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História The Marriage Contract - Two - Jane


Escrita por: dreams-flowers

Notas do Autor


(Coloquei aí uma foto da Daisy Ridley - que é a Jane -, para vocês visualizarem melhor a personagem! Prometo tentar lembrar de colocar a foto dos outros no decorrer das postagens!)

Boa leitura! ♥♥

Capítulo 6 - Two - Jane


Fanfic / Fanfiction The Marriage Contract - Two - Jane


  "Real Contract"

     QUANDO eu costumava ser uma garotinha beirando os oito anos, e na escola tinha uma grande apresentação para executar na frente de todos, geralmente me sentia enjoada, tamanho meu nervosismo. Os momentos antes da grande hora eram sempre os piores, porque a expectativa de cometer erros era muito alta. 

     Foi impossível não me sentir como aquela garotinha amedrontada ao estacionar meu carro na porta do Hampton Inn & Suites, uma terrível sensação de frio assolando meus órgãos internos, como se o próprio Polo Sul tivesse ido parar ali. 

     — Boa tarde, senhorita. — O vallet, vestido impecavelmente com o uniforme do hotel, me sauda com simpatia quando desço do carro. 

     — Boa tarde — Digo, tentando sorrir de forma decente. 

     Sempre que ficava nervosa, era algo que ficava bastante evidente em meu rosto, porque sempre me dedicava a atacar meus lábios, arrancando qualquer pele morta, ou piscava mais vezes do que o normal meu olho esquerdo. A última mania era algo que havia me feito ser alvo de muitas brincadeiras sem graça na infância e na famigerada adolescência. 

     Adentro a recepção luxuosa do hotel agarrando minha bolsa,  apertando-a contra meu corpo como se, de alguma forma, ela pudesse amenizar meu nervosismo, ou me salvar daquele momento.

     Logo depois de me recolher em meu quarto, depois da inusitada conversa com papai na cozinha, eu havia decidido que tentaria arranjar tempo antes que a Pryce's Corporation fechasse o cerco e nos forçasse a aceitar a proposta que tomaria o emprego de centenas de trabalhadores, e que também tomaria todos os bens de papai. 

     E, para começar a tentar resolver toda aquela desastrosa bagunça, que poderia nos deixar sem absolutamente nada, achei que deveria escutar mais calmamente o que Ian West estava querendo dizer com sua proposta mais "humana", como ele mesmo havia empregado ontem. 

     Não era de todo mal tentar, embora todas as vezes que havia sentido traços de esperança ao lembrar do sotaque inglês de West e aquela entonação emocionante que ele usava de propósito para os desesperados -que era claramente meu caso -, assim os fazendo criar expectativas, eu tentava duramente dizer à mim mesma para não criar ilusões com a empresa de Jonathan sendo salva da falência, ou algo parecido. 

     As inúmeras pessoas transitando pela extensa e bem decorada recepção do hotel me fizeram ficar brevemente perdida. Procurei, por entre as poltronas acolchoadas postas estrategicamente bem no centro do saguão para quem quiser descançar, pela figura morena de West. 

     — Senhorita Campbell! — O sotaque inglês carregado soou logo atrás de mim, que à essa altura, parada perto da porta de vidro da entrada, tinha o celular em mãos, pronta para discar para o mesmo número que o cartão de West indicava. 

     — Oh, senhor West! Fico feliz que tenha aceitado falar comigo sem meu pai por perto. — Digo, apergando sua mão. 

     — Foi uma grande surpresa receber sua ligação mais cedo. Também fiquei feliz que tenha pensado à respeito do que discutimos na quarta-feira, mesmo que brevemente. — Ele sorri um sorriso pequeno, mas profissional. 

     Ian West é um homem realmente atraente, os cabelos negros que lhe davam um ar marcante, juntamente dos olhos castanhos escuros e os cílios também negros. Ele realmente era agradável de se olhar. Mas eu bem sabia que aquele rostinho bonito podia ser traiçoeiro. 

     Ou talvez eu tenha convivido tempo de mais com executivos para desconfiar de uma pessoa que vestia ternos caros e fazia contratos milionários, e que possuíam rostinhos bonitos iguaizinhos aos de Ian West. 

     — É melhor conversarmos num lugar mais reservado. Me acompanhe, senhorita Campbell — Ele me pede, com a voz sempre cortês.

     Desviando vez ou outra das pessoas, sigo West pelo hotel até o bar, logo depois da piscina repleta de hóspedes aproveitando para espantarem o calor do verão que Oklahoma City os proporcionava. Eu bem que gostaria de fazer parte daquele grupo, ao invés de estar vestida no conjunto terninho-e-saia executivos e pretos num calor que beirava 34°C, com uma sensação térmica de dois graus celsius à mais.

     A sensação de calor foi aos poucos deixando meu corpo quando adentramos o bar climatizado, que tinha o ambiente preenchido por uma música de jazz instrumental muito boa. 

     Havia poucas pessoas espalhadas pelas mesas, a maioria homens vestido de ternos, que haviam parado para uma bebida no meio da tarde. 

     A decoração de cassino me surpreendeu um pouco, considerando que do saguão para a recepção, a decoração do hotel era bastante simplória, mas elegante e cara. 

     West, com um sorriso mensurado e cordial, me indicou com um movimento que eu seguisse na frente, apontando discretamente uma das mesas para dois perto da parede coberta por um papel de parede que dava um ar elegante e moderno ao bar. 

     O garçon nos saudou com um sorriso educado e, com maestria, nos apresentou o cardápio, que eu devia dizer, ostentava preços exorbitantes. 

     Com o declínio da empresa, mesmo que papai silenciosamente tentasse fingir que não estávamos realmente indo à falência, eu havia começado a tentar economizar arduamente, tentando guardar dinheiro na poupança para momentos extremos, que eu sabia que não tardariam a vir, e gastar dinheiro desnecessariamente, como uma xícara de café simples, que custava quase dez dólares, era fora de cogitação. 

     Empurro o cardápio para o meio da mesa discretamente, preferindo permanecer com a boca seca do que gastar parte das minhas economias de uma mera Gestora de RH, em algo dolorosamente caro como um café. Mesmo que, verdade fosse dita, um uma xícara de expresso viesse à calhar num momento de extremo nervosimo, podendo ser classificado como "Pisando em ovos".

     — Então, senhor West... 

     — Ian. Me chame de Ian, já que este pode ser o começo de uma grande amizade, caso a senhorita aceite. — A piscadela e o sorriso aparentemente amigáveis me fazem lançar um olhar espremido em sua direção, tentando captar algo além daquilo que ele demonstra. 

     — Uma amizade, hãn?! — Suspiro, sentindo como se estivesse pisando num terreno completamente desconhecido.

     De fato, aquele era um terreno totalmente desconhecido para mim, já que, obviamente, Rose e Jonathan é quem eram propriamente os executivos da família. Eu era apenas mais uma de seus trabalhadores que possuía o sobrenome em comum (e que, nas horas vagas, era a filha única). Acordos, e tudo o que envolvia o âmbito da economia, não eram conhecimentos firmes e claros em meu cérebro. 

     Mesmo quase ignorante no assunto, tento transparecer que estou confiante e que sei onde estou pisando - mesmo que por dentro tremesse como num verdadeiro desenho animado -, cruzando a perna esquerda para ficar mais ereta, e, assim, lançar uma expressão séria para Ian. 

     — Então, Ian, me pareceu bastante convicto de que sua alternativa mais "humana" poderia ajudar minha família. E antes que me venha com mais discursos prontos como "acreditar em algo e querer agarrar este algo com força" e coisa e tal, gostaria de saber o real motivo para esse suposto ato benevolente de sua parte de querer ajudar uma empresa tão insignificante diante da Pryce's Corporation como a S&S! — Vou direto ao ponto, tentando controlar o tremor em meu olho esquerdo, ou impedir que o fluxo de palavras simplesmente sumissem e eu me atrapalhasse toda, e acabasse gaguejando ou, na pior das hipóteses, acabasse muda. 

     Por um instante, o sorriso aberto e largo de West, logo seguido de uma risada descarada, me deixam frustrada. Me parece que Ian apreciava uma piada interna neste momento, e eu poderia fazer parte dela. 

     — Desculpe por isso, Jane... Posso chamá-la assim, certo? — Ele me pergunta, mantendo o sorriso. West prossegue ao me ver, com relutância, acenar positivamente. — Não tenho uma longa carreira como advogado, ou o "faz tudo de um CEO", cargo que infelizmente ainda não existe no sindicato dos trabalhadores, mas posso afirmar que não vi muitas mulheres como você neste ramo. 

     É impossível não controlar o suspiro de irritação que deixam meus lábios. 

     — Mulheres como eu? Por favor, West, queira especificar, e me dizer que esta sentença não está cheia do velho preconceito sujo e fadigante que assola e cega por tantos milênios a humanidade! 

     O sorrisinho de lado é bastante irritante de se observar, enquanto os seus olhos escuros e cheios de simpatia me observam. Ele tem um evidente ar de admiração, e isso tudo começa a me deixar impaciente, mas também curiosa sobre sua legitimidade. 

     — Longe disso, definitivamente! Sou grande admirador da força que as mulheres possuem, pode acreditar. — Ian pausa por um instante para chamar o garçon e fazer seu pedido. — Um uísque com gelo para mim, por favor. 

     — E para a senhorita? — O rapaz se dirige à mim com um sorriso pequeno, mas cortês, logo depois de anotar o pedido de Ian. 

     — Não vou querer nada, obrigada. 

     — Jane, acho que deveria beber alguma coisa para lubrificar a garganta. Nós temos muito o que discutir aqui hoje. — Ian para o garçon antes que ele se afaste, e mesmo diante dos meus protestos, ele diz: — Vocês prepararam cappuccino com leite de soja, certo?

     O garçon diz que vai checar com o pessoal da cozinha, e isso me faz ficar boquiaberta.

     — Como... Como sabe que não tomo leite de vaca? — Pergunto, surpresa.

     — Bem, você é vegetariana, certo?— Ele pergunta como se fosse óbvio.

     — Sim, mas como exatamente sabe disso?!

     — Meu trabalho exige uma busca completa do perfil das pessoas, inclusive como gostam de se alimentar. Meu empregador gosta de saber com quem está lidando. — Ele explica, com um sorriso sem qualquer pretensão.

     — Você quer dizer que fuça a vida das pessoas para ter cartas na manga, não é?! Você e seu chefe?! — Pergunto, recostando-me no encosto da cadeira.

     — Sabe, Jane, você é surpreendente. — Ele não tenta esconder a risada que segue a frase, e não sei se posso realmente considerar que é um elogio.

     O garçon retorna antes que eu possa retrucar alguma coisa, e confirma a disponibilidade do capuccino com leite de soja.

     Mais uma vez, eu tento recusar o pedido.

     — Obrigada, mas...

     — Nós vamos querer, obrigado. — O garçon assente diante da confirmação de Ian, e nos deixa novamente.

   O fato dele insistir me deixa tremendamente irritada.

     — Tenho certeza absoluta quando digo que estou bem, senh... Ian

     — E acredito em você, mas acho que, depois de uma manhã toda conversando com trabalhadores desesperados com a possibilidade de que a qualquer momento possam perder o emprego, tenha sido bastante desgastante, e nada melhor do que apaziguar o estresse com uma boa bebida, certo?! 

     Lanço um olhar de desconfiança para ele, tentando não me deixar levar por aquele ar tão insistentemente amigável que Ian West deixava transbordar. 

     — Como sabe que estive trabalhando a manhã toda? — Pergunto, feliz que tenha lembrado desse pequeno detalhe em sua fala. 

     — Você é a melhor gestora de recursos humanas da empresa. Não tem tanta experiência na área por nunca ter trabalhado para outros, mas possui bastante elogios por parte dos próprios empregados, e não somente dos donos. É admirável, principalmente diante de alguém que nunca quis trabalhar com algo relacionado ao âmbito econômico. 

     O fato daquele desconhecido ter sacado algo que mais ninguém havia percebido - coisa que eu me esforçava para não deixar vir à tona -, foi algo que me deixou infinitamente desconfortável. 

     Engolindo em seco, desvio o olhar por um instante para o lado, mas, percebendo que poderia estar mostrando fraqueza com aquele detalhe pessoal sobre minha vida particular, que ele claramente não deveria saber e ainda assim aqui estávamos nós, tento o meu melhor sorriso. 

     — Tem me seguido, West? — Disparo a pergunta, inclinando-me um pouco mais para a frente, os olhos espremidos, como se compartilhasse um segredo. 

     — Talvez. Você me pareceu mais sensata que seu pai, e aqui peço que não me leve à mal. Seu pai me pareceu bastante... Perdido. — Ele não ostentava mais qualquer sorriso, e pronunciava as palavras com cuidado e seriedade.

     Lanço uma olhadela para meu relógio de pulso, apenas para espantar aquela sensação sufocante que se instalara em mim, diante daquela compaixão barata de West. 

     — Como disse antes, gostaria de saber quais são os seus reais motivos para querer ajudar a S&S. 

     — Meus reais motivos envolvem algo muito maior do que a atual situação, mas também é algo bastante simples, se procurar entender. — Ele agradeceu o garçon, no momento em que o rapaz pousou sobre a mesa redonda os pedidos. — Por agora, Jane, gostaria que focasse na ideia de conversar diretamente com o CEO da Pryce's Corporation, e, se caso ele estiver de acordo em redigir as cláusulas do acordo com a empresa de seu pai, poderemos começar a real negociação. 

     O copo grande de capuccino que exalava um cheiro incrível à minha frente quase não me afetou, tamanha foi a confusão que explodiu em meu cérebro. 

     — O que exatamente quer dizer com "começar a real negociação"? Pensei que esta fosse a real negociação. Não foi exatamente para isso que me chamou aqui, em primeiro lugar, Ian? Por que queria propor algo que nos desse mais tempo para que todos os trabalhadores conseguissem novos empregos? 

     — A discussão sobre a S&S é um tópico importante, mas não o principal, se quer sinceridade de minha parte. Por agora, não posso adentrar com mais detalhes, mas posso adiantar que o real motivo de eu estar aqui pessoalmente tratando de acordos alternativos com você, Jane, vai muito além dos assuntos da empresa do seu pai. Tudo exije um custo, e caso decida aceitar minha proposta de conversar com o CEO da corporação para que possa conseguir mais tempo, você prontamente terá que pagar com algo. 

     — Eu não tenho dinheiro  suficiente para pagar qualquer valor exigido, ou meu pai tem... 

     — O pagamento vai muito além do dinheiro. Exije, ao invés disso, lealdade com o acordo que explicarei muito em breve, e principalmente descrição e confidencialidade. E, na maior parte do tempo, um pouco de teatro de sua parte.


    



Notas Finais


Espero que tenham gostado!
Meu Deeeeus, cadê os comentários minha chentê?! :3
Me digam o que estão achando da escrita e tudo mais!

XOXO, Jess.


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