de ter vestido uma roupa tão casual.

     Seu terno e calça azuis, junto da camisa social branca bem passada e os sapatos marrons num estilo que lembrava verniz, me fizeram sentir deslocada.

     — Hey, Jane! — Ele sauda com um sorriso quando me vê parando à um braço de distância de suas pernas. — Você fica diferente vestindo roupas casuais, se me permite dizer!

     — Oi. Eu sei que quer dizer que aparento ser uma adolescente! — Digo, tentando dar uma trégua à minha hesitação diante da sua simpatia contagiante.

     O fato dele se deslocar de seu trabalho para me levar para comer alguma coisa para tentar me deixar confortável numa cidade que não conheço me ajuda também.

     Ian solta uma risada sonora, então diz: — É isso mesmo, se quer sinceridade, mas não fica mal. Quer dizer, você é uma mulher bonita, Campbell, embora eu saiba que já sabe disso.

     Eu tentava dizer à mim mesma que sabia, mas na maior parte do tempo não sabia. A verdade é que a baixa autoestima sempre foi um problema presente em minha vida, e era sempre difícil sair da minha toca de desilusões ao acordar, me olhar no espelho e dizer: "Uau Jane, você é inteligente e bonita pra caramba! Uma mulher e tanto!", ao invés de me depreciar apontando todas as coisas que não consigo fazer, ou o quanto meus seios pequenos são ridículos, ou o quanto a falta de curvas avantajadas me faz parecer patética ao lado das minhas amigas.

     Sorrio para Ian, preferindo não pensar muito nisso agora.

     Nós dois caminhamos lado à lado até a entrada do hotel, conversando sobre que tipo de comida eu preferia comer no café da manhã.

     — Você já sabe que sou vegetariana estrita, então nada que contenha produtos de origem animal já é algo que valhe à pena. — Dou de ombros.

     — Okay, me deixe pensar num lugar interessante... — Ele diz, e então por um segundo inteiro para para buscar na memória algum nome que possa lhe chamar atenção. West abre os olhos quase negros e um sorriso enorme. — The Butcher’s Daughter!

     Faço uma careta diante do nome. A Filha do Açougueiro não me parece ser um restaurante que sirva comidas à base de plantas.

     Ian ri diante da minha expressão de desgosto. — É exatamente assim que Julie quer que reajam! Conheço a dona, e ela é vegana de carteirinha, pode confiar.

     — Um nome irônico para um restaurante que serve uma comida que possui toda uma filosofia por trás dela.

     — Julie também pensou assim. Seu pai era açougueiro quando ela era pequena, o que a fez, inclusive, se tornar vegana. — Ele explica.

     Um homem falando ao celular esbarra em mim, e sequer vira para pedir desculpas. Nós ainda estamos parados na calçada do hotel.

     — Fica muito longe?

     — Não. Levamos no máximo doze minutos indo de carro. Vem, consegui estacionar meu carro no final da rua.

     O carro de Ian é um Toyota SUV moderno na cor cinza, e cheira à novo. Quando me sento no banco do carona, não deixo de pensar o quando o meu Chevrolet Onix ficaria no chinelo em relação à estética do SUV de Ian, mesmo que não seja grande coisa. Carros caros são bonitos, e é claro que deve ser interessa dirigi-los, mas nunca fui uma grande apreciadora de automóveis, então não tenho em mente um carro dos meus sonhos, e não me importaria que tivesse de dirigir carros mais populares, como um Fiat.

    The Butcher's Daughter é tão encantador que me sinto tentada a tirar uma foto e enviar para Kristen. Se ela visse algo parecido, teria um surto e tiraria inúmeras fotos para serem publicadas nas redes sociais.

     O ambiente arejado, claro e repleto de vasos com diferentes plantas me faz sentir à vontade, e com vontade de andar por aí sorrindo para as pessoas. É um pensamento esquesito, mas é isso que sinto ao observar um lugar tão adorável e diferente como este.

     É um lugar relativamente pequeno em relação à largura e comprimento, mas tem um teto mais alto que o normal, e isso, junto da parede de vidro que mostrava a rua, dá a impressão de que o ambiente é maior do que aparenta.

     — Sua cara surpresa indica que gostou? — Ian pergunta com um sorriso, enquanto nós nos sentamos na mesa de madeira e cadeiras de ferro pintadas de branco e arredondas, perto da parede de vidro.

     Não há tantas pessoas por aqui. Seríamos somente nós e as duas garotas atrás do balcão perto da entrada, não fosse um grupo de dois homens e duas mulheres sentados à duas mesas depois da nossa.

     — Geralmente desconhecidos, principalmente os de Wall Street, não ganham créditos comigo, mas você acabou de ganhar ao me trazer num lugar tão bonito como esse! — Exclamo, me esquecendo por um momento da formalidade, que julgava ser bastante importante, sabendo que West trabalha para Benjamin Pryce, e que este último é um magnata de Wall Street que se aproveita da fraqueza de empresas como a S&S e as compra, sem se importar com quem lá trabalha e depende disso.

     Tento ignorar esse fato e a irritação que o acompanha, já que, de certa forma, não é muito justo me mostar mais casual e extrovertida para Ian e então voltar à tratá-lo com imparcialidade e frieza.

     — Jura? Devia ter me oferido bem mais cedo para trazê-la aqui. Se tornou quase um desafio tentar fazê-la parar de me enxergar como um babaca!

     — Posso mudar meus conceitos sobre isso, depois da sua ótima escolha de restaurante. — Comento, pegando o cardápio bem elaborado e colorido sobre a mesa.

    Não me importo se já está quase na hora do almoço. Escolho waffles com morangos por cima, e uma batida de banana com linhaça e chia.

     — Conheço pessoa veganas e vegetarianas, mas me sinto perdido diante de tantas possibilidades. Quer dizer, como assim "falso ovo frito"?! — Ele franze a testa e faz uma careta ao ler o cardápio. Também parece surpreso que as pessoas consigam se adaptar tanto.

     — O ser humano é perfeitamente adaptável, o falso ovo frito é uma prova! — Pisco, rindo um pouco.

     — Tenho uma irmã mais nova, que é vegetariana. Ovo-lacto-vegetariana, na verdade, mas ela com certeza acharia adorável ter uma conversa com você. — Ele comenta, sorrindo ao falar da irmã.

     — Isso é incrível! Adoro ver mais e mais pessoas que aderiram e colocaram o veganismo em suas vidas!

     Ian solta uma risada anasalada diante do meu momento de emoção, sinalizando para uma das garotas atrás do balcão que nós estamos prontos para pedir.

     Internamento, começo à mudar meus conceitos sobre West.

※※※



Notas Finais


Espero que tenham gostado!

XOXO, Jess.


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