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História The Most Beautiful Love Story - Camren - Sua, pra sempre


Escrita por: HeyPipes

Notas do Autor


EAI SUAS LINDAS
dessa vez fui rápida, não? meus pulmões estão cheios de água dos afogamentos diários, precisei de uma terapia, espero que vocês gostem.
ah, pra quem sentia falta das poesias, voltou, uhul
amo vocês

Capítulo 35 - Sua, pra sempre


sua camisa é amarela, enquanto sou triste por dentro e por fora.mas você me acende assim que o sol se põe, e minha chama permanece até que sua casca se dissolva, mesmo que os cristais de gelo cresçam sob meus olhos. amarelo já não é uma cor tão feliz assim.

quando vejo sua real forma, você dá de ombros com desculpas compradas. por um e noventa e nove. nove centavos mais barato do que a minha alma.é assim que eu sou, você diz, você sabe que é assim que eu sou.

então quem sou eu? porque eu liguei minha existência a conveniência de estar ao seu lado, e você só enxerga minha face quando meus demônios estão dormindo, mas você sabe. você sabe que eles estão aqui.

e eu também.

Camila

Acordo com Lauren sobre o meu corpo. Minhas mãos se enrolam em seu cabelo, como pequenas mãozinhas de bebê. Sinto seu cheiro por todo lado, enquanto ela beija a ponta de meu nariz. Por longos momentos, não dizemos nada. Estou me acostumando com a luz, talvez da claridade que entra pela janela, talvez pelo brilho que ela emana.

— Bom dia, amor — ela diz, e aninha seu corpo ao meu. — O que está pensando?

Acomodo sua cabeça em meu peito, fazendo carinho no mar de seus cabelos.

— No grande William. Posso?

— Deve.

— Duvida da luz dos astros — ela levantou seu rosto, para encarar meus olhos. Continuo recitando —, de que o sol tenha calor, dúvida até da verdade — ela me beija. Só falta um verso, que Lauren completa junto comigo, dizemos juntas:

— Mas confia em meu amor.

Nossos olhos se encontram, e eles dizem tudo.

— Confia em meu amor — Lauren diz baixinho, e se aninha mais a mim. E caímos no sono por mais algumas horas.

 

Lauren

Estou mexendo em meu celular, enquanto Camila toma banho. Checo meus e-mails, recebendo uma mensagem de que a nuvem que sempre guardei meus arquivos vai cair, preciso salvar tudo que tenho lá, se assim eu quiser.

Vejo os arquivos, que vão desde fotos antigas até pensamentos noturnos. E então eu encontro, The Awesome List. Rio, lembrando da noite em que eu e Camila a fizemos. Estávamos bêbadas, nunca mais nem tocamos no assunto. Corro meus olhos pelos itens.

- Pedir Mc Donalds cantando

- Ir para a Nova Zelândia

- Pular o muro do cemitério

- Fumar maconha

- Roubar uma placa

- Pegar ônibus pra lugar nenhum

- Jogar golfe sem roupa

- Dormir em um supermercado

Comecei a rir, as lembranças rodopiando em minha cabeça. Coisas de adolescente.

— Do que está rindo — Camila pergunta, enrolada na toalha. Apenas estico o celular para ela. — Meu deus, como ainda tem isso?

— Resgatei documentos antigos. — Ela está olhando a lista, vejo seus olhos lacrimejarem. — Camz. Nós temos que fazer.

— O quê?

— Temos que realizar a lista.

Penso que ela vai resistir. Dizer “não, Lauren, já faz tanto tempo”, mas ela me devolve o celular, e então solta a toalha e grita.

— VAMOS JOGAR GOLFE.

Perco meus olhos em seu corpo nu. A puxo para a cama, pedindo por mais contato.

— Acho que podemos fazer isso depois — é tudo que digo antes de beija-la.

O resto você pode imaginar.

 

Estabelecemos algumas regras.

A lista não precisa ser feita em ordem, mas assim que uma atividade for cumprida, outra deve ser adicionada no lugar.

As atividades listadas devem ser feitas pelas duas.

As participantes não podem ser pegas ou presas.

Ninguém pode saber sobre a lista

Boa sorte

Saímos, após isso, para tomar um café. Enquanto pensamos em como e quando faremos um item. Peço um café com leite, enquanto Camila pede chá de hibisco. Gosto de como ela é única em todos os aspectos. Pego meu caderno de desenhos em minha bolsa, enquanto ela sorve pequenas quantidades de chá, ainda quente. Desenho traços seus.

— Como preciso fazer um check-up no centro, devíamos voltar para a Suíça e fumar maconha.

É estranho como as palavras saem de sua boca.

— Camila Cabello, a marginal.

— Cale a boca.

— Karla, a ladra de túmulos.

— Lauren, cale a boca da boca.

Seus traços em meu caderno estão raivosos, sobrancelhas arqueadas.

— Eu amo você — digo, porque vejo que ela emburrou. — Mais do que você ama fumar maconha.

Ela levanta as mãos em rendição, soltando um grunhido irritado. Puxo sua cabeça para mim e beijo sua cabeça, o cheiro de shampoo me rodeando. Já sabia como conseguir a maconha, lembrando de Tolkien, que conheci enquanto Camila estava internada.

— Vamos fazer isso, bebê.

 

Camila

— Mãos tácitas em busca de atenção... minhas ações escondem a emoção, de seus olhos cravejados de paz. Tão perto de mim, tão longe assim....

Acordo com a voz de Lauren cantando. Mas não a voz de agora, a voz de quando éramos apenas adolescentes.

— Olha isso! Achei antigas músicas minhas.

Ela está tão animadinha, uma graça. Levanto e a abraço, só para a sentir em meus braços novamente.

— Arrumou suas coisas? — pergunto, porque enquanto eu arrumava as minhas ontem ela ficou deitada, dizendo que arrumaria no dia seguinte. — Lauren?

— Tava esperando você acordar pra me ajudar, hihihi.

Ela está tão fofa que não consigo dizer não. Lauren tinha um sério problema com dobrar roupas.

— Vamos lá — digo, e me levanto. Duas horas depois estamos na estação, voltando para a Suíça.

Burocracia, exames, estou bem, a doença cada vez mais adormecendo. Conversamos sobre relações sexuais, e remédios, e os resultados dos exames que serão enviados por email. Por enquanto, tudo bem.

Quando finalmente saímos daquele lugar, Lauren coloca o celular na orelha.

— Pra quem está ligando? — pergunto, mas ela faz um sinal de “um minuto”.

— Tolki-woki, como está? — fico com uma cara de wtf?! — Bem também, obrigada. Olha, acho que devíamos nos encontrar. Saí daqui com tanta coisa na cabeça que esqueci de apresentar Camila para você.

Ela ouve o que a pessoa do outro lado da linha está falando com um sorriso no rosto. Sinto um ciúmes instantâneo e inevitável.

— Sim sim, ainda lembro como chegar aí. Qualquer coisa te ligo, beijos.

— Quem era?

— Tolkien... é, os pais dele gostam bastante de senhor dos anéis.

Não rio, porque sou idiota e irracional e ciumenta.

— Conheceu ele aqui?

— Uhum, enquanto você estava... lá.

Ainda é difícil para nós falar do tempo que fiquei internada, principalmente para mim, que não quero lembrar de nada disso.

— Na Suíça você não pode andar com mais de 10 gramas de maconha, mas pode ter até quatro plantas na sua casa. E o Tolk tem lá.

— Entendi...

Controlo meu ciúmes enquanto eu a sigo até a casa do Frodo. É um apartamento de tijolos à vista, com parreiras por toda a entrada. Pego uma uva no caminho, é doce e ardente como vinho. São quatro da tarde, e o ambiente já está enevoado como uma sauna.

— Looureeen — Gollum cumprimenta a MINHA namorada com um sotaque suíço de merda. — Caramba, seu cabelo cresce muito rápido.

E então percebo que ele é gay.

— Você deve ser a Cameela. — Ele beija minha mão, e eu o puxo para um abraço. Me sinto ridícula, mas a fumaça me faz rir. — Ouvi muito sobre você, lindinha.

— Digo o mesmo — e dou meu melhor sorriso.

— Entrem, entrem, estou com brownie no fogo.

O lugar possui panos estampados cobrindo o teto como grandes lençóis ao vento. As paredes são amarelas, como o sol, sinto que se eu olhar demais posso queimar meus olhos. Mas aquece meu corpo, e me sinto de alguma forma em casa, seja lá o que isso signifique.

Conforme andamos pelo ambiente, uma sala com sofás extremamente confortáveis, e uma mesa de madeira no canto direito, dando passagem para a cozinha. Vejo a porta para a varanda, e entro, Lauren vindo atrás de mim. Aqui estão quatro lindos vazinhos de maconha.

— São lindas, não? — ele, de alguma forma, aparece atrás de mim, com luvas térmicas nas mãos. — Venham, o cheiro está ótimo.

Enquanto caminhamos até a cozinha, vejo escritos por todas as paredes. Chego mais perto. Escritos a lápis, difícil de ler.

que o universo seja maior que esse mar de sofrimentos
disse quem me ensinou a nadar
mas no vácuo não posso respirar
desde que você se foi
ou fui eu que parti?
é difícil saber onde eu acabo e onde você começa
meus membros foram mutilados
membros de madeira, como uma marionete
olhos de vidros, com lágrimas de óleo
e dentes de marfim
sangrando a África afora
nossa. pesado. pesado segurar essa via de mão única
queria um pouco de verdade
em suas palavras que escorrem ironia
seria minha fantasia
te ter só pra mim

— Nossa — solto. Me lembra a escrita de Lauren. — Entendi por que viraram amigos.

— Não é? Nos conhecemos meio que assim, cada um em seu diário na padaria.

— E então esse louco veio falar comigo — Lauren diz, rindo com a lembrança, segurando minha mão. — Não sei nem como agradecer, eu estava tão sozinha.

— Oh, querida. É para isso que nós gays servimos. Compras no shopping e preencher corações tristonhos.

Ela solta de minha mão para ir abraça-lo, e não sinto nenhum ciúme at all. Na verdade, quero agradecê-lo. Por cuidar de Lauren. Continuo lendo as paredes, enquanto eles colocam os talheres na mesa.

nós queremos viver
só não desse jeito
não de qualquer jeito
senão de um sorriso

nós queremos nos sentir vivos
só não sob a terra
não no último minuto
senão em toda vida

nós não queremos que
a correnteza de teu ventre
nos engula efervescente
nos “ame” ternamente

não queremos seu amor

— Sem títulos? — pergunto.

— E desde quando as melhores coisas recebem nomes? — ele responde, meio perguntando. Está certo.

— Substantivos abstratos.

— Cale a boca e venha comer.

E eu vou.

 

Lauren

eu quero ficar em silêncio

mas ele não deixa

nunca deixa

não pode, não pode

grita

esperneia

me enche de mal

me enche de mim

e te esvazia

não parece mais tão mal assim

— Ei, Frodo — Camila, já chapada, chama Tolkien. — Por que diabos tudo isso aqui é tão deprê? Pós término?

Só havíamos comido o brownie até agora. T estava preparando nesse momento para fumarmos.

— Cada dia é um término, Camilinha. Um término de 24 horas, um término de partes de nós mesmos. Apenas atribui esses términos a um “alguém” — ele faz aspas com os dedos. — Mas poderia muito bem ser eu mesmo, quem sabe.

— Vou ao banheiro — anuncio. Percebo agora como minha fala quebrou totalmente uma linha de raciocínio bem bacana, mas as células globosas do tecido epitelial de minha bexiga estavam todas esticadas.

Me guio pelo corredor. Primeira porta a direita. Fecho a porta. O chão se mexe sob meus pés, e eu me sinto feliz. Ao mesmo tempo, tenho uma pequena coceira na base da espinha. Minha medula efervescente.

Quando pego um papel higiênico, começo a rir. Está lá escrito em um pedaço picotado do papel:

penso se há um momento para a poesia
ou se há poesia para um momento
minhas linhas acabavam em nós
em nós acabavam as linhas
linhas. nós acabou.

— Genial, pequeno Tolkien, genial — digo para mim mesma.

E então volto para eles.

As horas passam, entre fumaças e poesia. Tudo está tão leve como as nuvens, sem nenhum anúncio de chuva. Isso é tão bom, entendo por que ele o faz. Mas ao mesmo tempo, acredito no poder da sobriedade. Só não quero discutir o tempo todo termos éticos e políticos.

Quero amar Camila, e quero amar o mundo, e quero me amar, e quero caminhar pra frente. Quero ser feliz, e fumar maconha de vez em quando, e rir de vez em sempre, e sempre manter a cabeça levantada para a vida.

Porque se eu cair, ela vai estar lá pra me segurar. E ela sabe que eu farei o mesmo por ela. Já caímos tantas vezes, não passam de joelhos ralados. Mas nosso amor? É maior que todos os hematomas.

 

Camila

Acabamos dormindo por lá mesmo, e só voltamos ao nosso quarto no dia seguinte. Tomamos banhos juntas, lentamente, aproveitando a sensação de nossas peles juntas. E então arrumamos as coisas.

Arrumar um lugar pra almoçar, pegar o trem das 15:20, previsão de chegadas às 16:59. Pontual, não? Amo trens.

Vamos para Toscana, andar de balão. No entanto, uma coisa foi riscada da lista, outra deve ser adicionada. Estou deitada no peito de Lauren, enquanto o trem se move a velocidades inimagináveis, imperceptível. Ah, a tecnologia.

— O que vamos colocar na lista?

— O que quer colocar? — ela me pergunta de volta, mexendo em meus cabelos. Estou quase pegando no sono.

— Queria te ver pintar de novo...

Estou tão sonolenta.

— Ah, meu amor. Já faz tanto tempo... não sei se levo jeito pra coisa ainda.

Me afasto de seu corpo somente o suficiente para olhar em seus olhos, cinzas como o céu. Significa que está em paz.

— Cale a boca, Lauren. Vamos pixar um muro, mas em forma de arte. Sempre arte.

— Isso é vandalismo, sabia? — diz a estraga prazer.

— Não se conseguirmos permissão antes.

— E onde está a graça?

Reviro os olhos. Sei como pintar faz bem para Lauren. Sinto que eu a afastei de tantas coisas. Não quero que ela se perca só para me encontrar. É importante manter o individualismo. Casais juntos a muito tempo acabam misturando suas personalidades. Pois nossas linhas, antes únicas, agora acabam em nós.

— Por favor, por mim?

E ela concorda. E eu a beijo. E então caímos no sono.

Quando chegamos, faço com que ela me leve nas costas pela estação ferroviária. Eu grito, não ligando para nada. E ela entra na brincadeira, correndo fazendo sons de carro de corrida.

— MAMA MIA! — eu grito.

— PIZZAIOLO!

Eu rio. Estamos na Itália novamente!

— Não pensou em nada melhor? Você é fluente, pelo amor de Deus.

Ela me solta, somente para me beijar. Ali, no meio de todas aquelas pessoas. Tenho a certeza quentinha de que ela me ama. E isso é tão bom.

Seu celular desperta, alertando-a da hora de meu remédio. Isso acontece quando entramos pela porta do quarto de hotel. Me jogo na cama.

— Estou cansada — digo, manhosa.

— Mas você só dormiu! — ela caminha até mim com um copo de água. Eu os engulo. — Então, o que quer fazer?

Lauren estava com um vestido xadrez, preto e branco, tão lindo. Seus cabelos negros, mais curtos, mas também já mais longos do que antes de eu ser internada. Claro. Eles crescem rápido, como meu amor.

Seu pescoço está a mostra, e minha boca saliva para beijá-lo.

— Vem aqui.

E ela vem. Viro nossos corpos, sento por cima dela. Beijo seu pescoço.

— Meu Deus, Camz. Do nada?

— Fazer o que, você é linda.

— Só linda?

Não perco mais tempo falando, porque beijo sua boca com fulgor. Aperto sua cintura, rebolo sobre ela. Minha língua em sua boca, quero que ela sinta. Linda e gostosa. Gostosa e minha. Amo pronomes possessivos quando se tratam dela.

(OUÇAM Mansionair – Easier)

O celular começa a tocar, mas não o desligo ou permito que ela o atenda. Deixo que a música toque, foda se quem quer que seja.

Face up, untouched, gazing at the celiing

E eu me movo sobre seu corpo, somos adolescentes de novo

Game's up, never bring you down. Face up, I'll lose, craving for some feeling

Possa ver a veia em seu pescoço pulsando, ela puxa meu corpo para si, beijando meu pescoço, e descendo.

Game's up, we're nowhere to be found. I'm stuck, I'm stuck, I'm stuck here in my skin I'm stuck, I'm stuck, I'm stuck with you. Tell me it gets easier, tell me it gets easier. Tell me it gets easier, that I'll figure it out. Tell me it gets easier, tell me it gets easier. Oh tell me it gets easier, that I'll figure it out

— Eu acho que nunca vou  me cansar disso — ela diz, me beijando mais forte.

— Eu tenho certeza.

E então a pessoa do outro lado da linha desliga, e a música acaba, mas ainda estou a  beijando, cantarolando em minha mente enquanto ela cantarola sua língua pelo meu corpo.

Tell me it gets easier, tell me it gets easier

Tell me it gets easier, that I'll figure it out

Lauren

— VAMOS ANDAR DE BALÃO!!!!

— VAMOOOOS.

Abraço Camila e a rodo pelo quarto, estamos rindo, felizes. Meu Deus, como é bom poder sorrir de novo.

Está bem friozinho, enquanto vamos junto com uma pequena excursão para longe da cidade. Meus dedos frios, em seus dedos quentes. Ando pensando em algumas coisas, na verdade, ando pensando a muito tempo. Já me preparei, mas fico esperando esse tal de “melhor momento”, mas todos os momentos são tão bons com ela.

Eu acho que devo fazer isso logo. Ontem minha mãe me ligou, pra saber como eu estava. Disse que ela e o marido estavam vindo passar umas férias na Europa, se podíamos nos encontrar na França dentro de uma semana. Ainda não contei para Camila. Tenho alguns planos em mente. Espero que deem certo.

Voar. Como é voar? Primeiro, o frio na barriga. Mas depois parece que você é o balão e o ar quente te enche por dentro, mesmo que seus dentes batam de frio. A cada 180 metros menos um grau. E subindo, subindo, subindo.

Podemos ver os outros balões, todos coloridos, brilhando contra as pastagens verdes. O sol pinta o céu de todas as cores. Laranja, azul, roxo. Uma palheta de tintas chamada “Tarde com Camila”. O infinito é feito de uma cor que ainda não existe. Mas nós criamos.

— Eu amo você — a abraço por trás, a apertando até um pouco forte atrás de mim.

Ela não diz nada, não precisa dizer. Essa talvez seja a maior diferença entre nós agora e nós adolescentes. Eu sei que ela me ama. Sei que somos a coisa mais certa que eu já conheci. Sem medos banais. Sem anseios. Apenas a certeza de que o amor da minha vida está comigo.

Preciso tornar isso eterno.

Acho que cansamos tanto, que, ao chegar no hotel, caímos no sono. No dia seguinte, apenas aproveitamos o dia em casa, decidindo o que vamos adicionar à lista.

— Ter um bichinho de estimação — digo.

— Aaaawwwn, sério? Vamos, Lo! Vamos super.

— Super uper!

— Mega hiper super!

Eu a beijo.

— Mas agora vamos descansar mais um pouco.

Ela me beija.

Estamos em paz.

Acordo durante a noite, querendo água. Levanto sem acorda-la, indo para a varanda. Há um mapa da cidade ali. Começo a folhear sob a luz da luz, apenas por não ter nada para fazer. E então ele brilha para mim, como se estivesse esperando esse tempo todo que o descobrisse.

Há um campo de golf a apenas um quilômetro daqui! Entro correndo, pulando em Camila. Ela apenas se mexe, então tiro a minha roupa, puxo as cobertas dela e deito meu corpo sobre o seu. Meu peso faz com que seus olhos abram.

— Lau... Meu Deus, calma mulher.

— VAMOS JOGAR GOLF!

Eu posso ter acordado o hotel inteiro, mas não ligo. Ela tira sua camisa, ficando só de calcinha. Junta meu corpo ao seu, e o contato é tão gostoso que gemo baixinho. Mordo seu lábio, e seu pescoço, e desço para seus seios.

— Acabei de acordar e já estou com tesão, puta merda — ela xinga.

— Eu sou irresistível — sorrio para ela.

Só terminamos uma coisinha aqui antes de irmos, contra o frio da noite. Rimos como crianças travessas. Ao chegar lá, subo na lata de lixo e pulo a grade. Camila faz o mesmo, com certa graciosidade que eu não estava ciente.

— Muito bem, sua ladra maloqueira.

— Cale a boca — ela me soca. — Como vamos conseguir os tacos e a bola?

— Torça para o deus das travessuras estar do nosso lado.

Caminhamos pelos mais variados campos, de gramado artificial, moinhos mortos e bandeiras brancas. Ao chegar em uma casinha de madeira, Lauren tenta abrir a porta, mas está trancada. Procura sob o tapete, na batente da porta, e no vaso de samambaia. Então ela acha.

— Ahá!

E entramos. Por sorte, nenhum alarme toca. Parece que roubo de tacos de golfe não anda em alta.

Pegamos dois tacos, bolas, e tiramos nossas roupas. Está mais frio ainda. Mesmo no ambiente mal iluminado, fico hipnotizada pelo seu corpo.

— É difícil não querer ter comer o tempo todo — Ela quem diz.

— Estava pensando a mesma coisa — sorrio e a beijo, então corremos até o campo e jogamos golf até cachorros começarem a latir e uma luz se acender na entrada, poucos metros de nós.

Eu estava perdendo de 8 a 5, agora não teria chance de virar o jogo.

— Camila, corre!! — Lauren joga os tacos no chão.

— E as roupas??

— SÓ CORRE.

E eu corro.

— Quem está aí?

Somos, mais uma vez, adolescentes de novo.

Depois de passar pela grade, não paro de correr. Só volto a respirar alguns quarteirões dali. Paramos, ambas nuas, assustadas, e então disparamos a rir.

— Vai ser uma boa história para contar para nossos filhos — digo, sem nem perceber o que acabo de dizer.

Vejo seus olhos brilharem. Talvez pela corrida, talvez pelo tempo frio, talvez pelas minhas palavras.

— Nós somos uma boa história.

— Beleza. Mas como vamos voltar pro hotel assim?

Ela desata a rir.

— Não tenho a mínima ideia.

E eu rio, talvez de desespero, talvez de amor. E então a abraço até termos alguma ideia do que diabos fazer.

Resposta: não sabemos.

 

Lauren

Roupamos roupas do varal de desconhecidos. Somos ladras novamente. Vândalas. Passamos pelo hall do hotel muito rapidamente. Tiro a chave do meu sapato.

— Se tivesse deixado no bolso, estaríamos mortas.

— Você é muito inteligente, namorada — ela me beija.

Me vem aquele frio na barriga, porque quero ser mais que isso. Acho que ela também quer.

 

No outro dia, só acordamos depois do meio dia. Vou tomar um banho, e ela vem atrás. Minha mãe liga mais uma vez, dizendo que eles chegaram. Finalmente conto para ela, e decidimos no trem pra lá o que vamos colocar na lista. Coloco deixar um item ao pé da Torre Eiffel, e ela concorda. Meu coração treme em expectativa.

Quando chegamos, mamãe e meu padrasto estão nos esperando. Ela me abraça tão forte que fico sem ar, já faz tanto tempo. Clara beija a cabeça de Camila como se fosse sua filha, amo isso. Agradeço todos os dias por isso.

— Está frio, está frio, vamos pro carro.

Sorrio para Camila, e ela sorri pra mim. Estamos felizes. Olho para o passado, toda a dor que passamos. E ainda estamos aqui. Nós somos sobreviventes. E somos amantes. Sobreviventes amadoras, não necessariamente nessa ordem.

Passamos o dia passeando por Paris, comendo muita coisa boa, e dando muitas risadas. Já está anoitecendo quando decidimos ir a torre Eiffel.

— Pegou seu presente aos deuses franceses? — pergunto, escondo minhas mãos tremendo no bolso.

— Peguei — ela diz, mostrando a embalagem que ela mesma fez com o rolo do papel higiênico.

— Amo sua alma artística, Camila Cabello.

— Olha quem diz, Lauren Jauregui.

Na porta, minha mãe chama.

— Vamos, casal.

E nós vamos.

 

Camila

Lauren coloca seus braços protetores ao meu redor, gosto do gosto de nós no céu de minha boca. Gosto do som de seu nome em meus lábios. E gosto de seus lábios nos meus. Então ela se separa de mim, pra falar com seus pais, que em seguida caminham pra longe.

— Onde eles tão indo? — pergunto.

— Buscar uma água pra mim.

— Meu Deus, sua preguiçosa — soco seu braço, mas ela segura minha mão e me puxa pra perto.

Lauren me abraça, todo meu corpo tocando todo seu corpo. Respiro por cima de seu ombro.

— Eu te amo tanto, sabia? — ela diz, ouço sua voz através de sua cabeça, é estranho.

— Sabia, porque eu também te amo.

E então ela nos separa, e tem algo em seus olhos... algo que me traz certo frio na barriga.

— Está tudo bem? — pergunto, enquanto ela mexe nos bolsos.

Em seguida, Lauren se ajoelha. Meu coração dá um pulo.

Puta merda, não.

Puta merda, eu não acredito.

— Camila... — suas mãos estão tremendo. Também me ajoelho. — Não, espera, Camila.

Seguro suas mãos entre as minhas.

— Você está nervosa, amor. Não precisa ficar assim.

— Eu quero fazer isso direito, você merece.

Beijo sua cabeça, fechando os olhos, sentindo seu cheiro, sentindo as batidas de meu coração, de seu coração.

— Eu diria sim um milhão de vezes, sempre. Lauren. Eu AMO você.

Nos levantamos. Limpo algumas lágrimas de seus olhos, enquanto ela limpa dos meus.

— Não acredito que isso está acontecendo. Eu, você, nessa cidade, nesse lugar.

Os turistas passam por nós, iluminados pelos flashs dos celulares.

— Eu queria ser romântica, Camz. Você arruinou tudo.

Empurro seus ombros pra baixo.

— Vamos, então faça! — ela sorri pra mim. — Gosto de ter essa visão de você.

— Cale a boca — ela limpa a garganta. — Camila, dispenso palavras sobre meu amor, não vejo maneira de externar meus sentimentos, senão isso. Por favor, seja a mulher da minha vida, dessa vez para todo mundo ver.

Estou chorando.

— Eu aceito, eu aceito, eu aceito.

Ela me beija, e me gira no ar. Estamos sob o céu de Paris, meu Deus. Eu vou explodir de amor.

— A melhor parte de mim é a que é sua: tudo.

— Coloque essa droga de anel logo, Lauren.

E ela coloca, mesmo com os dedos trêmulos. E eu coloco nela. Seus pais voltam.

— Boa noite, noivas.

E eu abraço os dois. Porque agora sou dela, completamente dela, pra sempre.


Notas Finais


SIM, GENTE. ELAS VÃO CASAR
AEE PORRA
mas ta bom demais pra ser vdd, não ta?
hahaha beijos!


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