- Sim, Mephisto Pheles- Hana falou com um sorriso ameaçador em seu rosto- Vaticano, realmente admiro suas decisões. Como por exemplo: ficar ao lado de um demônio, ao invés um anjo. Mas, senhores, vocês têm a minha confirmação: Rin Okumura está considerado procurado e assim que achá-lo, trarei ao Vaticano, se preferirem, posso trazer logo de uma vez sua cabeça e sua Kurikara.
Em seguida, foi embora, deixando Mephisto com uma expressão de fúria em seu rosto. Bon fechou os punhos e levantou-se da cadeira, seguindo a menina que estava saindo do salão.
- Ei, então você trabalha para eles?- ele perguntou irritado, colocando-se em frente à garota.
- Todos os exorcistas trabalham- Hana falou com um leve sorriso.
- Mas você é um membro importante!- ele continuou irritado- Então você estava espionando Rin Okumura todo este tempo?
- Sim- Hana falou sentindo-se culpada. Então saiu de perto de Bon e foi em direção a uma porta, pegando a chave que levava a qualquer lugar sagrado do mundo.
- Então é isso?- ele gritou- Você simplesmente vai embora caçar Rin enquanto nós ficamos observando tudo?!
- Até a próxima aula, Suguro- Hana falou virando o rosto, agora estava com uma expressão séria. Colocou a chave na fechadura e a virou, abriu a porta e saiu sabe-se lá onde. Shura e Yukio conversavam em meio aos murmúrios do salão devido à falta de respeito de Hana e a “fuga” de Rin; Shima, Konekomaru, Shiemi e Izumo caminhavam em direção a Bon, para irem embora também.
- Ei, como ela pode estar “caçando” Rin se ela o ofereceu um esconderijo?- cochichou Shiemi quando estavam reunidos longe de todo o tumulto.
- Então ele não “escapou” dela?- perguntou Izumo, curiosa.
- Não, ela nos levou ao Jardim de Amahara!- Shiemi murmurou alegre.
- Ele está lá?- perguntou Shima.
- Sim- Shiemi falou desejando estar no jardim também.
- Então tudo aquilo foi um teatro?- Shima perguntou confuso.
- Sim- Bon falou com um sorriso no rosto- Para não parecer suspeito, percebi isso e entrei em seu jogo.
- Mas devemos confiar nela? Ela parece não ter um lado. Ela é muito misteriosa- Konekomaru falou com preocupação.
- Eu não sei, devemos ter cuidado com ela, mesmo sendo a cria um anjo- Bon falou desmanchando seu sorriso- Ouviram o que Sir Pheles disse? “Você é um pecado, não deveria existir”.
- Hã?- Shiemi e Izumo indagaram ao mesmo tempo.
- Anjos não deveriam ter crias, entende?- Konekomaru falou pouco confiante- É como se devessem...conservar e preservar sua imagem. Por isso ela é a única cria de um anjo. Provavelmente, quando o Vaticano descobriu sobre ela, houve um tumulto.
- Mas anjos não são bons?- Shiemi perguntou com a foz um tanto fraca.
- Sim, mas quem sabe ela não toma o caminho ao contrário?- Bon indagou- Demônios são ruins, e olhe como Rin é! Um demente que sempre coloca os outros acima de si mesmo.
- Então não devemos confiar nela?- Shima perguntou aborrecido- Estava preparado para convidá-la para sair.
- Será que você só pensa nisso? Idiota!- exclamou Izumo dando um tapa na cabeça de Shima.
- Ai!- ele gritou- Está com ciúmes?
- Ah seu...- Izumo começou corada. Konekomaru separou os dois.
- Então por que Rin está num esconderijo dado por Hana?- Konekomaru disse ajeitando os óculos e se recompondo- E se tudo foi um plano para capturar Rin?
Todos se olharam intrigados, pensando em como deixaram aquilo acontecer. Hana fora embora muito rápido, poderia já estar na frente da árvore preparando-se para capturar Rin.
- Como não pensamos nisto?- murmurou Bon dando um tapa em sua testa.
- Vai ver seus lindos olhos e cabelos nos hipnotizaram- Shima falou olhando para o teto com “aquele” olhar. Izumo tomou uma expressão irritada e deu um soco em sua barriga.
- Quem briga casa- falou Shura aproximando-se deles. Shima deu um sorriso provocativo enquanto Izumo desviava o olhar para o chão, envergonhada.
- Ei, Kirigakure-sensei- Konekomaru falou ajeitando seus óculos novamente- Você sabia de Hana-sama?
- “Sama”?- Bon repetiu segurando para não dar uma gargalhada.
- Bem, todos aqui do Vaticano que têm um cargo importante sabiam de sua existência, mas a mantemos em segredo- Shura falou pensativa.
- Você não acha que ela irá trazer Rin para a execução, acha?- perguntou Shiemi preocupada e com a voz fraca.
- Não posso afirmar nada, Moriyama, ela sempre tem sido um mistério para nós da Ordem- ela falou cruzando os braços.
- Não entendo, ele já revelou suas chamas tantas vezes, por que querem o executar agora?- perguntou Shima bocejando, se referindo a Rin.
- Ué, o espião do Iluminati já não deveria estar informado sobre isto?- perguntou Izumo implicado com o cabelo-cor-de-rosa.
- É diferente desta vez- Shura começou olhando para Shima com um pequeno desprezo- Ele revelou as chamas para estudantes. Eles provavelmente irão ficar em choque depois de ver Amaimon e Rin brigando com toda aquela chama, força e brutalidade; além de terem visto um dos professores ser brutalmente assassinado. Mephisto terá um grande problema com isso, assim como Rin e Amaimon.
- E o que irá acontecer com Amaimon?- perguntou Bon agitado.
- Será punido e enviado a Gehenna- Shura falou friamente.
- Kirigakure-sensei, você está de qual lado?- perguntou Shiemi sem graça.
- Irei ajudar a acharem Rin- ela cochichou- Mas mantenham isso em segredo, certo?
- Segredo, qual segredo?- perguntou Izumo com a expressão firme. Shura levou um tempo para raciocinar e entendeu que este era o “certo” de Izumo. Ao olhar para o resto do grupo, viu que eles faziam uma expressão duvidosa. Porém forçada- Vamos, qualquer coisa estou levando vocês em segurança até a Academia.
Todos afirmaram com a cabeça e a seguiram enquanto repetiam a mesma ação de Hana ao sair dali.
- Espere um pouco, Shiemi, você se lembra de onde é o esconderijo?- perguntou Konekomaru parando bruscamente.
- Ah, é meio que dentro de uma árvore- ela falou hesitando- No meio da floresta...
- Ah...então como vamos achar?- Shima falou reclamando.
- Por que não vamos á floresta e tentamos seguir Hana? Ela deve estar perto ainda- Shiemi falou dando um leve sorriso. Nii gritou como se estivesse falando: “Sim! Sim!”.
- Okay, então vamos para a sala onde temos curso de exorcismo, saímos do prédio e adentramos na floresta. O que acham?- perguntou Shura.
- Ótimo- falou Bon sorrindo, porém um tanto preocupado. Por mais que brigasse muito com Rin, ele ainda era um de seus melhores amigos- Não temos tempo a perder!
Então, Shura tirou sua chave do bolso, colocou na fechadura e a girou em uma porta qualquer. No mesmo instante, saíram na sala em que estudavam; rapidamente começaram a correr para sair do prédio e colocar em prática o “plano” de achar Rin Okumura.
- Esse lugar é tão...- Rin falava olhando em volta ao lado de Hideki.
- O que?- Hideki, o esquilo, perguntou coçando seu próprio nariz.
- Feminino- ele respondeu fazendo uma careta. Hideki olhou para Rin com cara feia- Então...você não é...fêmea?
- Não! Hideki lhe parece um nome feminino para você?- perguntou Hideki, não escondendo um leve tom de irritação.
- Bem...eu...quem sou eu para julgar?- perguntou Rin sem graça. Saiu do balanço em que estava e tremeu, de frio. Pensou nas cobertas que Hana deixara separada para ele e na lareira do chalé, porém não queria ficar lá. Então teve uma ideia: fazer uma fogueira com suas próprias chamas, que também eram quentinhas. Foi em direção ao bosque que ali havia, e começou a pegar alguns galhos para que fizesse uma fogueira improvisada. Depois de pegar alguns, voltou para perto do balanço que antes estava sentado e começou a montar a fogueira. Enquanto tentava fazer algo legal, sentiu a sensação de que estava sendo observado. Olhou para trás e viu Hideki parado o olhando fixamente.
- Você é assustador- falou Rin sem jeito.
- Digo o mesmo para o filho de satã- falou Hideki- Irei lhe observar por todo tempo que estiver aqui, não confio 100% em você.
- Mas a sua dona sim.
- Eu não sou Hana-sama.
- Por que precisa do “sama”?- perguntou Rin, confuso.
- Ela é filha de um anjo, merece respeito- ele falou seriamente, se é que um esquilo podia fazer uma expressão séria.
- E quanto a mim?- falou Rin com os olhos brilhando e esperançoso.
- Você é filho da criatura mais maligna existente- falou Hideki- Como você poderia ser autoridade?
Rin bufou e continuou com seu trabalho. Depois de montar uma fogueira decente, se focou nos gravetos empilhados e os acendeu. Ficou orgulhoso de si mesmo e deitou-se na grama, observando as estrelas. Pensou em como seria romântico se Shiemi estivesse com ele. Mas lembrou-se de Yukio, que fazia daquilo ser um triângulo amoroso. Enquanto olhava as estrelas e pensava em diversas coisas, principalmente no que estaria acontecendo na Ordem, suas pálpebras foram fechando e o sono se espalhando por seu corpo. Agradeceu mentalmente por ter anoitecido tão depressa e apagou.
Hana andava na floresta tremendo de frio, guiando-se pelo caminho que estava acostumada a fazer, pensando na traição que acabara de fazer. Mas não definiria aquilo como “traição”, ainda estava se decidindo sobre o que fazer com Rin. Ele poderia ser a escória da humanidade, mas era muito maduro e ingênuo para aquilo, mas também poderia ser mais poderoso do que ela, o que acabava por se tornar uma ameaça para si mesma. Depois de caminhar por um tempo, achou a árvore que dava passagem para o Jardim de Amahara, e fez o mesmo ritual para que entrasse.
Enquanto Rin dormia, Hideki observava o garoto, curioso em relação a sua personalidade. Viu uma bolsa longa e vermelha que Rin abraçava e se perguntou o que era aquilo. Foi se aproximando de fininho e tirou a “bolsa” de seus braços. Abriu e pegou o conteúdo que estava lá dentro, “será essa a famosa Kurikara?”, pensou o esquilo. Desembainhou a espada de sua bainha e viu as chamas azuis se espalharem por ela, e pelo corpo do filho de satã. Largou-a imediatamente, sentindo muito calor e se afastou dela, olhando tanto para a espada, quanto para Rin, assustado.
Ao abrir a porta, viu uma luz forte e azul um pouco mais adiante do Jardim, pensando na pior das hipóteses, Hana deixou a porta que levava para o Jardim aberta e fora correndo em direção a luz. Ao chegar, viu uma fogueira com chamas azuis, Rin dormindo com chamas por todo o corpo e sua espada jogada no chão, e Hideki olhando para o garoto assustado.
- Hideki?- perguntou Hana aproximando-se do esquilo- Você está bem? O que houve?
- Nunca havia visto as chamas...elas são tão medonhas- exclamou Hideki correndo em direção ao bosque. Hana olhou curiosa e assustada para aquilo e pensou que não deveria deixar a espada jogada enquanto seu dono dormia tranquilamente. Rasgou uma parte da saia do uniforme que estava usando e colocou em volta de suas duas mãos, pegou a espada e sentiu um calor até que confortável, porém ao pegá-la, sua mão queimou mais do que o normal, e a soltou no chão imediatamente. Tirou o tecido de volta de suas mãos e viu um enorme e feio machucado. Dele, saia sangue. Porém diferente do que ela já havia visto: além de ser muito sangue, que escorria por seus braços e pingava na grama, viu um líquido preto em meio ao dourado, como se seu sangue não fosse mais puro.
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