Agora, seu pesadelo ganha vida...
Ainda aturdida pela ligação, eu peguei o mesmo celular e liguei para Billie.
— Alô? – ouvi sua voz ao atender o celular depois de umas 3 chamadas.
— Oi, Billie. Sou eu, Amy.
— Ah! Oi, Amy. Algum problema?
Expliquei para ele a minha situação.
— Pode ser apenas um trote. Alguém pode ter grampeado a ligação. – ele disse tentando pensar em alguma solução.
— Ligação da polícia, Billie? Acho muito difícil.
— Quer que eu vá aí para dar uma força?
— Eu gostaria bastante. Principalmente porque preciso pensar em alguma coisa. Você me ajuda?
— Claro. Chego em cinco minutos.
Desliguei o celular e me levantei da escrivaninha. Olhei para a minha cama, mas meu casaco já não estava mais lá.
— Caramba... – eu murmurei.
Procurei pelo meu casaco mais um pouco, mas nem sinal dele.
Desci as escadas e dei de cara com Billie.
— Que susto, Billie! – eu disse. — Como você entrou?!
— A porta estava aberta. – ele disse arregalando os olhos.
— Aberta? – perguntei confusa. —Eu tranquei assim que entrei. Não tem como estar aberta.
— Mas ta sim. Abertinha da silva. – Billie disse com convicção.
Eu me dirigi até a porta e a tranquei. Voltei e disse:
— Acho que levaram os meus pais.
Billie ficou em silêncio por um momento, mas depois falou:
— Não podemos ligar pra polícia. - eu concordei com a cabeça. – O que vamos fazer?
— Já sei! – exclamei. A ideia veio como um estalo. — Vou na casa antiga! Eles estavam lá.
— Eu vou com você. – Billie disse.
— Não precisa. Pode ser perigoso...
— Exatamente por isso! – ele me interrompeu. — Pode ser perigoso e não vou deixar minha nova amiga correr perigo. — Billie sorriu, o que me fez sorrir também.
— Tudo bem. – eu falei por fim. — Só tenho que pegar meu skate nos fundos da casa.
— Ah, claro. Mas pra que skate? Vamos de carro. Eu posso pegar o da minha mãe sem ela saber.
— Eu não saio sem o meu skate. – eu disse.
— Tudo bem. – Billie disse soltando uma risada abafada.
Eu fui até os fundos, onde tem um espaço com grama, mas que ainda não tinha sido limpo.
— Nossa, papai já deveria ter limpado isso. – eu disse. Tinha ido até os fundos uma vez apenas para deixar o skate.
Mais folhas tinham caído no gramado, cobrindo meu skate. Peguei uma vassoura e comecei a varrer as folhas para um canto até que encontrei meu skate.
Ao invés de ir embora, fiquei olhando aquela para o gramado. Havia uma parte que não tinha grama e era como se a terra tivesse sido revirada. Como se tivessem enterrado algo.
— BILLIE! – eu gritei.
—O que houve?! – ele veio correndo.
— Acho que enterraram alguma coisa aqui.
— Vamos ver. – ele disse pegando uma pá no armário de jardinagem.
Billie começou a cavar. Quando ele terminou eu gritei.
— Meu... Deus... – ele disse olhando fixamente para o caixão.
— I-isso é u-uma pesso-o-oa? –eu gaguejei.
— Pelo tamanho acho que sim.
Levei uma mão a boca. Eu estava tremendo de medo.
— O que vamos fazer?! – perguntei. — Se virem isso, vão achar que eu...
Não completei.
— Calma, Amy. – Billie disse me abraçando. — Ninguém pode provar nada. Isso já estava aqui antes de você chegar.
Eu comecei a chorar de nervoso.
— Deve ser a menina... – eu disse começando a raciocinar melhor.
— Que menina? – ele perguntou.
— A que morava aqui... Que morreu em seu aniversário de 15 anos. Como era mesmo o nome dela? Alicia... Alice... Alissa! Achei o convite dela... Cheguei a procurar no Google.
— Melhor enterramos de volta. –Billie disse.
— Tudo bem. – eu falei decidida. — Aí, vamos para a minha velha casa.
— Okay.
Billie, com a pá, colocou a terra de novo em cima do caixão.
Ao revirar a terra novamente, vi um ponto brilhante.
— Billie, espera. – eu disse.
— O que houve?
Eu me agachei e peguei o meu cordão.
— O cordão... – eu disse aturdida. — Eu estava procurando...
— Se eu fosse você largava isso aí mesmo.
— Mas eu gosto tanto dele...
Guardei-o no bolso de trás da calça.
— Vamos? – eu perguntei.
— Vamos.
Billie me levou até a sua casa. Seus pais não estavam, o que contribuiu para pegarmos o carro sem que ninguém visse.
Ele ligou o carro, que automaticamente ligou o rádio também. Tocava I Don't Want To Miss A Thing do Aerosmith e eu era apaixonada por aquela música.
— Essa música! – eu disse.
— Quer trocar? – Billie perguntou.
— Não. Eu gosto. – eu disse sorrindo em seguida.
Billie dirigiu e eu fui no banco de carona. Assim que chegamos na minha antiga casa, eu comecei a procurá-los nos arredores e depois entramos.
— Mãe? Pai? – saí perguntando enquanto circulava pela casa.
— Dona Lee? Senhor Lee? – Billie ia me ajudando.
Eu subi as escadas procurando pelos quartos.
— Nada... - resmunguei para mim mesma. – Billie! Alguma novidade?!
Ele não respondeu.
— BILLIE?! – repeti mais alto.
Continuei sem resposta.
Desci as escadas correndo. Procurei pela casa toda chamando seu nome e nada dele. Sai da casa e seu carro não estava mais lá. Comecei a correr pela rua e acabei esbarrando em alguém.
— CUIDADO POR ONDE ANDA! – logo reconheci a voz.
— Ah, Hayley não to com paciência pros seus chiliques. – eu disse. — O que você ta fazendo aqui?
— Eu te segui. Você veio com o Billie. Eu te falei que não ia te deixar em paz.
— Acontece que ele sumiu. – eu disse e ela arregalou os olhos. — Ele veio me ajudar e sumiu.
— Eu sabia que ele não ia aguentar ficar do seu lado por muito tempo. –Hayley riu.
— Você não ta entendendo. Nós viemos pra cá porque meus pais sumiram. Ta acontecendo umas coisas estranhas lá em casa.
— Você acha o que? Que sua casa é mal assombrada? — ela debocha.
— Mas é. – eu disse séria. —Achamos um caixão enterrado nos fundos hoje.
Hayley fica séria e assustada.
— O que está esperando? – ela diz. — Temos que achar o Billie!
— Com certeza. Vamos voltar pra casa e pensar em algo.
Pegamos um ônibus de volta para a minha casa. O clima estava tenso e foi nesse momento em que eu percebi que eu me preocupava com Billie de uma maneira inexplicável.
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