Hana olhava apavorada para o machucado em suas mãos, mas não devido à ferida, ela se curava rápido, mas sim devido à cor de seu sangue. “O que é isso...?”, pensou Hana. Ouviu passos se aproximando, e pensou no pior, pois o Jardim não deveria ser aberto publicamente para quem quisesse ir, era um lugar sagrado. Virou bruscamente para a direção de onde estava ouvindo passos e viu seis silhuetas se aproximando; quando chegaram mais próximo a luz, viu que eram apenas seus colegas do curso de exorcismo. Apressou-se em limpar suas mãos em seu uniforme, que já estava em trapos, e se recompôs.
- Olá, amigos!- falou Hana tentando parecer alegre.
- Por que diabos a espada de Rin está fora de sua bainha?- perguntou Bon assustado correndo em direção à Kurikara.
- B-bem...- Hana começou a tentar se explicar- P-parece q-que...
- Rin! Acorde!- Shura falou se agachando próximo de Rin, tentou o cutucar, mas lembrou-se das chamas.
- Anh? O que está acontecendo?- indagou Rin ainda com olhos fechados- Deixe-me dormir, velhote.
- Rin!- Shura gritou com um tom de tristeza em sua voz.
- Que é?- gritou Rin levantando-se e olhando em volta, assustado.
- Dê uma olhada em si mesmo- Izumo falou sem paciência.
- Ah!- gritou Rin dando um pulo- Onde está a Kurikara?!
- Nos pés de Hana- Bon falou olhando com cara feia para a garota. “Por que confiei nesta garota? Apenas por que é filha de um anjo?”, o mesmo pensou. Rin olhou para Hana assustado e então para a Kurikara. Aproximou-se de Hana sem fazer nenhuma expressão, o que fez a garota estremecer de medo e dar uns passos para trás.
- Por que minha espada está aqui?- perguntou Rin fechando os punhos.
- O-olha...isso é apenas um mal entendido e...- Hana tentava se explicar. Rin pegou sua Kurikara e a guardou.
- Era um plano- Bon começou a falar com raiva em sua voz- Ela coloca uma máscara de “menina ingênua” quando está perto de nós, enquanto que para o Vaticano fala como se fosse a “autoridade” que pode fazer o que quiser! Ela esteve lhe vigiando o tempo todo, Rin, apenas esperando você sair da linha e te levar para o Vaticano. Enquanto você estava dormindo e todos nós estávamos em seu julgamento, ela voltava para cá, para então lhe levar a Ordem.
- Ei, espere um pouco- Hana tentou se defender- Eu apenas estava tentando enganá-los e...
- Por que iria salvar Rin?- Bon recomeçou- Ele é, tecnicamente, seu inimigo e é uma ameaça para você.
- Bon...fica calmo- Konekomaru falou colocando a mão no ombro de seu amigo.
- O Shima de sempre falaria: caramba! Temos muitas coisas em comum!- Shima começou com a expressão séria- Mas o de agora, falaria que o que você fez não foi nada legal.
- Vamos, Rin- Shura falou virando-se para ir embora- Acharemos um bom esconderijo até tudo isso passar.
- Sabe...- Shiemi começou a falar confiantemente, o que surpreendeu a todos- Não acho que Hana esteja planejando algo em favor ao Vaticano... Lembram de nossas primeiras impressões de Rin ao descobrirmos que ele é filho de satã?
- Nossas impressões sobre ela foram um tanto boas no início- Izumo começou, também se virando para ir embora- As aparências enganam. Vamos, não temos tempo a perder, neste exato momento, a Ordem pode estar se encaminhando para capturar Rin.
Ao falar isso, todos foram embora sem olhar para trás. Hana abaixara sua cabeça e permanecera parada, olhando para a grama suja de preto e dourado. Rin deu uma última olhada na garota, e continuou com seu caminho. Hana olhou novamente para suas mãos e viu que o sangue ainda não cessara, e a ferida não curara nem 1%. Estava ficando fraca devido à perda de sangue, cada vez mais seu corpo enfraquecia, a ponto de cair no chão. Olhou para as estrelas clamando ajuda de seu suposto pai. As pálpebras foram pesando cada vez mais, suas pernas enfraqueceram e logo, estava caída na grama, desmaiada.
No meio do bosque que se localizava no Jardim de Amahara, duas vozes discutiam sobre algum assunto, algo de que ninguém sabia.
- Tudo certo, mestre- uma das vozes falou.
- Perfeito- disse outra voz.
Depois de alguns minutos caminhando entre a floresta, cada um fora para seu dormitório, confiando em Shura o segredo sobre o esconderijo do Rin 100%. Rin estava em seu dormitório, colocando algumas peças de roupas em uma mochila para ficar onde Shura o levaria, Kuro o olhava tristemente.
“Por qual motivo não posso ir junto com você?”, perguntou Kuro telepaticamente.
- Eles contaram ao Vaticano que Shiemi e seu familiar, você e...Hana-san estavam me perseguindo, seria suspeito se você sumisse do nada, não seria?- Rin explicava fechando o zíper de sua mochila e colocando uma jaqueta por cima de seu uniforme, que também estava em trapos- Fique com Yukio, se é que ele vai ficar aqui. Sabe-se lá o que aquele idiota anda fazendo.
“Volte logo, Rin!”, Kuro exclamou chegando perto de Rin. Rin o pegou no colo, deu-lhe um beijo que sua testa e o colocou em sua cama.
- Pode apostar que sim- falou Rin pouco confiante do que dizia.
- Vamos logo! Você acha que não tem nenhum segurança enviado pelo Vaticano observando a Academia?- Shura o apressava- Já, já, eles estarão aqui no dormitório!
- Estou pronto- murmurou Rin com pouca disposição.
- Ótimo- disse Shura. Pegou a chave que levava para qualquer lugar sagrado do mundo e fechou a porta do dormitório, apagou a luz e girou a fechadura. Rin acenou para Kuro, que olhava a partida do dono tristemente, e então entrou na porta junto com Shura.
- Em que lugar estamos?- Rin perguntou olhando em volta: estavam em uma igreja um tanto maior que o Monastério. Ela estava vazia e escura.
- Estamos em... Nova York- falou Shura fechando a porta.
- O que?!?!- exclamou Rin assustado com a loucura da mulher.
- O Vaticano ainda não avisou sobre seu paradeiro para a filial dos Estados Unidos, então se tranqüilize um pouco- ela falou indo em direção às grandes portas mais adiante que davam acesso à igreja.
- E onde irei ficar?- Rin perguntou acompanhando Shura.
- Eu tenho um amigo que viajou e deixou o apartamento dele sem ninguém por lá- Shura falou abrindo a porta da igreja.
- Você não está falando em invasão domiciliar, está?- Rin indagou assustado.
- Claro que não, ele deixou a chave debaixo do vaso de plantas que fica ao lado de sua porta- Shura continuou falando enquanto parava do lado de fora da igreja.
- E ele sabe que ficaremos lá?- o garoto perguntou saindo de lá também, Shura fechou a porta e começou a caminhar entre as pessoas na calçada.
- Claro que sim- Shura respondeu- Porém você ficará lá, eu tenho de voltar ao Japão.
- Certo...- Rin murmurou olhando para o céu. Estava um dia claro e com a temperatura morna, enquanto no Japão era noite com a temperatura um pouco mais fria.
- Bem, é melhor colocar sua touca e esconder sua calda- Shura falou olhando em volta- É melhor você não chamar atenção, muito menos ser reconhecido.
- Certo...- repetiu Rin maravilhado com a paisagem que via, não era tão diferente assim de Tóquio, mas ainda assim...estava em um lugar novo. Nunca estivera nos Estados Unidos antes. Planeja a viajem com Shiemi, indo para as principais cidades e principais pontos turísticos do país. Porém descartara essa ideia, pois ambos não sabiam falar inglês- Ei, Shura, como é que irei ficar aqui se não sei falar inglês?
- Bem, você não precisará falar com ninguém, então relaxe- falou Shura atravessando a rua.
- Os carros não estão na mão errada?- perguntou Rin vendo as posições opostas.
- Aqui não- ela falou mexendo no bolso e tirando um papel com um endereço escrito- Parece que o apartamento é por aqui.
- Esse seu amigo...ele tem os mesmo conhecimentos que nós?- Rin perguntou seguindo Shura- Ele pode ver demônios e coisas do tipo?
- Não, ele é normal- ela falou parando bruscamente em frente a um arranha-céu- Vamos, entre.
Shura subiu umas escadas que levavam a porta do enorme prédio a as abriu, Rin se deparou com uma recepção incrível e luxuosa, com um enorme lustre no centro do local. Rin se impressionou ao ver que ficaria em um lugar belo como aquele.
- Shura Kirigakure...- Rin entendeu Shura dizer seu próprio nome a recepcionista que estava atrás do enorme balcão que ficava abaixo do lustre, o resto não entendera nada. “Provavelmente inglês”, pensou Rin olhando em volta e ouvindo jorradas de palavras que nunca ouvira.
- Então você sabe falar inglês?- perguntou Rin enquanto Shura entrava no elevador, Rin apressou-se para entrar também.
- Aham- ela respondeu clicando em um botão qualquer- Você ficará um tempo aqui até as coisas acalmarem para seu lado. Não quebre nada no apartamento, ouviu? E não saia de lá, não atenda a porta ou o telefone e não chame ninguém para ir até lá.
- Okay- murmurou Rin colocando as mãos nos bolsos de sua calça.
- Vamos- Shura falou assim que o elevador parou e as portas se abriram. O corredor tinha um belo papel de parede com algumas pinturas distribuídas por ele, e lustres se prendiam no teto a cada 3 em 3 metros.
- Vem cá, com o que seu amigo trabalha?- perguntou Rin curioso.
- Ele conhece uns segredos de alguns políticos aqui de Nova York- Shura falou como se aquilo fosse óbvio- Tem sorte de não estar morto. Bem, aqui estamos- parou Shura em frente a uma porta de madeira branca com um vaso de flor, mais precisamente uma orquídea, ao lado. Shura levantou o vaso e pegou a chave, destrancou a porta e entrou, fazendo um sinal com a cabeça para que Rin entrasse no local.
- Wow...!- Rin exclamou ao ver o local. Uma sala enorme com uma TV também muito grande, e o garoto percebeu que havia quatro tipos de console de videogame diferentes no móvel em que a TV ficava. Os seus olhos brilhavam.
- Nem pense em tocar em nada!- Shura o alertou dando um tapa em sua cabeça- Apenas no que você irá precisar para se manter aqui!
- Estraga prazeres!- murmurou Rin cruzando os braços e fazendo careta.
- Bem, eu vou indo, apareço aqui ainda esta semana para ver como você está- Shura falou com um tom de preocupação em sua voz- E principalmente, para ver como este apartamento vai estar. Até logo, gatinho assustado.
- Ele anda muito sumido ultimamente, não?- Rin perguntou tristemente olhando para o chão. Shura olhou para o garoto com um peso em seu coração e forçou um leve sorriso. Jogou as chaves na cabeça de Rin e saiu do apartamento.
Ele esperou até que passassem pelo menos cinco minutos para abrir a porta e ver se ela estava no corredor ainda. Então fez o que pretendia, abriu a porta de fininho e nada de sinal de uma ruiva andando esquisito porque estava de moletom e não shorts e biquíni. Rin fechou a porta e correu para explorar o local em que ficaria. A cada porta que abria, mais uma surpresa. Ao abrir a porta do quarto, viu outra porta, curioso entrou lá e se surpreendeu com o enorme closet que estava em sua frente. “Não seria errado se eu me trocasse, até porque minhas roupas estão em farrapos!”, pensou Rin jogando sua mochila em um canto e colocando outra roupa. “Marcas de grife...!”.
Depois de terminar de explorar o local e colocar uma muda de roupas limpas, abriu a geladeira e tomou um energético, pois o sono estava chegando, e teria de se acostumar com o fuso-horário.
- Até parece que vou ficar confinado aqui dentro- Rin falou voltando ao quarto e apanhando sua Kurikara- Vou explorar o local e quem sabe me meter em uma aventura!
Saiu do quarto correndo, pegou as chaves e saiu do apartamento o trancando e colocando as chaves em seu bolso, sorriu como se fosse vitorioso e saiu do arranha-céu, pronto para explorar o novo local. Enquanto caminhava entre as ruas de Nova York, sem se dar conta de onde estava indo, percebeu que o sol já estava se despedindo desse lado do hemisfério, pronto para dar “olá” ao outro. “Melhor eu voltar para casa”, pensou Rin olhando e volta e se perguntando aonde fora parar. Enquanto caminhava entre as ruas que mesmo ficando cada vez mais tarde, não perdiam o movimento, passou em frente a um beco, e dele ouviu alguém chamar seu nome. Uma voz melodiosa e bonita, sussurrando seu nome. Mesmo que por mais estranha que a pessoa fosse, ela não iria até a voz, porém Rin sentiu como se devesse ir, como se fosse atraído por essa voz.
Ao chegar ao final do beco, não encontrou absolutamente ninguém. Virou-se para voltar à rua e tomar seu caminho, mas sentiu alguém o empurrando contra a parede. Aquilo de longe era a força de um humano. Parecia a força de um demônio. Levantou-se com dor nas costas e olhou para frente, no lugar de ver as luzes iluminando a noite que se espalhava, via apenas sombras, e tudo estava numa completa escuridão; não, escuridão não, uma fumaça preta. Começou a correr para tentar despistar aquela fumaça, porém no meio to caminho tropeçou, como se alguém colocasse o pé na frente de seu caminho exatamente para que tropeçasse. Ao tentar se levantar, algo o pressionou de volta contra o chão, e sentiu como se algo estivesse invadindo sua privacidade, algo agonizante. Essa sensação permaneceu pelo que pareceram horas. Mas quando parou, e Rin se levantou, parecia que havia durado segundos.
- Por que não fiz isso antes?- uma voz, dessa vez grossa e arrogante sussurrou no ouvido de Rin.
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