O despertador do meu celular começou a tocar, indicando que eu teria de levantar da cama, eram 6:45 da manhã, de uma quarta-feira. Logo que levantei cama, comecei os meus rituais diários, passando diversos cremes em meu rosto, enquanto penso em coisas que seriam legais de se fazer, como, tentar pedir um solo no coral para Sr. Schue ou passar alguma madrugada pesquisando como seria morar na Noruega, porque, morar lá seria legal, ter um idioma diferente, uma atmosfera mais segura, além do mais, talvez as pessoas não me julgariam tanto por eu ficar mexendo um pote com uma água colorida e glitter ou... Ter um problema com a textura da folha dos trabalhos que os professores dão e que as vezes eu acabo rindo do nada, até sempre estar de luvas de couro, mas sem cobrir os dedos e toda vez que vou fazer hidratação, colocar luvinhas de plástico, por não gostar do jeito que os cremes são. A Noruega é um dos países mais ricos do mundo e sua capital é Oslo, também ocupa a parte ocidental da Península Escandinava, a ilha de Jan Mayen e o arquipélago ártico de Svalbard, através do Tratado de Svalbard. O país tem um dos maiores impostos do mundo, porém, o melhor IDH de todo o mundo.
Eu não sei porque, mas sempre gostei de pesquisar sobre o lugar, parece ser um lugar inesperado para se gostar, pois, geralmente, todos gostam da França, Inglaterra, Argentina, Itália... Acho que gosto de lá por ser algo que ninguém espera e, esse inesperado, é bom, mesmo que eu goste de rotinas, esse inesperado, impensado é legal.
Depois de terminar a minha hidratação, fiz as minhas higienes pessoais e fui pegar uma roupa, escolhendo um moletom vermelho escuro com uma parte em marrom claro/ bege com referências a matéria história, calças jeans, meu all star preto e claro, minhas clássicas luvas pretas de couro. Percebi que minha unha havia ainda o esmalte em degrade de cinza para o preto que tinha passado na última semana, a maioria já não tinha, porque, provavelmente eu tirei.
Desci as escadas para ir tomar café com meu pai e ficamos conversando. Antes de eu sair, como sempre, ele me deu um forte abraço e falou:
- Tenha um bom dia e qualquer coisa, me ligue que eu vou correndo.
- Pai, não precisa de tanta preocupação, eu não vou ter outro ataque de pânico, está tudo bem – respondi
- Mesmo assim, se acabar ficando não-verbal, tendo alguma crise do autismo, problema com barulho ou quaisquer coisa, tente se comunicar com algum professor... ou até me mande alguma mensagem pelo celular, ok?
- Ok, pai.
- Eu te amo, Kurt.
- Eu também te amo pai.
Peguei o meu carro e fui dirigindo calmamente até a escola, lá, eu já estava com meus fones de ouvido tocando “Strawberry Fields Forever”, segurando meus livros e caminhando por aquele grande e barulhento corredor, até que eu sinto alguém forte me empurrar contra os armários e eu ir ao chão, quase quebrando o meu celular, então, um garoto moreno de olhos cor de mel falou algo a um garoto de moicano, que presumo que seja Noah Puckerman, enquanto diversas pessoas o olhavam impressionados e quase histéricos, por que será? Aí, aquele mesmo garoto me ofereceu ajuda para levantar e juntou minhas coisas, apenas dei um pequeno sorriso de volta e comecei a mexer no meu armário, Mercedes e Tina – duas garotas que eu conheci através do coral- estavam me cutucando e tentando falar algo, logo tirei meus fones e falei:
- O que foi?
- Você viu quem te ajudou a levantar? – proferiu Tina, empolgada
- Blaine Anderson! O famoso cantor teen, ele veio estudar na nossa escola! Isso é inacreditável...- completou Mercedes
Eu parei de escutar o que elas estavam falando e o nome do garoto começou a se repetir na cabeça, é que às vezes, eu fico pensando em alguma palavra ou frase e ela fica repetindo, indo e voltando. Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson...
- Será que ele entraria no coral?
Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson, Blaine Anderson.
[...]
Na hora do almoço, lá estava eu, com meus fones e uma bandeja com pouca comida, apenas com que eu não achava a textura ruim e asquerosa. Procurava pela mesa onde Rachel – uma garota baixinha e irritante do coral – havia pego para nós, atrás de mim estavam: Mercedes, Tina e Artie; Finn, outro integrante do grupo, ficava sentado com os populares, mas mesmo assim, era nosso amigo. Em minha cabeça rolava ainda o nome daquele famoso garoto: Blaine Anderson. Quando eu menos esperava, minha bandeja grudou ao meu corpo, derrubando toda a comida, olhei para o indivíduo e era Karofsky, já estava cansado de eles me tratarem assim, então tirei meus fones e falei um pouco alto:
- Vai se foder, seu filho de uma puta!
- Pelo menos, eu tenho mãe! – respondeu, atingindo o meu principal ponto fraco
Dei um suspiro e fechei os olhos.
- E ela não traiu o meu pai com outro, como a sua! – o garoto proferiu e senti lágrimas grossas caírem pelo meu rosto.
Ninguém nunca soube muito sobre mim, sempre fui muito fechado e ele falar disso abertamente? Para todos no refeitório ainda por cima? Apenas joguei aquela bandeja com pratos e um copo de suco em cima da mesa dos “populares” e saí correndo pelo refeitório e depois os corredores.
Quando cheguei no banheiro, tirei meu moletom sujo, ficando apenas com uma camiseta manga comprida com manchas pretas, por sorte, eu tinha um colete preto na mochila, vesti-o e comecei a arrumar meu cabelo e limpar o resto das minhas calças. Saí e fui direto para sala do coral, pegando meu caderno de escrita e me desligando do mundo
Mais tarde, aos poucos foram chegando os outros cinco integrantes, me encarando e perguntando se eu estou bem, apenas assenti a cabeça para evitar mais barulhos e conversas. O professor conversava com os alunos, até que, o mesmo moreno de mais cedo aparece na porta e fala:
- Tem vagas para entrar no coral?
- E posso saber quem é você?
Sem mais nem menos, o nome dele ficou alto em minha cabeça, então respondi rapidamente:
- Blaine Anderson!
Todos olharam para mim por alguns segundos, mas, depois retornaram a atenção ao garoto.
- Sr. Schue! Deixe ele entrar!! – implorou Rachel
- Claro! Mas com um teste antes.
- M-mas ele é um cantor famoso! – proferiu Tina
- Seria injusto eu lway-lo entrar sem ele cantar antes!
- Eu canto garotas, sem problemas – se pronunciou Blaine – Só não irei cantar uma minha porque seria muito narcisismo.
Todos focaram nele e ele falou a música para a banda e logo começou a cantar.
Could be!
Who knows?
There’s something due any day
I will know right away
Soon as it shows
It may come cannonballing down through the sky
Gleam in its eye
Bright as a rose!
Ele deu um pequeno sorriso, fazendo gestos de acordo com a música e se divertindo, enquanto as garotas babavam por ele.
Who knows?
It’s only just out of reach
Down the block, on a beach
Under a tree
I got a feeling there’s a miracle due
Gonna come true
Coming to me!
Ele caminhava pela sala e passava pelas cadeiras, deixando todos animados.
Could it be? Yes, it could
Something’s coming, something good
If I can wait!
Something’s coming, I don’t know what it is
But it is
Gonna be great!
With a click, with a shock
Phone’ll jingle, door’ll knock
Open the latch!
Something’s coming, don’t know when, but it’s soon
Catch the moon
One-handed catch!
Around the corner
Or whistling down the river
Come on, deliver
To me!
Will it be? Yes, it will
Maybe just by holding still
It’ll be there!
Ele olhou para mim, dando uma leve piscada, me fazendo desviar o olhar. O que ele quer comigo?
Come on, something, come on in, don’t be shy
Meet a guy
Pull up a chair!
The air is humming
And something great is coming!
Who knows?
It’s only just out of reach
Down the block, on a beach
Maybe tonight
Maybe tonight
Maybe tonight
As garotas olharam para o professor, que assentiu a cabeça, convencido que o garoto tinha um grande talento, após isso, todos da sala – menos eu, claro – se aproximaram do garoto e começaram a conversar empolgados com ele. Sr. Schue me olhou e arqueou suas sobrancelhas, devia estar se perguntando porque não estou com eles.
A conversa entre os adolescentes ia ótima, até que o mais velho falou:
- Garotos e garotas, voltem aos seus lugares, mais tarde vocês conversam com o Blaine –os alunos voltaram aos seus lugares e ficaram prontos para ouvir o professor- Bem, até porque... Kurt irá cantar uma música para nós!
Arregalei meus olhos e comecei a fazer gestos que apenas alguém que entende Libras entenderia, como: “Eu não quero cantar!”, “minha voz não é boa o suficiente” ou “eu tenho autismo e sou tímido”.
- Vamos Kurt! – incentivou Rachel, fazendo com que eu a olhasse
- E-eu não tenho nenhuma na minha cabeça agora... – dei uma desculpa
- Vamos Kurt, eu sei que você tem! É um garoto muito talentoso! – respondeu o professor
- T-tá bom! – proferi baixo
Someone to hold you too close
Someone to hurt you too deep
Someone to sit in your chair
To ruin your sleep
Someone to need you too much
Someone to know you too well
Someone to pull you up short
And put you through hell
Eu estava de cabeça baixa, tentando evitar contato visual
Someone you have to let in
Someone whose feelings you spare
Someone who, like it or not
Will want you to share
A little, a lot
Passei as mãos pelos meus braços, olhando para cima.
Someone to crowd you with love
Someone to force you to care
Someone to make you come through
Who’ll lways be there
As frightened as you
Of being alive
Being alive
Being alive
Being alive
Eu abri um pouco os braços, logo os abaixando e juntando as minhas mãos, encarei Blaine, que deu um sorriso e fez um sinal de ok, me fazendo soltar um pequeno sorriso.
Somebody, hold me too close
Somebody, hurt me too deep
Somebody, sit in my chair
And ruin my sleep
And make me aware
Of being alive
Being alive
Somebody, need me too much
Somebody, know me too well
Somebody, pull me up short
And put me through hell
And give me support
For being alive
Make me alive
Make me alive
Make me confused
Mock me with praise
Let me be used
Vary my days
But alone is alone, not alive
Deixei-me levar pela música, fechando meus olhos e tentando alcançar as notas mais altas.
Somebody, crowd me with love
Somebody, force me to care
Somebody, let me come through
I’ll lways be there
As frightened as you
To help us survive
Being alive
Being alive
Being alive!
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.