História The Mysterious Killer - Simplesmente Acabou

Ariana P.O.V

- O que você disse? - estava de olhos arregalados enquanto Justin me encarava e eu simplesmente paralisei diante do que havia dito.

- Nada, eu... Eu quero saber por que me chamou - desviei do assunto, certa de que ele não o deixaria morrer. Mas ao contrário do que achei Bieber suspirou fundo, fechou os olhos e pareceu pensar um pouco antes de ir em direção à cama, se agachar, e pegar alguma coisa.

- J-Justin o que você vai fazer com essa faca? - gaguejei vendo ele se reerguer, girar a faca com sua mão, e sem me responder, foi em direção à parede do outro lado do quarto. Socou a mesma, rasgando e abrindo com a faca, todo o almofado - Porque você está fazendo isso? - já ficava agoniada por não entender sua intenção. Após rasgar uma boa parte, vi quando a parede de tijolos, agora exposta, estava com uma parte não totalmente colocada no lugar e ele tirou alguns tijolos daquela parte, revelando livros e fotografias. Bieber devia esconder suas coisas pessoais ali, pois o manicômio não os deixava ficar com nada.

- Ouvi muito bem, Ariana. Sabe o quanto é difícil ter você por perto e não conseguir compartilhar nada?

Franzi o cenho.

- Como? - perguntei novamente sem entender - Justin eu estou aos poucos me lembrar do que passamos e...

- Não - me interrompeu e pegou uma foto da parede - eu tenho todas as fotos que tirei de você antes de tudo acontecer - me chamou com a mão e eu fui até ele. Bieber me entregou um amontoado de fotos em que só tinha a mim nelas.

- Justin são lindas - elogiei impressionada com a perfeição das fotografias. Ele era ótimo nisso e eu realmente gostei de mim nelas. Em todas eu estava desastrada e Bieber tinha me pego desprevenida.

- Estou te mostrando tudo isso para você ver que nunca mais será a mesma coisa. Nós podemos começar tudo de novo, mas nunca teremos isso - disse sério, apontando para minhas mãos onde estavam as fotografias - você disse aquilo e eu... Senti como que se tivéssemos voltado ao passado, mas não quero enganar ninguém.  Nunca será a mesma coisa.

- Porque você está dizendo isso?

- Ariana, sei que talvez você esteja confusa com seus sentimentos. Atraída pelo passado, mas desconfiada do futuro. Então por isso quero que desista. Mesmo sem você, conseguirei sair daqui e enquanto isso, eu quero que desista de ser minha psiquiatra. Volte para a clínica onde trabalhava. Lá tem pessoas mais necessitadas do que eu - tirou rapidamente todas as fotografias de mim - esqueça qualquer coisa que acha que sente por mim e vá viver a sua vida. Não preciso mais de você. Eu não quero mais você perto de mim.

  Olhei para ele primeiramente com raiva e depois meu semblante foi dando lugar à tristeza. Meus olhos lacrimejaram e eu dei um passo para trás com o impacto de suas palavras. Antes elas não me atingiam tanto.

- Você já me disse para ir embora muitas vezes e sei que foi da boca para fora, não vai ser agora que estará...

- Esse é o problema, Ariana - Justin me encarou. Seu rosto estava coberto por uma máscara de que eu não conseguia desvendar - não estou te pedindo para ir porque preciso que você se afaste. Eu quero que você se afaste.

- Porque disso agora? - a intensidade da minha voz só aumentava - SÓ PORQUE EU TE DISSE QUE EU ESTOU ME APAIXONANDO POR VOCÊ? - gritei me aproximando - qual o problema nisso? Não é uma coisa boa? - as lágrimas já rolavam em meu rosto, mas eu tratei de rapidamente enxugá-las. Não queria que ele me visse desse jeito.

- Não quero ter que fazer você passar por tudo de novo - disse me analisando.

- Se está falando do Robert, não precisa se preocupar - tentei, me lembrando da minha conversa com Pattie.

- Não complique as coisas, Ariana - de repente, a calma e paciência de Bieber já tinham se esgotado - Eu quero que vá embora e nunca mais apareça na minha frente.

- Mas Justin o que te incomoda saber que estou gostando de você?

- Já te disse.

- Não, você simplesmente quer ficar na sua bolha, pois ainda tem na cabeça que tudo o que aconteceu comigo é por culpa sua, porém não é, e eu não vou deixar que volte a ser o egocêntrico que era quando eu vim pra cá, porque simplesmente, de uma hora para outra, decidiu ser um idiota.

- Porra Ariana, se eu perder a cabeça agora e te ameaçar, a culpa vai ser sua - exclamou com o seu semblante mais assustador.

- Porque está fazendo isso? Não me quer por perto por quê? - eu continuava, sem medo do que ele tinha acabado de me dizer.

- Porque eu não quero sentir mais nada por você assim como não quero que sinta nada por mim. Eu já havia desistido de você desde que te abandonei naquele hospital. Esse tempo todo eu venho me enganando, achando que estava fazendo o certo. Mas depois que te reencontrei as coisas vem só piorando para o meu lado e quando escutei o que você disse. Que estava começando a ter sentimentos por mim, tudo o que passamos veio na minha cabeça.

- Por acaso só tivemos momentos ruins? - perguntei - pois pelo que venho me lembrando na maioria ou se duvidar em todas as minhas lembranças, eu estava feliz - respirei e parei de falar por um momento - isso quer dizer que tudo o que você me disse, todas as confissões que me disse foram mentiras? Justin, você realmente não se importa comigo?

- CHEGA DE PERGUTAS PORRA - esbravejou - EU NÃO TE QUERO AQUI, DÁ PARA ENTENDER?

Concordei com a cabeça ainda muito magoada. Os meus sentimentos todos bagunçados. Um querendo bater na cara dele e dizer que estava sendo um imbecil, outro querendo gritar e chorar para tirar toda a dor que estava entalada no meu peito e o outro querendo me jogar nos braços dele e pedir para que não fizesse aquilo e me deixasse ficar com ele por um longo tempo. Mas eu apenas concordei com a cabeça e, vendo que Justin não expressava nenhum tipo de sentimento, resolvi fazer o mesmo, já não aguentando mais me humilhar depois de tecnicamente jogar na cara dele o que sentia.

Peguei minha bolsa e após um dos seguranças abrir a porta para mim - ainda não sei como eles não escutaram os gritos do outro lado - estranhando minha cara que não sei se expressava raiva ou tristeza, fui embora, deixando a Casa Westreet por um bom tempo.

                                               (...)

- Então é isso Ariana? Simplesmente seu paciente te obrigou a desistir e você não teve outra escolha a não ser essa? - falava com Clarice pelo celular. Eu tinha contado para ela o que havia acontecido, tudo bem que não disse todos os detalhes, mas ainda assim precisava falar com alguém e ninguém melhor que ela, pois além de ser minha melhor amiga, não sabia de meu passado e eu poderia escutar tudo o que ela acha que eu devia fazer sem pensar “nele” como uma consequência, que fica me perseguindo.

  - Sim, Clarice. Ele simplesmente me disse isso. E eu não tinha escolha, afinal, ele poderia fazer alguma coisa comigo.

- Sim, você está certa. Já falou com seus pais sobre isso?

- Não e essa vai ser a parte mais difícil. Eles estavam tão orgulhosos de mim por ter conseguido esse trabalho.

- Você vai conseguir superar isso, assim como fez em todas as outras ocasiões.

Isso me alegrou um pouco, ela tinha total razão.

- Tudo bem Clarice. Vou ver se consigo descansar um pouco. São quase 17h00min e eu estou um caco.

- Tudo bem, vai lá, se cuida.

E desligou, me fazendo suspirar. Tínhamos conversado por quase meia hora e foi muito bom para mim, pois, tirando o fato de Clarice não estar ciente do assunto, ela me ajudou muito com seus conselhos e por isso, vou relaxar e esquecer tudo o que passei nesses últimos dois meses.

Fechei os olhos, mas ao invés de relaxar, algo me fez sentir estranha, então fui até o meu quarto.

Ao abrir a porta do mesmo, minha visão ficou turva de repente e tive de me apoiar na parede, pois senti uma tontura. Fechei os olhos com força e novamente fui atingida por mais uma lembrança.

Estava tudo escuro. Não me recordava de como vim parar aqui. Só que eu sangrava muito. Tinha dezesseis anos e estava assustada. Minha cabeça além de dolorida pulsava e jorrava sangue.

 Rasguei uma parte da minha blusa e tentei controlar o sangramento.

- Ariana? - alguém me chamou e pude reconhecer a voz de meu namorado.

- Justin! - exclamei esperançosa - estou aqui - bati, com a mão livre, a porta do quarto com força.

Imediatamente depois, meu namorado abriu a porta e me apertou em seus braços.

- Deus, você está sangrando muito - olhei para ele e vi que estava apavorado.

- Ei, eu estou bem - acariciei seu rosto e o mesmo segurou minha mão.

- Vamos embora. Vou te levar para casa e acabar com aquele desgraçado.

Segurou-me pela cintura, abraçando-me, para que eu conseguisse andar melhor.

Justin olhava para todos os lados como se previsse que algo ruim aconteceria.

Olhei para meus pés machucados e me perguntei como isso foi acontecer.

- Aí, estão vocês - estremeci ao escutar aquela voz - não querem mais jogar? - Robert perguntou, nos encarando, divertido.

- Não encosta nela - Justin me pôs atrás de ser corpo, como que se fosse um escudo humano.

- Ah, pequeno Justin - ele negou com a cabeça, balançando o taco de beisebol nas duas mãos - quando vai aprender que a partir do momento em que você e Pattie me recusaram, todos irão sofrer. Ou melhor, ela - me encarou - Ariana venha aqui - neguei com a cabeça. Minhas pernas pareciam gelatina - VENHA AQUI - ordenou, porém não movi um centímetro. Estava agarrada à Justin.

Robert sem paciência veio até nós e me puxou pelo braço.

- Agora, você vai aprender a ser uma boa vadia - sussurrou em meu ouvi. Vi um vulto ao meu lado e Justin deu um soco no nariz de seu tio, mas em compensação um dos capangas de Robert o segurou pelo braço e o imobilizou com uma faca em seu pescoço. Ao mesmo tempo, outro capanga veio e segurou Justin pelo outro braço.

- Deixem-no em paz - eu já chorava por vê-lo daquele jeito.

- Que situação mais reconfortante. Um querendo proteger o outro - Robert disse enxugando seu nariz que escorria sangue - deixe-me ver isso - tirou a proteção que tinha colocado em meu machucado na minha cabeça - eu fiz um estrago enorme aqui - sorriu e me encarou - não se preocupe querida. Isso vai logo acabar - ergueu o taco em punho, mas antes que fizesse qualquer coisa Justin o interrompeu.

- Deixe-a em paz, seu desgraçado - ele implorava se debatendo, para meu desespero.

- Eu sinto muito sobrinho - então senti uma pancada em minha cabeça, fazendo com que eu caísse fortemente no chão. A dor não acabou. Mais cinco pancadas foram dirigidas em minha cabeça uma com mais força que a outra, até que eu comecei a perder a consciência. Antes que o fizesse pude ver algumas sombras e Robert, que tinha o objeto em mãos foi colocado no chão.

Senti alguém me pegar no colo.

- Tudo bem Ariana, sou em Jeremy - escutei - vai ficar tudo bem.

 Escutei uma gritaria e pude ter certeza que era Justin. Mas infelizmente não conseguia entender nada graças às dores em todo o meu corpo, principalmente em minha cabeça.

E felizmente ou infelizmente apaguei por completo.

Abri os olhos e vi que estava encolhida no chão chorando. Meu coração pulsava rapidamente e sentia uma dor insuportável em meu peito.

Então foi assim que perdi a memória e foi assim que tive o traumatismo craniano.

                                                 (...)

Justin P.O.V

Afinava a faca com uma de minhas mãos enquanto a outra segurava a mesma. Sentado no chão, pensando. Fez-se três horas que Ariana saiu de minha vida. Três horas que tudo simplesmente acabou e eu não consigo me posicionar diante de uma emoção. Já sinto falta dela, mas sei que foi o melhor a se fazer.

Escutei a porta sendo aberta e por ela passar uma emprega com o jantar. Revirei os olhos e levantei vendo a mulher me olhar de olhos arregalados, após deixar a bandeja em cima da cama.

- O que... - pedi silêncio, posicionando o dedo indicador em minha boca.

- Está escutando? - falei fazendo-a franzir o cenho.

- Não.

- Qual o seu nome - perguntei, afiando a faca com o dedo.

- Margaret - respondeu trêmula.

- Pois então Margaret. Você sabia que eu acabei de expulsar de minha vida, a mulher que prometi a mim mesmo nunca abandonar? É triste a vida não?

- Porque está me contando isso? - perguntou enquanto eu me aproximava dela.

- Porque - enterrei a faca em seu peito. Margaret arregalou os olhos, desequilibrando. Mas antes que caísse no chão eu a segurei - a minha sede de sangue voltou. Só ela pode controlar esse meu lado. Mas Ariana não está mais aqui e nunca vai voltar - contorci a faca em seu peito, vendo a mesma começar a vomitar sangue. Tirei a faca do lugar e enterrei em seu pescoço, vendo o corpo perder as forças, entrando em convulsão até ficar sem vida e encharcar-se sangue.

Levantei do chão. Orgulhoso do banho de sangue. Peguei o corpo caído, joguei em minhas costas com um pouco de dificuldade por ser mais pesado do que imaginei, fui até a janela, antes trancada - sim eu consegui destrancar, eles não são tão espertos assim - abri e joguei o corpo ali. Não é mais problema meu.

Depois de lavar as mãos, livrando-me de todo o sangue, peguei um pano guardado no banheiro e limpei todo o chão. Ninguém precisava ficar sabendo do que aconteceu.

Limpei também o pano, logo em seguida o deixei secando.

Pronto, tudo feito.

Senti-me mais leve e deitei na minha cama. Comi meu jantar e após isso, me livrei também da bandeja, jogando longe. No mesmo instante que fechei novamente a janela, alguém abriu a porta, olhando ao redor.

- Onde está Margaret? - o enfermeiro perguntou.

- Ela já foi embora - menti.

O enfermeiro assentiu, fechando a porta rapidamente e escutei o barulho da tranca.

Suspirei e finalmente, sozinho, pude relaxar. Um peso a menos tinha sido tirado do meu subconsciente depois de matar.