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História The Most - Sunset


Escrita por: resumo

Notas do Autor


“pôr do sol”

Capítulo 6 - Sunset


Meu coração estava tão acelerado que eu sentia que a qualquer momento ele poderia pular para fora. Os carros pretos mantinham toda a velocidade atrás de nós, velocidade até demais. Um dos carros aumentou a aceleração batendo seu capô com força atrás do carro em que estávamos, fazendo meu corpo dar um solavanco para frente e só não saiu pelo vidro porque eu estava de cinto.

— JUSTIN CUIDADO! — gritei assim que vi uma criança atravessar a rua e ele desviou rapidamente.

Alguns carros paravam e deixavam nós passarmos com medo de serem afetados, assim como as várias pessoas que estavam paradas na rua gravando em seus celulares.

Sério?

Eu estou praticamente na ponta do abismo pronta para morrer e eles estão gravando?

— Eu preciso que você se acalme, teu chilique não nos salvará.

— Que eu me acalme? CALMA? TEM DOIS CARROS ATRÁS DA...

Não terminei de falar assim que deram outro panque atras do carro, mas dessa vez foi diferente, no momento em que notei o som da sirene atras de nós e o azul e vermelho refletindo no retrovisor.

— PORRA! — Justin gritou ao meu lado batendo com força em seu volante e literalmente enterrando seu pé no acelerador.

Apoiei meus pés no banco de couro e abracei minhas pernas, deixando minha cabeça enterrada em meus joelhos. Minha respiração estava falha, e os soluços de choro que saíam por minha boca só pareciam piorar. Eu não queria mais olhar, não queria mais gritar eu só queria que isso acabasse. 

O som da sirene ia se afastando aos poucos, e no fundo eu ia me aliviando. Justin estava em completo silêncio, o carro só não estava mudo porque meu choro não deixava. Sentindo o carro parar, apertei cada vez mais minhas pernas rezando para que ele não tivesse se rendido e se entregado a polícia. 

— Pode sair do carro já. 

Não respondi nada, e ele também não se pronunciou mais. Só pude ouvir o barulho da porta abrindo-se e fechando-se em seguida, anunciando que ele saiu do carro.

Fiquei na mesma posição por alguns segundos, e assim que levantei minha cabeça notei que estávamos em um breu, e mais uma vez estávamos em um beco totalmente escuro e sem saída. Respirando fundo, sequei as lágrimas do meu rosto que deveria estar parecendo uma almôndega agora de tão inchado. 

Abrindo a porta, saí rapidamente, vendo que Justin estava no começo do beco onde dava visão para a rua enquanto fumava. Como ele podia estar tão calmo? Será que isso fazia parte da sua rotina? Ou ele apenas está se fodendo para tudo isso e acha no fundo tudo divertido?

Eu não entendo e nem tô afim de entender esse cara.

— Como você está? — ele perguntou assim que eu parei do seu lado, mas em nenhum momento tirou seus olhos da rua, ele ainda estava de óculos escuro.

— O que você acha?

— Não vou me desculpar porque eu não tenho nada a ver com isso.

O olhei, soltando uma risada irônica e negando com a cabeça. Babaca.

— Não tem nada a ver com isso, sério?

Ele deu de ombros jogando o cigarro no chão e o esmagando com a sola do seu tênis nike — não, eu não pedi para eles seguirem a gente.

— Você é inacreditável.

Bufei e me virei saindo dali, eu até correria para me livrar dele e voltar correndo para casa. Mas digamos que Los Angeles é enorme, e eu não saberia como voltar. Então só estou andando porque não aguento mais ficar perto dele.

— Onde pensa que vai? — Justin segurou meu braço me impedindo de dar mais um passo sequer — A sorveteria é ali — apontou para o outro lado da rua onde estava cercado de gente, especialmente jovens.

Ergui minhas sobrancelhas o olhando incrédula. Eu ouvi direito?

— Sorveteria? — repeti enquanto o mesmo me olhava sereno como se há alguns minutos atrás não tivesse acontecido nada — A gente quase morre, você é quase preso e ainda quer tomar sorvete?

— Não tem hora para comer.

Ele disse isso e começou a atravessar a rua indo para o lado da sorveteria. Às vezes eu acho que o Justin tem 7 anos em um corpo de... não sei quantos anos ele tem, mas enfim, ele é muito bipolar. E isso chega a ser doentio.

O acompanhei em silêncio, e enquanto esperávamos na fila a nossa vez chegar, Justin não poupava os sorrisos maliciosos e as olhadas nas mulheres, sendo elas garotas de 16 anos a 30. E confesso que eu também não poupei os olhares em alguns garotos da minha idade que estavam reunidos em uma mesa, cochichando e sorrindo quando me olhavam. Desviando meu olhar, senti minha bochecha queimar e assim que a fila andou caí na real que eu tava paquerando garotos em uma sorveteria. Já fui melhor.

— O que desejam? — a garota ruiva perguntou com um sorriso no rosto, acrescentando, um sorriso no rosto ao olhar o Justin.

— Você, um pouco de chocolate e cereja.

Descarado. 

— Ah... é..

— Será que eu posso fazer meu pedido ou vocês vão ficar nessa?

Os dois então finalmente perceberam minha presença e a garota sorriu sem graça, enquanto Bieber passou o braço pelo meu ombro e sorriu totalmente sacana.

— Relaxa baby, sempre tem espaço para mais uma.

— Me solta, Bieber — revirei os olhos tirando seu braço de mim, o que o fez me olhar com raiva.

1x0 para Skyler.

Assim que os nossos pedidos foram entregues, já ia me sentar em um canto mais isolado, mas Justin fez questão de ir para a parte não coberta onde estava um grupo enorme de jovens. E digamos que eu não gosto que as pessoas me vejam comer, além de me melecar inteira eu sentia vergonha. Mas a melhor opção era o seguir, porque sozinha eu não ficaria.

— Quantos anos você tem? 

Perguntei ao senhor criança, que comia seu sorvete de morango como se fosse o último sorvete do mundo e mesmo assim continuava lindo. Um completo babaca lindo. E eu não tinha reparado muito nisso. Justin tinha o cabelo loiro escuro, com a raiz clara dando charme para seu pequeno topete bagunçado. A jaqueta com as mangas para cima, mostravam seus braços com algumas tatuagens. Ele tinha uma pequena barba ralada, que nem aparecia se não reparasse muito. Acho que a única coisa estranha nele era a sobrancelha, ele realmente precisa fazer ela.

— 20.

Esperei que ele dissesse mais alguma coisa mas ele não disse nada.

— Essa é a hora que você pergunta quantos anos eu tenho também.

— Mas eu não quero saber — ele deu de ombros, terminando de comer tudo e se limpando com o guardanapo.

— Mesmo não querendo saber, eu tenho 17 e para de ser ignorante. Agradeço.

— Legal.

Revirando meus olhos, achei que ele falaria mais alguma coisa, e como a tola que sou, não ele não disse nada. Há alguns minutos atrás eu daria de tudo para ter esse silêncio dele, mas agora eu estava incomodada com isso. Eu estava tentando puxar assunto e ele tava cagando. 

Vendo que o mesmo estava prestando atenção demais no seu sorvete, observei minha casquinha que continha um pouco do conteúdo de chocolate. Sorrindo sapeca com a ideia que surgiu em minha cabeça, aproximei a casquinha cautelosamente do Justin, e o idiota nem percebeu.

Não sei como ele consegue ser tão gostoso e comer que nem um dragão.

— O que é aquilo? — perguntei um pouco alto, fazendo com que seu olhar viesse em mim na mesma hora e foi a hora perfeita para eu esfregar meu sorvete na ponta de seu nariz sujando tudo.

— MAS QUE PORRA! — ele gritou e eu me joguei em minha cadeira gargalhando ao ver seu nariz todo marrom. Ele procurava o guardanapo na mesa mas não tinha mais, o que só me fez rir mais ainda por ver ele todo irritado e atrapalhado. Justin segurou meu braço com força e arrastou todo o tecido do meu moletom em seu nariz, limpando — Você tá fodida, Beadles — no mesmo segundo que ele disse isso, ele se levantou e eu não fiz diferente, me levantando também, e correndo por aquela enorme área.

Nós parecíamos duas crianças, uma correndo e a outra fugindo. As pessoas sentadas nas mesas nos olhavam estranho, outras riam, mas no momento eu estava concentrada demais em correr ao tempo que ria escutando sua risada gostosa atrás de mim.

— Te peguei — Justin me segurou por trás, enquanto eu gritava tentando me soltar dele a todo custo. Ele me arrastou a força até a mesa, e pegou a sua casquinha, esfregando tudo em minhas bochechas, me melecando inteira. 

— BIEBER!

— Ué, cadê a corajosa? — ele soltou mais uma risada da minha desgraça, enquanto me apertava em seus braços. Eu não conseguia enxergar direito por ter um pouco de sorvete em baixo do meu olho.

— Drew? 

Justin rapidamente me soltou, e eu pude passar as mangas do moletom sobre meu rosto e meus olhos, vendo que Christian nos encarava com uma feição estranha. Mas eu podia dizer o mesmo sobre minha expressão, como ele sabia que estávamos aqui?

— O que tá fazendo aqui? — perguntei confusa, tendo seu olhar cair sobre mim.

— Justin me chamou, porque não tem como vocês voltarem para casa com aquele carro, a polícia tá de olho nele e os garotos foram queimar o mesmo — ouvir aquilo doeu meu coração. Aquele carro era tão bonito para ser destruído — Vamos, Alanna precisa falar com você.

Dessa vez ele se referiu ao Justin, que apenas concordou com um gesto de cabeça e passou por nós como se fosse outra pessoa. Dando de ombros, já ia seguir o mesmo caminho que ele, mas Christian não deixou, segurando em meu braço com força me impedindo no mesmo instante.

— Ele desconfiou algo?

Respirei fundo. Paciência Skyler, paciência.

— Não.

— Tem certeza?

— Não, eu gosto de mentir.

Ele apertou meu braço com mais força, o que me custou uma bela careta pela dor de seus dedos. Christian aproximou seu rosto do meu, deixando seus olhos e sua boca a pouco centímetros da minha.

— Fica esperta sua vagabunda, não esqueça com quem você tá mexendo. Você é apenas um fantoche no meio disso, ou se esqueceu? Se você vacilar, eu faço questão de te matar e mandar os teus ossos de presente para o velho do teu tio drogado — engoli em seco assim que ele se referiu ao meu tio, como ele sabia? — Se o Bieber sequer desconfiar de algo, eu faço você se arrepender de ter nascido. Essa foi tua última saída com ele.

— Como sabe do meu tio? — Foi a única coisa que saiu dos meus lábios.

Christian sorriu sarcástico apertando mais uma vez o meu braço. — Como eu disse, não esqueça com quem você tá mexendo.

E então ele me soltou com tudo, se afastando e esperando que eu fosse na frente. Eu conseguia sentir meus olhos ardendo, e a pouca felicidade que Justin havia me proporcionado, Christian fez desaparecer com suas palavras. Cruzando os meus braços, segui cautelosa para a saída da sorveteria, vendo uma van preta enorme, seguida de mais duas atrás. Justin estava sentado em uma delas, e não hesitei em entrar e me sentar no banco de frente a ele, encostando minha cabeça na janela ainda atenta com as palavras daquele babaca circulando minha mente.

— O que você tem? — Justin perguntou, mas não o olhei. 

— Nada.

Não disse mais nada, assim como ele. Christian entrou na van e sentou-se ao meu lado. O caminho inteiro foi em silêncio, apenas o som pequeno saindo do fone de ouvido do Justin dava vida para aquela van.

...

— Eu já disse que não vou — disse pela milésima vez para Caitlin que a todo custo jogava vestidos e mais vestidos em cima da cama.

— Você vai sim — ela repetiu as 3 infernais palavras mais uma vez — Justin irá desconfiar se você não for na boate com a gente. Todo mundo vai, incluindo eu e o Christian. Que tipo de prima você seria em ficar em casa?

— Eu nem tenho idade para isso, essa é a minha desculpa caso ele desconfie.

— Nem nós temos.

— Então por que vão?

— Porque é legal — ela disse com se aquilo fosse óbvio — Aposto que você é a típica daquelas nerds que não saem de casa e preferem se isolar do mundo e de todos.

— Também não é pra isso. 

— Eu estou te dando uma ordem, Skyler — ela modificou seu tom de voz — Se não me obedecer, eu chamo o Christian, você que sabe.

Confesso que pensar na hipótese me deu calafrios. Eu o odiava, e tinha muito medo dele, preferia mil vezes a chatice dessa garota do que aquele infeliz e suas palavras frias. Suspirando, por fim me entreguei.

— Certo, mas eu não sou boa com maquiagem.

— Eu te ajudo nisso.

Caitlin e eu ficamos praticamente 1 ou 2 horas trancadas naquele quarto. Confesso que eu estava em um tédio, e ela tentava puxar assunto comigo mas sabia que não daria certo. Eu nunca daria acesso a nenhum deles, não sabendo o que eles estão fazendo comigo. Mas confesso que a presença dela não era irritante, e muito menos desagradável. Tirando o fato de ela ser uma bandida, e estar me aprisionando para salvar sua própria pele, ela era apenas uma garota normal como eu e minhas amigas. Eu sentia falta disso, então por alguns minutos dentro do quarto eu me entreguei, deixando que minha mente esquecesse o porquê estava aqui e apenas conversar com ela como duas adolescentes comuns.

— Aquela novela era horrorosa mesmo, confesso — riu enquanto mexia no meu cabelo — Tirando o fato daquele protagonista gostoso.

— Você viu a cena dele pegando aquela ruiva?

— SIM! — ela gritou apertando um pouco meu cabelo.

— Aí.

— Opa... desculpa — soltou uma risada sem graça — oh meu deus.

— O que foi?

— Garota, por que você não usa maquiagem todos os dias?

— Porque eu tenho preguiça.

— Você está maravilhosa — ela disse me virando na cadeira giratória e me deixando a frente do espelho da penteadeira. E confesso, ela havia feito um bom trabalho. Meus olhos estavam com uma sombra dourada, preenchidos por um delineado bem desenhado de gatinho e minha boca estava iluminada com um batom vermelho escuro.

— Meu deus.

— Eu disse! — exclamou animada batendo palmas — Pode me agradecer.

Sorri, me levantando e correndo em pulinhos até o espelho, notando o vestido da Caitlin em meu corpo que caiu muito bem, por mais que tivesse um pouco largo por ela ser um pouco mais inchadinha. Ele era um preto liso simples, com um decote comportado nos seios, mas mostrava bastante minhas coxas que estavam bem duras e definidas. Nessas horas que agradeço o tempo que passei com Samantha na academia.

— Vamos logo! — Alanna bateu na porta várias vezes.

— Pode indo, daqui a pouco desço — Caitlin me olhou desconfiada — Eu prometo, acha mesmo que vou desperdiçar essa obra prima? 

Ela sorriu e saiu do quarto logo em seguida, fechando a porta. Me olhando mais uma vez no espelho, tive que segurar minhas lágrimas ao lembrar da última vez que fui obrigada a vestir um vestido.

 

FlashBack On

 

— Vai logo Sky, você está linda — Samantha me arrastou até o espelho enquanto eu tentava parar travando meus pés no chão — Você é muito chata!

— Eu odeio vestido!

— Se eu fosse você l, eu andava toda pelada na rua, mostrando para todos que eu sou gostosa — Clay disse me fazendo rir — Pena que tenho um pau no meio das pernas.

— Clay!

— Não que eu me importe, já que adoro um.

Soltei uma risada com suas palavras, e por fim me entreguei, seguindo até o espelho e encarando meu reflexo. Samantha havia me colocado dentro do vestido que eu usaria em nossa formatura. 

— Então...?

— Você é incrível! — sorri toda boba para o meu reflexo.

— Eu sei.

 

FlashBack Off

 

Levantando meu rosto, para que as lágrimas não descessem e estragassem toda a minha maquiagem. Respirei fundo, encarando os saltos do lado do espelho, o que me custou uma bela careta. Não curto saltos, e não tô afim de ficar com bolhas. Então sim, vou usar tênis com vestido. Pegando o par de tênis preto e branco da adidas que Caitlin havia comprado já que eu não sabia quanto tempo ficaria presa na casa, coloquei os mesmos. Apagando as luzes e saindo do quarto em seguida.

A casa estava em silêncio, ouvia pequenas vozes baixas, eu estava com vergonha. Odiava ser a última pessoa porque os olhares sempre ficavam em mim, mas assim que desci as escadas só tinha a Caitlin ali conversando no telefone, o qual ela desligou assim que me viu.

— Onde estão todos?

— Eles não esperam. Se já estão trocados, eles já vão.

Não disse nada, apenas achei muita falta de educação aquilo, mas do que estou falando? São bandidos, educação acho que é a única coisa que eles não têm. Entrei no carro da Caitlin e nem preciso dizer que aquele carro dava 5 rins meus, certo? 

— Como vocês conseguem tanto dinheiro?

— Essa vida nos dá mais poder do que imagina — ela deu de ombros, seus olhos estavam concentrados na rua escura de Los Angeles — Mas não vamos entrar no assunto, você já sabe demais.

Depois que ela disse isso, eu me controlei para não perguntar mais nada porque eu realmente estava curiosa para saber como eles são tão ricos apenas roubando os outros. 

Não demorou muito para que Caitlin chegasse na boate e estacionasse seu carro entre os vários ali. Eu nunca havia ido numa boate para falar a verdade, todas as vezes que Isabella falsificava documentos para nós, dava alguma coisa errada. Caitlin passou direto pela enorme fila e eu apenas a segui, recebendo olhares feios das pessoas que provavelmente estavam esperando há tempos.

— Senhorita Beadles! — o segurança da porta sorriu maliciosa ao encarar Caitlin — Como vai, princesa?

Fiz uma careta, o cara parecia ter uns 50 anos.

— Estou melhor do que nunca, Peter.

— E essa? — olhou para mim, eu apenas desviei o olhar tentando ver o que tinha por trás das cortinas. O som estava estrondoso.

— Maggie, minha prima — ela disse curta e grossa — Foi bom te ver, mas precisamos entrar.

Ela segurou em minha mão me puxando a força para dentro.

— Mas...

Não ouvi mais a voz de Peter assim que já estávamos completamente dentro do local. Ual. Uma área enorme de três andares preenchia todo o lugar. Era escuro, muito escuro, apenas luzes neons coladas na parede iluminavam, e o globo centralizado no teto dando sensação de luzes roxas, azuis e vermelhas, intercalando a toda hora. A música que tocava era uma das minhas preferidas,

Jack Ü feat Kai — Mind 

o que me fez abrir um imenso sorriso.

Várias mulheres dançavam em poli dance, e muitas pessoas estavam na pista, se intercalando com outras que estavam no enorme e iluminado bar com vários garçons.

— Vem.

Caitlin enlaçou seu braço no meu e passamos por todas as pessoas, subindo uma escada que dava acesso ao segundo andar, onde o cara só de olhar para nós liberou a entrada na hora. O segundo andar era constituído por duas partes: uma aberta, com um bar e vários sofás, dando visão a pista da boate. E tinha outra parte fechada, onde o lugar tinha luzes normais, e havia vários tipos de jogos lá, como cassinos, poker, mesa de bilhar e pessoas jogando truco.

— E aí está elas! — Chaz se aproximou de nós, me dando uma boa olhada, o que me deixou muito sem graça — Você está uma deli...

— Não complete, por favor — fiz uma careta.

— Desculpe — sorriu sacana — Quis dizer que você está linda.

Não retribui seu sorriso, apenas me soltei da Caitlin e comecei a andar pelo grande lugar. A música ainda estava alta, mas não tanto, pelo lugar ser fechado. Avistando os garotos na mesa de bilhar, pude ver Christian, Nolan e Justin jogando. Acrescentando que Alanna estava ao lado de Christian e Justin, passando a mão no peitoral dos dois, o que achei uma cena muito engraçada. 

Parece que ela era uma criança em um mercado sem saber qual das bolachas levar.

— Olá — murmurei me aproximando da mesa e apoiando minhas mãos na madeira, tendo o olhar de todos sobre mim.

Parece que nunca viram uma mulher de vestido, que inferno.

— Porra — Nolan murmurou.

Christian não disse nada, apenas me encarava com sua cara de bosta como sempre. Alanna sorriu maliciosa para mim e Justin reparou muito no meu corpo, parando seu olhar dos meus peitos aos meus olhos. Ele e Christian estavam na minha frente com a Alanna, então não dava para ele ver muito.

— Olá Maggie — Bieber sorriu sarcástico como sempre — Aceita? — apontou para um daqueles paus da mesa de sinuca.

— Jogar? — ele concordou com a cabeça, o que me fez rir — Desiste.

— O que foi? — semicerrou seus olhos com um sorriso irônico crescendo no canto de seus lábios — Está com medo de perder?

Fechando minha cara no mesmo instante, peguei um daquele pau de madeira e passei giz na ponta dele. Eu não sabia muito bem jogar, mas sabia as regras do jogo por conta do bar do meu tio. Quando eu era pequena e não tinha nada para fazer, ele me ensinava a jogar. 

O jogo reiniciou com minha entrada e fizemos uma ordem de: Christian, Nolan, Alanna, Justin e eu. Todos estavam concentrados, e as bolas já estavam todas espalhadas pela mesa, era a terceira rodada e todos haviam acertado, menos eu, claro.

— Sua vez — Christian me alertou.

Respirando fundo, me inclinei sobre a mesa e apoiei o pau de madeira sobre uma bola rosa que estava perto do buraco. É só enfiar a merda dessa bola no buraco, Skyler. 

— Você está fazendo errado — pude ouvir a voz do Justin atrás de mim, e só então percebi que ele não estava mais no seu lugar — Deixa que eu te ensino — antes que eu argumentasse, senti seu corpo se inclinar sobre o meu me deixando totalmente estética. Minha bunda estava totalmente pressionada em seu quadril, e seu peitoral estava apoiado nas minhas costas desnudas, suas correntes geladas no pescoço fizeram que um choque percorresse meu corpo inteiro. Justin levou uma de sua mão até minha cintura, e seu outro braço foi até o meu que segurava o pau de madeira, com sua mão ficando sobre a minha — Por que está tensa? Desse jeito não conseguirá jogar direito — sussurrou em meu ouvido com sua voz totalmente rouca. Filho da puta. O que ele estava fazendo? Engolindo em seco, eu tentava a qualquer custo não tremer minha mão por baixo da sua para que ele não notasse o quanto eu estava nervosa apenas com aqueles toques. Justin apertou seus dedos sobre os meus, e deu um impulso em nossos braços, por fim, acertando na bola rosa a derrubando dentro do buraco. 

Ele se afastou de mim depois de um tempo e eu continuei na mesma posição, raciocinando o que havia acontecido. Céus. Eu jurava que a temperatura tinha aumentado, porque o calor estava subindo.

— Vai ficar parada aí? — Christian me despertou dos pensamentos.

Sorrindo nervosa, me endireitei percebendo que meu vestido havia subido, o que me fez abaixar o mesmo na mesma hora. Justin estava ao meu lado, sorrindo sacana, e rapidamente desci o olhar para sua calça vermelha vendo que algo havia crescido ali. Pelo amor de Deus.

— Eu vou descer um pouco.

Christian ja ia falar algo, mas não dei ouvidos, dando as costas e saindo dali rapidamente. Que merda aconteceu comigo? Por que eu simplesmente fiquei parada, aliás, quem ele acha que é pra me tocar desse jeito? Se ele pensa que só porque demos risadas e conversamos hoje, que ele tem essa intimidade, ele está enganado. 

Infelizmente ele está enganado. Porque se não fosse por essa situação e por quem ele é, eu até ficaria com ele. Ele é muito mais bonito do que todos os caras que já fiquei.

Descendo as escadas com certa pressa, apenas segui meu caminho até o bar pedindo uma água, já que eu sabia que não poderia sair sem a autorização dos Beadles.

— Aqui está — o barman me entregou a garrafa gelada prontinha para apagar o meu fogo.

— Obrigada.

Tirei a tampa da mesma com pressa, bebendo todo aquele líquido gelado praticamente em 3 goles. Deixando a garrafa em cima do balcão, passei minhas mãos em meu rosto, sentindo que tinha algumas gotas de suor.

— Fugindo de mim?

Levantei meu rosto assustada, vendo que era o Justin a minha frente. Mas que merda, ele não vai me deixar em paz não?

— Por que estaria? — perguntei indiferente.

Ele se aproximou lentamente de mim — Talvez por...

— Fica longe, Bieber.

Soltou uma risada debochada. Urgh, eu odeio isso nele — Relaxa gatinha, não farei nada que não queira. Nunca precisei obrigar ninguém a me dar.

— Ótimo.

— Mas se levanta — ele olhou o relógio em seu pulso — Quero te levar em um lugar.

Franzi o cenho.

— Que lugar?

— Não saberá se não vier.

Christian havia me proibido de sair com o Justin, mas eu realmente não estava mais no clima de ficar nessa boate com um monte de gente se esfregando em mim. Então eu não quero temer a bosta daquele garoto, e aproveitar alguns minutos novamente longe dos problemas.

Concordei e Justin saiu na frente, comigo logo atrás dele, saímos da boate e havia o mesmo segurança e uma fila muito maior. Justin seguiu até seu carro, que dessa vez era uma Ranger Rover, o meu sonho de consumo.

— Eu amo esse carro — sorri apreciando cada detalhe assim que entramos.

— Acho que você ama todos os meus carros — sorriu ligando o motor e dando partida.

— Convencido.

Dessa vez o caminho não foi em silêncio, as musicas de uma estação de rádio que o Justin havia colocado eram famosas, o que fazia eu e ele cantarmos bem alto, o que rendeu várias risadas. Não sei porque eles sentem tanto medo dele, pra mim ele foi o que menos pareceu um arrogante babaca.

As janelas estavam abertas fazendo meu cabelo voar, e o tempo estava clareando e Justin seguia uma estrada totalmente isolada.

— Não vai mesmo me contar onde estamos indo? — perguntei pela vigésima vez.

— Não.

— Nenhuma pista?

— Não.

— Não mesmo?

— Não.

— Por que?

— Cala a boca — ele disse irritado.

Bufei e resolvi ficar quieta apenas apreciando a paisagem do lado de fora. Christian e Caitlin já devem ter percebido meu sumiço, mas eu não estava me incomodando com isso, pelo menos não agora.

— Chegamos — Justin murmurou parando o carro perto de umas rochas, no meio de árvores, o que me fez franzir o cenho.

— No meio do nada?

— Fica quieta e apenas me siga.

Tô vendo que o arrogante tá dando as caras novamente. Bufei, e saí do carro sentindo o frio da madrugada começar a entrar em ação, o que me fez cruzar os braços tentando me aquecer. Justin não foi muito longe, apenas subiu as rochas e nem fez questão de me ajudar, o que me custou um bom tempo tentando subir aquelas pedras sem rasgar o vestido.

— Você poderia ser cavaleiro e me aju... — parei de falar no mesmo instante em que vi o que ele tanto queria me mostrar.

Em cima das rochas havia uma vista linda, o céu estava alaranjado e as nuvens começavam a aparecer, junto com o nascer do sol que aos poucos ia crescendo. Várias aves voavam em conjunto intercalando as árvores. Eu estava incrivelmente apaixonada por aquela vista, e Justin nem reparou, ele estava a minha frente com o maxilar trincado e as mãos nos bolsos de sua calça encarando o céu.

— Isso é lindo — sussurrei caminhando e parando ao seu lado. 

Eu sempre fui uma admiradora do céu, e ver isso é como se fosse o bem mais valioso que eu já presenciei.

— Eu sei.

— Por que quis me mostrar isso? — perguntei desviando o olhar do céu, para o seu rosto, que estava sereno admirando a vista.

— Como você disse, é lindo.

— Tá, isso eu sei — disse o óbvio — Mas por que, eu? A gente nem se conhece direito.

Ele deu de ombros, finalmente encarando meus olhos. 

— Sei lá, eu achei você divertida e engraçada. Isso é raro de se encontrar nas pessoas hoje em dia.

E pela primeira vez me senti mal de estar mentindo para ele.

— Mas...

— Não faça perguntas, apenas admire enquanto pode.

Concordei com um gesto de cabeça, virando meu rosto e encarando mais uma vez aquela paisagem. Ficamos em silêncio por uns 5 minutos, até o sol finalmente trocar de posição rapidamente. E no fim das contas aquilo me arrecadou um sorriso de bochecha a bochecha.

Eu estava sentindo que pela primeira vez, por mais ruim a encrenca em que eu havia me metido, eu estava começando a viver minha vida de uma maneira que nunca vivi.

E esse sentimento apenas crescia dentro de mim, o que me faz pensar que tem muito mais vindo pela frente.



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